O Sacerdócio Cristão

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que outrora nem éreis povo, e agora sois de Deus; vós que não tínheis alcançado misericórdia, e agora a tendes alcançado."

1ª Pedro 2. 9-10:

"João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça a vós e paz da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;  e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém."

Apocalipse 1. 4-6.

Nestes dois textos que temos escolhidos para ser o cabeçalho de nossas considerações, podemos observar uma concordância dos apóstolos Pedro e João sobre uma doutrina fundamental das Escrituras Sagradas. A doutrina do sacerdócio de todos os crentes.

A primeira epistola do apostolo Pedro é dirigida aos estrangeiros da dispersão. Ou seja, na época em que esta carta foi escrita estava havendo uma grande perseguição por parte do império romano a igreja, os crentes estavam dispersos, devido a este fato, veja 1ª Pe 1. 1-2. Então, o apostolo Pedro se dirigindo a cada um destes cristãos dispersos, ele trata de uma verdade esquecida durantes muitos séculos no meio da cristandade professa, mas que fora resgatada por volta do século XVIII, pelos assim chamados “pioneiros” do “movimento dos irmãos”. A verdade do sacerdócio cristão. Observe que o apostolo Pedro na direção do Espírito Santo diz claramente, “Vos (Vocês) sois... o (singular) sacerdócio real,...”. Ele não diz que os crentes da dispersão era um sacerdócio, mas o sacerdócio. Ele também não diz que os presbíteros eram sacerdotes, mas sim todos os crentes que naquela época estavam dispersos por causa da perseguição eram o sacerdócio real. Ele trata do assunto do presbitério no capitulo cinco desta carta, mas em nenhum momento o vemos colocando os presbíteros numa posição de destaque, ou de mediação acima dos demais cristãos da dispersão.

Já o apostolo João endereçando o livro de Apocalipse às sete igrejas da Ásia, que num consenso geral representam profeticamente os sete períodos da igreja na terra. Ele descreve que o Senhor Jesus Cristo é “ Aquele que nos ama e em seu sangue nos lavou de nossos pecados, e nos constituiu para o seu Deus e Pai reino e sacerdotes”.

Ou seja, João na direção do Espírito Santo ao endereçar o seu livro às igrejas, ele destaca que todos os membros da igreja desde o dia de Pentecostes até o arrebatamento são reino e sacerdotes de Deus Pai, e esta posição nos foi conferida por intermédio do sacrifício vicário do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário.

Todas as pessoas que um dia se arrependeram de seus pecados, e aceitaram pela fé o sacrifício vicário do Senhor Jesus Cristo na Cruz do Calvário, como o único meio de reconciliação com Deus. Entregando assim totalmente as suas vidas ao Senhorio de Cristo. No momento em que estas pessoas converteram ao Senhor elas se tornaram sacerdotes de Deus. Desde o mais velho ao mais novo, seja homem ou mulher, erudito ou analfabeto, sendo rico ou pobre. Cada um de nós que nascemos de novo pela fé na Pessoa e Obra do Senhor Jesus Cristo neste momento singular na historia particular de cada um de nós, nos tornamos sacerdotes do Senhor. Cada verdadeiro crente, cada irmão, cada irmã é um sacerdote de Deus. Não importa o que os teólogos dizem, não importa o que se vê, e o que se ouve na cristandade professa, não importa o que as pessoas gostam ou apreciam. Você meu prezado irmão e irmã é um sacerdote, e ninguém pode mudar este fato, nem mesmo você.

Mas talvez você esteja se perguntando: Porque estamos estudando este assunto? Qual é a importância de saber que sou um sacerdote? O que isto vai mudar em minha vida? É errada esta distinção de clero e leigo no meio da cristandade?

Bom, para encontrarmos as respostas a estas perguntas vamos dividir o nosso estudo em três partes.

I. As razões de estudarmos sobre o sacerdócio de todos os crentes.

II. Combatendo a heresia do clericalismo.

III. As características de um sacerdote.

I. As razões de estudarmos sobre o sacerdócio de todos os crentes.

São inúmeras as razões pelas quais devemos estudar sobre este fato solene das Escrituras. Porém vamos destacar pelo menos as três razões mais importantes.

1. A grande confusão dos nossos dias.

Nós vivemos nos tempos difíceis, como diz o apostolo Paulo em 2ªTimóteo 3. 1. Existe uma grande confusão, sobre varias doutrinas fundamentais do cristianismo Bíblico. Muitas pessoas vêm à variedade de denominações religiosas como algo bom, positivo.

Mas na realidade este nunca foi o desejo de Deus para a sua igreja. Todas estas divisões são o resultado da ação do inimigo de nossas almas em conjunto com a carnalidade humana. Uma vez que haja este grande emaranhado de denominações religiosas, então também há um grande conflito de ideias, pensamentos e filosofias. Mas se eu e você que um dia nos arrependemos de nossos pecados e cremos no Senhor Jesus, queremos saber a verdade sobre qualquer assunto bíblico, a fonte mais segura será a própria Bíblia. Aliás, o próprio Senhor Jesus Cristo quando intercede por nós na oração, chamada de Oração Sacerdotal, roga ao Pai: “Santifica-os na verdade, a Tua Palavra é a Verdade”, João 17. 17.

