George Muller teve como grande bênção em sua vida a sua esposa, Mary Graves, com que se casou em 1830. Ela pensava exatamente como ele em toda a sua maneira de agir e nos principias que regiam sua vida e seu trabalho. Dedicou-se, junto com seu marido, ao trabalho dos órfãos.

Poucos sermões impressos são mais comoventes do que-aquele pronunciado por seu marido na ocasião de seu-enterro em 1870. Gostaríamos de reproduzi-Ia em sua totalidade, mas o espaço não permite. Teremos que nos contentar apenas com uma pequena parte.

Fomos felizes? Sem dúvida que sim. A cada ano, a nossa felicidade aumentava. Em nenhuma oportunidade ou em nenhum lugar, vi minha querida esposa sem sentir o coração pular de alegria por vê-la. Dia a dia, ao nos encontrarmos em nossa sala para o almoço ou para o jantar, eu sentia a mesma emoção ao vê-la e ela também mostrava prazer em estar ao meu lado.

Muitas e muitas vezes eu dizia a ela: "Meu amor, desde o nosso casamento, cada vez que a vejo sinto renovar-se em mim o sentimento de emoção ao lembrar-me de que você é minha". E isto não foi apenas durante o primeiro ano de nossa união, nem no décimo, ou no vigésimo, mas também no quadragésimo ano de nossa vida conjugal.

Enquanto confesso qu . sem dúvida, o alicerce da verdadeira felicidade espiritual em nossa vida de casados residiu no fato de minha querida esposa ser uma crente dedicada e, além disso, de grande afinidade comigo, sendo uma dádiva de Deus para mim, ao mesmo tempo estou convencido de que isto não seria o suficiente para a continuidade da real felicidade conjugal durante trinta e nove anos e quatro meses. Devo, portanto, acrescentar o seguinte:

1) Nós dois, pela graça de Deus, tínhamos apenas um objetivo na vida - viver para Cristo.

2) Tínharnos a felicidade de ter muito serviço a realizar. Muitas pessoas, mesmo crentes sinceros, têm como alvo uma posição na qual tenham muito tempo de folga. Nem podem imaginar que grande mal elas desejam. Esquecem-se de que, na realidade, desejam um tempo no qual por falta de uma ocupação regular estarão expostas à tentação em grau muito mais elevado.

3) Apesar de ser muito o trabalho que sempre tivemos, nunca permitimos que isto interferisse com o cuidado de nossas almas. Antes de sairmos para o trabalho, tínhamos como prática habitual separar um tempo para a oração e a leitura das Sagradas Escrituras. Se os filhos de Deus negl igenciam esta prática, deixando que seu trabalho ou serviço cristão interfira no cuidado de suas almas, não podem ser felizes em Deus por mu ito tempo e consequentemente a sua felicidade conjugal também sofrerá.

4) Finalmente, e talvez seja o mais importante, por muitos anos, se vinte, trinta ou mais não me lembro, tivemos, além das horas de oração particular e em família, um tempo em que orávamos nós dois. Por muitos anos, imediatamente depois de nosso culto doméstico, pela manhã, separávamos um tempinho para oração no qual nós dois, juntos, levávamos a Deus as coisas mais importantes para louvor e ações de graça e também as coisas mais importantes em relação àquele dia.

Estas horas de oração (quero dizer, além da oração em família). eu sinceramente aconselho a todos.os casais crentes. Creio que na nossa vida isto foi o grande segredo para a continuidade, não só da nossa felicidade conjugal, mas do nosso amor um para com o outro, o qual crescia e aumentava de intensidade com o passar dos anos, sendo mais abundante e expontâneo ultimamente do que havia sido durante o nosso primeiro ano de casados, embora naquela ocasião também nos amássemos muito.

