Um Novo Israel

 

Senhor, não como sendo uma parte do nosso programa, mas do fundo de nossos corações falamos: ―Parta o pão da vida para nós... Tu és o Pão da Vida. Dá-nos de Ti mesmo esta manhã. Que possa haver uma real ministração de Cristo nesta hora. Envia o Teu Espírito, Senhor, de uma nova forma para nós. Abra os nossos olhos, para que possamos vê-Lo. Senhor, ouça esta oração por causa do Teu próprio nome. Amém.
 
Na carta aos Hebreus, no capítulo um, vamos ler novamente os versículos 1 e parte do 2:
―Havendo Deus antigamente falado de muitas maneira aos nossos pais através dos profetas, nesses últimos dias nos tem falado por meio de Seu Filho, o qual é o herdeiro de todas as coisas...‖
O perigo que segue imediatamente paralelo à leitura que fazemos dessas palavras é o perigo da familiaridade. Quero dizer com isto que, após mais de 60 anos de estar ativamente ministrando a palavra, portanto bastante familiarizado com as escrituras, essas palavras estão mais vivas e mais significativas hoje do que antes. E assim deve ser. O meu problema é que não espero viver o suficiente com essas palavras e com esta carta. Num certo sentido, você deve não conhecer a sua Bíblia. Você deve, e nós devemos, ir à Bíblia a cada momento como se não a conhecêssemos. Eu não consigo comunicar para você a minha própria percepção disso. Apenas posso fazer uma afirmação como esta, quanto ao como deve ser. A dificuldade é comunicar aquele senso de imensidão, de vitalidade, de urgência que está presente comigo nesta carta aos Hebreus. Ela deve vir a você desta forma, e é por isso que oramos: ―Oh, envia-me o Teu Espírito, Senhor, para que Ele possa tocar os meus olhos e me fazer enxergar além desta página sagrada.‖ Além da página sagrada _ é para onde devemos olhar. Nós vemos a letra, a página, as palavras; nós as conhecemos. Elas nos são bastante familiares, mas é para algo que está além dessa escrita que temos que olhar. Que o Senhor nos ajude nesta manhã.
Agora, tendo repetido aquelas palavras no início desta carta, esperamos que você já tenha compreendido a significação das palavras introdutórias, as quais são realmente uma compreensão de toda a carta, ou a verdade que está nesta carta aos Hebreus. Espero que você tenha visto as duas coisas que compreendem esta carta. Em tempos passados, existiam fragmentos, pedaços, porções, aspectos, mas agora tudo aquilo e muito mais está reunido junto, está compreendido, está completo. Não há mais diferentes porções, não há mais diferentes tempos, não há mais diferentes maneiras, mas agora há um tempo, uma maneira.‖ Está tudo aqui. A plenitude já foi alcançada, e este é um outro tempo, o tempo subseqüente, o tempo final da plenitude.
Assim, esta carta aos Hebreus, nos traz a última plenitude de todas as coisas no Filho, e não apenas a plenitude, mas a finalidade. Este é o tempo final, o fim, e não há mais nada além disto. É o fim de toda fala de Deus. Deus, que falou por meio daquelas várias maneiras e métodos, tem agora falado de forma completa e final, não há mais nada além. Nós devemos ficar impressionados com isso.
Não sei o que você procura, o que você está esperando, pelo que você está orando, mas Deus já têm dado tudo aquilo pelo qual você sempre orou ou pediu. É presente, é agora. Ele não tem mais revelação a dar, apenas aquilo que Ele já deu. Revelação, agora e a partir de agora, não é uma nova verdade, mas apenas a luz sobre a Verdade.
Gostaria que você fosse agora ao capítulo 12 desta carta, apenas para checar novamente às nossas palavras principais. Lembre-se do que dissemos ontem sobre as duas palavras abrangentes que estão presentes ao longo de todo o Novo Testamento. Capítulo 12, versículo 18: ―Porque vocês não têm chegado...‖ — E então, no verso 22: ―Mas vocês têm chegado...‖ — Mas. Aqui nos versos 18 ao 21, você tem uma compreensão de tudo. Tudo é muito abrangente; e tudo aquilo é decidido e finalizado com a palavra ―Não‖ Então, com o verso 22, há uma introdução de uma outra grande ordem de coisas, maravilhosa, que está além de nossa compreensão.
Eu não estou exagerando, caros amigos, quando digo que poderíamos passar todo um ano sobre os versos 22 e demais. A plenitude e a profundidade é tão grande, porque compreende toda a Bíblia. É este grande divisor entre o ―não‖ e o ―mas‖; e, como dissemos ontem, estamos já neste tempo, concernente ao advento de Cristo e a Sua Cruz.
Imagino que você fará esta pergunta simples: ―Quem é você?‖ Imagino qual seria a sua resposta. Talvez você diga: ―Bem, eu sou um filho de Deus. Sou um cristão.‖ Oh, as respostas seriam várias. Assim agora, nesta manhã, conforme o Senhor nos capacitar, queremos focalizar sobre ―quem somos‖.
A INTERVENÇÃO DE DEUS: UM ATO DIVINO
Aqui no capítulo 12, dentro destes versículos encontramos o grande divisor entre o ―Não‖ e o ―Mas‖, o qual está tão concentrado nesta única carta. Outras cartas são mais genéricas, mas nesta carta, o significado particular é que tudo aquilo que fica dos dois lados da cruz está concentrado nesta carta aos Hebreus.
Você perceberá [e eu não estou lidando com os detalhes desses versos, somente com as afirmações genéricas], você perceberá que sob este ―não‖ _ ―vocês não têm chegado ao ...‖— você tem a constituição da nação de Israel. Você é levado ao monte Sinai, e, no Sinai Israel foi constituído como nação. Eles eram um povo, uma multidão de pessoas comuns, uma multidão mista, até então; mas agora, aqui no Sinai, eles são constituídos na nação de Israel. Eles eram os hebreus que haviam sido agora transformados em Israel. Primeiro Hebreus, Judeus, agora Israel, uma nação. Eu sei que o nome Israel remonta para antes disso, quanto a pessoa. Remonta ao novo nome de Jacó e de sua família, mas aqui eles são constituídos em uma nação que saiu das nações, separado das nações, distinta entre as nações, uma nação chamada coletivamente de Israel.
Isto é algo novo na história, algo novo entre as nações, algo novo neste mundo. É um ato de Deus, Deus agindo. Preciso tomar um tempo, a fim de citar as Escrituras: ―Eu os tenho escolhido,‖ diz o Senhor, ―Vocês são o meu povo,‖ o que implica dizer que ―Vocês são o resultado da minha ação na história.‖
A primeira palavra neste livro de Hebreus é ―Deus‖, e esta palavra sempre fica bem na cabeça de todo novo movimento de Deus. O que está escrito em Gênesis? ―No princípio Deus ... ‖— É Deus em ação no princípio. É Deus tomando a iniciativa; e este povo de Israel é o resultado da intervenção de Deus na história deste mundo através de uma ação Divina; é a própria prerrogativa Divina, completamente e unicamente de Si mesmo. Deus na criação, um novo começo; isto está no Velho Testamento.
Então, você vem para o Novo Testamento, que, no Evangelho de João, começa: ―No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.‖ — ―No princípio Deus‖! — Este é um novo movimento. ―Uma nova criação‖ está aqui indicada, e descrita com exatidão. ―No princípio Deus criou ...homem‖. (Genesis 1:1, 26). Mas aqui em João uma nova humanidade, uma nova raça, é trazida à vista sob um ―Não‖ e um ―Mas‖. ―Os quais nasceram NÃO do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, MAS de Deus‖.
―Não do sangue‖? No texto Grego, a palavra ―sangue‖ está no plural. Por que no plural? Muito bem, nós não iremos fazer aqui um ensaio apurado a fim de provar a nossa teologia liberal, mas o Espírito Santo é sempre exato e correto, e Ele faz com que isto seja colocado numa forma que você quase não percebe, de modo que você não fica impressionado, e Ele coloca desta maneira: ―Não de sangues,‖ não de José e Maria. Isto é a mistura de sangue, não é?! Isto é a raça humana natural, ordinária, a mistura de sangues, de dois sexos. ―Não de sangues‖ — isto tem uma aplicação direta ao nascimento virginal.
Como povo de Deus, nós não nascemos dessa maneira. Você não nasceu um cristão. Você não nasceu naturalmente um filho de Deus. Você não herdou a vida Divina pelo nascimento natural. Mas nós ―nascemos de Deus‖. Nós somos um ato de Deus! É um ato Divino que produz uma nova raça, uma
nova e diferente humanidade que não foi produzida pela vontade do homem, que não foi produzido pela linha natural, absolutamente, ―mas de Deus‖ uma nova humanidade, uma raça espiritual. Não uma raça natural, absolutamente, mas uma raça espiritual.