Então para que cada um de nós entenda sobre este assunto, ou qualquer outro das Escrituras Sagradas, nossa fonte não deve ser o costume, a tradição, os pensadores, os pais da igreja, os grandes pregadores, os reformadores e etc. Mas sim a própria palavra de Deus. É através dela que Deus nosso Pai nos purificará de todo erro, e de todo engano.

Dependendo da denominação eles vão dizer que o seu clero são os substitutos dos apóstolos. Outra dirá para você, que seus lideres embora estejam numa posição acima das pessoas comuns “leigos”, eles são subordinados as Escrituras Sagradas, então são pessoas de confiança. Algumas denominações acreditam que seus ministros podem perdoar pecados, outra que somente Cristo o pode fazer, mas que seus lideres são os responsáveis por conduzir o rebanho, tendo autoridade delegada para realizar todo o cerimonial litúrgico, como batismo, “santa ceia”, casamentos e etc.

Nos nossos dias tem alguns que se auto proclamam homens consagrados, e superpoderosos que podem realizar curas, milagres, expulsar demônios quebrar maldições e etc.

Há uma hierarquia, no topo estão o “papa”, “bispo supremo”, “apostolo”, “pastor presidente”, ou seja, cada denominação tem o seu chefe supremo. Logo abaixo vêm os subordinados, ai também varia conforme a denominação, “cardeais”, “bispos”, “pastores regionais”. Depois vêm ainda os “padres”, “pastores locais”, então têm os “presbíteros”, “diáconos” chamados também de “obreiros” e por último os leigos, que são literalmente os sem conhecimento, ignorantes, indoutos.

Mas talvez você esteja pensando, isto é forma de governo, o que tem de mais? Bom eu já ouvi muitas pessoas quando questionados a respeito desta heresia perniciosa, darem este tipo de desculpa. Mas há uma diferença muito grande entre governo da igreja a luz do Novo Testamento, e a distinção de clero e leigo praticado no cristianismo professo.

Um é a forma pela que Deus deseja governar suas igrejas locais, outra é invenção humana que atrai todo o tipo de pessoas inescrupulosas para tirar proveito da falta de conhecimento bíblico da maioria das pessoas.

Diante de tamanha confusão, e de tamanho conflito de ideias, o que eu e você devemos fazer para compreendermos a verdade sobre este assunto, é deixarmos todo o pressuposto argumento denominacional, ou tradicional religioso de lado, e irmos com uma mente aberta, em espírito de oração e dependência do Senhor, procurar na palavra de Deus a verdade sobre este assunto.

A Bíblia Sagrada, a palavra de Deus ainda é o meio pelo qual Ele deseja revelar-nos a sua vontade, inclusive em relação a este assunto.

2. A acomodação da maioria dos crentes.

Assim como vivemos na espoca da confusão religiosa, também vivemos na época da mornidão de Laodicéia. Época onde o relativismo impera no meio da cristandade professa. Onde os crentes só servem o Senhor no domingo durante as reuniões da igreja local, ou de sua respectiva denominação. Onde ser crente é somente viver de aparências sem ter a realidade de um relacionamento serio, diário, sincero e real com o Senhor Jesus Cristo. É comum vermos pessoas dizendo, “ah o culto foi abençoado hoje”, “que ministério de louvor bonito”, “que pastor abençoado”. Mas no seu dia a dia eles não falam com Deus em oração, não lêem a palavra de Deus, não obedecem aos seus ensinos, não dão um bom testemunho de vida no seu convívio diário com as demais pessoas.

Quando confrontadas com a palavra do Senhor, elas dizem: “Minha parte já fiz, eu fui à igreja, dei o dizimo, pedi oração para o meu pastor, e etc.”. Existem igrejas locais, que aparentemente reúnem nos moldes do Novo Testamento, que estão à procura de um “obreiro de tempo exclusivo” para poder trabalhar entre eles, pois não estão tendo quem assuma os ministérios públicos da igreja local. Às vezes fazem até propostas de altos salários para estes “obreiros”, e muita das vezes irmão que foram realmente chamados para dedicarem suas vidas exclusivamente a Obra do Senhor, são tentados a irem para estas igrejas, deixando a obra onde o Senhor os colocou, para viver no conforto de ser sustentado por uma igreja, mas ao mesmo tempo tendo que sacrificar seu ministério sendo pressionado a negociar as verdades da palavra de Deus. Ou então seu sustento será cortado, e a igreja que o convidou, “contratará”, quer dizer convidará a outro “obreiro” caso este não sucumba às exigências da desta.

Será que se todos os irmãos e irmãs assumissem suas posições diante do Senhor de sacerdotes Dele, haveria esta necessidade nas igrejas locais de ter que praticamente “contratar”, digo, convidar “obreiros” para trabalhar em seu meio. Um dos motivos de ter “obreiros”, se auto intitulando “pastores” nos nossos dias é com certeza este fato. Ou seja, muitos de nós não estamos querendo trabalhar na Obra do Senhor, e estamos jogando as nossas responsabilidades nos outros, e aparentemente é sempre mais fácil jogar a responsabilidade no outro, principalmente se eu estou pagando ele para fazer o meu trabalho.

