OS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

A origem da teologia Russell-Rutherford-Knorr, e principalmentede sua escatología, jaz no Adventismo do SétimoDia. Isso foi afirmado em The Chaos of Cults em 1929,calorosamente contestado por Leroy E. Froom, e posteriormentereafirmado por Lehman Strauss, F. E. Mayer e E. C.Gruss.
Charles Taze Russell, perturbado por sua herança presbiterianaescocês-irlandesa da doutrina das penas eternas,foi "convertido" para a doutrina dos Adventistas, a quemaderiu. Depois surgiram divergências a respeito de interpretaçãobíblica, principalmente sobre a maneira e o objetivoda volta do Senhor, embora tenha ficado intata a cronologia.
Russell colaborou com o Adventista N. H. Barbour,havendo os dois publicado um livro em conjunto. Um anomais tarde, em 1878, separaram-se porque discordaram arespeito da expiação. Russell então lançou em 1879 seuZion's Watchtower and Herald of Christ's Presence (Torrede Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo).
Gruss cita, além do Adventismo, as seguintes fontes doRusselismo: Ario, Sócino, Swedenborg, Unitarismo, Cristadelfianismo.
Da mesma forma alguns primitivos estudantesdo Mormonismo sustentaram que esse sistema tinhatomado empréstimos do Cristianismo, Judaísmo, Maometanismo,Fetichismo, Budismo, Maniqueísmo, Comunismo, etc.
O presente escritor, porém, duvida que os primitivos líderes,quer do Mormonismo ou dos Testemunhas de Jeová, possuíssem
fundo teológico suficiente para plagiarem tanto.
Prefere pensar que, afinal, Satanás e suas "forças espirituaisdo mal nas regiões celestes" (Ef 6.12) são de gêniofinito, ou seja, limitado em suas possibilidades de invenção.
Em confronto com os ensinos das Escrituras, os mesmos erros e as mesmas heresias forçosamente se repetem de vezem quando.
No decorrer de seus oitenta anos de história, os Testemunhastem modificado consideravelmente seus ensinos,atribuindo isso à "revelação progressiva", que no modo deentender deles vem a ser nova luz sobre a compreensão da revelação terminada na Bíblia. O conceito ortodoxoda revelação progressiva é que há progresso do Gênesis ao Apocalipse: o botão abriu-se aos poucos, até produzir a floraberta e perfeita. Da tal "revelação progressiva" dos Testemunhas,diz Gruss: "A maior parte de semelhante revelação é subjetiva." (Gruss: Apostles of Denial (Apóstolos da Negação), dissertação não publicada, Seminário Teológico Talbot, 1961, pág. 55.)
W. J. Schnell registra que "na qualidade de cultuador progressista da luz e Testemunha de Jeová em plena comunhão, eu havia observado a revista Watchtower mudar nossas doutrinas, entre 1917 e 1926, nada menos que 148 vezes." ( Into the Light of Christianity (Para a Luz do Cristianismo), pág. 13.)
O próprio Russell declarou ousadamente que seria melhor que fosse lida sua obra de seis tomos: Studies in the Scriptures (Estudos nas Escrituras) do que lida a Bíblia sozinha." (Não precisamos repetir aqui nossa refutação da acusação feita por The Watchtower, de que o autor se fizera culpado de transgredir o nono mandamento Com essa asseveração. Ver a terceira edição de The Chaos ot Cults, 1960, pág, 269.) Contudo, anos mais tarde, ele chamava de "imaturos" alguns de seus próprios escritos primitivos.
A Igreja primitiva, compreendendo que a inspiração terminou com o Apocalipse e buscando a iluminação do Espírito Santo, foi mais paciente e circunspecta em formular as doutrinas das Escrituras; e, tendo-o feito uma vez nos grandes Credos, não alterou estes posteriormente.
Podemos acrescentar aqui que quando se atribui a documentos puramente humanos, um caráter infalível e inspirado, o resultado invariável é que tais escritos substituem e suplantam as Escrituras. Tem sido esse o caso com a "tradição" católico-romana, com o Livro de Mórmon, e com Ciência e Saúde com Chaves das Escrituras; e verificasenovamente na corrente infinda de literatura russelita quenão deixa uma chance para os Testemunhas lerem a Bíblia com qualquer grau de independência. Para se fazer idéia dessa "lavagem cerebral", vejam-se os livros de Schnell.
Nos últimos anos a história do Russelismo tem sido escrita tantas vezes que o presente manual sobre muitas seitas será muito breve em apresentar essa história.
 