Assim então, qual é a implicância tanto desta carta quanto do Novo Testamento, como um todo? Qual é? _ Um novo Israel, do qual esta carta está falando aos Hebreus: não aqueles hebreus da história, mas um novo Israel.
Penso que você deve perceber, se já não percebeu, _ é uma coisa muito simples, naturalmente, todos devem estar familiarizados com isso _ mas eu estou muito feliz em perceber que numa tradução e interpretação mais recente da Bíblia, chamada ―Amplificada‖ , seja onde for que o nome ―Cristo‖ é mencionado no Novo Testamento, esta versão une o nome e a palavra ―Cristo‖ com ―Messias‖. Ela os coloca juntos: essas duas palavras se equivalem, pois, como você sabe, ―Messias‖ está no hebraico e ―Cristo‖ no grego, significando a mesma coisa, ―O Ungido do Senhor‖. Mantenha sempre isto em mente. O Cristo é o Messias. O Messias da história hebraica, tanto em conceito como em expectação, o Messias do antigo Israel é o Cristo do novo Israel. Um nome, um mesmo nome, um mesmo significado, mas que persistem até hoje; e assim, seja onde você ler a palavra ―Cristo‖ em seu Novo Testamento, não se esqueça do hífen, digo ―Cristo_Messias‖.
Impressiona mais quando lemos nesta versão: toda vez que você menciona ―Cristo‖, quer dizer ―Messias‖. Você entende o significado? Você entende para onde isto nos leva? É um novo Israel por que é um ―novo‖ Messias? Está isto correto? É o Único Messias, é o antigo Messias; e aqui esta carta está dizendo que todas as esperanças, expectações e concepções de Israel em relação ao futuro Messias _ tudo o que Israel sempre associou com aquele nome do Futuro Messias, é tomado agora em Cristo, está compreendido em Cristo. Ele compreende e cumpre tudo, e vai além da concepção que o povo tinha a respeito; e, como veremos, além da sua aceitação.
Bem, é um novo Israel, não aquele Israel limitado, com mentalidade e concepções exclusivas. É muito maior do que tudo o que o antigo Israel já esperou, procurou e orou. De fato é muito maior, e nós iremos voltar a isto mais adiante. É o início de um novo Israel com o [e devo usar a palavra ‗novo‘, embora ela não esteja completamente correta] ―novo‖ Messias, o Cristo, o Ungido.
Como dissemos, é um novo ato de Deus. O novo ato de Deus é o Messias, o Cristo; um novo ato de Deus é o novo Israel; e há dois fatores e aspectos dominantes neste novo Israel como ato de Deus. Há dois aspectos. O primeiro é a Ressurreição de Cristo, um ato único de Deus, porque a Ressurreição é um ato específico e peculiar de Deus na história. Deus ressuscitou a Cristo! Não é ressuscitação: é Ressurreição; e, naturalmente, Deus olhou e viu que não havia qualquer dúvida de que o Cristo tinha morrido, de que Ele estava morto. No que se refere ao Cristo como homem, estava Ele morto e sepultado. E, se alguém ficar numa sepultura por três noites, você tem toda a base para concluir que essa pessoa está morta. Muito bem! Não é ressuscitação, nem respiração boca a boca, nada disso! O Cristo está morto e somente Deus ... somente Deus e a intervenção de Deus pode fazer alguma coisa. É o agir de Deus na Ressurreição do Cristo.
Mas, então, o outro aspecto do agir de Deus é o Pentecoste. O Pentecoste foi uma ação de Deus. Foi Deus quem fez isso! É a intervenção de Deus através da Terceira Pessoa da Trindade; é a intervenção de Deus na história para trazer da morte uma nova raça. Desejo que toda pessoa que estiver realmente interessada na palavra ―Pentecoste‖ possa reconhecer realmente o que foi o ―Pentecoste‖. As pessoas limitam o Pentecoste a isso ou aquilo. O Senhor nos tirou desta concepção restrita. O Pentecoste é o ato de Deus que traz ao nascimento uma humanidade completamente nova. É Deus produzindo uma nova espécie de humanidade, única, diferente. É o agir de Deus! A Ressurreição e o Pentecoste são uma coisa só, como ato de Deus, primeiramente no Filho, e, então, nos filhos que vieram após. Isto é muito simples, eu sei, mas eu estou indo na direção do meu objeto.
A LUZ CRESCENTE:
ENTENDIMENTO CRESCENTE DESTA NOVA DISPENSAÇÃO
Agora, então, você retorna ao Novo Testamento, começando com o Livro de Atos, e o que encontra neste livro? Um gradual derramar de luz sobre os apóstolos (sim, sobre os apóstolos) e sobre os cristãos a respeito do que tinha acontecido, do qual era o significado de Cristo. É um amanhecer, são os primeiros raios de luz de um novo dia surgindo no horizonte e se projetando no céu, e em suas consciências, mostrando que alguma coisa está acontecendo. Observe, no começo, eles ainda subiam ao templo, seguiam as ordenanças do templo, o ritual do templo, a hora de oração do templo. Eles ainda continuavam indo lá, mas algo está acontecendo, algo está se espalhando no céu deles, e tudo aquilo começa a desaparecer gradualmente. Eles começam a perder aquele vínculo. Começam a perder aquela mentalidade. Reúnem-se nas casas; reúnem-se onde podem: Não mais no templo. Não, não é algo que aconteceu de repente. Digo que é a aurora do significado de um novo dia. É tão real, tão claro; eles não colocam isto dentro de um sistema de ensino e dizem: ―Vocês devem sair dessa denominação. Vocês devem sair desse sistema. Vocês devem abandonar essas coisas.‖ Não, isto simplesmente acontece. Alguma coisa está acontecendo, e eles se vêem fora. E notem isto que vou dizer: primeiramente, não é uma separação física. Não, primeiramente é uma separação interior. Vou colocar desta maneira: eles se viram fora antes de realmente terem saído. Eles descobriram que não mais pertenciam aquilo. Ninguém nunca lhes disse que tinham que deixar suas denominações, suas igrejas, suas missões, suas organizações. Não, alguma coisa tinha acontecido no interior deles.
Você sabe, na velha criação, Deus começou do exterior: na nova criação, sempre começa do lado de dentro, e nesta nova dispensação você simplesmente se encontra em algum lugar, talvez onde jamais pretendesse estar. Pedro nunca teve a intenção de estar na casa de Cornélio. Ele lutou e argüiu com o Senhor sobre a casa de Cornélio: ―Não, Senhor, isto não.‖ Muito bem, Pedro, o que aconteceu a você? Você não sabe o que aconteceu a você? Você vai saber, e Pedro soube. Ele irá escrever mais tarde sobre a casa espiritual de Deus. Você entende o que eu quero dizer? Algo surgiu, irrompeu. É um novo dia, e a aurora chegou, e a luz está aumentando, crescendo. Este é o primeiro movimento.
Caros amigos, se apeguem a isto. Isto é uma coisa orgânica. É um movimento de vida no interior. Não é nada ―legalista‖: ―Você deve‖ ou ―você não deve‖ _ ―Você deve deixar isso, a fim de vir para a plenitude de Deus.‖ Não. Não é nada disso. Digo, permaneça onde está até não poder mais, por sua própria vida, por sua própria caminhada com Deus, por seu próprio conhecimento do Santo Espírito em seu interior. Permaneça, Permaneça. ―Saia desse ‗ismo‘, pois isto é perigoso. Não foi assim que aconteceu aos apóstolos. Aconteceu no interior. É o caminho do Espírito Santo, é a iniciativa de Deus, é o ato de Deus, o resplendor de uma nova consciência que ―algo está acontecendo comigo, porque está acontecendo dentro de mim‖. Eu sei o que isso significa. Eu já tive crises como essa. Eu tive crises assim quando soube que algo tinha acontecido para criar uma divisão, e ―Agora, Senhor, o que devo fazer? Se eu tomar alguma iniciativa, veja o que irá acontecer‖. E assim, eu permaneci, e, sobre um falso pretexto continuei. Ao final de alguns meses, eu me achei da seguinte forma — Não estava mais ali. ―Não, não é aqui que estou encontrando o Senhor. Não há vida aqui,‖ e eu voltei para o Senhor e disse: ―Senhor, o que devo fazer?‖ Ele respondeu: ―Alguns meses atrás, Eu tirei você em espírito. Agora talvez você terá que sair fisicamente.‖ Oh, não coloque um ensino sobre isto. Não se agarre a isto, cristalizando-o numa doutrina. É um movimento espiritual, porque esta é uma dispensação espiritual.
Isto começou, como eu disse, no início do livro de Atos, e antes de percorrer esse livro, o que irá você encontrar? Você irá encontrar que a luz cresceu e cresceu. A revelação crescente daquilo que aconteceu, do que significou a Ressurreição de Cristo e o advento do Espírito Santo. É uma revelação crescente não de algo novo, como uma coisa, mas do que estava no início, na raiz das coisas.