Não estou dizendo com isto que as igrejas locais que recomendaram um irmão a Obra do Senhor por tempo exclusivo, que ela não tenha que apoiá-lo financeiramente. Claro que elas têm, alias isto é um ensino bíblico, mas isto não significa que porque na igreja local onde eu me reúno tem irmãos que foram recomendados a Obra do Senhor por tempo exclusivo que eu tenha que cruzar os braços e exigir deles trabalhar, por que o dinheiro das minhas ofertas está sendo usado para sustentá-los financeiramente.

Se você observar o sacerdócio no período da lei, o único móvel que Deus não ordenou que os israelitas fizessem na construção do Tabernáculo foi uma cadeira, pois durante o período que eles tivessem ministrando ali, eles não podiam parar, pois sempre tinha atividades para realizarem ali entre um sacrifício e outro. O que indica que cada cristão, como um sacerdote do Senhor, se não realizar o seu serviço na Obra de Deus, por mais simples que seja este serviço, ele terá prejuízo na sua vida espiritual, e também estará dando um grande prejuízo na Obra de Deus.

3. O abandono das verdades neotestamentarias.

Ou seja, quando vários irmãos do Reino Unido no século XVIII, insatisfeitos com os abusos e desvios de suas denominações na época. Começaram a reunirem-se uma vez por mês para o estudo das Escrituras Sagradas, eles redescobrirem inúmeras verdades que há muito haviam sido esquecidas. Eles começaram a reunir conforme o modelo de igreja que aparecem no Novo Testamento, abandonando assim o sistema religioso denominacional, principalmente por causa da distinção de clero e leigos. E muitos destes irmãos eram “ministros ordenados”, por suas denominações de origem; como John Nelson Darby, George Müller, Antony Norris Groves, e etc.  Eles abandonaram o conforto e o status que os cargos ordenados que possuíam lhes conferiam, para poderem reunir-se na pureza e simplicidade do modelo Neotestamentario de igreja.

Porem, nós vemos, nos dias de hoje um afastamento crescente das igrejas locais, conhecidas no nosso país como, “igreja cristã evangélica”, “casas de orações”, ou “igreja dos irmãos”.

São muitos os locais onde vemos de uma maneira sutil, e às vezes até de maneira escancaradas desvios dos princípios Bíblicos para organização de igrejas locais. Por exemplo: o sistema de igreja mãe e congregações, que se assemelham muito ao sistema de sede, e filiais das denominações; igrejas dando mais ênfase ao período musical nas reuniões da igreja, que erroneamente são chamados de período de louvor, no lugar de valorizar a leitura e ensino da palavra de Deus; irmãos ostentando o titulo de “presbítero”, “obreiro”, “missionário”; igrejas que quando um irmão manifesta o chamado para servir ao Senhor em tempo exclusivo, os manda para um seminário, afastando esse irmão do seio da igreja local, onde ele deveria ser treinado, colocando-o numa situação perigosa onde o conhecimento intelectual pode levá-lo ao ensoberbecimento.

E o mais grotesco deles é de pessoas que outrora defendiam a são doutrina, e o modelo neotestamentario se autopromovem “pastores”, e muita das vezes causando rachaduras terríveis no meio do povo de Deus. Então para de alguma forma tentar impedir que estas heresias se tornem algo comum em nossas igrejas, precisamos nos levantar e falarmos abertamente combatendo esta pratica perniciosa e perversa.

II. Combatendo o clericalismo.

Uma das maiores e mais prejudiciais heresias que foram introduzidas no meio do cristianismo professo foi esta distinção de clero e leigo. Talvez você esteja achando muito forte a minha afirmação, mas é a mais pura verdade. Eu não tenho a intenção de ofender ninguém embora provavelmente já o tenha feito em algum dos pontos que escrevi acima. Não é meu objetivo criticar, ou ofender alguém. Mas simplesmente expor o erro e desafiar a você a praticar a verdade, para que nós, eu e você juntos como servos do Senhor, remido e lavado pelo Seu precioso Sangue voltemos à prática daquilo que foi praticado pela igreja primitiva, e que foi redescoberto pelos primeiros irmãos no Século XVIII.

1. A origem do clericalismo.

Muitos irmãos que são recém convertidos se sentem atraídos pelo sistema religioso denominacional, e muita das vezes questionam nosso modo de reunir pelo fato de não termos um “líder”, um “guia”, um “pastor” no sentido que é comumente usado pelas denominações. Geralmente ouvimos o questionamento: “Porque nós não temos pastor?”, “Porque as denominações são organizadas e nós não somos?”. Isto porque muita gente confunde ordem com organização. E estes questionamentos revelam certa insatisfação por parte destes irmãos que são ainda recém convertidos. E o pior ainda é o fato de irmãos “maduros” também tenderem para este tipo de questionamento. Talvez seja porque aparentemente este tipo de sistema governamental seja atraente para a carne, a natureza pecaminosa humana, um dos fatos que explica o crescimento numérico muito rápido de uma denominação.  Então nestes casos muitos “irmãos experimentados” seduzidos pelo resultado aparente das denominações, adotam praticas que os colocam acima dos demais. E até ostentam títulos para transparecer este destaque.

Porem este problema não é novo, ele tem sua origem já no Novo Testamento. A igreja primitiva sofreu este tipo de ataque lá no inicio.

Em Atos 20. 17, 28-30 nos lemos: “E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja...  Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois [da] minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão [coisas] perversas, para atraírem os discípulos após si.”, (ARC).