A História do Movimento
 
Existe uma reciprocidade entre o caráter de um homem e sua teologia. São Paulo ensina em Romanos 9.19-20 que a má teologia procede do coração mau.
Charles Taze Russell vivia em freqüentes choques com os tribunais, e desses ensaios nem sempre saía ileso. Perjurou no tribunal, e sua esposa obteve decisão de divórcio porque o juiz do Supremo Tribunal de Ontário opinou que nenhuma mulher de sensibilidade comum podia viver com um homem de tamanho egotismo e arrogância. Com a maior displicência Russell lançou condenação por atacado contra os ministros de "600 denominações belicosas" na China, por ocasião de uma reunião em massa no hipódromo de Nova Iorque, para então admitir debaixo de coação que, em sua viagem ao Oriente, não tinha encontrado nenhum deles. Foi acusado por The Brooklyn Eagle de praticar a fraude. Induzia pessoas enfermas a entregar suas fortunas às organizações dele, ao mesmo tempo que condenava veementemente o clero pelas coletas que levantava nas suas igrejas.
Assim prosseguiu continuamente, até que, em 9 de novembro de 1916, o "pastor" morreu no trem transcontinental.
Seu amigo, Sr. Menta Sturgeon, atendendo a seu pedido, embrulhou-o em um lençol para representar "uma toga romana," e então chamou o condutor e o carregador com as palavras: "Quero que vejam como morre um grande homem de Deus." Mas nada mais havia no lençol do que um senhor de idade "cujos lábios não proferiam uma queixa,nem dava um suspiro."
Esse elogio duvidoso é da oração funeral feita por Joseph Franklin Rutherford, que imediatamente tomou as medidas necessárias para suceder ao falecido. Rutherford, que era advogado e juiz especial na ausência do juiz regular do Tribunal
do Oitavo Circuito Judicial de Boonville, Estado de Missúri, até 1909, havia se mudado para Nova Iorque. Em 6 de janeiro de 1917, foi escolhido por unanimidade para suceder ao Pastor Russell como Presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Ocupou essa posição até sua morte em 8 de janeiro de 1942, com a idade de 72 anos.
Da gestão de Rutherford, são dignas de notas as seguintes feições:
 
1) O Juiz excedeu ao próprio Pastor no volume de sua produção literária. Escreveu um livro por ano, mais inúmeros artigos para o Watchtower e The Golden Age (A Idade Aurea) (mais tarde designado Consolation e, de 1946 para cá, Awake! (Despertai!), bem como edições sucessivas do Yearbook of Jehova's Witnesses (Anuário dos Testemunhas de Jeová).
 
2) O Juiz, com alguns de seus funcionários, passou nove meses na cadeia por causa de alegadas "atividades não-americanas" no início da entrada dos Estados Unidos na primeira guerra mundial. Isso foi, aproximadamente, tão injustificado quanto fora o assassinato de "Joseph Smith e seu irmão Hyrum, Mártires." Resultou apenas na exoneração desses estudantes da Bíblia e em crescente ódio por parte deles para com "a organização do diabo."
 
3) Ao sair da penitenciária, o Juiz encontrou sua presidência embaraçada por dissensões internas e perseguições exteriores. Verificaram-se vários rompimentos, continuando os dissidentes sob vários nomes. Foi por causa disso que, em 9 de outubro de 1931,no Congresso Anual em Columbus, Estado de Ohio, foi adotado o nome atual de Testemunhas de Jeová. Dentro de vinte anos esse nome suplantou todos os outros nomes dessa gente.
 
4) Rutherford, embora tivesse uma personalidade muito diferente da de Russell - mais reservado, exteriormente frio, e inacessível - igualou o fundador não só como escritormas também como organizador e administrador. Escreveu Marley Cole: "A maior vitória da carreira do Juiz Rutherford foi ver expandir-se a organização, consolidar-se e prosseguir através de tudo e apesar dos ataques devastadores que lhe fizeram os fascistas, os nazistas e as "turba-cracias" democráticas." (Cole: Jehovah's Witnesses (Testemunhas de Jeová), 2.a edição, pág. 107.)
Rutherford, com seus metro-e-noventa-e-três, via-se raramente em público. Quando aparecia, era acompanhado de dois capangas, todos três armados de bengalas para defesa contra ataques dos representantes da organização do diabo.
 
5) É verdade que o Juiz Rutherford e seu assistente mais moço, o advogado texano Hayden Covington, prestaram um grande serviço à causa da liberdade religiosa ganhando 46 causas no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 150 em Supremos Tribunais Estaduais, mais diversas no Canadá e em outros 22 países (até 1950). (Cole: op, cit., capo 7.) Ao mesmo tempo é preciso admitir que os Testemunhas têm sido em grande parte os causadores de seus muitos aborrecimentos, pois têm anunciado abertamente seu desprezo de muita gente e muitas instituições, em seus escritos e suas reuniões ao ar livre, atacando com vitupério a todos quantos não concordam com eles.
 
