DAVI, E A CONSPIRAÇÃO

 Vamos seguir outra vez Davi no vale da sua humilhação - um profundo vale, na verdade, no qual se vêem pecado doloroso e os seus frutos amargos. É realmente ma- ravilhoso seguir os passos deste homem notável. Tão depressa a mão do amor o restaura e põe os seus pés outra vez sobre a rocha, ele lança-se outra vez nos recessos da corrupção. Acabamos de ver como o seu erro quanto à casa de Deus foi graciosamente corrigido, e agora vêmo-lo preso com as cadeias do desejo carnal. Tal é, enfim, o homem: uma pobre criatura hesitante e inconstante, que necessita a cada momento da graça e da paciência divinas.

Até a história do crente mais fraco mostrará, embora numa escala diminuta, toda a escabrosidade, disparidade e inconsistência notadas na vida de Davi. Em boa verdade é este fato que torna as narrativas da sua vida e época tão interessantes.

Onde está o coração que é livre dos ataques do poder da incredulidade que obrigou Davi a buscar refúgio junto do rei de Gath? ou livre de idéias errôneas acerca do ser- viço do Senhor, como Davi, que procurou edificar uma casa para o Senhor antes do tempo próprio? ou isento de emoções de complacência própria e vaidade, como Davi, quando procurou numerar o povo? ou da sensualidade, como David no caso de Urias, o heteu? Um tal coração não terá muito interesse em conhecer os pormenores da vida de Davi. Contudo, bem sabemos que o leitor não tem um coração assim, porque onde quer que haja um coração humano, há também a susceptibilidade de tudo que tenho enumerado, e, portanto, a graça que valeu a Davi deve ser preciosa para todo o coração que conhece qual é o seu próprio lugar.
A parte da história que vamos agora prosseguir é extensa e abrange muitos princípios de experiência cristã e actuação divina. Os fato do caso são, sem dúvida, do conheci- mento de todos; todavia parece ser muito útil considerá-los de perto. O pecado de Davi levou à conspiração de Absalão. «E aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem para a guerra, enviou Davi a Joabe e a seus servos com ele, e a todo o Israel, para que destruíssem os filhos de Amon, e cercassem a Raba; porém David ficou em Jerusalém» (2 Samuel 11:1). Em vez de se pôr à frente do seu exército, tomando parte nos trabalhos e canseiras da guerra, David ficou comodamente em casa. Mas isto dava uma vantagem ao inimigo sobre ele. Logo que um homem deixa o seu lugar de dever, ou abandona o lugar do conflito, torna-se fraco. Um tal homem põe de parte a sua armadura e será indubitavelmente ferido pelas flechas do inimigo. Enquanto está ocupada no trabalho do Senhor, seja que espécie de trabalho for, a natureza é conservada sob pressão; porém logo que está ociosa, começa a operar e cede à acção e à influência das coisas exteriores. Devemos ponderar isto muito seriamente. Satanás terá sempre à mão mal para os corações e as mãos ociosas. Davi teve que sentir isto mesmo. Se ele tivesse ido com o seu exército para Raba os seus olhos não teriam caído sobre um objeto calculado para atuar sobre o princípio corrupto que havia nele; porém o próprio ato de ficar em casa ofereceu ao inimigo um ensejo de cair sobre ele.        LER MAIS...

 

 

 

 

 

 

 

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