O apostolo Paulo estava indo de viagem para Jerusalém então, ao parar em Mileto que ficava perto da cidade de Éfeso. Ele manda chamar os presbíteros da igreja que fora plantada naquela cidade através do seu ministério.

A versão corrigida fiel que foi citada acima, diz que ele mandou chamar os anciões, já a versão atualizada diz que foi os presbíteros. Isto é por que a palavra “presbítero” é de origem grega, ela é o equivalente para á palavra “ancião” no português. Observe que Paulo não mandou chamar “o presbítero da igreja”, como se na igreja de Éfeso houvesse só um único presbítero. Ele também não manda chamar o presbitério das igrejas, como se aquelas pessoas governassem varias igrejas da região. Ele mandou chamar “os presbíteros”, plural, “da igreja”, singular. Em Éfeso havia somente uma igreja local, um grupo de cristãos que reuniam regularmente ao Nome do Senhor Jesus Cristo. E neste grupo local de crentes havia presbíteros. Eles eram uma pluralidade. Depois de tratar de vários assuntos com estes irmãos que cooperavam na liderança da igreja local de Éfeso. Então Paulo começa a orientá-los dizendo: “Olhai por vos, e por todo o rebanho sobre o que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, o qual Ele comprou como  seu próprio sangue”, Atos 20. 28.

Observe que ao mesmo grupo que O Espírito Santo através das Escrituras Sagradas, chama de presbíteros, Ele também os chamam de bispos, e diz que eles devem pastorear o rebanho de Deus, que é a igreja que Ele (Deus) comprou com seu próprio sangue.

As palavras “presbítero”, “bispo”, e “pastor”, não são posições de hierarquia, mas são palavras intercambiáveis, ou seja, palavras que se referem ao mesmo tipo de coisas, situações, ou pessoas. O “presbítero” não está abaixo do “pastor” e o “pastor”, abaixo do “bispo”. Estas palavras na Bíblia são sinônimas, são as ideias, os conceitos, os princípios que estão inerentes a elas que são diferentes.

Presbítero (ancião): A ideia é de alguém que foi ou é capacitado por Deus para uma determinada função. Embora quando se lê de alguém que é um “ancião” logo que vem a nossa mente é a ideia de pessoa idosa. Mas este não é o sentido da palavra aqui. Não que não existam nas igrejas irmãos idosos que são muito bons presbíteros, não é isto. Mas pode alguém ser idoso na idade, mas menino na fé. Ou seja, pessoas que apesar do tempo de conversão elas ainda não amadureceram espiritualmente, e apesar da idade, elas não tem a mínima condição de exercer o presbitério na igreja local. A ideia inerente nesta palavra é de pessoas que receberam dons de Deus para esta função, e através do uso destes dons elas amadureceram espiritualmente a ponto de elas serem um modelo para os demais irmãos da igreja, e neste sentido a igreja local se submete voluntariamente a sua liderança. Esta liderança não é prerrogativas deles, mas, é Deus governando a igreja local através do serviço, da cooperação destes irmãos.

Bispos: Esta palavra nos grego é epíscopos que significa literalmente “olhar por cima”. Os presbíteros foram constituídos pelo Espírito Santo bispos na igreja local. A idéia é responsabilidade, eles têm que observar o andamento da igreja local tanto no sentido coletivo como no individual. Eles não estão numa posição de destaque, mas tem uma grande responsabilidade diante do Senhor, pois eles vão prestar contas ao Senhor do andamento, da conduta da igreja local onde o Senhor os levantou para esta importante função. Então, a maneira que uma igreja local reúne. Os ensinos que são transmitidos na igreja. O comportamento individual de cada cristão tanto no sentido congregacional, familiar, profissional, e social. São de interesse do presbitério local, pois este deve olhar pela vida da igreja, pois esta é o testemunho da verdade do evangelho na sua localidade.

Então quando uma igreja desvia do modelo que está registrado na palavra de Deus para a sua conduta, os responsáveis por este desvio são os presbíteros.

Cada crente dará conta de sua vida no Tribunal de Cristo, mas os presbíteros alem de prestarem conta de suas próprias vidas, eles também vão prestar contas da igreja local onde o Senhor o levantou como bispos. O termo “bispo” não significa que o este está numa posição acima do “presbítero”. Mas que os presbíteros, irmãos que foram capacitados por Deus para cooperarem com Ele na liderança da igreja local, tem uma grande responsabilidade, e vão prestar contas diante Dele do serviço que eles estão realizando na igreja local. É por isto que Paulo na direção do Espírito diz que eles, os presbíteros que foram constituídos bispos pelo Espírito Santo, devem olhar primeiro por eles, e depois pela igreja local.

Uma pergunta deve ser constante nas mentes dos irmãos que coopera com o Senhor na liderança da igreja local deve ser: Será que o nosso serviço de presbíteros está sendo feito de acordo com a vontade do Senhor?