A Rutherford sucedeu imediatamente Nathan Homer Knorr como presidente da organização. Durante a administração de Knorr, os intermináveis livros e livrinhos têm aparecido sob o "copyright" da Watchtower Bible and Tract Society, sem trazer o nome de autores individuais. Uma "comissão" é responsável agora pela massa de impressos que sai da "Impressora Central" em Brooklyn, Nova Iorque.
Além de inúmeros panfletos, os periódicos regulares são: The Watchtower (A Torre de Vigia), "anunciando o Reino de Jeová" (3.800.000 exemplares) e Awake! (Despertai!), (3.250.000 exemplares), ambos quinzenais. Seus mais recentes livros encadernados são: Let God be True (Seja Deus Verdadeiro), 1º edição, 10.524.830 exemplares; 2º edição, 1952, 6.778.000 exemplares, impressos em cinqüenta idiomas Let Your Name Be Sanctified (Seja Seu Nome Santificado) (1.º edição, 1961, 1.000.000 exemplares); Your Will Be Done on Earth (Seja Feita a Sua Vontade na Terra) ("baseado na profecia de Daniel"); The New World Translation of the Holy Scriptures (A Tradução Novo Mundo das Sagradas Escrituras) (referida como "NW" e publicada em 1955), que não só substitui a Cruz de Cristo por "a estaca de tortura", mas de muitos outros modos revela seu preconceito contra terminologia que seja reminiscente das doutrinas cristãs centrais.
 
