Jesus Cristo

07/05/2024

1. A Triunidade de Deus

O termo "trindade" vem sendo usado faz aproximadamente mil e seiscentos anos, para tentar explicar a natureza de Deus. Mas, a escolha desse vocábulo específico foi infeliz e incorreta. Quando os cristãos usam a palavra "trindade" (que significa, simplesmente, "três"), inconscientemente comunicam aos ouvintes um conceito politeísta (a crença ou a adoração a uma pluralidade de deuses). A palavra "trindade" foi cunhada a fim de referir-se à pluralidade que há em Deus, ao mesmo tempo em que manteria o pensamento da unidade divina. Foi uma escolha bem intencionada, mas infeliz.
Atualmente, muitos não-cristãos supõem que essa doutrina significa que a cristandade acredita em três deuses, e não em um só. No seu âmago, entretanto, esse ensino na realidade em nada difere da doutrina judaica central sobre a unidade de Deus. Para descrever corretamente o verdadeiro conceito bíblico da natureza de Deus, deveríamos usar o vocábulo tri-unidade, em lugar de trindade. O termo tri-unidade transmite a ideia de que Deus é um só, ao mesmo tempo em que consiste em três pessoas.
Isso de maneira alguma indica a crença na existência de três deuses; antes, indica uma crença em total consonância com os ensinamentos da lei e dos profetas. Apesar de estar acima de nossa capacidade de experimentar, ou, quanto a muitos aspectos ao menos de compreender plenamente esse fenômeno, essa é, não obstante, a posição da Bíblia. Se quisermos entender esse conceito, em qualquer medida, teremos de voltar-nos para as Escrituras com esta simples indagação: "Que diz o Senhor?" (Os textos bíblicos aqui usados são extraídos da Edição Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil.)


A Unidade Composta de Deus

A unidade de Deus é ensinada nas páginas do Antigo Testamento. Vintenas de passagens, na lei e nos profetas, convergem a fim de prover-nos uma irrefutável evidência de pluralidade, dentro da unidade de Deus.


Pluralidade na Shema
O povo judaico com frequência faz objeção à tri-unidade de Deus por causa daquilo que acreditam ser-lhes ensinado na Shema. Para a maior parte dos israelitas, a Shema é o coração mesmo do judaísmo. Trata-se daquela passagem fundamental que se encontra no livro de Deuteronômio:
"Shema Yisroel Adonai Elohenu Adonai Echad ..." Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força"(Deuteronômio 6:4,5).
A palavra Shema é o primeiro vocábulo hebraico dessa passagem, e significa "ouve". A premissa aceita entre os judeus é que essa declaração ensina que Deus é indivisivelmente uno. Consequentemente, eles levantam a seguinte objeção: "Não posso crer nessa pessoa, Jesus, que os cristãos consideram Deus". Para eles, a Shema parece haver silenciado para sempre o argumento que envolve a crença cristã histórica na deidade de Jesus. Entretanto, um exame cuidadoso do trecho de Deuteronômio 6:4 na verdade estabelece, ao invés de refutar, a pluralidade de Deus. Uma completa revisão do texto hebraico revela essa verdade acima de qualquer dúvida razoável. O incrível é que a Shema é uma das mais poderosas declarações em favor da tri-unidade de Deus que se pode encontrar na Bíblia inteira. A própria palavra que alegadamente argumenta contra o ensino da tri-unidade de Deus realmente afirma que em Deus há pluralidade, pois a última palavra hebraica da Shema é echad, um substantivo coletivo, em outras palavras, um substantivo que demonstra unidade, ao mesmo tempo que se trata de uma unidade que contém várias entidades. Poderíamos citar um bom número de exemplos.
Em Gênesis 1:5, Moisés empregou essa palavra ao descrever o primeiro dia da criação: "Chamou Deus à luz Dia, e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia". A palavra ai traduzida por "primeiro" é a palavra hebraica echad. Aquele primeiro dia, é claro, consistiu em luz e trevas - manhã e tarde.
Em Gênesis 2:24, Deus revelou o que se fazia necessário para um casamento feliz. Ele instruiu marido e mulher a tornarem-se "os dois uma só carne", indicando que aquelas duas pessoas unir-se-iam, formando perfeita e harmônica unidade. Em tal caso, novamente, a palavra hebraica é echad. O ponto é claro, portanto - echad é sempre usada para indicar unidade coletiva, uma unidade em sentido composto.
Em Números 13, Moisés registrou o relato sobre os doze espias hebreus que tinham sido enviados para espiar a terra de Canaã. Quando retornaram daquela missão, de acordo com o versículo 23, eles pararam em Escol, onde "cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas". A palavra que aqui aparece como "um", em "um cacho", novamente é echad, no hebraico. Mas, como é evidente, esse único cacho de uvas consistia em muitas uvas.
Por semelhante modo, em Esdras 2:64, registram as Escrituras: "Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta". A palavra hebraica aqui traduzida por toda, na expressão "toda esta congregação", é a palavra hebraica echad. É evidente que aquela congregação de Israel, embora fosse uma só, compunha-se de muitos indivíduos. De fato, nada menos de 42.360 israelitas a compunham!
Jeremias, grande profeta de Judá, no capítulo 32 de seu tratado, inspirado pelo Espírito de Deus, empregou a mesma palavra hebraica, echad, a fim de denotar uma unidade composta. Lemos nos versículos 38 e 39: "Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-Lhes-ei um só coração e um só caminho ...". A referência feita por Jeremias a "um só coração" e a "um só caminho", envolve a inteira nação de Israel. Assim, muitos, coletivamente falando, são considerados como somente um.
O que é mais interessante nisso tudo é que há outra palavra hebraica que significa "unidade absoluta". Essa outra palavra hebraica é yachid.
Em Gênesis 22:2, Abraão é instruído: "Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto ...". O termo aqui traduzido em português por "único" no hebraico é yachid.
Esse vocábulo hebraico é novamente usado nos versículos 12 e 16 desse mesmo capítulo. Havia apenas um filho de Abraão que Deus reconhecia. Isaque era o filho da promessa - não havia outro. Nesse sentido, pois, yachid estabelece singularidade absoluta: um e somente um.
Também, em Provérbios 4:3, Salomão assevera: " ... eu era filho em companhia de meu pai, tenro, e único diante de minha mãe".
Davi, por sua vez, escreveu em Salmos 22:20: "Livra a minha alma da espada, e das presas do cão a minha vida", onde temos "minha vida", literalmente, no hebraico, "minha única", sendo usada a palavra hebraica yachid.
Também encontramos escrito em Juízes 11:34:
"Vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, com adufes e com danças: e era ela filha única; não tinha ele outro filho nem filha".
Jeremias declara, em 6:26 de seu livro: "Ó filha do meu povo, cinge-te de cilício, e revolve-te na cinza; pranteia como por um filho único ...".
De novo, lê-se em Amós 8:10: " ... farei que isso seja como luto por filho único...".
E novamente, em Zacarias 12:10, onde se lê palavras ditas pelo próprio Senhor Deus: " ... olharão para mim, a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito...".
Percebemos, portanto, que os escritores sagrados, inspirados pelo Espírito de Deus, dispunham de duas palavras hebraicas que podiam escolher, quando queriam comunicar a verdade acerca da natureza de Deus. É claro que Yahweh selecionou a palavra sagrada que a identifica com a ideia de pluralidade. Esse substantivo coletivo sempre foi escolhido, e não o singular absoluto. A preferência dada a echad, ao invés de yachid, não deixa margem para dúvida quanto ao sentido que Deus nos queria transmitir.