Pastores (pastoreai): Também esta palavra na Bíblia não indica uma posição de destaque, mas um trabalho árduo. Ou seja, se presbítero é capacitação Divina, bispo, responsabilidade, pastor ou pastorear significa trabalhar, e trabalhar arduamente para o bem estar da igreja local. Paulo dirigido pelo Espírito Santo chama a igreja local de rebanho de Deus. Ou seja, cada crente quando se converteu ao Senhor, se tornou uma ovelha Dele. E Deus deseja a cooperação do presbitério na condução destas ovelhas. Quando um irmão fica fraco na fé, ou cai em pecado, é comparado a uma ovelha doente, a função do presbitério é tratar deste irmão. Quando a igreja ou o rebanho ta precisando de consolo, ou de ensino, ou de correção, ou de refrigério, é dever deste presbitério fornecer na dependência do Senhor os alimentos e águas necessários ao rebanho através das Escrituras Sagradas a palavra de Deus. Quando um irmão fica fora da comunhão, ou do convívio da igreja, ele é comparado a uma ovelha desviada, é serviço do presbitério, ir atrás e buscar este irmão, esta ovelha desgarrada para o meio do rebanho de novo, e assim por diante. Nunca nas Escrituras Sagradas você vai encontrar o termo “pastor” como um título acadêmico, ou uma posição de destaque, ou uma profissão rentável. Pastor na Bíblia é trabalho árduo, não é titulo. E trabalho que não é recompensado muitas das vezes pelos homens, que é criticado, difamado, perseguido, blasfemado, injuriado. Será grandemente recompensado pelo Senhor na gloria, mas aqui no mundo, muita das vezes é ingrato.

Sei que me demorei muito nestes pontos, mas é necessário esclarecê-los, para podermos entender a origem do sistema clerical.

O apostolo Paulo depois dar estas orientações aos presbíteros da igreja de Éfeso. Ele faz uma profecia que veio se cumprir pouco depois de sua morte.

Ele diz : “Sei que depois da minha partida (morte), entrarão no meio de voz lobos cruéis que não pouparão o rebanho. E que dentre vos mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas para atrair os discípulos após si”, Atos 20. 29-30.

O apostolo Paulo aqui nestes textos das Escrituras Sagradas, advertiu os presbíteros de Éfeso que depois da sua morte entraria no meio deles, lobos cruéis. Creio que são os mesmos lobos que o Senhor Jesus Cristo nos diz em Mateus 7. 15. Ou seja, pessoas que nunca se converteram ao Senhor Jesus Cristo. Mas ao adentrar no meio da igreja através da falsa profissão, e vivendo vidas aparentemente piedosas galgariam destaques no meio da cristandade, e que causariam terríveis estragos no meio do povo de Deus. Só que estes lobos também contaminariam servos de Deus, pois no meio deles, daquele grupo de presbíteros iriam levantar homens que falariam coisas perversas, para atrair os discípulos do Senhor Jesus Cristo após si, após eles. Ou seja, no lugar de seguirem ao Senhor Jesus Cristo, as pessoas seguiriam a eles pela perversidade dos seus ensinos errados.

Na sua segunda carta que o apostolo Paulo escreveu aos coríntios ele combate severamente aqueles que se diziam apóstolos, deixando bem claro que esses não eram apóstolos de Cristo, mas falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transfigurados em apóstolos de Cristo, vejam 2ª Coríntios 11. 12-15.

Já naqueles dias havia pessoas que almejava exercer o apostolado, sem serem de fato apóstolos. Quando mais depois que eles morressem.

Veja Apocalipse 2. 6: “Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio”.

O Senhor Jesus Cristo elogia a igreja de Éfeso, pois eles odiavam as obras dos nicolaitas, o que Ele também odeia. Há quem diga que os nicolaítas eram uma seita herege, que ensinavam a promiscuidade, e a poligamia. Porém não há evidências históricas confiáveis que confirmam este tipo de seita na igreja em Éfeso.

A palavra “nicolaítas” significa “vencedor do povo”, segundo os estudiosos do grego, a língua original em que os manuscritos do Novo Testamento foram escritos.

Neste caso os nicolaitas eram um grupo que estavam através de suas praticas, “obras”, querendo reivindicar uma posição de destaque no meio da igreja em Éfeso. E a igreja de Éfeso, a quem o Senhor Jesus Cristo está se dirigido, representa profeticamente a cristandade do primeiro século, que lutou fervorosamente contra este tipo de atitude.

Porém aquilo que começou de uma maneira dissimulada como “obras”, na igreja de  Éfeso, é apresentado como doutrina, na igreja de Pergamo: “Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.”, (Apocalipse 2. 15).

Profeticamente Pergamo representa a cristandade do terceiro século, quando os cristãos cansados da opressão e perseguição do império romano, viram-se aliviados na suposta conversão de Constantino, e na sua legalização do cristianismo como religião do império. É justamente nesta época em que os nicolaitas vêm à oportunidade de estabelecerem o clero, ou seja, uma ordem especial de “sacerdotes” dominando sobre os “leigos”.

Ou seja, aquilo que começa como obra, vira tradição, e tradição com o passar do tempo vira doutrina, regra, dogma.

É justamente por causa deste fato que o apostolo João na sua terceira carta, fala em repreender severamente a Diotrefes porque este exercia a primazia sobre a igreja, (3ª João 9-10).

As obras de Diotrefes ao exercer o primado sobre a igreja poderiam contaminar outros, com o tempo isto se tornaria tradição, e a tradição viria a se tornar doutrina. O que de fato aconteceu com o passar dos anos.

O “cristianismo primitivo” era puro e simples. Os primeiros cristãos eram pessoas que dentre os judeus e gentios haviam se convertido ao Senhor Jesus Cristo. Logo que criam eram batizados, e reuniam regulamente ao Nome do Senhor Jesus para adorá-lo, e edificarem se mutuamente.