Organização e Propaganda
 
Nathan H. Knorr inicia seu ensaio sobre "Testemunhas de Jeová dos Tempos Modernos" com a afirmação: "Deus Jeová é o Fundador e Organizador de suas testemunhas sobre a terra." (Religion m the Twentieth Century, editado por Vergilius Ferm, págs. 381-392.)
Diz-se que o nome foi sugerido por Isaías 43.10: "Vós sois minhas testemunhas, disse Jeová." As primeiras testemunhas foram Abel, Enoque, Noé, etc., até João Batista. Cristo Jesus foi, ele mesmo, a "fiel e verdadeira testemunha, o princípio da criação de Deus," tomando a proeminência entre todas as testemunhas." "Essa principal testemunha designou outras para continuarem o testemunho do Reino, dizendo: "Vós sereis minhas testemunhas ... até aos confins da terra."
É desprezada a mudança clara, da ordem para serem testemunhas de Jeová, para "minhas testemunhas", em Atos 1.8, porque tomar conhecimento dessa mudança para o único "nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" seria colocar nosso Senhor Jesus Cristo em pé de igualdade com Jeová. Todas as testemunhas eram e são testemunhas de Jeová, sendo Jesus Cristo apenas uma entre muitas, embora a principal. Todo testemunho tem por objetivo vindicar o nome de Jeová.
A organização moderna dos Testemunhas de Jeová começou em 1879, cinco anos depois que Russell e seus associados inauguraram um estudo meticuloso da Bíblia, particularmente da segunda vinda e reino milenial de Cristo.
Em julho de 1879 apareceu o primeiro número de The Watchtower. A distribuição de folhetos desempenhou papel importante nas primeiras etapas, e, à medida que se tornava evidente a brecha entre os Testemunhas e as denominações ortodoxas da Cristandade, foi publicado em 1881 um livro de 161 páginas: Food for Thinking Christians (Alimento para Cristãos que Pensam). Em 1884 a sociedade foi incorporada como organização religiosa sem finalidade de lucros. O nome registrado, Zion's Watch Tower Tract Society (Sociedade de Folhetos da Torre de Vigia de Sião) permaneceu até 1896, quando foi mudado para Watchtower Bible and Tract Society. Em 1886 apareceu o primeiro dos estudos de Russell: Studies in the Scriptures, the Divine Plan of the Ages (Estudos nas Escrituras: o Plano Divino dos Séculos); o sétimo volume, The Finished Mystery (O Mistério Consumado) foi lançado em 1917, no princípio da gestão de Rutherford.
Desdeo início da presidência de Rutherford, tem-se dado ênfase à instrução de todos os Testemunhas. Na Escola Bíblica Torre de Vigia de Gilead, South Lansing, Estado de Nova Iorque, centenas de Testemunhas são preparados anualmente, em cursos que compreendem uns poucos meses de estudo, para se tornarem ministros ordenados, que, como tais, requerem isenção do serviço militar. Os Testemunhas não gostam de ser chamados pacifistas; afirmam que são "conscientious objectors" (pessoas que se recusam, por motivos de consciência, a prestar serviço militar). Argumentam que, "quando Satanás luta contra Satanás" em uma guerra de um governo político contra outro, os Testemunhas de Jeová podem permanecer neutros, pois aguardam a única guerra vital que lhas concerne: a batalha de Armagedom, quando Jeová destruirá todos os seus inimigos e conduzirá com segurança suas testemunhas.
Todos os Testemunhas são preparados para testemunho mediante estudo bíblico organizado em "Salões do Reino" aos domingos, em "Estudos Regionais de Livros" às sextasfeiras, em "Assembléias Distritais" e na "Assembléia Internacional da Vontade Divina dos Testemunhas de Jeová." A Assembléia de 1958 teve uma assistência de 253.922no último dia.
Schnell registra um Programa de Doutrinação de Sete Passos. Isso começa com a introdução de livros nas mãos da pessoa, prossegue através da "segunda visita," estudo de livros, assistência no Salão do Reino, assistência a reuniões de ofício, atividade na publicação (que significa distribuição de livros e folhetos), e batismo.
A fim de desempenhar com maior eficiência esses deveres, os Testemunhas usam dois livros de 384 páginas que fornecem instrução em testemunho pessoal: Theocratic Aid to Kingdom Publishers (Ajuda Teocrática a Publicadores do Reino) e Equipped for Every Good Work (Equipado para Toda Boa Obra). Schnell relata que os Testemunhas ficam debaixo de constante pressão e com medo mortal de, pelo fato de não venderem quantidade suficiente de literatura, serem rebaixados à "classe de maus servos".
Russell proclamou-se "o mordomo fiel e prudente" de Lucas 12.42. Depois de sua morte foi criada a "classe do mordomo fiel e prudente," sendo que o "pequeno rebanho" teria o total de apenas 144.000. Dessa "classe misteriosa" havia ainda vivos sobre a terra, em 1926, segundo Rutherford, cerca de 50.000.
Somente esses serão recompensados "como sacerdotes e reis" com Cristo no céu. Somente eles, portanto, precisam nascer de novo. Constituirão o corpo, do qual Cristo é a cabeça. "Para os demais, uma multidão de número ilimitado, a crença no resgate os conduzirá à vida eterna em uma terra justa e paradisíaca - Lucas 12.32; Apocalipse 20.6; João 10.16." (Awake! (Despertai), 8 de outubro de 1961, pág. 26.)
O que vai acima leva-nos a um breve relato dos ensinos dos Testemunhas. Antes, porém, de fazê-lo, acrescentamos mais uma palavra de recomendação. Dissemos acima que os Testemunhas têm prestado valioso serviço na defesa da livre expressão de opiniões religiosas e de reunião. A isso acrescentamos agora uma palavra de louvor à firmeza dos Testemunhas com referência à transfusão de sangue.
 