Pluralidade no Nome de Deus
Em nossa Bíblia portuguesa, os tradutores, ao traduzirem as palavras hebraicas El e Elohim, fizeram-no com "D" maiúsculo, "Deus". No hebraico, essas palavras significam ambas "Todo-poderoso".
Ambos esses nomes, na verdade, são uma só palavra. Todavia, EI é a forma singular, enquanto que Elohim é a forma plural da mesma palavra. Particularmente importante é o fato que dentre as 2.750 vezes em que essas palavras são empregadas no Antigo Testamento, Elohim, a forma plural, é empregada por nada menos de 2.500 vezes.
Êxodo 20 provê para nós um excelente exemplo. Nessa passagem, Moisés estava transmitindo os Dez Mandamentos de Deus ao povo de Israel. Yaweh, pois, declara ali: "Eu sou o Senhor teu Deus ... Não terás outros deuses diante de mim" (vv. 2 e 3). Nessa declaração, "Deus" e "deuses" são idênticas no original hebraico, isto é, Elohim. A variação que se vê na tradução portuguesa deve-se ao fato que os tradutores, apesar de traduzirem a segunda ocorrência da palavra por "deuses", no primeiro caso preferiram traduzir Elohim no singular, "Deus".
Gramaticalmente, no hebraico pelo menos, seria igualmente aceitável ter sido traduzi da essa passagem como:
"Eu sou o Senhor teus Deuses ... Não terás outros deuses diante de mim".
Isso posto, essa questão de pluralidade, quanto ao nome divino, deve ser reconhecida como uma importante questão, que precisamos levar em conta. O livro de Gênesis fornece-nos uma excelente ilustração. Somente no relato sobre a criação, a palavra hebraica Elohim é usada por cerca de trinta e duas vezes, aludindo à obra divina da formação dos céus e da terra.
Outra instância disso encontra-se na própria Shema. Ali o substantivo "Deus" é o termo hebraico Elohenu. Ora, Elohenu reflete tanto o pronome plural, em "nosso" Deus, como a forma plural, Elohim.
Impõe-se novamente a pergunta: Por qual razão Deus preferiu coerentemente a forma plural Elohim, a fim de demonstrar a Sua unidade? O uso de uma forma singular não transmitiria, com maior clareza, o conceito de singularidade? O fato, entretanto, é que Deus preferiu comunicar, por intermédio de Moisés, a ideia de pluralidade dentro de Sua unidade.

Um Ponto no Livro de Gênesis
A pluralidade, nos pronomes pessoais, quando utilizada em relação a nosso Senhor, adiciona uma prova ao conceito da tri-unidade de Deus. Uma vez mais, pomo-nos a examinar o registro de Gênesis, em busca de evidências. Três passagens demonstram esse ponto:
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança ... Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou: homem e mulher os criou" (Gênesis 1:26,27).
Logo no começo, podemos observar a seleção da palavra hebraica Elohim como forma do substantivo usado nesse versículo; Elohim estava pronto para criar o homem. Em consonância com essa escolha, pois, foi inserido o pronome pessoal plural, "nós" (subentendido no verbo "façamos") e o adjetivo possessivo plural "nossa" (por duas vezes).
O Dr. David L. Cooper estabeleceu um ponto válido, ao observar que os substantivos hebraicos "semelhança" e "imagem" estão ambos no singular, o que indica que a pessoa que falava como a pessoa a quem se falava era uma e a mesma pessoa. E assim a conclusão é muito iluminadora: A ideia de pluralidade ("nós" e "nossa") é fundida com termos no singular ("semelhança" e "imagem"), assim demonstrando aquilo que podemos denominar de unidade coletiva, de unidade composta. Isso é reforçado no versículo 27, onde Deus refere-se a Si mesmo usando pronomes pessoais no singular "sua" e "ele" (ele, subentendido em "criou").
Deve-se compreender que somente Deus é capaz de criar - isso se evidencia por todo o volume da Bíblia. Visto que isso é verdade, então quem está em foco dentro da declaração: "Façamos NÓS o homem à NOSSA imagem, conforme a NOSSA semelhança"? Só há uma conclusão lógica.
" ... Eis que o homem se tornou como um de nós ... o Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden...". (Gênesis 3:22,23). Adão e Eva haviam transgredido contra Yahweh. A reação do Senhor Deus foi expulsá-los do jardim do Éden. Notemos que Deus observou que o homem "... se tornou como um de NÓS...". (o pronome pessoal no plural), razão pela qual o homem precisava ser expulso.
O terceiro ponto a ser salientado encontra-se no relato sobre a dispersão da humanidade, quando da construção da Torre de Babel, "Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem ... Destarte o Senhor os dispersou dali pela superfície da terra...". (Gênesis 11:7,8). Uma vez mais o pronome pessoal plural "nós", é empregado (subentendido nos dois verbos, "desçamos" e "confundamos"). A isso segue-se uma referência a Deus, no singular. Foi "o Senhor" quem executou a divina decisão: " ... desçamos ...".


Tri-Unidade ou Politeísmo?
Uma pergunta emerge das páginas do Antigo Testamento: Devemos crer em um Deus que consiste em mais de uma pessoa, ou devemos aceitar o politeísmo? Uma breve investigação em algumas poucas passagens bíblicas pode ilustrar as alternativas que se abrem diante de nós.
No Salmo 45, o rei de Israel é apresentado como se fosse Deus. Lemos especificamente, nos versículos 6 e 7:
"O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros". Visto que a primeira palavra Deus, em itálico, está no imperativo, destaca-se a indagação: Quem é o Deus de Deus?
Novamente, em Salmos 110:1, diz o rei Davi:
"Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés". A questão que deve ser feita quanto a essa passagem é: A quem Davi dirigia-se como o seu Senhor? Quando Davi compôs esse salmo, ele era o monarca de Israel. Não havia outro maior do que Davi em Israel, exceto Deus. Quem, pois, deve ser considerado Senhor de Davi? E para quem Deus estava falando?
Em Gênesis 18 e 19, Moisés registrou a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra. É evidente, através dos dois capítulos, que o próprio Senhor apareceu a Abraão como um dos três homens que o visitaram. No trecho de Gênesis 19:24 lemos:
"Então fez o Senhor chover enxofre e fogo, da parte do Senhor, sobre Sodoma e Gomorra". Inquestionavelmente, essa referência bíblica identifica duas pessoas distintas. Uma vez mais, a escolha se destaca: politeísmo ou a tri-unidade de Deus!
Temos a certeza de que a Bíblia não ensina o politeísmo. É simplesmente intransponível o abismo entre o ensino da tri-unidade de Deus e o conceito de muitas divindades. Acusar alguém que os cristãos acreditam em três deuses é algo destituído de base. O politeísmo concebe e ensina deuses que são entidades independentes umas das outras - deuses que a todo tempo entrechocam-se com outros deuses, em seus objetivos. Mas, dentro da tri-unidade de Deus sempre há uma absoluta unidade de desejo, de desígnio e de execução. Todas as referências bíblicas mostram Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo operando em Perfeita união.
Basta esse fato para vermos a grande diferença que há entre aqueles dois conceitos.


Messias Reconhecido como Deus
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto" (Isaías 9:6,7).
Esses versículos mostram-nos explicitamente que Aquele sobre cujos ombros estará o governo, e por intermédio de quem chegarão a este mundo a justiça, a paz e a retidão, é, ao mesmo tempo, Deus e homem. Como criança ainda, Ele nasceu na nação de Israel. Isso dá a entender, de maneira enfática, a humanidade do Messias. Ao mesmo tempo, porém, ele também é ali reconhecido como o verdadeiro Deus, por ser o Filho dado por Deus. Além disso, essa criança, esse Filho, é chamado de "Deus Forte". Acrescente-se a isso que lhe são conferidos outros títulos que só cabem legitimamente a Deus. Pois Ele é designado "Maravilhoso", "Conselheiro", "Pai da Eternidade" e "Príncipe da Paz".
Jeremias aliou-se a Isaías, ao insistir que o Messias é Deus em carne humana.
"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor Justiça Nossa" (Jeremias 23:5,6).
Não há dúvidas que essa declaração refere-se ao Messias que procederia da linhagem de Davi. Na qualidade de Rei de Israel, Ele haveria de trazer justiça, retidão e paz a esta terra. Quem realizará tudo isso? De conformidade com essa porção da Palavra de Deus, será o Renovo justo de Davi (O Messias) - Yahweh-tsidkenu, "Senhor Justiça Nossa". Visto que Deus deixa absolutamente claro que não existem deuses além dEle mesmo, como pode- ríamos compreender que Ele chamou Seu servo, o Messias, de Deus? Isso só pode ser compreendido quando percebemos que esse Filho de Deus, esse Renovo justo, na realidade é Deus.