Assim, Deus está se movendo (por assim dizer) para trás, a fim de se mover para frente; e você tem esta revelação crescente debaixo dessas duas palavras_ ―Não—Mas.‖— Isto é algo interior: ―Não_Mas‖ O Dia está avançando. Ele irá chegar à sua gloriosa consumação quando o que aconteceu no princípio for encontrado na consumação da ―Nova Jerusalém, descendo do alto‖ — a síntese desse algo novo que aconteceu com a vinda do Senhor Jesus. E nós estaremos voltando a isto em Hebreus mais tarde. Mas você está marcando o caminho, a luz crescente, que transforma a mentalidade.
Oh, eu tenho todo o Novo Testamento em mente enquanto estou falando. A Luz crescente _ aumentando a compreensão do que esta nova dispensação significa: a luz crescendo do lado de dentro. Você terá muitas, muitas afirmações exatas na luz crescente que tem crescido desde o dia quando Paulo teve Cristo revelado nele. Paulo não teve essa revelação de uma vez. Como ele diz, era ―a luz crescente‖. Ela crescia o tempo todo, e ele finalmente dirá: ―A Jerusalém que é de baixo é escrava. Lançai fora a escrava‖. Não aquela Jerusalém, ―mas a Jerusalém que é de cima que é nossa mãe.‖ Você percebe a linguagem, e o que ela significa?!
Lembra-se sobre o que é a carta aos gálatas? Não é sobre esse contraste entre o ―Não‖ e o ―Mas‖?: ―Porque em Cristo nem a circuncisão é alguma coisa, nem a incircuncisão, mas o ser uma nova criação.‖ E não é impressionante que exatamente ao final desta carta, em Gálatas 6:16, Paulo use esta frase significante: ―o Israel de Deus,‖ todo o Israel de Deus, o novo Israel? Sim, e isto lança luz sobre a carta toda. Como você vê, um Israel se foi; o antigo Israel se foi. Este é o argumento da carta, e isto é o porquê de Paulo ter entrado em problema. Este é o porquê de esta carta ser tal qual um campo de batalha. Porque não é mais Israel, mas um outro com seu quartel general na Jerusalém de cima, e seu lugar de nascimento acima, um Israel inteiramente novo. Caros amigos, este é um ponto muito vital em nossa consideração, ou naquilo que o Senhor está dizendo a nós — devemos reconhecer as novas dimensões de Deus nisso, que agora entrou para o lado do ―Mas‖.
Qual foi a tragédia do antigo Israel? Naturalmente, a tragédia do antigo Israel, finalmente, foi a sua rejeição. ―O Reino de Deus será tirado de vós, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.‖ Isto aconteceu! E permanece assim nos dias de hoje. O Reino dos Céus foi removido deles. A tragédia de Israel é que eles estão rejeitados nesta dispensação, ou do movimento dispensacional de Deus. Isto tem permanecido assim por dois mil anos. Quantos anos mais nós não sabemos, provavelmente, não por muito tempo. Mas deixemos Israel de lado.
Agora vou impressionar-lhe bastante: deixe Israel sozinho pelo tempo presente. Você apenas irá entrar numa terrível confusão se entrar nesse terreno com um toque terreno nessas coisas. Alguns de nós temos vivido através de certas coisas _ lembramos o Kaiser (perdoe-me, isto não é um ataque a alguma nação ou povo) mas nos lembramos do Kaiser indo a Jerusalém e tendo uma porta derrubada no muro de Jerusalém, de modo que ele nunca entrou por meio de qualquer dos portões antigos daquela cidade. Não, mas por causa de quem ele achava que era, uma nova porta teve que ser aberta no muro para ele. E algumas pessoas encaixaram isto nas profecias e disseram: ―Portanto, o Kaiser é ... o Messias!?‖ Muito bem, era ele o Messias? E quando o General Allenby entrou em Jerusalém e pôs fim a lei Turca, a escola profética se apoiou nisso, trouxe isso para o campo terreno e disse: ―O fim do tempo dos gentios chegou.‖ Quanto tempo atrás foi isso? Foi isso o fim? E então houve um caro homem de Deus que se envolveu nesse tipo de coisa e foi da Bélgica a Roma para ver Mussolini, a fim de lhe dizer: ―Você é o último César a reconstituir o Império Romano.‖ E, baseado nisso, Mussolini mandou fazer uma estátua sua como sendo o último César, e colocou um mapa delineando o Império Romano reavivado, com dez reinos, atrás de sua estátua. O último César do Império Romano reavivado? Precisamos falar mais alguma coisa? Como você vê, você age desta maneira e isso leva à confusão; se você vir para o campo terreno. Deixa isso de lado, e veja o que Deus está fazendo, e Deus está fazendo algo espiritual, não algo temporal.
Eu poderia tomar uma hora, para ampliar mais a última frase, ―não uma coisa temporal.‖ Você vê que nos atos soberanos de Deus Ele está agora confundindo e derrubando todas as representações temporais sobre Seu Reino Celestial! Os homens estão tentando estabelecer igrejas locais, baseando-se na ordem do Novo Testamento. Você nunca teve mais confusão nas igrejas locais do que nos dias de hoje. Eles estão tentando estabelecer coisas, constituir coisas, movimentos cristãos, instituições cristãs, organizações cristãs, e eles estão todos em confusão e não sabem o que fazer uns com os outros. Você pode pensar que isto é um exagero, mas você entende o que quero dizer? — Deus está derrubando toda representação temporal, a fim de ter uma expressão espiritual de Cristo! Este é o âmago daquilo que estou falando, e isto é o que temos aqui.
Agora, como estava dizendo, devemos reconhecer as dimensões espirituais daquilo que chegou com Cristo e disto ao qual chegamos. As dimensões espirituais foram desviadas da tragédia de Israel, pois Israel foi colocado de lado nesta dispensação. Por que? Você já se perguntou por que Israel foi colocado de lado? A resposta está em uma palavra _ esclusivismo.
―Nós somos o povo. A verdade começa e termina conosco. Você nunca será capaz de chegar a algum lugar com Deus se você não se circuncidar. Exceto se você for circuncidado, não poderá ser salvo. As nações são cães, estão sujas. [Pobre Jonas! O pobre Jonas foi apanhado nisso.] Nós somos a nação. Nós somos o princípio e o fim da palavra de Deus. Você tem que vir para o nosso lado, ou então estará fora.‖
Exclusivismo— Deus nunca pretendeu significar que, quando tirou Israel das nações, fez dele um povo distinto, constituindo-o como o Seu próprio povo peculiar. Ele nunca pretendeu isso. Ele apenas quis plantá-lo nas nações, a fim de mostrar a elas que Deus Ele é, QUE GRANDE DEUS ELE É; e isto surpreendeu e chocou a Jonas, o fato de que Deus pudesse alguma vez pensar em misericórdia em relação a alguém fora de Israel, que Deus pudesse pensar em misericórdia sobre Nínive.
E assim você tem esse exclusivismo ao longo de todo o caminho, e este é o problema no Novo Testamento em relação ao Senhor Jesus: é o exclusivismo do judaísmo; este é o campo de batalha. A batalha na vida do apóstolo Paulo era este. Ele estava derrubando esta parede do exclusivismo judaico, e todos os seus sofrimentos eram por causa disso.
Este Novo Israel é muito maior do que o velho Israel por causa de Cristo, e este Messias é muito maior do que aquele conceito que os judeus tinham sobre o Messias. Temos que reconhecer as imensas dimensões do novo Israel e resistir ao exclusivismo, no que diz respeito a Cristo, da mesma forma como resistiríamos à uma praga. Não estou falando sobre as verdades fundamentais e da personalidade de Cristo; estou falando sobre a grandeza desta Pessoa que é apresentada em Hebreus: ―Deus, .. nestes últimos dias tem falado por meio de Seu Filho, a quem constituiu como Herdeiro de todas as coisas... .‖ Uma parte exclusiva? — Não, ―de todas as coisas.‖ Esta é grande palavra de Paulo o tempo todo: ―todas as coisas, ...todas as coisas, ...todas as coisas,‖ e ao final, ―para convergir tudo em Cristo.‖ Não estou falando de universalismo. Estou falando sobre o último terreno e esfera de Deus, onde não restará nada a não ser Cristo. O resto irá ficar totalmente de fora; seja lá o que isto signifique; ficará fora, e não dentro. ―Ficarão de fora...‖— Esta é a última palavra do Apocalipse, ―Ficarão de fora os cães, (e assim por diante), e todo aquele que ama e pratica a mentira.‖ O que é falso, isto ficará de fora.