Transfusão de Sangue
 
Em 1961 a Sociedade Torre de Vigia publicou um livreto de 63 páginas sob o título: Blood, Medicine and the Law of God (Sangue, Medicina e a Lei de Deus). Trata-se de uma apologia da posição que assumem contra a transfusão de sangue em lugar da cirurgia ou depois dela. Essa posição tem de novo posto os Testemunhas em conflito com os tribunais, como, há mais tempo, se incompatibilizaram com a opinião pública pela recusa de prestar serviço militar, saudar a bandeira (que consideram ato de ídolatria), (Let God Be True (Seja Deus Verdadeiro), pág. 242.) e em outros assuntos.
Segundo nosso modo de entender, são errôneas as bases exegéticas sobre as quais os Testemunhas rejeitaram e se opõem à transfusão de sangue. O livreto faz referência a: Gênesis 9.3-4; Levítico 3.17;' 13.14; 17.10; Deuteronômio 12.23-25; 1 Samuel 14.32-33; Atos 15.28-29. Todas essas passagens proíbem que se coma a carne com o sangue, algumas mencionando ainda a gordura.
Quando as examinamos mais de perto, descobrimos logo a razão. A gordura devia ser queimada sobre o altar, como pertencente a Deus. O sangue, uma vez que encerra a vida ou alma (as traduções diferem, mas isso não altera o caso, uma vez que a vida está na alma que está no sangue) também pertencia a Jeová e não ao homem. Em algum casos, esse sangue devia ser derramado sobre a terra, como simples devolução a Deus da vida que lhe pertencia, como em Deuteronômio 12.24; em outros casos o sangue devia ser derramado sobre o altar, em lugar da vida do próprio pecador, "porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida (hb. alma)" (Lv 17.11).
Os Testemunhas, rejeitando como rejeitam a doutrina bíblica da expiação (ver abaixo), puseram no lugar a suposição de que, quando doamos ou recebemos sangue, damos ou aceitamos uma porção da alma humana. Isso, dizem eles, é contrário ao mandamento para amar a Deus com toda a alma, estando também em conflito com o amar a outros como a nós mesmos.
Que isso é insustentável é evidente, pelo fato de todos podermos dispensar uma parte do nosso sangue e por algum tempo, sem prejudicar nossa vida física. Um homem que perdeu uma perna não tem por isso menos alma, nem perdeu parte da sua vida. Isso está mais do que claro e por si refuta a exegese do livrinho.
Este, porém, começa afirmando que a prática de se doar sangue tem "aumentado em dez vezes no último decênio, e em mais de cinqüenta vezes de 1938 para cá. Segundo o presidente da Associação Americana de Bancos de Sangue, só nos Estados Unidos há cinco milhões de transfusões de sangue por ano."
Segue-se uma série impressionante de declarações bem documentadas, de autoridades médicas altamente credenciadas, apontando os perigos da transfusão indiscriminada, tanto assim que a profissão médica fará bem em dar a devida atenção ao assunto. A transfusão de sangue é um fenômeno relativamente recente. O livrinho prova que é bem possível o paciente receber males desconhecidos e perigosos do sangue que lhe põem nas veias. Mostra também que em muitos casos alguma outra maneira de combater a enfermidade, sem sangue, tem se mostrado não só menos perigoso mas também inteiramente bem sucedido.
Nós, portanto, não endossamos a condenação geral do método médico de transfusão de sangue; ao contrário, sustentamos que em muitíssimos casos o método tem, indubitavelmente, impedido o progresso da moléstia e prolongado a vida sem prejuízo quer para quem doou, quer para quem recebeu.
Concordamos, porém, com os Testemunhas que, se alguém fizer objeção ao processo, ou porque não está disposto a tomar o risco físico, ou por causa de escrúpulos religiosos, nenhum tribunal humano tem o direito moral de obrigar essa pessoa a submeter-se contra suas próprias convicções conscienciosas, ou a sujeitar seu filho a esse tratamento.
Educar é uma cousa, obrigar é outra muito diferente.
Nossos filhos não pertencem ao Estado e sim aos pais.
 
Doutrina
 
Por todos esses motivos é tanto mais lamentável que os Testemunhas de Jeová continuem propagando, com zelo digno de uma causa melhor, sua doutrina plenamente antibíblico, e disseminando um ódio mortal contra todas as igrejas cristãs e contra tudo quanto representam.
Os ensinamentos dos Testemunhas têm sido chamados com acerto um sistema de negações. As provas dessa afirmativa constituirão a parte restante deste capítulo. Contudo, deve ser lembrado que este não é um livro de teologia sistemática (ou dogmátíca) ; por isso nossa refutação será breve e incompleta.
O erro fundamental do Russelismo, e que continua sendo promulgado pelos Testemunhas de Jeová, é o seu consumado racionalismo. Pode, ser que Schnell esteja exagerando quando diz que os Testemunhas apelam para apenas seis e meio por cento das Escrituras; o que é inegável é que eles, apesar de seu reiterado apelo para as Escrituras como sendo a mensagem inspirada de Deus, colocam seu próprio raciocínio acima da Bíblia, rejeitando tudo que, nas Escrituras, acham contrário à razão humana. Essa falha é fundamental e está à raiz de todas as suas negações.
Escreveu Russell: "Temos procurado colocar à vista o suficiente do alicerce sobre o qual toda a fé deve ser edificada - a Palavra de Deus - para dar confiança e segurança em seu testemunho, mesmo para o descrente. E temos procurado fazer isso de maneira que apele à razão e por ela possa ser aceito como fundamento. Então temos procurado edificar sobre esse alicerce os ensinamentos das Escrituras de tal forma que, quanto possível, o julgamento puramente humano possa conferir seus quadrados e seus ângulos pelas regras mais exigentes da justiça que possa encontrar." - Introdução dos Studies in the Scriptures (Estudos nas Escrituras).
Então, após ter declarado que a Bíblia é uma revelação vinda de Deus, ele acrescenta: "Examinemos o caráter dos escritos que se consideram inspirados, para ver se seus ensinos correspondem ao caráter que, razoavelmente, atribuímos a Deus."
Ora, deve ser evidente que a própria idéia de revelação divina a homens imperfeitos e pecaminosos implica na inclusão de cousas que a mente humana não poderia conceber sem a revelação. A própria natureza da incredulidade está nisto: que a mente rejeita aquilo que não pode, sem ajuda - ou seja, pelo raciocínio - aceitar.
 