O Messias é Eterno
Em um sentido limitado, algumas das qualidades ou atributos de Deus são exibidos na Sua criação, particularmente na humanidade. Não obstante, há muitas outras características que residem exclusivamente no próprio Deus. A eternidade é um dos atributos designado somente a Deus. Diferente dos homens, ou de qualquer substância existente no universo criado, Deus não somente existe para sempre, mas também não teve começo - Ele sempre existiu. Deus revelou-se a Moisés chamando a Si mesmo de "Eu sou o que Sou" (Êxodo 3:14) - uma declaração cujo propósito era o de mostrar ao Seu servo atemorizado a passada, a presente e a futura existência de Sua divina pessoa. Deus simplesmente existe! Por semelhante modo, há muitas outras passagens, no Antigo e no Novo Testamento, que informam-nos que antes de qualquer coisa vir à existência, Deus já estava lá.
Tendo esse fato em mente, voltamos agora a nossa atenção para os ensinos bíblicos que abordam a questão da pré-existência do Messias. Não somente Ele deveria nascer como um ser humano, em algum ponto histórico do tempo, mas também, de acordo com o profeta Miquéias, o Messias (o Filho de Deus) vem "desde os dias da eternidade". Escreveu esse profeta judeu, em 5:2 do livro que tem seu nome:
"E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade". Assim, o local do nascimento do Príncipe que viria foi predito séculos antes que Ele aparecesse neste mundo. O Messias surgiria na cena humana não simplesmente como fruto do ventre de uma virgem, mas também procederia das regiões da eternidade, onde Ele sempre existirá, eternidade a fora.
É importante que entendamos que tanto o Antigo quanto o Novo Testamento destroçam o errôneo conceito do nascimento físico de Jesus como se isso tivesse constituído a Sua origem, o Seu começo. A Bíblia nunca ensina tal coisa, em parte alguma. Por igual modo, as Escrituras nunca sustentam a tese de que Maria é a mãe de Deus, visto que Deus nunca nasceu. Deus sempre existiu. O que o Novo Testamento revela-nos, paralelamente ao Antigo Testamento, é que Deus manifestou-se em carne, como ser humano. Maria foi a mulher judia que Deus escolheu para dar à luz Àquele que é o Deus encarnado - o eterno Filho de Deus.


O Messias Foi Adorado
Somente Deus pode ser adorado, com toda a legitimidade. Deus proíbe a adoração direta a qualquer outro ser ou objeto, tanto nos céus quanto na terra. Em Salmos 118:8 somos instruídos quanto a esse particular: "Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem". Mais dogmático ainda mostra-se o profeta Jeremias, o qual citou Deus a dizer: "Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor ... Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor" (Jeremias 17:5,7).
No entanto, em certas porções das Escrituras, encontramos o Messias aceitando adoração da parte dos homens. Davi deixa isso perfeitamente claro no Salmo 2. Ali ele identifica o Messias como o Filho de Deus, e, em seguida, instrui que o Rei-Messias deveria ser adorado (v. 12). Isso pode ser chocante para o seguidor das Escrituras - a menos que ele compreenda a tri-unidade de Deus. Então torna-se lógica e escriturística aquela admoestação de Davi, que recomenda: "Beijai [adorai] o Filho...".
Deus deixou perfeitamente claro que o Seu Filho, o Messias, tem todo o direito de ser adorado. Isso, por sua vez, significa que Cristo é Deus. Se não fosse uma realidade, então a única alternativa que nos restaria seria acreditar que o Deus que nos adverte a não reverenciar ao homem, estava contradizendo-se ao ordenar-nos tal coisa. Naturalmente, Deus não estava se contradizendo. Ao contrário, estava frisando esse ponto uma vez mais: o Messias é Deus.


Uma Palavra Final
Temos compartilhado de certo número de momentosos fatos - verdades que são capazes de libertar nossas mentes, se estivermos dispostos a rejeitar as crenças restritivas, agrilhoadas às tradições humanas, para então considerarmos objetivamente as Sagradas Escrituras. A Palavra de Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, ensina-nos que o Senhor onipotente é uma personalidade Triuno. Quanto a esse detalhe, o judaísmo bíblico (por meio das Escrituras do Antigo Testamento), e o cristianismo bíblico estão em total acordo.
Os crentes que acreditam na Bíblia não são politeístas. Antes, a doutrina deles é tão autenticamente monoteísta quanto o é a doutrina do judaísmo bíblico. Na verdade, se não entendermos o conceito da tri-unidade de Deus, nos sentiremos inteiramente perdidos na tentativa de explicar grande parte dos ensinos do Antigo Testamento.
O ponto crucial do problema inteiro repousa, em última análise, sobre a explicação do impacto exercido pela vida e pelo ministério de Jesus Cristo. Por mais de dois milênios, Ele tem cativado os corações dos homens e tem dominado a história da humanidade. Se quisermos ser perfeitamente honestos, como poderíamos explicar a pessoa de Cristo, à parte do fato que Ele é Aquele que foi anunciado por Isaías como o Deus forte.


Por Stanley Rosenthal


2. O Senhor Jesus é Jeová


O Primeiro e o Último
Isaías 41:4 - "Eu, Jeová, o Primeiro; e sou o mesmo com os últimos".
Isaías 44:6 - "Assim disse Jeová, o Rei de Israel e seu Resgatador, Jeová dos Exércitos: Sou o Primeiro e sou o Último, e além de mim não há Deus".
Isaías 48:12 - "Eu sou o Mesmo. Sou o Primeiro. Além disto, sou o Último."
Apocalipse 1:17-18 - "Eu sou o Primeiro e o Último, e O vivente; e fiquei morto, mas eis que vivo para todo o sempre."
Apocalipse 2:8 - "Estas cousas diz aquele, o Primeiro e o Último, que ficou morto e passou a viver."
Apocalipse 22: 13 - "Eu sou o Alfa e o Omega, o Primeiro e o Último."
Três vezes lemos em Isaías que Jeová é o Primeiro e o Último, e três vezes o Apocalipse diz que o Senhor Jesus é o Primeiro e o Último. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


O Alfa e o Omega
Apocalipse 1:8 - "Eu sou o Alfa e o Omega, diz Jeová Deus."
Apocalipse 22:13 - "Eu sou o Alfa e o Omega."
O primeiro capítulo do Apocalipse diz que Jeová é o Alfa e o Omega; no último capítulo, o Senhor Jesus diz que Ele é o Alfa e o Omega (veja 22: 16); portanto, Ele é Jeová.


O Princípio e o Fim
Apocalipse 21:6 - "Eu sou o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim."
Apocalipse 22: 13 - "Eu sou o Alfa e o Omega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim."
O contexto nestes dois capítulos mostra que Jeová é o Princípio e o Fim (cap 21), e que o Senhor Jesus também o é (cap 22). Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


Deus
Isaías 45:5 - "Eu sou Jeová, e não há outro. Além de mim não há Deus."
Isaías 45:21 - "Jeová, além de quem não há Deus." 

João 1:1- "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." (Almeida)
João 20:28- "Tomé disse-lhe: Meu Senhor e meu Deus." 

Hebreus 1:8 - "Mas do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos ... " (Almeida)
Há muitos "deuses" falsos, como Satanás (II Cor 4:4), o ventre (Fil 3: 19) e imagens (Ex 20:3), mas Isaías deixa claro que só há um Deus verdadeiro, e este é Jeová. Nos textos acima citados do Novo Testamento, vemos que Jesus Cristo é Deus; portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


Deus Poderoso
Jeremias 32:18 - "Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é Jeová dos Exércitos."
Isaías 9:6 - "Um menino nos nasceu ... será chamado pelo nome de ... Deus Poderoso." Compare com Isaías 10:20-21.
Jeremias nos revela que Jeová é o Deus Poderoso, e Isaías mostra que o menino (o Senhor Jesus) também é o Deus Poderoso. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


O Criador do Universo
Isaías 45:8 - "Eu mesmo, Jeová, o criei."
Isaías 45:12 - "Eu é que fiz a terra e criei até mesmo o homem sobre ela. Eu - minhas próprias mãos estenderam os céus ... "
Isaías 48:13 - "A minha própria mão lançou o alicerce da terra e a minha própria direita estendeu os céus."
Estes versículos dizem que Jeová criou os céus e a terra, com a Sua própria mão; Ele mesmo os criou. Veja agora:
João 1:3 - "Todas as coisas foram feitas por Ele (o Senhor Jesus), e sem Ele nada do que foi feito se fez." (Almeida)
Colossenses 1:16 - "Porque nEle (o Senhor Jesus) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra." (Almeida)
Estes versículos mostram que tudo foi criado pelo Senhor Jesus Cristo: portanto, Ele é o Criador, Jeová.


O Sustentador do Universo
Isaías 48:13 - "Eu os chamo para que juntos se mantenham firmes."
Hebreus 1:3 - "Ele ... sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder."
Colossenses 1:17 - "Todas as cousas subsistem por Ele" (o Senhor Jesus).
Em Isaías aprendemos que Jeová sustenta todas as coisas nos céus e na terra, e o Novo Testamento nos diz que é o Senhor Jesus quem tudo sustenta. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


O Salvador
Isaías 43:11 - "Eu é que sou Jeová, e além de mim não há Salvador."
Isaías 45:21- "Deus justo e Salvador, não havendo outro além de mim."
Lucas 2:11 - "Hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo o Senhor."
Atos 4:12 - "E não há Salvação em nenhum outro."
O Velho Testamento diz que Jeová é o Salvador, e não há salvação fora dEle; o Novo Testamento diz que o Cristo é Salvador, e não há salvação fora dEle. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová .


O Pastor
Isaías 40:11 - "Qual pastor ele pastoreará a sua grei." Salmo 23:1 - "Jeová é o meu pastor." Compare com Ezequiel34: 11-12.
João 10:11 - "Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das ovelhas." Veja também João 10: 14.
No Velho Testamento, o bom Pastor é Jeová; no Novo Testamento é o Senhor Jesus Cristo. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


O Soberano
Isaías 45:22-23 - "Diante de mim se dobrará todo joelho, jurará toda língua."
Filipenses 2:10-11 - "No nome de Jesus se dobre todo joelho ... e toda língua reconheça abertamente que Jesus Cristo é Senhor."
Todo joelho se dobrará, e toda língua jurará diante de Jeová, e o Novo Testamento diz que o Senhor Jesus receberá esta honra; então o Senhor Jesus é Jeová.


Aquele que deve ser adorado
Lucas 4:8 - "É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar." 

Hebreus 1:6 - "Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: E todos os anjos de Deus o adorem."
Adoração deve ser dada só a Jeová; Deus manda adorar ao Senhor Jesus; portanto, o Senhor Jesus é Jeová. Homens bons não aceitam adoração (Atos 10:26); anjos santos não aceitam adoração (Apocalipse 22:8-9); o Senhor Jesus aceita adoração (Mateus 2: 11; 8:2; etc).


A Rocha
II Samuel 22:32 - "Quem é Deus além de Jeová, e quem é Rocha além de nosso Deus?"
Isaías 44:8 - "Acaso existe outro Deus além de mim?
Não, não há nenhuma Rocha."
I Coríntios 10:4 - "E essa Rocha significa Cristo." Compare com Mateus 16:18 e Romanos 9:33.
Em Samuel e Isaías aprendemos que não há outra Rocha além de Jeová, e o Novo Testamento diz clara- mente que a Rocha é o Senhor Jesus; portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


Uma Pedra de Tropeço
Isaías 8:14 - "Ele terá de tornar-se ... como pedra contra quem se esbarra e como rocha em que se tropeça."
I Pedro 2:8 - "Uma pedra para tropeço e uma rocha de ofensa." Compare com Rom. 9:33 e I Ped. 3:14-15.
As palavras que Isaías usou de Jeová são citadas por Pedro ao falar do Senhor Jesus; portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


João Batista
Isaías 40:3 - "Desobstruí o caminho de Jeová. Fazei reta a estrada principal para nosso Deus". Esta profecia cumpriu-se quando João Batista preparou o caminho para o Senhor Jesus. Veja Mateus 3:3.
Lucas 1:76 - "Mas quanto a ti, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás de antemão na frente de Jeová para aprontar os seus caminhos."
Mateus 3:11 - "Mas o que vem depois de mim é mais forte do que eu, não sendo eu nem apto para tirar-lhe as sandálias."
Lucas capítulo 1 diz que João Batista iria de antemão na frente de Jeová, e vemos em Mateus capítulo 3 que foi o Senhor Jesus que veio depois de João. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.


O Preço
Zacarias 11:13 - "Nisso Jeová me disse: 'Lança-o na tesouraria - o valor majestoso com que fui avaliado do seu ponto de vista'."
Mateus 27:9b - "E tomaram as trinta moedas de prata, o preço de homem com que foi avaliado, daquele a quem alguns dos filhos de Israel puseram um preço".
O texto em Zacarias diz claramente que Jeová foi avaliado por eles em trinta moedas de prata, mas Mateus mostra com igual clareza que foi o Senhor Jesus que foi assim avaliado. Portanto, o Senhor Jesus é Jeová.
Nossa Justiça Jeremias 23:6 - "Jeová é nossa justiça".
Jeremias 33:16 - "Jeová é a nossa justiça".
I Coríntios 1:30 - "Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria de Deus, também justiça e santificação".
Em Jeremias aprendemos que o próprio Jeová é a nossa justiça, e o Novo Testamento afirma que Cristo Jesus é a nossa justiça. Outra vez, vemos de forma inegável que Jesus Cristo é Jeová.
Considerando todos estes versículos, que colocam frente a frente passagens do Velho Testamento com passagens do Novo Testamento, não resta mais dúvida alguma. Jesus Cristo, que morreu por nós no Calvário, é o próprio Jeová, Deus manifesto em carne.


(Todas as citações são da Tradução Novo Mundo, exceto onde indicado.)


Obs. O Tema: "O Senhor Jesus é Jeová", é publicado por: Editora Sã Doutrina

3. Perguntas frequentes

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4. Deus seja tudo em todos - (1 Coríntios 15:23-28) 

"Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.

Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.

Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.

Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.

E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos."
(1 Coríntios 15:23-28)


"Este é, certamente, um dos textos prediletos para quem quer "tentar" desacreditar a divindade absoluta de Cristo, pois, tomado à primeira vista, seu conteúdo é composto pelos seguintes elementos claramente subordinacionistas:


a) O Filho reinará por um tempo determinado e limitado - Terá de entregar o Reino ao Pai, pois reinará até que todos os seus inimigos estejam postos debaixo de seus pés. O Pai, que recebe o Reino, reinará, ao contrário, para sempre.


b) Apenas o Pai será "tudo em todos" (ou, como verte a TM: "Será todas as coisas para com todos") - Nesse caso, o Filho fará parte do "todos" (juntando-se ao restante da criação), ao passo que o Pai será "tudo" para com todos.


c) O Filho assume uma condição de sujeição - Após entregar o Reino, o Filho se sujeitará ao Pai. Este, ao contrário, não poderia jamais estar sujeito ao Filho (1 Co 15:27).


Para resolver essas questões e entender corretamente a passagem, é preciso lembrar algo importante, a saber: as Escrituras não se contradizem. Muitas passagens, como já vimos, são claríssimas ao ensinar a igualdade de essência do Filho em relação ao Pai. 

Assim, não devemos supor que essa passagem de 1 Coríntios esteja ensinando o contrário do que o restante das Escrituras ensina com muita clareza. Com isso em mente, afirmamos o seguinte: seja qual for a explicação proposta, deve ficar de fora qualquer ideia de que Cristo seja ou será inferior ao Pai em sua essência, ou natureza divina, uma vez que ele é Deus.

Passemos agora à análise dos problemas acima propostos, que reclamam solução:

No que diz respeito à primeira questão, afirmamos que Jesus não reinará por tempo determinado e limitado. Afirmar isso é o mesmo que dizer que as Escrituras se contradizem, pois outras passagens afirmam clara e inequivocamente que Jesus reinará para todo o sempre (Ap 5:13; 11:15; cf. Is 9:6,7 e Lc 1:33).


Como fugir da aparente contradição? A organização argumenta que Cristo reinará para sempre no sentido de que os resultados obtidos por seu reinado perdurarão eternamente sob a administração do Pai.


Tal explicação não procede, pois os textos supracitados afirmam que o próprio Cristo reinará para sempre. O que o anjo Gabriel disse a Maria ainda é válido: "Não haverá fim do seu Reino". E no Apocalipse ouvem-se todas as criaturas afirmar que o poderio de Cristo será, assim como o do Pai, "para todo o sempre" (Ap 5.13).


O Incômodo para muitos está na parte da frase: "Pois ele tem de reinar até que... (achri)". O problema se resolve quando se dá ao termo "até" seu devido lugar no texto. Para os que creem que o reinado de Jesus será limitado, "até" é tomado como preposição que indica limitação. Este, porém, não é o único uso do termo "até", que também pode ser empregado como advérbio de inclusão. 

Por exemplo, na mesma carta (1 Coríntios), no capítulo 4, versículo 11, Paulo escreve: "Até agora (achri tes arti horas) estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa". 

Em 2 Coríntios 3.14, descrevendo o estado espiritual do povo judeu, Paulo escreve também: "Na verdade, a mente deles se fechou, pois até hoje (achri gar tes semeron) o mesmo véu permanece quando é lida a antiga aliança..." (2 Co 10.13,14 e Gl 3.19).

Deve-se concluir que, depois de escrever aos coríntios narrando suas tribulações e compartilhando suas necessidades, o apóstolo não mais passaria por elas? Ou que, no texto de 2 Coríntios, o véu não mais permanece sobre a mente dos judeus quando é lido o Antigo Testamento? De jeito nenhum! 

Paulo continuou passando por dificuldades em todo o seu ministério e até hoje o véu permanece sobre a mente do povo da antiga aliança. Assim, tomando-se por base o que foi exposto, precisamos afirmar como Agostinho: "Não devemos aceitar que Cristo ao entregar o Reino a Deus Pai, dele ficará privado".
Afirmamos então, à luz dos textos bíblicos supracitados, que Jesus continuará reinando mesmo depois de entregar o Reino ao Pai, pois não perderá sua igualdade com o Pai. Jesus será, portanto, eternamente Rei.