O SIGNIFICADO DE FILIAÇÃO:
CRISTO É SUPERIOR
Agora, qual é o conceito principal aqui nesta carta, logo no início? É que Deus tem falado nesses últimos dias ―no Filho‖. Qual o significado do Filho ou da filiação? — Significa sempre plenitude! A plenitude do Pai está no Filho, Divinamente concebido. O Filho é a plenitude do Pai: O Primogênito é a plenitude e assume tudo que é e está no Pai. Plenitude! Então, como dissemos, filiação é algo final, conclusivo; e então, quanto à esta carta aos Hebreus, quanto à revelação plena da filiação, como revelada aqui, e nos primeiros capítulos, particularmente, é superioridade! Usando esta palavra em seu sentido próprio, é superioridade. Você percebe a superioridade do Filho, ―constituído Herdeiro de todas as coisas‖? Você também percebe aqui o catálogo de coisas?
SUPERIOR a Moisés. Superior a Josué. Se Josué lhes tivesse dado descanso, não haveria outro descanso: ele não fez, portanto, ele nunca alcançou o fim. Mas este, o Filho, é superior a Moisés e a Josué.
SUPERIOR aos anjos. Aos anjos? Sim, superior aos anjos, e pense sobre os ministros angelicais ao longo de toda a Bíblia, seus ministérios, suas visitações, livramentos, atividades. Um anjo em uma noite, por um sopro varreu completamente um exército que sitiava Jerusalém, apenas um anjo. Pense que tudo aquilo era mediado pelos anjos. Esta carta fala sobre os anjos que ministravam no Velho Pacto. Sim, o Filho é superior aos anjos.
SUPERIOR a Arão e todo o seu sacerdócio. Todo aquele sistema está debaixo do ―Não‖. Esta carta diz que havia um tabernáculo. Tempo passado. Houve um tabernáculo e havia o Santo dos Santos, e havia o Lugar Santo. Cristo é superior a tudo isso.
SUPERIOR ao antigo pacto, e esta carta trata com o velho pacto e ―os dias futuros‖, citando Jeremias 31:31, ―...Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova .‖ Esta carta tem muito a falar sobre o novo pacto.
SUPERIOR a todos os sacrifícios, milhões e milhões de sacrifícios ao longo das gerações, e o rio e o oceano de sangue daqueles animais, por vários séculos. Quão vasto! Apenas um único Sacrifício, apenas um derramar de sangue, Superior a tudo mais, Superior a centenas de anos de sacrifícios e derramamento de sangue, e este único Sacrifício, este único derramar de sangue, é Superior a tudo.
NÃO—MAS. É a isto que temos chegado, e esta é a substância da carta aos Hebreus. Quão grande, então, é a filiação em Cristo! Quão mais vasto do que qualquer expressão histórica ou tradicional, representação, sistema, ordem, metodologia.— É isto o que temos alcançado em Cristo!
A BUSCA PELO DIREITO DE PERMANECER COM DEUS
Agora devo encerrar, mas primeiro permita-me perguntar: Qual é o assunto mais importante de tudo isso? Podemos nós trazer tudo o que dissemos, e tudo quanto pode ser dito, sintetizando-o em algo que esteja incluído e compreendido em apenas um único assunto? Podemos, e embora eu não saiba a respeito de você (você pode ter as mesmas dúvidas que eu sobre algumas traduções, novas traduções do Novo Testamento), mas eu realmente agradeço a Deus por esta versão Amplificada. Sim, porque neste ponto específico ela tem ajudado.
Como você vê, eu estudei teologia. Estudei a Doutrina Cristã. Conheço as doutrinas da Graça. Conheço as Cartas aos Romanos. Penso que conheço: de qualquer forma, estou muito bem familiarizado com aquilo que lá está, e do que os teólogos e doutrinadores têm dito a respeito. E quando você menciona a carta aos Romanos, naturalmente, Lutero e todo o resto nos vêm à mente com suas frases: ―justificados pela fé,‖ —―justificados ... pela fé‖ Oh, eu digo a vocês, amigos, a teologia me torna uma pessoa fria. Isto pode não acontecer com você. Pode significar mais pra você, mas para mim, como alguém que tem lidado com toda essa teologia e sistema doutrinário do Cristianismo, e assim por diante, é algo terrivelmente cansativo. A teologia é algo bastante cansativa, você sabe, (uma coisa morta, eu penso), mas aqui esta versão Amplificada chegou para me resgatar.
Quando eu ouvi e li a palavra ―justiça,‖ o que ela significava? Bem, no Velho Testamento, o símbolo de justiça é o bronze. Bronze? Oh, quão duro é o bronze, eu não estou interessado em ―bronze‖. Você está acompanhando o que estou querendo dizer? E isso é o que esta palavra veio a significar para mim, até mesmo no Novo Testamento. Oh, um glorioso ensino, mas eu não estou falando sobre o ensino, estou falando a respeito da fraseologia, da terminologia. O que está representado lá? Agora aqui, minha versão Amplificada me resgatou. Oh, estou muito satisfeito com esta luz, cada dia agora me regozijando nisto. O que esta versão diz? Onde quer que a palavra ―justiça‖ ou ―justificado‖ apareça nessa versão, você tem: ―Direito de permanecer com Deus.‖ Isto descarta sua teologia. É isso..
O direito de permanecer com Deus tem sido a busca da humanidade desde o princípio. Não importa aonde você vá no mais escuro paganismo, entre os mais ignorantes, nos campos menos iluminados da humanidade, através de todas as camadas, uma coisa, possa o homem colocá-lo em palavras ou não, seja em vocabulário ou fraseologia, uma coisa que todo ser humano procura bem lá no íntimo é ter o direito de permanecer com Deus. Todas essas cerimônias proibidas, sacrifícios, rituais, afinal de contas, eles estão tentando encontrar uma maneira de ter direito de ficar com, bem, eles dizem: ―Deus‖, muito embora eles não tenham a concepção correta de quem seja Deus, ou o que é Deus. ―a quem vós adorais sem saber‖, disse Paulo, ―Ele (O DEUS DESCONHECIDO), é a quem eu vos anuncio.‖
Eu me lembro que, bem no início de minha vida cristã, li um livro monumental, do Professor Edward Caird ―História da Religião e as Filosofias Gregas‖. [Não faça o mesmo, eu quase ―entrei em parafuso‖] Mas, nesse ‗magnum opus‘ [grande obra], Caird concentrou todo livro numa afirmação: ―Não há um ser humano sobre esta terra, seja qual for a raça, que não tenha uma consciência estar numa posição em relação a um objeto de adoração supremo, a quem chama de deus‖. É isso verdade? É claro que é. Toda pessoa tem uma consciência de estar numa relação com um supremo objeto de reverência, e ele chama esse objeto de ―deus‖. Ele não sabe nada a respeito desse objeto, mas ele simplesmente o chama de deus. Então aqui estamos, a busca da humanidade através da história, tenha ou não o homem uma maior ou menor iluminação ou compreensão, tenha o homem pouca, nenhuma, ou muita iluminação e compreensão, a busca interior é ter uma boa relação com esse objeto chamado deus, de estar no direito de permanecer com Ele.
Agora devemos começar tudo novamente, no início de Hebreus. Aqui está Aquele, o Filho, e a maior coisa a respeito do Filho, a coisa gloriosa é que Ele tem o direito de permanecer com Deus. Tudo no passado foi uma tentativa de conseguir esse direito de permanecer com Deus, mas nunca foi possível, fracassou. Mas aqui está o Filho, o primeiro de todos, o Amado do Pai. ―Meu Filho Amado.‖ Meus caros, poderíamos nós ter algum outro termo que expressasse mais gloriosamente o direito de permanecer com Deus?! Pense nisto. E, então, a carta prossegue dizendo: ―trazendo muitos filhos à glória‖; e todo o resto da carta, é o caminho do direito de permanecer com Deus no Filho.
Que gloriosa carta! Quão grande,completa e maravilhosa ela é! E isto é apenas o seu início. Iremos obter mais dela adiante, se o Senhor permitir, mas penso que você recebeu o suficiente por ora. Que o Senhor nos ajude, oremos ...
Oh, Senhor, envia-nos o Teu Espírito agora sobre cada pessoa aqui, para que Ele toque os nossos olhos, e nos faça ver. . Oh, Senhor, que o resultado desta hora em Tua Palavra seja, possa ser, que estas pessoas possam ser capacitadas a dizer, não mentalmente, mas no coração: ―Vi o Senhor; de uma maneira nova e maravilhosa eu vi o Filho de Deus; vi o que Deus está fazendo‖, e que nós sejamos capazes, Senhor, de compreender agora quem nós somos _ o novo e último Israel de Deus. Ensina-nos mais sobre o que isto significa, e coloca o Teu selo sobre esta hora.