A Trindade
 
A Trindade é negada em praticamente todos os seus escritos, e nos termos mais injuriosos. "A simples verdade é que essa é mais uma das tentativas de Satanás para impedir as pessoas tementes a Deus de aprenderem a verdade de Jeová e seu Filho, Cristo -Jesus. Não, não existe trindade." (Let God Be True, 2,B edição, pág. 111.)
Essa doutrina bíblica cardeal é quase sempre grosseiramente deturpada e incorretamente formulada pelos Testemunhas.
Embora a revista Awake! de 8 de outubro de 1961 cite a Confissão de Fé de Westminster: "Na unidade da divindade há três pessoas, de uma substância, poder e eternidade, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo," e ainda a Confissão de Augsburg: "Há uma essência divina que é chamada, e é, Deus ... contudo há três pessoas da mesma essência e do mesmo poder, que são também co-eternas:
Pai, Filho e Espírito Santo" - contudo a maior parte dos escritos russelitas falam em termos depreciativos dessa preciosa doutrina. O mesmo Let God Be True declara, na página 100: "A doutrina, em resumo, é que há três deuses em um só: 'Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo,' os três sendo iguais em poder, substância e eternidade."
E, na página 107: "O pensamento geral a respeito do 'Espírito Santo' é que se trata de um espírito-pessoa da 'Trindade' e igual a Deus e a Cristo em poder, substância e eternidade." Entretanto essas perversões não são nada diante da enormidade de um certo H. E. Pennock da cidade de Nova Iorque, "regularmente cedido ao corpo docente da I.B.S.A. (International Bible Student Associatíon)," cuja conferência sobre "Cousas que o Clero Nunca Conta" foi anunciado em um impresso como segue:
"Sem dúvida existem alguns clérigos que são realmente sinceros em pensar que Jesus foi seu próprio pai e que o Todo-poderoso é filho de si próprio; e que cada um desses é uma terceira pessoa que é igual às outras duas e contudo diferente delas."
 
O Senhor Jesus Cristo
 
Quando perguntamos por que os Russelitas se opõem tão violentamente à doutrina da Trindade, não temos que ir muito longe para achar a resposta. Não existe um único Testemunha de Jeová que se conheça por pecador perdido e que necessita de um Salvador sobrenatural. Daí esse sistema nega a divindade de Cristo com a mesma veemência com que nega a Trindade.
 
Preexistência
 
"Felizmente a Tradução Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs assim traduz João 1.1-2: 'Originalmente o Verbo era, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era um deus. Assim o Verbo ou Lagos veio a existir muito antes que uma das criaturas posteriores de Deus fizesse de si um diabo ... ' " - Let God Be True, pág. 33.
"A principal das criaturas de Deus debaixo dEle é seu filho que veio à terra, tomando o nome de Jesus. A Bíblia mostra que Esse vivera como criatura de espírito, no céu, antes de vir à terra." - This Good News of the Kingdom (Essa Boa Nova do Reino), 1954, pág. 6.
Esse espírito, ou arcanjo, o Verbo, então, tornou-se homem, viveu uma vida sem pecado, morreu em resgate de muitos e foi ressuscitado na qualidade de espírito.
 
Ressurreição e Ascensão
 
"Desmaterializando o corpo humano que havia assumido e voltando para seu estado invisível de espírito, Jesus em sua ascensão não correu riscos à sua vida tais como de faixas de irradiação em volta da terra ou raios cósmicos no espaço exterior. Enquanto que não ascendeu ao céu no corpo humano que Ele havia sacrificado e que deixou para sempre sobre o altar de Deus, Ele voltou para o céu com o mérito ou valor de sua vida humana que depusera pela humanidade moribunda." - Let Your Name be Sanctified, pág. 272.
 
Segunda Vinda
 
"Jesus Cristo volta, não mais como humano, mas como gloriosa pessoa de espírito. Ele é agora o reflexo da glória de Deus, a representação exata do próprio ser de Deus, e está sentado à mão direita da Majestade nas alturas ...
Vem, portanto, não na semelhança de homens, mas em sua glória celestial." - Let God Be True, pág. 196.
Deve ser evidente que tudo isso é contrário às declaraçções claras das Escrituras, tais como Filipenses 2.6 e Atos Para não nos tornarmos muito extensos, devemos resumir aqui como segue: Segundo os Testemunhas, Cristo voltou em 1914, "o tempo do fim dos gentios", e em 1918 veio para seu "Templo", que são os 144.000, com os quais Ele constitui "A Igreja", sendo Ele a cabeça e eles o corpo.
 