Fica, porém, uma pergunta no ar: Por que entregar o Reino, se depois ele continuará no domínio? A resposta está relacionada com o que foi mencionado no texto anterior: por ter assumido a condição humana, Cristo tornou-se Mediador entre a humanidade e a divindade, função que cumprira até certo tempo, quando entregará o Reino ao Pai. 

Deixando de exercer sua ação mediadora, visto que concluiu todo o desígnio divino, o Mediador se sujeita a fim de que Deus "seja todas as coisas para com todos". Nesse caso, o termo Deus no versículo 28 deve ser entendido como uma referência à comunidade trinitária, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Dá-se cabo, finalmente, da relação funcional. 

É o que parece presente na frase "o próprio Filho [na qualidade de Mediador] também se sujeitará". E agora Deus - a Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo -, que criou os céus e a terra, ou seja, o universo visível e invisível, torna-se tudo em todos, reinando para todo o sempre.
Que o termo "Deus", utilizado no versículo 28, é uma alusão à Trindade, fica evidente pela seguinte razão: o texto afirma que Deus será "tudo em todos". Ora, o mesmo se diz de Jesus: "Cristo é todas as coisas e em todos" (NM). 


Essa ideia de domínio sobre tudo e todos é constantemente aplicada ao próprio Jesus Cristo e pode ser vista nas seguintes passagens bíblicas:
a) João 1.3 - Todas as coisas foram feitas por intermédio dele.
b) Filipenses 2.10,11 - Todo joelho se dobrará diante dele e toda língua o confessará como Senhor.
c) Colossenses 1.16,17 - Nele foram criadas todas as coisas; Todas as coisas foram criadas por ele e para ele; ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.
d) Colossenses 2.3 - Todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão escondidos nele.
e) Colossenses 2.9 - Toda a plenitude da divindade habita nele.
f) Hebreus 1.3 - Ele sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder.
g) Hebreus 1.6 - Todos os anjos o adoram.


Assim como afirma João Calvino: "portanto, restringir o termo Deus exclusivamente ao Pai, de sorte que se detraia ao Filho, nem é justo, nem correto".
É interessante notar também que, de acordo com Filipenses 3.21, Jesus tem o poder de "colocar todas as coisas debaixo do seu domínio". 

Em João 17.10, ele afirma que tudo o que é dele é do Pai, e tudo o que é do Pai e dele. Isso se dá porque Pai, Filho e Espírito Santo agem juntos (embora tenhamos mais referências do Filho em relação ao Pai).

Diante de tudo isso e de Hebreus 13:8, que afirma ser Jesus o mesmo ontem, hoje e para sempre, afirmamos, à luz da Bíblia, que ele será eternamente, por ser Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo, "tudo em todos".
Alguém talvez queira levantar a seguinte questão: "Em qual parte das Escrituras se diz que o Espírito Santo será tudo em todos? A menção ao Pai e ao Filho existe, mas não há nenhuma que trate do Espírito Santo".


Para responder a isso, proponho as seguintes explicações:
1) Embora não haja referência explícita quanto ao domínio do Espírito Santo, pois ele não é mencionado no texto, podemos afirmar que ele, assim como o Pai e o Filho, será tudo em todos, pois, afinal, o Espírito Santo é Deus. E o Deus que será "tudo em todos" é a Trindade Santíssima: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.


2) Não se pode falar de Reino de Deus e deixar de lado o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O apóstolo Paulo afirma que o Reino de Deus é "justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14.17).


3) A falta de referência explícita de uma pessoa da Trindade não significa que a passagem não se refira a ela. Por exemplo, em Mateus 12:31,32, Jesus afirma que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Mas Jesus não mencionou o Pai. Ora, nem por isso alguém deve se sentir livre para blasfemar contra o Pai.


Além dessas razões que nos levam a crer que a Santíssima Trindade será "tudo em todos", temos o testemunho direto do apóstolo Paulo: "Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos" (1 Co 12.4-6)".


TM (Tradução do Novo Mundo - "bíblia", ou melhor, livros usados pelo grupo que designam-se "Testemunhas de Jeová")

5. Jesus Cristo, o Filho eterno

Por um lado o Deus Santo e por outro o homem pecador. Como conciliar estas duas partes?
Encontramos perguntas semelhantes a esta no Livro de Jó, cuja história nos leva há tempos muito antigos:

  • "Como se justificaria o homem para com Deus?" (Jó 9:2);
  • "Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce da mulher, para que fique justo?" (Jó 15:14);
  • "Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher?" (Jó 25:4);
  • "Ah! se alguém pudesse contender com Deus pelo homem!" (Job 16:21).

Neste mesmo livro encontramos uma resposta, dada pelo Espírito de Deus, pela boca do sábio e humilde Eliú: "Se com ele, pois, houver um mensageiro, um intérprete, um entre milhares, para declarar ao homem a sua retidão, então terá misericórdia dele, e lhe dirá: Livra-o, que não desça à cova; já achei resgate" (Jó 33:23-245.
Desde o princípio do Novo Testamento que o Espírito de Deus nos dá a conhecer Aquele que é intermediário entre Deus e os homens, o Mediador. Não podia ser achado entre os filhos dos homens, porque todos estavam mesclados ao pecado: "Não há um justo, nem um sequer" (Romanos 3:10).

 Os esforços desta raça culpável demonstraram ser inúteis para produzir qualquer melhoria. Não obstante, Deus queria estabelecer uma nova relação entre Ele e a Sua Criatura. E o único meio possível era o envio de Seu Filho, era a vinda de Jesus à Terra, Emanuel, Deus conosco!


a) Quem é Jesus?


1) A Sua Natureza Divina

"Estando Maria desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de David, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; e dará à luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito, da parte do Senhor, pelo profeta que diz: Eis que a virgem conceberá) e dará à luz um filho e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido e Deus conosco" (Mateus 1:18-23). 

"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo, o qual, sendo o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito, por si mesmo, a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas" (Hebreus 1:1-3). 

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1).


2) A Sua Natureza Humana

"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14). 

"Grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne" (1. a Timóteo 3:16). "Vemos coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos" (Hebreus 2:9). 

"Eu sou o primeiro c o último; e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre" (Apocalipse 1:17-18). 

A realidade da natureza humana de Jesus é demonstrada amplamente nos Evangelhos, e o testemunho que dela rendem, os apóstolos, faz com que esta verdade seja ainda mais credível. Queremos apenas juntar três versículos que indicam a perfeição absoluta da humanidade que revestiu a nosso Senhor, pois, embora participando da carne e do sangue, não teve a natureza pecadora do homem:

  • "Aquele que não conheceu pecado", (2ª aos Coríntios 5:21);
  • "O qual não cometeu pecado" (1ª de Pedro 2:22);
  • "Nele não há pecado" (1ª de João 3:5).

A união da natureza humana e da natureza divina, numa mesma Pessoa, é um mistério que não nos cabe analisar. A Palavra de Deus o declara, e nós acreditamos e adoramos. Aliás, já os profetas o tinham anunciado, como vemos nesta passagem, de Isaías: "Um menino nos nasceu (a humanidade), um filho se nos deu (a divindade), e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). 

Estes diversos títulos demonstram, um por um, a Sua divindade e a Sua humanidade. Ele exercerá os direitos conferidos pelos, ditos títulos segundo o Seu poder, divino e na, qualidade de Filho do homem, conforme Ele mesmo disse: "Porque, como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim deu também ao Filho ter.. a vida em Si mesmo; e deu-lhe o poder de exercer o Juízo, porque é o Filho do homem (João 5:26-27).


b) A Obra de Jesus

O Bom Pastor"O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10:45).
Veio para servir a Deus, Seu Pai, mas também para servir ao Seu povo – servi-lo durante o tempo do ministério da Sua graça. Vindo com a mais profunda humildade, tomou a forma de servo (Filipenses 2:7), e estava entre os Seus "como aquele que serve" (Lucas 22:27).
A perfeição do Seu serviço em favor dos Seus só é comparável à perfeição da Sua abnegação. Este humilde serviço leva o Senhor a lavar os pés dos Seus discípulos, depois de Se ter cingido com uma toalha para os enxugar. Nada é demasiado pequeno nem demasiado modesto para o Servo perfeito, cujo único gozo era cumprir a vontade dAquele que O tinha enviado.