CHEGAMOS AO MONTE SIÃO
A Carta aos Hebreus, no capítulo 12, você notará que esta concentração de toda a carta nesta seção é governada por duas palavras, ―Não _ Mas‖. Versos 18–25:
―Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, E ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; Porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte será apedrejado ou passado com um dardo. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala;‖ Não—Mas. Não iremos ater-nos aos vários detalhes reunidos debaixo do ―Não‖. Iremos simplesmente dizer que isto representa uma tremenda mudança de um sistema de atividade e método Divino, que no passado era de natureza tangível, palpável, de sentimento, _ o que você podia ver com os seus olhos naturais, e ouvir com os seus ouvidos naturais, e tocar com as suas mãos, e registrar através de seus sentidos de sua alma e corpo. Isto compreende o sistema passado, e sobre isso está escrito ―NÃO‖ _ não mais. Este tipo de coisa foi deixado para trás. E, anote aí, caro amigo, é porque isso foi desprezado, e não foi reconhecido é que o Cristianismo está pobre hoje, porque está amplamente baseado sobre este ―NÃO‖. Você verá isto mais adiante, talvez, enquanto prosseguimos para o lado positivo. Mas registre isto, registre aquilo a que você ainda não chegou. Tome-o sentença por sentença em sua significação, e veja a que nós não chegamos. Nós não chegamos a um sistema que pode ser apropriado e conhecido pelos sentidos naturais. Isto é abrangente, que toca muito, que está acabado. A Cruz está no meio desse ―Não‖ e este ―mas temos chegado‖.
Agora eu quero ser bem implícito e cuidadoso. Será que eles realmente chegaram ao Sinai? Você viu a descrição? O Espírito Santo através do escritor faz isto tão real, definitivo, positivo e enfático que até mesmo Moisés, que tinha acesso a Deus, que tinha tanta amizade com Deus, com quem ele falava face a face, como um homem ao seu amigo, este homem disse: ―Estou todo assombrado e tremendo‖. Era aquilo real? Era aquilo imaginário? Era aquilo abstrato? Não, aquilo era muito real. As pessoas gritavam: ―Chega, não podemos suportar isto.‖ Era muito real! É a isso que eles haviam chegado. Se você estivesse lá, sem dúvida, teria dito: ―Não há nada imaginário aqui. Isto é algo terrível.‖ ―Mas temos chegado‖, e você diria que o ―MAS‖ é menos real do que o ―NÃO‖? Diria você que isto a que temos chegado hoje é abstrato, enquanto aquilo era concreto? Oh, não, estou certo de que isto é até mais real; e, caros amigos, este é o ponto sobre o qual devemos focar todas as coisas, a realidade daquilo a que chegamos.
Quando você prossegue e analisa tudo isto em seus detalhes, se você se basear em seus próprios sentidos, os sentidos da mente e da alma, você ficará completamente confuso. É que parece tão idealístico ou imaginário, tão etéreo, tão irreal. Veja, para o natural, o espiritual é irreal. Para o homem natural, para o homem de alma, aquilo que é essencialmente e intrinsecamente espiritual é irreal. Sua reação é ―Oh, sejamos práticos, vamos ficar com os pés no chão, vamos descer das nuvens e pisar no chão firme, vamos ficar com as coisas que são mais reais.‖ Esta é a reação do homem natural ao espiritual. Mas, para o homem espiritual, as coisas espirituais são mais reais do que as coisas tangíveis. E isto a que temos chegado, para dizer o mínimo, é tão real quanto aquilo a que eles haviam chegado no Sinai, muito embora siga uma ordem diferente.
SIÃO: A CONSUMAÇÃO DE TUDO
Agora, quero que você preste atenção no tempo do verbo, porque isto é muito importante: ―chegamos ao Monte Sião‖ Nós não estamos chegando; nós não estamos indo, e nem iremos chegar a Sião. NÃO, ―nós estamos, nós já chegamos‖. Eu sei que você irá prosseguir cantando: ―Estamos Marchando para Sião‖. Sabemos o que você quer dizer, mas nós não estamos marchando para Sião. A Palavra diz: ―Mas temos chegado a Sião‖, tempo presente. Nós estamos em Sião agora. Você percebeu isto? Existe aqui, naturalmente, um contraste entre Sinai e Sião, mas não é apenas um contraste aqui, mas perceba, e preste atenção no que acabei de dizer, é mais do que um contraste, é uma consumação!
Este Sião estava no horizonte para Israel, lá no princípio. Eu penso que é uma coisa espantosa e impressionante vermos o povo atravessando o Mar Vermelho e saindo lá do outro lado; e então, você olha para Êxodo 15 e os vê lá do outro lado, e ainda, exatamente lá, antes que o povo tivesse marchado pelo deserto em direção a terra — ou tivesse ido para qualquer outro lugar além daquele ponto _ você tem o seguinte:
―Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.‖
Já lá no início Sião está em vista, como o fim, a consumação das jornadas e das experiências do povo. Durante os próximos quarenta anos? Ah, sim, e muitos mais. Sião está no horizonte desde o princípio. Sião não é o começo; Sião é a consumação de tudo.
Isto está na Carta aos Hebreus. Nos tempos antigos, eles estavam caminhando, estágio por estágio, fase por fase, passo por passo. Você lembra aquele capítulo que está cheio dessa palavra, em Números, ―e eles partiram, e partiram e partiram.‖ Acho que foram quarenta vezes em apenas um capítulo, ―e partiram‖. Isto é ―tempo antigo‖. A Carta aos Hebreus diz: ―Chegamos, chegamos.‖ Como? Porque todos os pedaços, fases e estágios, passos e movimentos, chegou à consumação em Jesus Cristo. Nós temos chegado, nós chegamos ao fim de todos os movimentos de Deus em Seu Filho. Ele é a consumação de tudo!
SIÃO: A OBRA PERFEITA DO SENHOR JESUS CRISTO
Agora, então, ainda esta palavra ―Sião‖, ao qual é dito que chegamos, permanece um pouco abstrato, no que diz respeito à nossa mentalidade. Devemos, portanto, descer para ver o que é este Sião ao qual temos chegado. Dissemos que Sião é a consumação, ou totalidade, mas o que isso representa? Do que ele é constituído? Qual é a constituição de Sião como a obra final de Deus?
[1] SIÃO: UM POVO NO BENEFÍCIO DA COMPLETA E PERFEITA OBRA DE CRISTO
Primeiramente, dizemos que Sião é um termo inclusivo e completo; em outras palavras, quando entramos no Senhor Jesus, chegamos ao pensamento pleno de Deus. Podemos ter que crescer em nossa apreensão e compreensão daquilo a que já chegamos, porém Deus não tem mais nada o que acrescentar àquilo a que temos chegado. Temos tudo! Em Cristo temos tudo! Deus chegou ao fim em Seu Filho; terminou a Sua nova Criação em Seu Filho, e entrou em Seu descanso. De modo que a Carta aqui diz: ―Nós que cremos entramos no Seu descanso‖. Sião é um termo abrangente, que se refere a tudo aquilo que Deus colocou em Seu Filho para nós. Cristo é a soma total de toda a obra de Deus, da qual obra está escrita: ―terminada.‖ Isto não significa apenas chegar a um fim; significa que a obra foi completada, que tudo está completo, tudo está perfeito!
Você conhece a fórmula quando os sacerdotes traziam o sacrifício da reconciliação e colocava as suas mãos sobre a cabeça do animal, eles expressavam uma fórmula que em grego significa: ―Está perfeito‖. Eles percorriam seus olhos experientes sobre aquele sacrifício, revolvendo cada cabelo, para ver se havia algum de outra cor, qualquer minúsculo ponto de contradição e inconsistência, abrindo a boca do animal, examinando os seus dentes, cada parte era examinada pelos olhos treinados do meticuloso sacerdote; e, quando ele terminava seu exame, e quando o sacrifício tinha ficado exposto por dez dias sob aquele escrutínio, para ver se haveria qualquer aparição de qualquer elemento inconsistente, imperfeito — ao final, ele mostrava o sacrifício e punha as suas mãos sobre ele, e pronunciava: ―Está perfeito‖. Assim ocorre na Carta aos Hebreus. Por meio de uma única oferta, Ele aperfeiçoou para sempre, fez completo; e quando Jesus falou: ―Está consumado‖, foi o veredicto de uma Oferta Perfeita, sem mancha ou ruga, para Deus. Está perfeita, completa. Sua obra e Sua Pessoa foram aceitos por Deus.
A soma de toda a obra de Deus está representada no simbólico nome ―Sião‖. Mas Sião é visto não apenas como Cristo Pessoal, mas algo corporativo. É o povo de Sião, um povo que está no benefício da completa e perfeita obra de Cristo; um povo que é um vaso daquela obra do Senhor.