Ele continua falando da enfermidade que a vitimou, das conversas que tiveram juntos e, ao lermos, é difícil imaginar como um homem poderia falar assim sem chorar, como poderia uma congregação ouvi-Ia a não ser em soluços e, caso o leitor imagine que Muller era um homem frio, relatamos, a seguir, um fato que anteriormente não fora relatado. Depois do enterro, ele pediu que seu velho amigo João Pocock voltasse com ele. Assentou-se à mesa e lá ficou de cabeça baixa, sem dizer uma palavra até quase a meia noite.

Andamos por fé, e não pelo que vemos.

(2 Coríntios 5.7.)

            Por fé, e não pelo que vemos; Deus não quer que olhemos para o que sentimos. O eu, sim, pode querer isto; e Satanás também. Mas Deus quer que observemos os fatos, não as emoções: a realidade de Cristo, e a obra completa e perfeita que fez por nós.

            Quando olhamos para essa preciosa realidade, e cremos nela simplesmente porque Deus diz que é realidade, Ele toma conta dos nossos sentimentos e emoções.

            Deus nunca nos dá emoções para nos encorajar a confiar nEle; Deus nunca nos dá emoções para sabermos que já confiamos inteiramente nEle.

            Deus só nos dá emoções, quando vê que estamos confiando nEle mesmo sem sentir nada, descansando apenas na Sua Palavra e na Sua fidelidade em cumprir as Suas promessas.

            É só então que as emoções (quando são de Deus) podem nos sobrevir. E Deus nos dará as emoções, na medida e no momento que o Seu amor achar melhor para cada caso em particular.

            Precisamos escolher entre olhar para as nossas emoções e olhar em direção às realidades de Deus. Nossas emoções podem ser incertas como o mar ou as areias movediças. As realidades de Deus são tão certas como a Rocha dos Séculos, como Cristo mesmo, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre.

            Assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

(Lucas 10.39.)

            "Aos pés de Jesus" — esse é o nosso lugar privilegiado e feliz. É ali que somos educados e preparados para os deveres práticos da vida. Ali é que renovamos nossas forças, enquanto esperamos nEle e aprendemos a subir com asas como águias. Ali é que ficamos possuídos daquele verdadeiro conhecimento dEle que nos infunde poder.

            É ali que aprendemos como se faz trabalho verdadeiro e ali é que somos dotados com a verdadeira motivação que impulsionará nosso trabalho. É ali que achamos consolação no meio dos desgastes do serviço — que não são poucos — e dos desgastes da vida em geral.

            E ali experimentamos, antecipadamente, algo das delícias do céu no meio destes dias na terra. Pois sentar-se a Seus pés é, de fato, estar nos lugares celestiais; e contemplar a Sua glória é fazer o que nunca nos cansaremos de fazer além . — Thoughts for the Quiet Hour

            Em mim... paz. (João 16.33.)

            Há uma vasta diferença entre felicidade, no sentido comum, e felicidade, no sentido de bem-aventurança. Paulo sofreu prisões e dores, sacrifícios e sofrimentos até ao extremo; mas em meio a tudo, estava feliz. Todas as bem-aventuranças enchiam seu coração e vida no meio daquelas condições.

            Paganini, o grande violinista do passado, apresentou-se ao seu auditório certo dia e descobriu, logo após os aplausos iniciais, que havia algo errado com o violino. Olhou-o por um momento e viu que aquele não era o seu valioso instrumento.

            Sentiu-se paralisado por um instante, mas depois, voltando-se para o auditório, explicou o engano. Retirou-se por um momento, procurou-o atrás da cortina, no lugar onde provavelmente o teria deixado, mas percebeu que alguém o tinha roubado, deixando o outro no lugar. Ficou ali por uns instantes, e depois veio para o auditório e disse:

            "Senhoras e senhores: vou mostrar-lhes que a música não está no instrumento, mas na alma.", E tocou como nunca dantes. E a música se derramou daquele instrumento de segunda mão, ao ponto de o auditório ficar arrebatado de entusiasmo, e os aplausos quase romperam o teto, pois aquele homem lhes havia mostrado que a música não estava no instrumento, mas em sua alma.