"Eu sou o Bom Pastor; o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (João 10:11). Jesus pôs a Sua vida ao serviço dos Seus durante o Seu ministério, e, mais ainda, a Sua vida foi dada "em resgate de muitos".
Mencionemos, segundo as Escrituras, diversos aspectos da morte do Senhor Jesus sobre a Cruz do Calvário:

  • "O qual se deu a si mesmo por nossos pecados" (Gálatas 1:4);
  • "Jesus Cristo homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos" (1 Timóteo 2:5-6);
  • "Levando ele mesmo, em seu corpo, os nossos pecados sobre o madeiro" (1 Pedro 2:24);
  • "O qual, por nossos pecados, foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação" (Romanos 4:25);
  • "Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave" (Efésios 5:2);
  • "Pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus" (Hebreus 9:14);
  • "Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida, para tornar a tomá-la" (João 10:17).

Muitos outros versículos da Palavra de Deus poderiam ser citados e todos nos mostrariam os dois grandes propósitos da morte de Jesus sobre a Cruz: Primeiro, a reivindicação da glória de Deus, segundo, os direitos da Sua Justiça e da Sua Santidade; e, simultaneamente, a salvação do homem e a purificação do seu pecado.


c) O Triunfo de Jesus

Pela morte, Ele aniquilou "o que tinha o império da morte, isto é, o Diabo" (Hebreus 2:14). Na Cruz, Ele triunfou sobre as potências tenebrosas, despojou-as e exibiu-as publicamente (Colossenses 2:15). Ao terminar as horas do Calvário, antes de entregar o Seu espírito nas mãos do Pai, disse: "Está consumado" (João 19:30). 

Entra nos domínios da morte como vencedor, porque esta fortaleza inexpugnável, guardada pelo próprio Satanás, lhe foi desde então conferida: "Quebrou as portas dê bronze e despedaçou os ferrolhos de ferro" (Salmo 107:16).
Nada vai impedir que a morte devolva a sua presa nem que o sepulcro, não obstante a pesada pedra colocada na sua entrada, seja aberto e encontrado vazio! "Tragada foi a morte na vitória" (l Coríntios 15:54). 

As provas que certificam esta verdade capital são numerosas: "Cristo ressuscitou dos mortos" (1 Coríntios 15:20). 

Este grande acontecimento é o fundamento da fé cristã, pelo que não nos surpreende que os detratores do Evangelho se tenham assanhado contra esta grande verdade.
O triunfo de Jesus não se limita apenas à Sua ressurreição: "Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida" (João 5:28-29). 

Por outro lado, o domínio universal será dado Àquele que morreu na Cruz e que ressuscitou. Numerosos textos da Palavra de Deus nos falam deste glorioso triunfo. Sem os transcrevermos, propomos aos nossos amados leitores que os busquem na sua Bíblia, deixando-lhes assim a possibilidade de descobrirem muitos outros:

  • A história de José (Gênesis 37 a 41);
  • A história de Mardoqueu (Ester 5 a 8);
  • Os Salmos 2, 8, 21, 22, 24, 45, 110, etc.;
  • Apocalipse 19:6-16;
  • "Os profetas que profetizaram... anteriormente, testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pedro 1:10-11);
  • "Era desprezado, e o mais rejeitado pelos homens; homem de dores, e experimentado nos trabalhos;
  • "Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaias 53).

F. Gfeller - "In Leituras Cristãs", Volume XXXII

6. Deus

A revelação que Deus dá de Si mesmo é progressiva e corresponde à natureza das relações estabelecidas com a Sua Criatura.


a) O Deus Criador

A Criação inteira proclama o poder e a sabedoria dAquele que ordenou todas as coisas. "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Salmo 19:1). 

"Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas" (Isaías 40:26). "Porque as coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inexcusáveis" (Romanos 1:20).
Este testemunho torna o homem responsável acerca do seu Criador, e se a fé está nele, capacita-o para receber a Sua Palavra. (Veja-se a continuação do Salmo 19).

  • "Pela fé entendemos que os mundos, pela palavra de Deus> foram criados" (Hebreus 11:3).
  • "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez" (João 1:1-3).
  • "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na Terra" (Colossenses 1:16).


b) O Deus Justo e Santo

"E chamou o Senhor Deus a. Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore, de que te ordenei que não comesses?" (Gênesis 3:9-11). 

Responsável perante o seu Criador, o homem deve-Lhe submissão. Esta primeira cena no paraíso terrestre fala-nos dos direitos de Deus e da incapacidade do homem para poder cumpri-los. Desta primeira desobediência provém a história da Humanidade na sua perpétua rebelião contra Deus.

  • "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim, também, a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5:12).
  • "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar" (Habacuque 1:13).
  • "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso" (Apocalipse 4:8).
  • "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos" (Isaías 6:3).
  • "Justiça e Juízo são a base do teu trono" (Salmo 89:14).


c) Deus é Luz, Deus é Amor

Estas duas declarações da primeira epístola de 5. João (capítulos 1:5 e 4:8 e 16) falam-nos da natureza essencial de Deus, enquanto que a Sua Justiça e a Sua Santidade sublinham o que está em relação com as Suas Criaturas. Nada pode alterar o que Deus é em Si mesmo: "Não há nele trevas nenhumas" (1ª João 1:5). "No Pai não há mudança nem sombra de variação" (Tiago 1:17).

  • "Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos, juízo são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e recto é. Vede agora que Eu, Eu O sou" (Deuteronômio 32:4 e 39).
  • "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente" (Hebreus 13:8).

A estes caracteres de "Luz" e "Amor" correspondem as manifestações de graça e de verdade, reveladas muitas vezes juntas nas Escrituras. É a forma sob a qual o incompreensível da natureza divina é colocado ao nosso alcance. A Palavra de Deus é o seu apoio e o Espírito Santo o Agente dispensador ou distribuidor, e é então que a fé os recolhe e se apropria deles.


d) A Relação de Deus com a Sua Criatura

Embora esta relação tenha sido interrompida por causa do pecado, o pensamento de Deus, assim como o Seu desejo quanto ao homem, permanecem intactos, Deus estabeleceu, para felicidade do homem, uma relação correspondente à revelação que Ele dá de Si mesmo, e que sofreu uma progressão com o decorrer dos tempos. 

Em Abel encontramos a base destas relações: o seu sacrifício. O sacrifício é o único meio que permite ao homem pecador poder entrar em relação com o Deus Santo. Prefigurando o sacrifício de Cristo sobre a Cruz, a oferenda de Abel, bem acolhida da parte de Deus, estabeleceu um princípio imutável: "Por ela, depois de morto ainda fala" (Hebreus 11:4). 

"Chegastes ao monte de Sião, e à cidade de Deus, do Deus vivo... e a Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel" (Hebreus 12:22 e 24). 

Até Moisés, esta relação foi individual. Enoque, Noé e os patriarcas provaram a doçura destas relações, que implicavam a fé nos que delas desfrutavam, e de onde provinham as promessas acerca de uma descendência, ainda antes de a nação ter sido constituída e poder entrar nesta relação. 

Quando Deus Se revelou a Moisés, declarou-lhe que era o Deus de Israel. Com o nome de Jeová, o Eterno, entra em relação com um povo que não O conhecia e a quem vai revelar o Seu grande poder ao livrá-lo da escravidão que sofria no Egito.
Toda a História de Israel, até ao cativeiro em Babilônia, está caracterizada por esta relação com Deus, frequentemente perturbada pelas múltiplas desobediências deste povo, que só subsistiu graças à grande paciência de Deus. Mas esta paciência chegou ao fim e Deus teve de abandonar o povo que havia escolhido. Todavia, a Sua grande misericórdia permite que um Remanescente volte ao país e ali permaneça até à vinda de Jesus Cristo. 

Durante este período, Deus toma o nome de "Jeová dos Exércitos" para falar com eles. Deixa de ser o Deus de Israel para Se converter no Deus dos Exércitos Celestiais, pronto a intervir em favor do Seu povo, mas sempre disposto a esperar o seu arrependimento, para atuar em seu favor. Na expectativa da restauração do povo terrestre, a vinda a rejeição de Jesus Cristo abrem uma nova etapa, caracterizada por uma nova revelação de Deus e urna nova relação com Ele. 

Pouco depois da Sua ressurreição, o Senhor confia a Maria Madalena uma mensagem de um extraordinário alcance: "Vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17).
Esta revelação coloca o crente atual numa relação muito íntima com Deus: "Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus" (1 João 3:1). "E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais escravo, mas filho" (Gálatas 4:6-7). 

Que direito tínhamos? Nenhum, por hipótese; só a graça de Deus dá acesso a este favor. Se fizemos a Deus a maior das ofensas, não é isto menosprezar tal dom de graça? 