Sião? É tão fácil dizer coisas como essas, e isto é um ensino bíblico, talvez, você possa dizer, um bom ensino bíblico; mas, oh, meus amigos, iremos ver, antes de terminarmos esta semana, que não é tão simples assim. E você irá descobrir quase todos os dias da sua vida que esta posição de se manter e estar no benefício da obra de Cristo não é algo simples _ é desafiador, é um subir da montanha e um descer ao vale, durante todo o caminho, para que você possa ser movido para esta posição da obra perfeita do Senhor Jesus. Nós temos chegado a algo perfeito, e devemos ser o povo que corporifica
esta obra perfeita do Senhor Jesus! Não quero dizer que já somos perfeitos, mas a obra do Senhor é perfeita; e aquele que é perfeito está conosco, e está EM nós. Chegará o tempo quando esta perfeição será manifestada. Penso que é um maravilhoso fragmento em Tessalonicenses: ― Quando Ele vier para ser glorificado nos seus santos, e para ser admirado EM todos os que tiverem crido‖. Ser admirado! E eu suponho que nós admiraremos muito mais do que quaisquer outras pessoas. Bem, isto é Sião. É Cristo, e Cristo coletivo, Cristo corporativo, o fundamento de tudo. Sua obra perfeita, tanto como Sua Pessoa perfeita _ isto é Sião.
[2] SIÃO: A VITÓRIA SUPREMA DO SENHOR
Número dois: Agora, naturalmente, estarei me mantendo muito próximo ao simbólico e típico cenário do Velho Testamento, porque, embora as coisas do Velho Testamento já tenham passado, o significado e os princípios espirituais são eternos, de modo que o significado e o princípio espiritual de Sião é examinado e aplicado aqui. Este é o porquê do nome exato Sião ter sido tirado do Velho Testamento e trazido aqui para o Novo Testamento: assim que a próxima coisa sobre Sião é que ele é o símbolo exato da vitória absoluta do Senhor.
Você se lembra do início de Sião? Após terem eles trazido Davi de volta de seu exílio, fazendo dele o rei, os Jebuseus ocuparam Sião e, dali deste local, desdenharam de Davi, dizendo: ―Você nunca irá vir aqui‖ e se fortificaram ali com pessoas cegas e aleijadas, e disseram: ―Somente estas pessoas são suficientes para mantê-lo fora daqui‖. Era realmente uma fortaleza, tanto que os mais fracos podiam guardá-lo, protegê-la. Se os mais fracos, os cegos e os aleijados podiam, logo, naturalmente, não precisamos dizer que os mais fortes também podem‖. Os Jebuseus consideravam aquele Sião como sendo completamente impenetrável, invulnerável, ou seja, a última palavra em segurança, um lugar que não podia ser atacado. Eles diziam: ―Você não virá aqui, de fato, é impossível para você fazê-lo‖. — ―Muito bem,‖ disse Davi. [Eles aceitaram o desafio.] ―Nós aceitamos o desafio‖ Sabemos o que aconteceu. Davi entrou naquela fortaleza e destruiu a aparente impenetrabilidade, e aquele local acabou se tornando a cidade de Davi; a cidade do Grande Rei. Sua grande e imensa vitória está centrada, registrada e estabelecida em Sião; e Sião é o símbolo e sinônimo do grande poder do Rei de Deus, do Ungido de Deus.
Agora, isto é conclusivo: ―Nós já chegamos a Sião‖, a Cidade do Deus Vivo. A que chegamos nós? Chegamos à Suprema Vitória do Senhor Jesus Cristo sobre a antiga fortaleza impenetrável _ e o que era essa fortaleza? Citamos Mateus: ―Eu edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela‖. E o que você tem ouvido sobre esta expressão: ―das portas do inferno‖? Não estou muito certo se em meus primeiros dias não cometi este engano. ―Portas‖, na Bíblia, nas cidades do Velho Testamento, eram os locais onde os conselhos de anciãos vinham para tomar as decisões para a cidade e para a terra; e assim dissemos que as ―portas‖ são os conselhos do Inferno. Não cometa este erro. Isto está correto, mas não é o que realmente quer significar no texto. Qual é a outra fortaleza impenetrável do príncipe deste mundo? É a MORTE. A fortaleza espiritual impenetrável que o Senhor Jesus destruiu pertencia ao ―Diabo, que tinha o poder sobre a morte‖ (Hebreus 2:14). Assim, o Senhor Ressurreto, em Sua apresentação no livro do Apocalipse, bem no início Ele diz: ―Eu sou Aquele que vive; estive morto; mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte e do inferno‖.
A morte espiritual é uma coisa tremenda, terrível, tanto que o Apóstolo Paulo quase esgota o vocabulário nesse sentido quando diz que deveríamos conhecer ―sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,‖ Pense nisto! O salmista diria: ―Selah.‖ [silêncio, pausa] — Pense sobre isso!
―A sobreexcelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, conforme a operação da força do Seu poder [a energia, a palavra Grega aqui é energia], que Ele operou em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos‖. Que linguagem! Está simplesmente além das expressões de Paulo. Ele tinha um bom vocabulário, porém ele mesmo encontra dificuldade para expressar e explicar o que aquilo significava: ressuscitar a Jesus da morte — vencer a morte!
Oh, é tão fácil dizer: ―Deus ressuscitou a Jesus da morte‖, mas você entende o que isto significa? A ilustração na Palavra [e, naturalmente, a ilustração sempre falha na presença da realidade], mas a ilustração na Palavra é o Egito, Faraó, e os deuses egípcios. Veja como Deus está apenas, vamos assim dizer, provando o Seu poder através daqueles dez julgamentos. O primeiro é um grande poder, o segundo é um poder maior do que o primeiro, e o terceiro é ainda maior do que o segundo, e assim sucessivamente até o décimo. É um poder crescente, destruindo tudo, derrubando uma grande força; e quando você chega até a coisa consumada, o que você tem? Vida e morte; a morte de todos os primogênitos egípcios; e quando isto foi registrado, o povo está livre, e eles saem ressuscitados! É uma ilustração. Os tipos são sempre pobres na presença da realidade, a realidade é a ressurreição de Jesus Cristo da morte, pela glória do Pai, pela sobreexcelente grandeza de Seu poder — e assim é conosco. Caros amigos, eu imagino que nós não temos nem começado a entender o que isto custou, e qual é este poder que está por detrás, o nosso novo nascimento, o fato de termos sido trazidos da morte para a vida.
Agora, voltemos a Sião. Isto é Sião. ―Temos chegado a Sião‖. Temos chegado à imensa vitória do Senhor Jesus no campo que supremamente desafiou Deus e o céu, o campo da morte. Morte. E assim, você tem aqui nesta carta, especialmente nos primeiros capítulos, muito sobre morte. ―Ele experimentou a morte por todos os homens‖. ―Ele livrou todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão.‖ (Hebreus 2:15). Sublinhe a palavra morte nesses primeiros capítulos, porque isto é básico para todos os que se seguem; e quando você chegar ao final da Carta, você tem aquela grande nota novamente: ―Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe...‖ Fomos trazidos novamente da morte. Aquela morte, que tinha antes colocado um ponto final em toda perfeição espiritual, tem agora sido vencida pelo Grande Pastor das ovelhas.
Eu disse ‗colocou um ponto final‘. Você se lembra em Hebreus de Arão e todos os seus filhos, os sacerdotes? A carta diz que eles não podiam aperfeiçoar coisa alguma, porque eles morreram. A morte colocou um ponto final em suas obras, e nada ficou aperfeiçoado. Mas Jesus aperfeiçoou para sempre. Por quê? Porque Ele vive para sempre, ―Eu estou vivo pelos séculos dos séculos‖, portanto, esta é a esperança e a dinâmica de você ter sido tornado perfeito.
Oh, graças a Deus, ―a sobre-excelente grandeza de Seu poder‖ que irá, finalmente, ―nos apresentar sem culpa diante da presença de Sua glória em grande alegria; Igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga nem qualquer outra coisa‖, _ nos apresentar inculpáveis. Oh, que tremenda palavra! Que ‗apagar de quadro‘ é este! (idiomatismo) Sem culpa! E nós aqui em baixo estamos tão preocupados com as faltas do nosso próximo, e com as nossas próprias; e isto se torna um problema _ procuramos pela assembléia perfeita, pela igreja perfeita, e pelo cristão perfeito, e ficamos todos ocupados com isso o tempo todo, ocupados com o que não é perfeito. Faltas e mais faltas. Para nos apresentar sem falta alguma _ ― Ele é capaz de nos apresentar sem falta alguma diante da presença de Sua glória em grande gozo‖. Por que? Porque Ele venceu a morte. A morte é uma fortaleza, mas Ele despojou a fortaleza de Satanás:
Ele desceu com Seu Poder Imperial às regiões das trevas: e trouxe de lá o Seu troféu, desprezando completamente a coroa do usurpador.
A coroa de Satanás é a morte. A coroa de Cristo é a Vida: ―Eu lhes darei a coroa da vida‖. Bem, estamos nós dispondo bastante do nosso tempo com os detalhes de Sião? É a isto que temos chegado. Que nos seja concedida força e fé para apreender aquilo que foi dito. Que possamos entrar no maravilhoso gozo disto.
