DAVI É UNGIDO

 

Examinando as Escrituras Sagradas vemos como o bendito Deus tem sempre feito com que saia bem do mal. Foi causa de pecado Israel ter rejeitado o seu Rei Jeová e eleito um homem para reinar, e nesse homem, o primeiro a ma- nejar o cetro sobre Israel, eles tiveram de aprender como era vão o auxílio do homem. O Senhor ia agora fazer com que do pecado e loucura do Seu povo saíssem ricas bênçãos.
Saul fora deposto, segundo os desígnios de Deus; havia sido pesado na balança e fora achado em falta; o seu reino ia passar da sua mão" e um homem segundo o coração de Deus estava prestes a sentar-se no trono, para glória de Deus e bênção do Seu povo. «Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado para que não reine sobre Israel?» (I Sam. 16:1). Estas palavras mostram o sofrimento secreto de Samuel por causa de Saul durante o longo período da sua separação dele. Lemos no último versículo do capítulo 15 do I Livro de Samuel, «E nunca mais viu Samuel a Saul até ao dia da sua morte; porque Samuel teve dó de Saul». Isto era natural. Havia muito de afeição (profundo afeto) para o coração na queda melancólica deste homem infeliz. Ele havia dado lugar uma vez ao brado de Israel: «Viva o rei!» Muitos, cheios de entusiasmo, indubitavelmente, haviam confiado no homem que «era mais alto do que todo o povo», mas agora tudo havia desaparecido; Saul fora rejeitado, e Samuel foi constrangido a tomar uma atitude de inteira separação dele, visto que Deus o havia posto de parte. Era o segundo magistrado que Samuel tinha a sorte de ver des- tituído do seu cargo: havia sido portador de más novas para Eli, no princípio da sua carreira; e agora, no fim dela, fora chamado para anunciar a Saul o juízo do céu contra a sua carreira. Contudo, Samuel foi chamado para compreender os pensamentos de Deus quanto a Saul. «Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado?» A comunhão com Deus leva-nos sempre a aquiescer com os Seus caminhos. O sentimentalismo pode lamentar a queda da grandeza, porém a fé agarra-se à grande verdade que o conselho d,:
Deus permanecerá infalivelmente, e o Senhor fará toda a Sua vontade. A fé não verteria uma lágrima por Agag, quando ele foi feito em pedaços perante o Senhor, nem tão-pouco choraria por causa de Saul ter sido rejeitado, porque está sempre de harmonia com o propósito de Deus, quer esse propósito abandone ou exalte seja quem for. Mas, ah! existe uma grande diferença entre o sentimentalismo e a fé; enquanto o sentimentalismo se deprime em lágrimas, a fé eleva-se acima do sentimentalismo e mantém o coração em doce paz.
É conveniente ponderarmos este contraste. Estamos sempre prontos a ceder ao sentimentalismo, o qual é por vezes verdadeiramente perigoso. Na verdade, visto ser da natureza, deve ser pecado na sua atuação, ou, pelo menos, deve flutuar numa corrente diferente dos pensamentos do Espírito de Deus. Ora, o remédio eficiente contra a atuação peca- minosa do sentimentalismo é uma convicção forte, profunda, e permanente na realidade dos propósitos de Deus.
Em vista disto, o sentimentalismo murcha e morre, en- quanto que a fé vive e floresce na atmosfera do propósito de Deus. A fé diz, «graças te dou, ó Pai», por todos os acontecimentos e circunstâncias, propósitos e desígnios, os quais, sob todos os aspectos, dão o golpe de misericórdia em todas as emoções do sentimentalismo. Este princípio pre- cioso é mostrado do modo mais impressionante no versículo já reproduzido, «até quando terás dó de Saul. .. enche o teu vaso de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque de entre os seus filhos me tenho provido de um rei». Sim, «até quando terás dó?» Esta é a questão. O sofri- mento humano tem de continuar até o coração encontrar repouso nos recursos preciosos do bendito Deus. Os muitos espaços vazios que os acontecimentos humanos deixam no coração só podem ser cheios pelo poder da fé naquela pala- vra preciosa, «tenho-me provido». Isto resolve realmente todas as coisas. Limpa as lágrimas, alivia as dores, e enche o vácuo do coração. Logo que o espírito descansa na provi- são do amor de Deus acabam todas as lamentações. Pos- samos nós conhecer o poder e a aplicação desta verdade; possamos nós saber o que importa termos as nossas lágri- mas limpas, e o nosso vaso cheio da convicção da porção sábia e misericordiosa do nosso Pai celestial. Isto é uma bênção rara; é difícil chegar-se inteiramente acima da região do pensamento e sentimentos humanos. Até mesmo Samuel argumentou com a ordem divina e manifestou demora em seguir o caminho da simples obediência. O Senhor disse, vai; porém, Samuel disse: «Como irei eu?» Que estranha pergunta! E todavia como ela revela inteiramente o estado do coração humano! Samuel tinha-se afligido por causa de Saul, e, agora, ao ser-lhe dito para ir ungir outro para ocupar o seu lugar, a sua resposta é: «Como irei eu?» Ora, podemos estar certos de que a fé nunca diz isto. A palavra «como» não existe no vocabulário da fé. Não, tão depressa a ordem divina marca a senda, a fé voa através dela, em obediência, indiferente às dificuldades.                        LER MAIS...

 

 

 

 

 

 

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