O conhecimento de Deus não pode ser adquirido senão pela revelação que Ele dá de Si mesmo, e a Bíblia é esta revelação! Nenhuma filosofia nem nenhuma ciência podem substituir a simples leitura da Palavra de Deus. O coração que se deixa impregnar por ela é o único capaz de sondar as Santas Escrituras, para descobrir nelas o que possa satisfazê-lo plenamente, tanto para o presente como para a eternidade.


F. Gfeller = "In Leituras Cristãs", Volume XXXII

7. As promessas relativas ao Messias 

As promessas relativas ao messias:

  1. Ainda no Paraíso, pouco antes da queda no pecado, ouvimos pela primeira vez a boa nova de Cristo; aqui está clara a promessa de que Ele será vencedor sobre Satanás e Salvador do poderio satânico. (Gênesis 3.15).
  2. Em Noé nasce uma nova geração, e Sem torna-se o portador das promessas. (Gênesis 9.26).
  3. Até Noé, Deus se relacionou com todos os homens; em Abraão Ele escolheu para Si um povo, e na descendência de Abraão, todos os povos deverão ser abençoados. (Gênesis 12.1-3).
  4. Dentre os filhos de Jacó, é Judá que se toma o portador das promessas. (Gênesis 49.10).
  5. O próprio Moisés promete um salvador na figura de um profeta. (Deuteronômio 18.15).
  6. Davi O contempla e O menciona em Seus sofrimentos, mas também em ressurreição e tal como sendo rei. (SI 16.10; SI 22; SI 110; At 2.25-26).
  7. Isaías menciona o Senhor com o filho de uma virgem, que já menino será chamado por Emanuel, que é "Deus conosco", e, "Deus forte", "Pai da eternidade" (Is 7.14 e 9.6.7). Mas no capítulo 53 este profeta (que é o evangelista da Velha Aliança) fala dos sofrimentos do salvador em nosso lugar e de Sua morte sacrificial.
  8. Jeremias o intitula "Jahueh-Tsidkenu", que significa "SE­NHOR Justiça Nossa." (Jr 23.6).
  9. Ezequiel fala do "poder" da salvação e do salvador que está por vir na figura do bom pastor. (Ez 29.21; 34.11-16 e verso 23).
  10. Daniel profetiza o Seu reino eterno. (Dn 2.44).
  11. Miqueias menciona o lugar em que o redentor havia de nascer. (Mq 5.2).
  12. Zacarias fala da entrada "triunfal" de Jesus em Jerusalém, da traição de Judas, de um futuro arrependimento da parte de Israel e de um futuro reinado do Messias em Jerusalém. (Zc 9.9; 11.12-­13; 12.10-14; 12.10-14; e 9).
  13. Malaquias indica aquele que O haveria de anteceder, João Batista, bem como a época de juízo e reino do Rei e do Redentor prometidos. (MI 3.1 e 4).

As Figuras que Indicavam para Cristo:

As figuras do Velho Testamento em parte se referem à pessoa, em parte se referem à obra do Senhor. Deus forneceu estas figuras para preparar as pessoas para a vinda e para o sacrifício do Senhor, para que almejassem esta Sua vinda. Mas estes exemplos todos ainda são de grande benção para nós hoje. Estes nos ajudam a compreender melhor a grandeza e a glória do Senhor e de Sua obra.


a) Quem figurava a pessoa do Senhor:

Melquisedeque. Que se interpreta: "rei de justiça", que habitava em Salém ("paz"), sendo ao mesmo tempo rei e sacerdote tal como o Senhor Jesus um dia o será. (Hb 7.1-3 e 17 Hb 7. 24­-27).

  1. Isaque. O único e amado filho sobre o altar do sacrifício.
  2. José. Em sua rejeição pelos irmãos, em sua humilhação e posterior exaltação como o salvador do mundo.
  3. Moisés. Em sua rejeição como o mediador, salvador e guia.
  4. Arão e todos os sacerdotes. Em seu ministério e ornamentos sacerdotais, figurando o nosso reconciliador e Sumo­ Sacerdote junto a Deus.
  5. Davi. Em sua maravilhosa vitória sobre Golias; também em sua rejeição e posterior submissão ao inimigo, obtendo por meio disto a paz.
  6. Salomão. Como rei que reina em justiça, glória, sabedoria e paz. (SI 45.1 e 2; 72.1 e 7).

b) Figuras da obra do Senhor:

Quanto ao aspecto do sofrimento e morte sacrificial: o sacrifício de Abel (Gn 4.4; Hb 11.4); o cordeiro pascal (Ex 12; 1 Co 5.7); a serpente levantada (Nm 21, 8-9; Jo 3,14); a rocha batida (Ex 17.6; 1 Co 10.4); os holocaustos e os sacrifícios pela expiação do pecado e de culpa no pátio da tenda da congregação (Lv 1-7; Hb 9 e 10).

Quanto à Sua posição como nosso reconciliador: O trono da graça (arca da aliança) (Lv 16,14-15; Rm 3,25). Também todos os demais utensílios do santuário prefiguravam o Senhor ou o seu ministério. Do começo ao fim a Palavra de Deus está permeada de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele é o Seu agrado e as delícias do coração de Deus (Pv 8, 22-31; 30,4).


DESCRIÇÃO DAS HISTÓRIAS


I. Anuncia-se o nascimento de João Batista

  1. Os pais de João: Lc 1,5-10.
  2. A predição do anjo: v. 11-17.
  3. A descrença de Zacarias: v. 18-23

Explicação e ensinamentos

Chegou o tempo em que Deus quis enviar o seu Filho que foi prometido. No trono da Judeia(nome romano dado à Palestina) estava assentado Herodes, O Grande. Neste tempo o remanescente fiel esperava ansiosamente pelo "consolo de Israel". Deus age rápido e apressadamente passa a preparar tudo. 

O mensageiro que deveria anteceder o Senhor, preparando -lhe o caminho, foi despertado. (MI 3.1) - Zacarias e Isabel, velhos e solitários, mas tementes a Deus e objetos da graça divina. (Esterilidade era uma vergonha entre os israelitas.) - Zacarias, um sacerdote (compare 1 Cr 24,2-5: ordenanças que, segundo as sortes, designaram cada um para o seu serviço), mas ainda assim a sua fé diante da boa nova de Deus é fraca, e por isso é repreendido de forma muito instrutiva com um sinal; para o povo este sinal é uma prova de que ele falara com um anjo de Deus.(*Jo 11,40) - No nome de João (que é "Jeová concede" ou então "é gracioso, se compadece") estava o significado de sua pessoa para Israel (graça e alegria). 

O período do Novo Testamento é introduzido com a primeira palavra do anjo dirigida a Zacarias: "Não temas!" ­a Deus aprouve nos visitar em graça. Nós não podíamos nos chegar a Ele, então Ele, no Filho, quis-Se achegar a nós. João foi um nazireu (Nm 6). O objetivo de seu ministério, precedendo e preparando o caminho para o Alho de Deus, foi o de converter os corações, para que Jesus pudesse então adentrar nos mesmos (Lc 1.16-17; SI 85.9).


II. Anuncia-se o nascimento de Jesus Cristo

  1. As palavras do anjo: Lc 1.26-­38.
  2. Maria visita a Isabel: versos 39-45
  3. O cântico de Maria: versos 46-56

Explicação e ensinamentos

O Senhor deveria vir como "uma raiz duma terra seca": Is 53.2. Em Nazaré, uma pequena cidade em Galileia, da qual não se esperava nada de bom (Jo 1.46), morava Maria, pobre, humilde e insignificante, mas objeto da graça ilimitada ("muito favorecida", "agraciada", Lc 1.28). O nome de Jesus é o mesmo que Josué (formado de Jeová e Oseias)= Jeová é Salvador, libertador. Deus mesmo quis ser o nosso salvador. A grandeza do Filho de Deus é um contraste glorioso com a humildade de Maria.

Maria então visita a Isabel, porque Deus também fez desta um objeto de Sua graça. Ambas têm profunda participação na causa de Deus (e tem comunhão entre si * 1 Jo 1,7). Isto também deveria ser assim entre todos os crentes. Ambas as mulheres não eram famosas no mundo e esperavam pelo cumprimento das promessas de Deus. 

O cântico de Maria está marcado pela ideia de que aonde tudo é fraco e insignificante é que Deus, em poder, opera visando a Sua própria honra e a nossa salvação (compare também o cântico de Ana: 1 Sm 2). Oxalá os nossos corações também sintam esta mesma alegria pela graça e salvação dadas por Deus (Pv 29.23; Lc 1.47-54).