[3] SIÃO: O LUGAR DE SUA MORADA
Número três: Sião, novamente, foi e é, em seu significado espiritual, em sua realidade, o centro de Sua habitação. Sua morada. O Senhor habita em Sião. O Senhor é achado em Sião. Você vê isso em Êxodo 15.
―Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram. O Senhor reinará eterna e perpetuamente.‖
Sabemos, historicamente, que foi lá que Deus tinha o Seu Santuário; e devo dizer aqui isso sem entrar em detalhes, como em Hebreus 12, versículo 18 em diante, Jerusalém e Sião parecem termos sinônimos. Parecem ser intercambiáveis. Não são exatamente a mesma coisa, mas, ousaria eu entrar na diferença existente? Isso resultaria em algo sem qualquer consideração especial, mas aqui está ―a cidade que Tu, o Senhor, fez _ a Jerusalém Celestial‖.
E assim, chegamos então ao lugar da Sua morada, o lugar onde o Senhor está. Se fosse perguntado a você onde você poderia achar o Senhor, imagino o que você responderia. Poderia mencionar muitas coisas, tais como, ―se você quer encontrar o Senhor, deve vir às nossas reuniões. Venha para a nossa companhia, para o nosso lugar de adoração, e então você irá achar o Senhor lá‖; e assim, você localiza o Senhor. Eu sei que no Velho Testamento eles tinham que ir a certos lugares onde o Senhor colocou o Seu nome. Contudo, no sentido geográfico e literal, este não é mais o caso.
Para entender isto, vamos ver que aqui está um grande erro no qual a cristandade tem caído; e todos nós caímos nesse engano de tentar localizar a presença de Deus. Quero dizer literalmente falando: ―Sião é um lugar onde você já chegou, ou é um lugar aonde você ainda deve ir, se quiser encontrar o Senhor?‖. Não se engane. Isto não é verdade. Nós já saímos daquele sistema. Aquilo está debaixo do ―Não‖. Todo aquele conceito já foi varrido. Não há nenhum ―Eféso‖, ou ―Filipos‖, ou ―Tessalônica‖ sagrados: se houvesse, eles ainda estariam hoje no mesmo lugar que estavam há dois mil anos atrás. Eles não estão. Já se foram. O Senhor foi achado lá, mas você não irá encontrá-Lo mais lá. Não, nem mesmo em Jerusalém, nem em Roma. Mas onde está o Senhor? O Senhor Jesus mostrou para nós; será isso uma fórmula, uma prescrição? ―Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali Eu estou‖. Ali Eu estou, esta é a única localização (eu hesito em usar a palavra ―localidade‖), esta é a única localização do Senhor!
Agora, em qualquer lugar onde você possa encontrar o Senhor, na companhia do povo do Senhor, onde o povo pode encontrá-Lo, tão logo esse lugar cesse de ser espiritualmente Sião, de ser o que Sião realmente é espiritualmente, o Senhor deixa esse lugar, assim como Ele deixou o tabernáculo de Siló. Aquele lugar não era sagrado, o tabernáculo não era sagrado, caso contrário teria sido preservado até os dias de hoje. Não, nada nesta terra é sagrado para o Senhor. O lugar onde o Senhor está e é encontrado é em Sião; ah, mas o que significa Sião? O que é Sião? O que temos dito nós que é Sião? _ Sião é este lugar a que já chegamos!
Então, agora você pode ir e construir um edifício e conseguir uma congregação e colocar na porta _ ―Sião‖? Não! Não! Não! Sião é algo espiritual, um povo espiritual, e a grande coisa sobre esse povo é... você encontra o Senhor lá quando você encontra esse povo. Com eles, você simplesmente encontra o Senhor. Você não irá encontrar uma técnica, uma forma, um ritual, uma doutrina, um ensino, uma interpretação e tudo mais. Você apenas irá encontrar o Senhor. ―Temos chegado a Sião‖ — Oh, vamos deixar isto ser um teste, tanto quanto uma afirmação. Iremos desistir de tudo _ construções, lugares, e toda nossa constituição _ nós deixamos tudo isso se as pessoas não estão encontrando o Senhor quando elas chegam no local onde estamos. Paulo trás isso para o individual: ―Sois o santuário do Deus Vivo‖. Esta é uma aplicação individual, ―o templo de Deus.‖ O lugar de sua morada é o lugar onde Cristo é a finalidade de Sua obra, a plenitude daquilo que Ele fez, onde as coisas são conformadas a Cristo. Isto é Sião!
[4] SIÃO: O LOCAL DO GOVERNO DIVINO
Número quatro: Sião é o local do Governo Divino, assim, voltemos para ―Sião, a cidade do Grande Rei‖! De Sião sairá a lei. De Sião Cristo governará a terra. Sião, o assento de Sua majestade e governo, onde está o Seu trono. Demos uma pequena dica, alguns minutos atrás, da diferença entre Jerusalém e Sião. Sião, como entendo, é o que Jerusalém deve ser; e Jerusalém nem sempre é Sião. Mas Sião é o que Jerusalém deve ser _ o centro governamental.
Nem todas as pessoas de Deus estarão neste local de governo; e no Livro do Apocalipse você tem algo mais do que ―a cidade santa, Nova Jerusalém‖. Você tem ―nações caminhando à luz da Nova Jerusalém‖. Você tem um círculo extra. Sim, essas pessoas estão no Reino. E eu não estou agora discriminando entre a Igreja e o Reino. Esta não é minha intenção, mas estou dizendo que haverá vencedores. ―Àquele que vencer concederei que se assente comigo no meu trono‖. Isto é Sião, porém Jerusalém nem sempre se conforma a isso, no que diz respeito ao povo do Senhor.
Penso que é melhor pararmos por aqui, e, como você vê, isto é uma grande dificuldade para muitos. Você mostra o final e completo plano de Deus para a igreja, aquilo que está na Mente de Deus a respeito da Igreja, a Jerusalém Celestial, sim, você mostra tudo isso, mas alguns dizem: ―Olhe para todos esses cristãos: um pé no Cristianismo e outro pé no mundo‖. Mas lembre-se, existe esta realidade: Deus governando sobre o povo. Uma coisa é você ser cidadão de um País, ou de uma cidade, outra coisa é você ser um membro da casa real. Você compreende o que eu digo? Sião é o ápice, a essência do plano de Deus para a Igreja, para o qual a Igreja (como um todo) não tem se aproximado totalmente, mas Sião é este lugar de Governo.
No princípio foi assim. A Jerusalém literal em Judá antiga era o centro do governo sobre a terra. Você chega ao Novo Testamento, e encontra essas coisas removidas de Jerusalém. Eles removeram. Você diz, ―Antioquia se torna o novo centro e toma o lugar de Jerusalém?‖ Está correto? Esta é a maneira como os expositores colocaram, eles fizeram um movimento geográfico. Muito bem, você pode aceitar isso, se quiser, mas isso não é verdade. Vamos para Antioquia, então, e demos uma olhada e ver o que é isso.
O que eles estão fazendo em Antioquia? Houve alguns irmãos em Antioquia e ―eles jejuaram e oraram, e o Espírito Santo disse...‖ Eles estão desligados da terra; deixaram as coisas aqui; estão ligados com o céu. E, por meio do Espírito Santo que fora enviado do céu, o Governo Celestial está em operação. O Trono Celestial está governando aqui.
Não, não é uma reunião deliberativa. Eu não sei se alguns de vocês conhecem os desenhos de E. J. Pace, mas anos atrás, nos tempos de Escola Dominical, ele fez um muito bom. Acho que foi um de humor, mas muito bom. Ele o chamou: ―A Primeira Reunião Deliberativa do Novo Testamento‖, onde todos os cristãos estão reunidos numa congregação em Jerusalém, e havia duas grandes Mãos com uma grande tora de madeira dentro deles. E esta grande tora caiu sobre aquele local, e ―todos eles foram espalhados‖, espalhados por toda a Judéia, por toda Samaria, e até os confins da terra; e ele chama aquilo de ―A Primeira Reunião Deliberativa‖.
Não, o centro governamental não está em Jerusalém literal, e, também não está em Antioquia literal. Sião é o local onde o céu está governando, e não os homens, onde os conselhos celestiais estão operando: ―e o Espírito Santo disse‖. É a isto que temos chegado, ou devemos chegar. Espero que eu não tenha ofendido nenhum de vocês, membros locais, homens do comitê, vocês diretores da igreja. Não, nós estamos chegando à realidade. Sião está testando, desafiando todo o nosso sistema. E aqui, neste ponto, Sião significa: _ ―é o local de onde o Céu governa, de onde o Cristo Ressuscitado governa através do Espírito Santo, de onde toma as decisões, de onde direciona os cursos. ―Separai para Mim Barnabé e Paulo, para a obra...‖ Foi a reunião deliberativa que os comissionou? _ Não, ―Eu os tenho chamado‖. Esta é uma ação do Céu, e isto sim é frutífero.