Onde o evangelho era pregado pelos apóstolos, e pregadores e havia conversões, estes que convertiam em cada cidade, formavam uma igreja local. Ou seja, um grupo de remidos que reuniam ao nome do Senhor ali naquela localidade. Cada igreja era autônoma, sendo governada diretamente pelo Seu Cabeça no céu que é o Senhor Jesus Cristo.  Eles observavam a celebração da ceia do Senhor no primeiro dia da semana, em memória ao Senhor Jesus. Cooperavam com a obra missionária com suas ofertadas voluntárias, que eram uma das muitas formas de demonstrar sua adoração e louvor ao Senhor que os resgatou na cruz do Calvário. Eram dirigidos pelo Espírito Santo, que os conduzia através das doutrinas dos apóstolos que ficou registrado para nós hoje no Novo Testamento. E era este mesmo Espírito Santo quem levantava no meio de cada igreja local presbíteros, para serem modelos, e pastorearem cada igreja local.

Cada igreja local tinha uma pluralidade de presbíteros que o Senhor usava para cooperar, com Ele no governo da igreja local.

Basta você estudar o livro de Atos dos Apóstolos, que irá observar que cada um destes princípios relatado a pouco, eram praticado pelos primeiros cristãos.

Não é, e nunca foi, e nunca será a vontade de Deus que na sua igreja remida, e lavada pelo seu sangue, haja esta distinção de clero e leigos. O clericalismo é uma heresia de destruição, um ataque de Satanás, para destruir a pureza e simplicidade do povo de Deus, que são devidas a Cristo Jesus Nosso Senhor e Salvador. 

2. Os motivos pelos quais nós devemos repudiar o clericalismo.

É bom salientar aqui que quando eu me refiro a repudiar o clericalismo, não estou me referindo às pessoas, que fazer parte do clero de alguma denominação. Eu não estou aqui julgando as pessoas. Eu não tenho a intenção de ofender a ninguém que seja um clérigo, seja ele, “pastor”, “padre”, “bispo”, “apóstolo”, “missionário” “reverendo” e etc. Sei que há pessoas que realmente são sinceras e honestas, que ocupam, e usam estes títulos. Mas o que está em questão aqui não é o caráter das pessoas que usam estes títulos no meio da cristandade, mas a pratica. Você! Que talvez se tornou um clérigo, que sentiu em seu coração que foi “vocacionado” para esta posição na sua denominação religiosa, que se esforçou, que lutou, que se sacrificou, para estar exercendo este cargo na sua denominação. Não tenho a mínima intenção de te prejudicar, ou questionar o seu caráter. Mas claramente dizer que você está enganado, e que esta pratica perniciosa que afeta a cristandade de uma maneira geral desvirtua e muito, muitas doutrinas bíblicas em relação a Pessoa e Obra do Senhor Jesus Cristo.

Minha intenção é também alertar as igrejas neotestamentarias do Brasil, que aqui são conhecidas, como “igreja dos irmãos”, “casa de oração”, “igreja cristã evangélica”, á não adotarem tais praticas, pois fazendo assim estarão passando por cima, não dos “ensinos dos primeiros irmãos”, que saíram das denominações com o intuito de voltar as praticas do cristianismo primitivo.

Mas passando por cima das verdades da palavra de Deus em relação a Pessoa e Obra do nosso amado Salvador o Senhor Jesus Cristo. É ao Senhor Jesus Cristo que você estará prejudicando e ofendendo, ao adotar esta pratica destrutiva de se auto intitular com um nome que o coloca numa posição de destaque acima dos seus demais irmãos em Cristo.

1) O clericalismo fere:

a) A soberania de Cristo sobre a igreja local, João 10. 10-11: 1ª Coríntios 3. 10-11: Efésios 5. 15-16: Mateus 23. 10.

Em cada um destes textos o Senhor Jesus Cristo é apresentado como o único líder supremo da igreja local. Está certo que em alguns textos como João 10. 11: e Efésios 5. 15-16, o contexto dos versículos trata da igreja como o grupo do redimidos desta dispensação. Ou seja, a igreja nestes textos é o grupo de salvos desde pentecostes até o arrebatamento, chamada muitas vezes pelos ensinadores da palavra de Deus de igreja universal. Mas se o Senhor Jesus Cristo é o Único chefe supremo da igreja neste aspecto, Ele também o é na igreja local, pois as mesmas figuras que Deus usa em sua palavra para ilustrar este aspecto da igreja, Ele também usa para o outro.

O Senhor Jesus, é chamado de; “O Bom Pastor”, “O Cabeça”, “O Fundamento”, “ O Mestre”. Então quando uma igreja local coloca um único homem como um chefe, um mandatário. Esta igreja está ferindo a soberania do Senhor Jesus Cristo sobre ela. Não importa o titulo que este use, seja ele, “padre”, “pastor”, “bispo”, “reverendo”, “apostolo”, até os títulos de “presbítero”, “obreiro”, e “missionário”. Que são comumente usados no meio do assim chamado “movimento dos irmãos” quando estes exercem uma autoridade acima das Escrituras Sagradas, na igreja local, estão diretamente ofendendo e usurpando o lugar que é do Senhor Jesus Cristo tem por direito na igreja local. Os membros da igreja local que realmente converteram ao Senhor Jesus Cristo, foram salvos por Ele. É Ele quem morreu, e que atraiu cada um deles pelo Seu Evangelho, através a atuação do Espírito Santo. É Ele quem tem o direito de governar soberanamente a vida de cada irmão, cada e irmã, que faz parte de uma igreja local. Assim como da própria igreja local como um todo.