O Resgate
 
A teoria do resgate, dos Testemunhas, resumida em poucas palavras, vem a ser o seguinte: Jesus, o homem sem pecado, deu sua vida em "resgate", ou "aquilo que solta, ou liberta, providenciando livramento." O homem estava precisando de um resgate porque ele nasceu pecaminoso, imperfeito e sob sentença de morte.
Esse resgate não inclui Adão, porque ele pecou voluntariamente.
Mas é para todos os "homens fiéis", cujo "curso" determina que finalmente receberão benefício do sacrifício de Cristo. Os ímpios que o são voluntariamente não participam do resgate, porém "aquele que exerce fé no Filho tem a vida eterna." O resgate, pois, impõe àqueles que dEle quiserem auferir benefício a obrigação de "se informarem da misericórdia de Deus por Cristo Jesus," e a "permanecerem firmemente nessa confiança." (Let God Be True, págs. 112-121 passim.)
Essa doutrina auto-sotérica encontra-se através de toda a sua literatura. Russell escreveu: "O resgate por todos" não confere nem garante a vida ou bênção eterna a ninguém; o que garante a todos é uma nova oportunidade ou prova para a vida eterna" (Studies, II, 128). Escreveu também: "Precisam ser recuperados não só da morte mas também da cegueira, para que cada um de per si tenha oportunidade para provar, pela obediência ou pela desobediência, sua dignidade da vida eterna" (Studies, I, 158).
Rutherford escreveu: "Esse processo de restituição prosseguirá durante um período de mil anos, a saber, o período de reinado do Messias. Duranté esse tempo, cada um que é da estirpe de Adão, inclusive o próprio Adão, terá seu julgamento justo e imparcial para a vida em condições favoráveis" (World Distress, pág. 9). E ainda: "Mas à medida que ele se esforçar para purificar-se e ser obediente ao Senhor, ele será ajudado. Nada haverá a ímpedi-lo, porque a influência de Satanás será restringida" (Harp of God, pág. 339). A mesma doutrina reaparece em uma publicação de 1954: This Good News of the Kingdom (Essa Boa Nova do Reino) (pág. 12). Em tudo isso não existe o mais débil eco de: "Ele foi ferido pelas nossas transgressões" (Isaías 53.5) ou de "Cristo morreu por nossos pecados" (1 Coríntios 15.3).
 
O Espírito Santo
 
A negação da Trindade, como é evidente, envolve também os Testemunhas na rejeição da personalidade divina do Espírito Santo, apesar do fato de as Escrituras atribuindolhe os predicados da personalidade, como sejam: inteligência (1 Co 2.10); vontade (1 Co 12.11), e descrevendo-o como Pessoa divina com nomes divinos (1 Co 3.16; 2 Co 3.17; Mt 28.19; At 5.3), obras divinas (SI 104.30 - criação; Sl 139 _ onipresença), honra divina (2 Co 13.14; Mt 12.31).
"O santo espírito, porém, não tem nome pessoal. A razão disso é que o santo espírito não é uma pessoa inteligente.
Trata-se de uma força impessoal, invisível e ativa, que encontra sua fonte e seu abastecimento em Deus Jeová e que este emprega para executar a sua vontade" (Let Your Name Be Sanctified, pág. 269).
 
