OS PERIGOS DA VIDA ANÍMICA

 As manifestações da vida da alma geralmente podem ser

classificadas em quatro divisões:
- força natural;
- envaidecimento, dureza e inflexibilidade para com Deus;
- sabedoria própria, com muitas opiniões e planos;
- busca de sensações emocionais nas experiências espirituais.
Essas manifestações se devem ao fato de que a vida da alma é o eu,
que, por sua vez, é força natural, e que as faculdades da alma são a
vontade, a mente e a emoção.
Devido à existência dessas diversas faculdades na alma, as
experiências dos cristãos anímicos serão bastante diferentes de um para
outro. Alguns se inclinam mais à mente, enquanto que outros à emoção ou
à vontade. Portanto, embora as posturas, sejam altamente diferentes, todas
elas são, não obstante, posturas anímicas. Os que tendem à mente podem
discernir a carnalidade daqueles que operam pela emoção, e vice-versa.
Entretanto, ambos pertencem à alma.
O que é absolutamente vital para os crentes é ver que têm que
conseguir que sua verdadeira condição seja exposta pela luz de Deus, para
que eles mesmos possam ser libertados pela verdade, em vez deles
julgarem aos outros com novo conhecimento. Se os filhos de Deus não
tivessem desejado usar sua luz para sua própria iluminação, seu estado
espiritual não seria tão baixo hoje.
A indicação mais proeminente de ser anímico é uma busca,
aceitação e propagação mental da verdade. Para os cristãos desse tipo, a
experiência espiritual mais elevada e a verdade mais profunda servem só
para cultivar sua mente. Isso não significa, necessariamente, que o andar
espiritual do crente não seja, de certa forma, afetado positivamente; mas
denota, certamente, que o motivo primário é a gratificação da mente.
Apesar dos crentes dominados pela faculdade mental verdadeiramente
terem um grande apetite pelas coisas espirituais, contudo, para a
satisfação desta fome, dependem mais de seus pensamentos que da
revelação de Deus.
Gastam mais tempo e energia calculando do que orando.
A emoção é o que os crentes mais confundem com a espiritualidade.
Os cristãos carnais, cuja tendência é de caráter emocional, habitualmente
desejam ter sensações. Desejam sentir a presença de Deus em seus
corações e em seus órgãos sensoriais; desejam sentir o fogo ardente do
amor. Querem sentir-se elevados em sua vida espiritual, ser prósperos na
obra.
É verdade que os crentes espirituais às vezes têm estas sensações,
mas seu progresso e gozo não é contingente delas.
Os anímicos são muito diferentes a esse respeito; com tais sensações
podem servir ao Senhor; sem elas, conseguem apenas dar um passo.
Uma expressão muito comum do andar anímico se manifesta na
vontade: o poder da auto-afirmação. Por meio dela, os crentes que vivem
na alma fazem do eu o centro de todo pensamento, palavra e ação.
Querem conhecer para sua satisfação, sentir para seu deleite, trabalhar
conforme o seu plano. O eixo de sua vida é o eu, e o objetivo último e
definitivo é glorificar a si mesmos.
Previamente vimos que o termo «alma» na Bíblia é traduzido
também por «criatura vivente» ou «animal». Simplemente conota «vida
animal». Isso deveria nos ajudar a ver como se expressa o poder da alma.
A frase mais apropriada que poderíamos selecionar para descrever a vida
e obra dos crentes anímicos é «atividades animais» ou «vivacidade
animal»: muitos planos, muitas atividades, pensamento confuso e
emoções misturadas; todo o ser, tanto por dentro como por fora, é
agitação e tumulto. Quando a emoção é ativada, o resto do ser a segue de
modo natural. Mas se a emoção está deprimida ou a sensação se esfriou, a
mente permanece agitada ou estimulada por sua própria conta. O andar
do cristão carnal se caracteriza pelo movimento perpétuo, se não de
atividade física, pelo menos da vivacidade mental ou emocional.
Esse modo de andar manifesta «vivacidade animal»; está muito
longe de comunicar a vida do espírito.
Podemos resumir isso dizendo que a tendência da alma caída é a de
fazer os crentes andarem segundo seu poder natural, servirem a Deus com
sua força e conforme a suas idéias, desejar sensações físicas no
conhecimento do Senhor ou no experimentar da Sua presença, e
compreender a Palavra de Deus com o poder de sua mente.
A menos que um cristão tenha recebido de Deus uma visão clara de
seu eu natural, indubitavelmente vai servir a Deus com a energia de sua
vida criada. Isso inflige grande dano à sua vida espiritual e resulta em dar
poucos frutos verdadeiramente espirituais. Os crentes têm que ver, por
meio do Espírito Santo, a ignomínia de efetuar trabalho espiritual com o
poder da criatura. Da mesma maneira que consideramos reprovável que
um filho ambicioso se adule a si mesmo, similarmente, Deus considera
nossa «atividade animal» no serviço espiritual como uma insolência. Que
possamos ser ricos na experiência de nos arrependermos até o pó, em vez
de esforçar-nos por obter o primeiro lugar diante dos homens.
A LOUCURA DOS CRENTES
Inúmeros santos estão cegos ao dano inerente da experiência
anímica. Consideram que basta resistir e rejeitar os atos evidentemente
pecaminosos da carne porque contaminam o espírito, mas, ao mesmo
tempo, não vêem problema em andar pela energia da alma que
compartilham com todos os homens e animais.
Que mal pode haver em que nós, os homens, vivamos segundo
nossas forças naturais, desde que não pequemos? Enquanto os
ensinamentos da Bíblia em relação à vida da alma não toquem seus
corações, serão incapazes de ver alguma razão para negar essa vida. Se,
por exemplo, cometem uma grande transgressão contra a lei de Deus e O
ofendem, definitivamente sabem que é mau; mas se esses mesmos crentes
fazem tudo o que podem para ser bons e para inspirar sua virtude inata,
como — se perguntam — pode haver objeção a isso? Ao executar a obra
de Deus não podem fazê-lo zelosamente nem depender de sua força, mas
pelo menos — dizem — o que fazem é a obra de Deus! Possivelmente
muitos desses esforços não sejam designados por Deus; entretanto, essas
atividades não são pecaminosas — insistem esses crentes —, mas são sim ,
em geral, excelentes! Que ofensa pode haver nesse tipo de trabalho? Se
Deus concedeu dons e talentos em abundância, por que nós não podemos
trabalhar com eles? Não temos que empregar nossos talentos? Se não
temos talentos não podemos fazer nada; se tivermos talentos, não
devemos empregá-los em cada oportunidade que tenhamos para fazê-lo?
Seu raciocínio segue por outro caminho: nós, naturalmente, faríamos
mal se descuidássemos da Palavra de Deus, mas será que é errado que nós
esquadrinhemos diligentemente o significado das Escrituras com nossa
mente? Pode haver algum pecado em ler a Bíblia?      LER MAIS...
 

 

 

 

 

 

 

 

 

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