[5] SIÃO: O LUGAR DA COMUNHÃO FIRME E SEGURA
Número cinco: Sião é o lugar da comunhão firme e segura. Isto é bastante interessante, instrutivo. Volte para o Velho Testamento. Quando os corações dos homens de Israel se voltaram de Saul para Davi, para trazê-lo de volta e fazer dele o rei, o que aconteceu? O primeiro deslocamento foi para Hebrom, e lá eles ficaram por sete anos. O que é Hebrom? Você sabe o significado de Hebrom? — Comunhão, amizade, isto é Hebrom.
Contudo, aqueles homens trouxeram Davi de volta e, primeiramente, fizeram dele o rei em Hebrom. Era algo parcial. Era um movimento rumo a plenitude, porém foram sete anos em Hebrom, sete anos (interpretado espiritualmente) de uma firme comunhão. E, após esses sete anos, foram para Jerusalém, para Sião; e os valores de Hebrom estão agora centralizados em Sião; i.e., Sião representa aquilo no qual a verdadeira amizade do Espírito é estabelecida!
Você tem que ler o resto desta seção de Hebreus. Veja a maravilhosa comunhão que existe aqui. À que temos chegado? Aos ― espíritos dos justos aperfeiçoados‖. Chegamos à uma maravilhosa comunhão no Céu, ―às hostes angelicais,‖ em comunhão com os anjos; em comunhão com ―Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança.‖ É comunhão que existe em Sião, comunhão celestial. E você sabe muito bem que, se apenas você experimentar um pouquinho da comunhão celestial, isto é o céu.
Alguns de vocês vieram de lugares longínquos, onde vocês têm pouca ou nenhuma real comunhão espiritual; e sejam quais outros valores possa haver nestas convocações, tenho sempre encontrado aqueles de maiores valores, e até mesmo maior do que o ministério tem sido esses solitários peregrinos, vindo de longe e de perto, em canções de subida, rumo a Sião, onde encontram aquela maravilhosa comunhão, que os envia de volta para os seus lugares solitários, porém sabendo que: ―Bem, eu não estou sozinho, afinal de contas; eu achava que estava sozinho. Eu era igual Elias procurando um pé de junípero(zimbro), a fim de dizer: basta. Oh, Senhor, tira a minha vida. Eu sou o único que sobrou. Porém ele descobriu que havia sete mil em Israel!‖ Comunhão é uma coisa maravilhosa. Em verdade isto é Sião: ―Sim, nós temos chegado a Sião‖ Oh, que possamos sempre usufruir disso, e, em nossa solidão e isolamentos, e exílios, possamos saber que a nossa comunhão está no céu. Levou sete anos para obter aquela comunhão, sendo, então, estabelecida em Sião.
Em Sião. Bem, o que é isto novamente? Sião é a comunhão de Cristo estando em Seu lugar correto e pleno. Davi está agora em seu lugar certo, e em seu lugar pleno, porque Deus o escolheu e o ungiu. Ele está lá: Nosso Grande Davi em seu lugar, lugar certo e pleno _ e, onde quer que isto seja verdade, isto é Sião.
[6] SIÃO: A TERRA DA NOSSA FESTIVIDADE ESPIRITUAL
Número seis: Sião é a terra das nossas festividades. Eu quase disse isso anteriormente. O que está escrito? ―Sião, a cidade de nossas solenidades.‖ Esta é a frase nas Escrituras, ―a cidade, o lugar de nossas solenidades.‖ O que isso significava? Eram as grandes festas e festivais de pessoas que eles tinham em Sião. Deus ordenou que este povo devia ser um povo festivo. Agora esta porção em Hebreus diz que é a isto que temos chegado. Temos chegado a inúmeros anjos em festa. A cidade de nossas festividades. Precisamos dizer mais? Eu acredito nisso, que se você tiver alguma coisa que se aproxime de Sião espiritualmente, qualquer coisa que seja realmente e verdadeiramente a Sião espiritual, não importa o quão pequeno possa ser, você terá um festival de boas coisas. Onde essas coisas são verdadeiras, onde essas cinco coisas que mencionei sejam verdadeiras:
 
[1] Um Povo no Benefício da Completa e Perfeita Obra de Cristo
[2] A Suprema Vitória do Senhor
[3] O lugar da Sua Habitação
[4] O Local do Seu Governo
[5] O Lugar da Comunhão Firme e Segura
 
onde essas coisas sejam verdadeiras, você nunca mais terá fome, fome espiritual. O Senhor cuidará para que haja abundância. Você não será miserável, mas será cheio de alegria! Precisamos de algo mais do que piqueniques religiosos: precisamos das festividades espirituais de Sião.
―Hostes de anjos em festa.‖ Não sei se eu entendo isso completamente, mas eu penso que tenho um vislumbre disso. Quando os anjos olham para Sião, quão alegres eles ficam! Quão felizes eles ficam! Há certamente alegria entre os anjos quando você descobre coisas como essas. Quando eles olham para a espiritual Sião, eles colocam suas vestes festivas e dizem: ―É isto.‖ Os anjos se regozijam. Talvez isso seja uma interpretação imperfeita, mas estou certo de que isto faça parte. Registramos o sentimento do Céu e dizemos: ―Isto é bom‖; e não mais condenaremos o velho e pobre Pedro. Nós caímos na mesma maravilhosa e gloriosa armadilha. Dizemos: ―É bom estarmos aqui.‖ Jamais deixaremos este lugar novamente. ―Façamos três tendas.‖ Nós cantamos, antes desta ministração esta manhã, sobre o mundo em guerra aqui em baixo. Nós temos que voltar para ele, mas que possamos voltar com um pouco da alegria de Sião, a cidade das nossas solenidades, das festividades espirituais. Devo deixar este tópico e ir para a última coisa a respeito de Sião, para esta manhã; e isto é apenas o primeiro fragmento da seção como um todo. Há um outro que provavelmente tomará todo o nosso tempo amanhã, o número oito, mas isto não é para agora.
[7] SIÃO: O LOCAL DO NOSSO REGISTRO ESPIRITUAL -
EU ESTOU REGISTRADO NO CÉU, SOU UM CIDADÃO DO CÉU
Número sete: Sião, o lugar do nosso registro espiritual. É esta uma palavra ou idéia difícil? Se você não sabe o que eu quero dizer, eu te faço lembrar de Salmo 87: ―O Senhor ama as portas de Sião, mais do que as moradas de Jacó.‖ Então o salmista escolhe aqueles lugares do mundo que os homens falam com orgulho: ―Eu nasci na Filistia. Pense nisto.‖—―Eu nasci em Tiro! Sou um cidadão de Tiro!.‖— ―Eu nasci na Etiópia.‖ O salmista (você quase pode perceber a sua alegria), o salmista diz: ―Este homem nasceu em Sião, isto será dito. De Sião, será dito: Este é nascido ali.‖ Algo absolutamente superior. Este homem é um cidadão de Sião, ele nasceu lá, seu nome está registrado lá, e o salmista conclui esta comparação e contraste com: ―Todas as minhas fontes estão em ti‖— O lugar do meu registro: ―Estou registrado no Céu; sou um cidadão do Céu.‖ ―Nossa cidadania, diz o apóstolo, está no Céu; de onde aguardamos o Salvador.‖ ―A nossa vida está escondida com Cristo em Deus.‖ ―Nós nascemos de cima‖ [sempre correta esta tradução]; e não ―nascemos de novo‖, mas ―nascer de cima‖, que é algo maior do que nascer de novo. Não apenas nós ―nascemos de cima‖ e os nossos nomes estão ―escritos no livro da vida do Cordeiro‖; não apenas isto, e isto já é glorioso, mas você tem o registro. Paulo se gloriava de sua liberdade: ―Eu sou um homem livre,‖ e todos eles tinham que se render a isso, até mesmo o Império Romano tinha que se curvar a isso, um homem nascido livre. O pobre capitão centurião passou um sufoco quando ouviu isso. A vida dele estava em jogo por ter colocado as correntes num homem livre. A nossa cidadania está no Céu; nosso registro está no Céu; somos ―herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.‖ Este homem foi nascido ali, em Sião. Vou deixar isso com você; eu realmente acredito que não são apenas ―oito‖ interessantes e fascinantes ensinos Bíblicos, mas é um desafio: ―Chegastes a Sião.‖
 
Senhor, ajuda-nos a ver aquilo aonde temos chegado, o que realmente somos no Pensamento Divino. Que o Senhor faça com que isso seja real para nós, seja lá onde possamos estar. Senhor, faça disto mais do que um ensino, ou doutrina, ou verdade Bíblica, ou uma exposição Bíblica. Coloque um desafio nisto, em cada coração aqui presente. É isto verdade para mim? Sou eu um cidadão de Sião? São essas coisas reais na minha vida? Ajuda-nos a atentar para isso. Ouça a nossa oração, por Tua própria Glória e Satisfação em Teu Filho, Amém.
 

Por Theodore Austin-Sparks

 
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