Escatologia
 
"Cristo voltou invisivelmente à terra em 1914, que marcou o fim do tempo dos gentios e o início do tempo do fim do reinado de Satanás, e, portanto, o tempo em que Cristo Jesus, o reto Governador do novo mundo, recebeu o domímo." Em 1918 Cristo "veio para o templo espiritual como mensageiro de Jeová e começou a purífícá-lo ... Isso marcou o início do período de julgamento e inspeção de seus seguidores gerados em espírito." "Os cristãos falecidos, dormindo nos sepulcros, foram ressuscitados com corpos de espírito para reunir-se a Ele no templo espiritual. Os cristãos ungidos e vivos sobre a terra não poderiam preceder aqueles que dormiram na morte, mas são obrigados a continuar mantendo sua integridade até sua própria morte.
Quando morrer esse remanescente sobre a terra, não terão que dormir aguardando a volta de seu Mestre, mas receberão transformação imediata para a vida de espírito." "Desde o tempo de Jesus até agora, a seleção de membros do reino celestial prossegue, e hoje, após dezenove séculos de seleção, ainda há um pequeno resto dos 144.000 sobre a terra."
Entrementes prossegue o processo de prova do mundo.
As "ovelhas" estão enfileiradas para a vida eterna aqui sobre a terra. Os "bodes" são destinados à destruição, ao aniquilamento.
Que é que determina a classe a que pertencemos, a das ovelhas ou a dos bodes - Nossa atitude para com o remanescente dos Testemunhas ungidos de Jeová e sua mensagem do governo teocrático. "A separação agora do povo como suas 'outras ovelhas' e como 'bodes' faz parte do sinal composto de que Cristo já voltou e está presente como Rei."
Além da "ressurreição celestial dos 144.000," haverá "uma ressurreição terrestre." Isso será logo depois do Armagedom, a: grande batalha em que o Senhor destruirá "a organização de Satanás." "Não haverá necessidade de que os servos de Deus sobre a terra tomem parte na luta. Cristo Jesus guiará o exército celestial dos anjos de Jeová no ataque final contra Satanás e sua organização, destruindo-a completamente e libertando a humanidade obediente em um novo mundo de justiça. Acabar-se com este sistema de cousas dessa forma é a única maneira de livrar o mundo do mal e dar lugar para que' a paz e a justiça floresçam.
Isso só podia ser feito pelo Deus Todo-poderoso, Jeová.
No fim do milênio Satanás e seus demônios são soltos para provar a fé e integridade dos que estão sobre a terra.
"Com sua atitude mental inalterada, ele de novo procurará usurpar a posição de Jeová, da soberania universal, e voltar toda a humanidade aperfeiçoada contra Deus. Alguns serão enganados, ... os que apoiarem Satanás serão, juntos com o próprio Diabo, lançados no 'lago de fogo e enxofre ...'
São afogados em eterna destruição, e para eles não há ressurreição.
Seguir-se-á "um mundo isento das feições adãmicas da morte, enfermidade, sofrimento, lágrimas ou contusão religiosa... Permanecerá, não por mil arios, nem um milhão nem mesmo um bilhão de anos, mas para sempre."
O inferno, segundo essa escatalogia, consiste meramente na "destruição eterna". Essa inexistência, seguindo-se à aniquilação, é "castigo eterno". É isento de todo o sofrimento, ao contrário das palavras de Jesus em Marcos 9.47-48. Geena, de acordo com esse sistema é simples ausência de ser. Não há nenhuma "fumaça do seu tormento" como em Apocalipse 14.11.
Sheol ou Hades, que as versões antigas da Bíblia traduziam sempre por "inferno", é na realidade uma palavra pitoresca para representar o estado de separação, a saber, entre o corpo e a alma que se foi. Daí, Sheol significa às vezes a sepultura (por exemplo: em Gn 42.38; Ec 9.10); outras vezes é o lugar onde a alma permanece em estado consciente (por exemplo: Ez. 32.21). A afirmação russelita de que Shool (Novo Testamento: Hades) significa sempre a sepultura, é assim refutada pelas Escrituras.
Esse erro também se revela através da história do rico e Lázaro em Lucas 16. Os Testemunhas dizem que o rico nessa "parábola" representa a nação judaica que está "em condição de tormento desde a destruição de Jerusalém."
Mas mesmo que isso fosse verdade, o Senhor não teria comparado esse estado de tormento com o Hades se o Hades fosse simplesmente um lugar de inconsciência ou de virtual inexistência.
Os Testemunhas aqui corromperam ainda mais o ensino dos Adventistas do Sétimo Dia, que também nega o tormento eterno. A Sra. White e seus seguidores têm pelo menos ensinado que a destruição eterna será precedida de um período de castigo conscientemente sofrido.
Podemos omitir outras heresias que são de menor significado para não enfadar o leitor deste breve tratado. Entre elas está o erro que afirma que o homem é uma alma: não possui uma alma. Assim, quando morre, deixa de existir (nada de dor ou "tormento" no porvir!) e por isso terá de ser literalmente criado de novo. É evidente que isso está em desacordo com toda a Escritura que ensina que o homem é um ser que possui tanto alma como corpo (ver Números 21.4: "a alma do povo"; Mateus 26.38: "minha alma está... triste"). O estado consciente da alma no porvir é claramente ensinado em Filipenses 1. 21-23.
Finalmente, para esse sistema auto-sotérico, o batismo (por imersão) significa apenas "a completa dedicação do Testemunha para fazer a vontade de Jeová." É tudo de homem, ao invés da graça de Deus. Nada há que lembre Romanos 6.1-4 ou Gálatas 3.27.
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