III. O nascimento de João Batista

  1. Nascimento e circuncisão: Lc 1.57-66.
  2. O cântico de Zacarias: versos 67-80.

Explicação e ensinamentos:A palavra do Senhor se cumpre (SI 119,89). Por meio da circuncisão (Gn 17,10-14) o israelita recebia a marca que o identificava com o povo da aliança; [ao mesmo tempo a circuncisão representava a sentença de morte sobre a carne, isto que hoje é representado pelo batismo: Cl 2.11-12; Gl 5,6]. 

Zacarias aprendeu, pois, a lição, e passa a agir pela fé [versos 62 e 63]. O seu cântico exalta as bençãos de Israel no vindouro reino milenar. Ele, louva a Deus, que suscitou salvação; contempla as cousas como se já estivessem cumpridas em Cristo, pois a Sua presença já estava próxima, visto que o seu precursor já tinha nascido (Ml 3.1). 

A expressão "o sol nascente das alturas" é uma designação bíblica para o Messias, que sendo o sol da vida, traz luz aos corações nas trevas; é este sol que rompe a aurora (* Jo 1.4-9;8.12). Aqui não se menciona a lei, mencionada é a esperança de Israel, a qual (fundada sobre as promessas e na aliança) se toma realidade em Cristo.


IV. O nascimento de Jesus Cristo

  1. O nascimento: Lc 2.1-4; 6-7
  2. A boa nova aos pastores: 8­-14.
  3. Os pastores junto à manjedoura: 15-20

Explicação e ensinamentos:

Os judeus estão sob o domínio do imperador romano (o líder do 42 reino de domínio mundial: Dn 2). Ali, (Jerusalém), onde deveria estar o trono de Deus, e onde Cristo deveria reinar, está um outro exercendo o poder. O pecado conduzira o povo de Deus até a este ponto. O censo (contagem do povo) comprova que este está subjugado ao cetro das nações; mas, por outro lado, este serviu para que se cumprissem os desígnios de Deus: Maria, a mãe do Senhor, vem deste modo a Belém, aonde haveria de nascer o "que há de reinar em Israel" (Mq 5.2). 

Nasce em meio a necessidade e pobreza; nem há lugar para Ele, e sua cama é uma manjedoura (2 Co 8.9). Mas no coração dos homens também não havia um lugar para Ele (Jo 1.10-11). Que perfeito amor este que ainda assim envia o Filho de Deus para descer até nós (Jo 3.16). Mesmo que não tenha encontrado um lugar aqui no mundo, Ele é motivo de louvor e de júbilo por parte dos anjos; Ele é a "luz do mundo", "o salvador do mundo". 

Nenhum acontecimento na história do mundo tem um significado comparado a este: que o Filho de Deus se tomou homem, para que o mundo fosse salvo por intermédio dele (Jo 3.17). Não os grandes em Israel, mas foram os pobres - porém piedosos - pastores que receberam a primeira boa-nova: "aos pobres será anunciado o evangelho. "Aquele anjo anuncia as promessas a Israel; já o coro celebra o alcance desse acontecimento para todos os homens.

  • a) "Glória a Deus nas maiores alturas"! Nunca Deus assim se glorificou, senão quando enviou o seu Filho como menino a este mundo, para cumprir todos os seus desígnios, ali, onde o pecado e o poder do inimigo se manifestaram tão terrivelmente. Graças à obediência de Cristo esses desígnios se cumprirão no tempo e na eternidade, "para louvor da Sua glória" (Ef 1.12­-14).
  • b) "Paz na terra": o pecado, que separa o homem de Deus e de seu próximo, é removido; o "perfeito amor" toma lugar no coração e lança fora o medo e a inimizade (1 Jo 4,9.11.18). Assim, a paz também chega a cada alma que se converte ao Senhor (Lc 7.50; 12.51-57). Mas no reinado de Cristo aqui sobre a terra, quando todos os poderes da maldade e das trevas forem removidos, também haverá "paz sobre a terra", (compare Is 11,5-­11; Mq 4,1-7).
  • c) "Entre os homens a quem Ele quer bem": Em Cristo, Deus agora tem o seu prazer nos homens (Pv 8.31; Hb 2.16-17; Jo 20.17).


V. A apresentação de Jesus no Templo

  1. A circuncisão de Jesus: Lc 2.21a. .
  2. A apresentação de Jesus no templo: versos 22.24-35.
  3. O remanescente, que esperava pelo consolo de Israel: v. 36-40.

Explicação e ensinamentos: 

O Senhor nasceu sob a lei (Gl 4,4), esta é a razão de sua circuncisão. O sacrifício oferecido evidência a pobreza de Seus pais (Lv 12,8). O remanescente (Simeão e Ana) reconhece na criancinha o redentor (graça), enquanto Israel como um todo está ao longe (por "remanescente" se entende a pequena parte que permaneceu fiel em Israel, enquanto o povo como um todo ainda permanece na descrença; compare Rm 11,4.5.25). 

Deus recompensa a fiel perseverança em Sua Palavra. Simeão vê nEle a "luz para os gentios" (Is 49,6) e a glória de Israel. Simeão abençoa José e Maria, a mãe do Senhor, mas não abençoa ao próprio Senhor, (embora tome a criança em seus braços), pois isto não ficaria bem (Hb 7.7)."Tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel": o Senhor haveria de tomar os corações em Israel manifestos (1 Pe 2.6-8). 

E assim também, agora, a palavra de Cristo e de Sua cruz é, para uns, cheiro de morte para morte, e para outros aroma de vida para vida; para uns é loucura, para outros, opera a salvação (1 Co 1.18; 2 Co 2.16). Os crentes (do remanescente) se conheciam uns aos outros (Lc 2.38; MI 3,16). Assim, hoje, os filhos de Deus também se conhecem e conversam entre si a respeito do Senhor, edificando-se mutuamente (Judas 20 e 21).


Os magos do oriente

  1. Os magos em Jerusalém: Mt 2.1-8.
  2. Os magos em Belém: versos 9-12


Explicação e ensinamentos:

Podemos aceitar que as profecias sobre Cristo também foram feitos conhecidas aos gentios por intermédio dos judeus que viveram no cativeiro; consideremos somente a Daniel e sua influente posição.

Os sábios (magos, ou seja, sacerdotes do oriente que também eram estudiosos das estrelas) deduziram pela aparição de uma estrela muito especial que o rei dos judeus teria nascido. Segundo sua imaginação, o rei deveria nascer na capital do país. Mas Deus, cujos pensamentos são mais altos do que os nossos pensamentos, deixa o seu Filho nascer em Belém. 

Aquele banho de sangue entre as crianças de Belém certamente teria sido evitado caso os magos conhecessem a Palavra de Deus. Qualquer atitude que tomarmos sem a direção do Senhor é prejudicial, tanto para nós como aos outros. 

Em Jerusalém os magos somente acham descrença, indiferença, inimizade e temor ­ao invés de alegria - enquanto eles próprios reconhecem a Cristo e o adoram (figura do que os gentios farão no milênio: Mt 8,11-12; SI 86,9; * Is 60,3). 

Estando fora de Jerusalém, a estrela lhes aparece novamente. Ainda que encontrem o Rei como criancinha em Belém, em condições muito humildes, eles não duvidam dele; entregam suas ofertas, e prostrando-se o adoram (grande fé e grande humildade).
O significado dos presentes é o seguinte: (ouro) a realeza da criança, (incenso) a adoração que lhe compete, (mirra) os sofrimentos que haveriam de vir sobre Ele. 

Israel rejeita o Senhor; Herodes, o grande rei, quer o Sua morte; mas Deus provê por Ele (o sonho); (SI 121,4). Que estado, o do homem: corrupção e inimizade! Qual é a posição de nossos corações para com Jesus? (Pv 23,26).


VII. A fuga para o Egito

  1. A fuga para o Egito: Mt 2.13-­14.
  2. A matança das crianças inocentes: versos 15-18.
  3. A volta do Egito: versos 19-­23.

Explicação e ensinamentos:

O caminho para o Egito tomava cerca de 5-6 dias de viagem (é bem provável que com os tesouros dos magos Deus tenha provido bem mais do que o necessário para os custos da viagem). Logo cedo a inimizade do homem já se manifesta contra o Senhor. Herodes, o rei dos judeus, preocupado com o seu trono, ordena aquela horrenda matança de crianças; mas o seu plano é frustrado (Is 8.10). 

Deus o castigou de forma a morrer uma morte horrível, assim também, mais tarde, os seus netos (At 12,23). 

Nazaré não tinha uma boa fama, mas é justamente ali que o Senhor fixa a sua residência (Ele se rebaixou). "Nazareno" é um nome provavelmente originário de "Nezer", que significa "renovo" (um galho que começa a brotar) (ls 11.1).