Meu irmão, quando você chama um irmão que coopera na liderança, ou no ensino da igreja local de qualquer titulo, o colocando em destaque sobre os demais irmãos. Você o coloca em pé de igualdade como Senhor Jesus Cristo. Eu não gosto que me chamem, de “presbítero”, “obreiro”, “pastor”, ou “missionário”, nem por brincadeira, pois alem de estes títulos alimentarem o nosso ego, eles ofendem Aquele que merece toda a minha submissão, devoção, adoração, abnegação. Que é o Senhor Jesus Cristo.

É Ele mesmo que diz: “Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”. (Mateus 23.10).

 O Único que deve ser O Nosso Mestre, Guia, Pastor, é o Senhor Jesus Cristo. Nenhum homem, absolutamente nenhum homem, por mais espiritual, intelectual, piedoso, devoto, ou qualquer que seja sua qualificação. Não deveria ostentar, e nem exercer uma postura de superioridade sobre seus irmãos em Cristo.

 b) A paternidade de Deus, Mateus 23.9: João 1. 12-13.

O próprio Senhor Jesus Cristo nos ensina que a ninguém na terra devemos chamar de “pai”. Claro que aqui não está dizendo que é para eu e você desrespeitarmos os nossos pais. Pois Ele mesmo é quem ensina para nós honrarmos pai e mãe, veja Mateus 15 1-9.

Quando ele fala isto aos seus discípulos, o que estava em questão aqui era a ostentação de títulos que os fariseus usavam, para dizer que eles eram os mais sábios, e os mais “perto” de Deus dentre a população. Então muita das vezes eles usavam o titulo de “pais”.

Porém nós que cremos no Senhor Jesus Cristo, e que somos os seus discípulos hoje em dia não devemos imitar esta pratica. Pois neste sentido espiritual o único Pai que nos temos é Deus. E todos nós sabemos que cada verdadeiro crente no Senhor Jesus Cristo, se tornou filho de Deus no momento da conversão. Pois está escrito, “Mas a todos quanto o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus- filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1. 12-13). Quando você chama alguém de pai no sentido espiritual, você, que um dia arrependeu-se de seus pecados, e confiou em Cristo, como seu Senhor e Salvador pessoal estão ofendendo o Seu Único e Verdadeiro Pai que é Deus. E nisto vemos um erro muito grande na cristandade professa, pois, muito tem o infeliz costume de chamar seus lideres religiosos de “padre”, que o mesmo que “pai”. Quando você faz isto, você está dizendo que um mero homem tem a mesma autoridade que somente Deus deve ter sobre sua vida.

Alguém pode ate argumentar com isto que Paulo chamava a Timóteo, e Tito de filhos, e o próprio apostolo João na sua primeira carta faz esta distinção entre “pais” e “filhos” em 1ªJoão 2. 12-14.

É uma coisa impressionante como os defensores de heresias gostam de forçar interpretações de textos bíblicos isolando-os do seu contexto, para apoiar suas ideias.

Paulo orienta tanto a Timóteo, quanto a Tito como deve ser a conduta daqueles que são presbíteros. Mas em nenhum momento em suas cartas dirigidas a esses dois servos de Deus do passado, ele orienta a eles a darem títulos de destaque a estes presbíteros.

Esta expressão que o apostolo usa, ao se dirigir aos dois por diversas vezes nestas cartas, simplesmente expressa o relacionamento íntimo, e profundo que Paulo tinha com cada um deles. Paulo os amava como se fossem seus próprios filhos. Assim também é, o ensino que o Apostolo João está transmitindo em sua carta sobre o relacionamento que deve haver entre os irmãos mais amadurecidos no evangelho, e os recém convertidos. Esses irmãos mais velhos devem amar, e cuidar dos seus irmãos mais novos, como os pais amam e cuidam de seus filhos naturais. E esses irmãos mais novos devem amar e respeitar, seus irmãos mais amadurecidos, como fazem com seus pais naturais. Isto não é uma doutrina que apóia o clericalismo, mas um ensino, que visa a fortalecer a comunhão da igreja, levando cada um dos seus membros a terem um relacionamento familiar de amor, e respeito mutuo.

c) Fere a fraternidade cristã, Mateus 23. 8.

Algo, que também passa despercebido pela maior parte das pessoas que praticam o clericalismo. É o fato de que se todo o verdadeiro cristão no momento da conversão ele se torna um filho de Deus. Então todos aqueles que verdadeiramente se converteram ao Senhor Jesus Cristo, são irmãos, pois todos são filhos de um Único Pai que é Deus.

Então o Senhor Jesus Cristo está dizendo claramente que não podemos chamar alguém de nosso “mestre”, pois um só é o nosso Mestre. Que no caso é Ele. E todos nós somos irmãos. Cada um de nós somos membros desta grande família que Deus esta formando através da sua bendita graça mediante a Obra Redentora do Senhor Jesus Cristo. Esta palavra “mestre”, usado pelo Senhor aqui, era muito usada pelos fariseus, onde eles se julgavam mais sábios que os demais israelitas, pois haviam estudado nas melhores faculdades teológicas dos seus tempos, algo semelhante aos títulos de “pastores”, “reverendos”, “teólogos”, “bispos”, “apóstolos”, “missionários” de nossos dias.