            É sua missão, amigo que está sendo provado e testado, andar no palco deste mundo e revelar a toda a terra e Céu que a música não está nas circunstâncias, nem nas coisas, nem no que é exterior, mas que a música da vida está em sua própria alma.

            Eu me dedico à oração. (Salmos 109.4.)  

            Muitas vezes, em nossos momentos de meditação, estamos numa verdadeira pressa religiosa. Quanto tempo dedicamos a ele diaria­mente? Não é verdade que podemos registrá-lo em minutos? Quem conheceu um homem eminentemente santo que não passasse muito do seu tempo em oração? E já vimos alguém com muito espírito de oração que não passasse muito tempo em seus aposentos, à parte?

            Diz Whitefield: "Dias e semanas passei prostrado no solo, em oração, silenciosa ou audível". "Caia de joelhos, e cresça assim", é a linguagem de outro servo de Deus, que conhecia por experiência o que afirmava.

            Dizem que nenhuma grande obra no campo da literatura ou da ciência foi executada por alguém que não amasse o estar a sós. E podemos apontar como princípio elementar da vida religiosa, que quem alcança um grande crescimento na graça, sempre toma tempo para estar muitas vezes, e por longo tempo, a sós com Deus. — Still Hour

            Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as suas asas, e, tornando-os, os leva sobre elas, assim só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho.

(Dt 32.11,12.)

            Nosso Pai todo-poderoso tem prazer em conduzir as tenras avezinhas que estão sob o Seu cuidado, até à beira do precipício, e mesmo em empurrá-las aos abismos de ar, para que possam aprender a conhecer o desconhecido poder de vôo que possuem, o qual lhes será para sempre um prazer.

            Se na tentativa elas são expostas a perigo a que não estão acostumadas, Ele está preparado para Se colocar debaixo delas e levá-las para o alto, em Suas poderosas asas. Quando Deus leva algum de Seus filhos a uma situação de dificuldade sem precedentes, este pode sempre contar com Ele para livrá-lo. — The Song of Victory

            "Quando Deus põe um peso sobre nós, Ele sempre põe seu braço debaixo.''

            Havia uma plantinha, pequena e mirrada, que crescia à sombra de um carvalho. E a plantinha gostava da sombra que a cobria e sabia apreciar a quietude que lhe garantia seu nobre amigo. Mas uma bênção estava reservada para aquela plantinha.

            Um belo dia, lá veio um lenhador e derrubou o carvalho. A pequena planta chorou e exclamou: "Foi-se embora o meu abrigo. Todos os maus ventos soprarão sobre mim, e toda tempestade procurará arrancar-me!"

            "Não, não", disse o anjo daquela flor, "agora o sol vai banhar você; agora as chuvas cairão mais copiosamente sobre você; agora a sua forma raquítica se expandirá em beleza, e a sua flor, que nunca pôde desabrochar em toda a sua perfeição, sorrirá ao sol, e os homens dirão: 'Como cresceu em importância aquela planta! Como ficou linda, depois que retiraram o que era a sua sombra e alegria!"

            Você não vê, pois, que Deus pode tirar todos os seus confortos e privilégios, para fazer de você um crente melhor? Pois o Senhor sempre treina os Seus soldados, não em colchões de penas, mas levando-os para fora e fazendo-os exercitar-se em marchas forçadas e serviços pesados. Ele os faz atravessar rios a nado, correntes a vau, escalar montes e fazer longas caminhadas carregando às costas pesadas mochilas de sofrimento.

            Este é o método que Ele usa para fazer soldados — não é vestindo-os de belos uniformes, para se jactarem à porta das barracas e serem olhados como finos cavalhei­ros pelos que circulam nos parques. Deus sabe que os soldados só são formados no campo de batalha; não em tempos de paz. Bem, irmão, será que isso não explica tudo? Não estará o Senhor tomando as graças que estão em você e fazendo-as desabrochar? Lançando-o no calor da batalha, não estará o Senhor desenvolvendo em você as qualidades do soldado? E não deverá você usar todos os recursos que Ele lhe deu, para sair vencedor? — Spurgeon

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