Se todos nós somos irmãos segundo o que o próprio Senhor Jesus Cristo disse, porque devemos colocar alguns em destaques, por que estudaram em alguma faculdade ou seminário teológico? Porque fazermos um pedestal para que estas pessoas sejam idolatradas? Pois elas são pecadoras como nós, e para elas serem salvas, tiveram que se arrepender e receber a Cristo pela fé, assim como nós tivemos que fazer. Alias ostentar estes títulos não resolvem nada, se uma pessoa ainda não se converteu ao Senhor Jesus Cristo, ela ira com este titulo, diploma, ordenação e tudo diretamente para o inferno. E sinceramente é muitas pessoas que ostentam estes títulos, apesar do titulo, e do respeito que eles adquiriram dos seus adeptos religiosos, que infelizmente ainda não são salvos, ainda não nasceram de novo, ainda não creram verdadeiramente no Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Alias isto torna esta pratica chamada de clericalismo ainda pior. Pois pior do que ter um irmão em Cristo ostentando estes títulos eclesiásticos sem base escriturística, é ter um mero professo fazendo o mesmo, pois este está enganado quanto sua situação espiritual, enganando os outros, e enganando a si mesmo.

Mas alguém pode ainda argumentar que a palavra de Deus ensina que o Senhor Jesus mesmo é quem deu “...uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores, e mestres”. (Efésios 4. 11).

Mas uma vez é a mesma questão de forçar a interpretação de um texto fora do seu contexto para apoiar uma heresia.

Este texto trata do assunto dos dons coletivos dados a igreja, e novamente basta salientar aqui que a igreja neste texto é no aspecto universal, ou seja, os salvos desta dispensação.

Nesta lista de dons que aparecem aqui, são os chamados dons coletivos. Ou seja, pessoas com capacidades especiais para realizar serviços específicos na obra de Deus.

Estas pessoas ao se converterem a Cristo, foram dotadas pelo Espírito Santo no momento da conversão com habilidades especiais. Com o passar do tempo estas habilidades se desenvolveram e o próprio Senhor Jesus as levantou através do Espírito Santo para realizarem estes serviços na igreja. Devemos destacar aqui que dois destes dons coletivos já cessaram que é o dom de apóstolos e profetas, que foram usados por Deus para lançar os fundamentos da fé cristã, que estão registrados nas páginas do Novo Testamento. Não é que Deus não tenha mais poder para dar estes dons, não é isto. Mas é que estes dons não são mais necessários, uma vez que o fundamente da nossa fé cristã se encontra nas páginas das Escrituras Sagradas. Nosso foco no estudo não é os dons espirituais, então por isto não vamos demorar neste ponto aqui.

Os outros três dons são permanentes, ou seja, enquanto a igreja do Senhor Jesus estiver na terra, sempre haverá a necessidade Dele usar estes dons. Que no caso são irmãos que são usados pelo Senhor para evangelizar os perdidos (evangelistas), ensinar os novos convertidos as doutrinas neotestamentarias (mestres), e para cuidar e zelar da vida espiritual dos mesmos (pastores). Ou seja, a ideia aqui não é de titulo, ou de profissão com grandes rendimentos, mas de serviço espiritual a ser realizado na Obra de Deus.

O apostolo Pedro nos da uma lição muito grande em relação a este fato, ele diz: “Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada. Em todas as suas cartas ele escreve da mesma forma, falando acerca destas coisas. Suas cartas contem pontos difíceis de entender, os quais os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.”, (2ªPedro 3. 15-16).

Ou seja, se tem alguém que podia ostentar títulos de destaques, estes eram os apóstolos Pedro e Paulo. Pedro andou com o Senhor Jesus Cristo durante três anos, viu todos os milagres que Cristo realizou, e foi testemunha da sua ressurreição. Sem falar que ele foi escolhido pelo próprio Senhor Jesus Cristo para ser um de seus apóstolos. Em contra partida Paulo que foi perseguidor da igreja, o próprio Senhor Jesus Cristo apareceu ressurreto para ele na estrada de Damasco, e depois o escolheu para ser o apostolo dos gentios. E tanto um quanto o outro foram usados por Deus para lançar os pilares da fé cristã, como está registrado nos escritos do Novo Testamento.

Porem olha como o apostolo Pedro menciona o apostolo Paulo nesta carta. Ele não diz: “Como escreveu o grande apostolo Paulo...”; mas ele diz: “como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu...”. Ou seja, os apóstolos não ostentavam o titulo de apóstolos, mas chamavam uns aos outros de irmãos. Que diferença para a cristandade dos dias atuais, pois muitos vêm nesta ostentação de títulos algo imprescindível. Existem até casos, em que, se alguém não os chamar com o devido titulo é excluído da denominação por falta de respeito para com o clero.

d) Fere a atuação do Espírito Santo, Efésios 4. 11.

Como já vimos pouco acima, este texto deixa bem claro que, o Senhor Jesus Cristo através da ação do Espírito Santo na igreja, capacita irmãos para exercer um serviço especifico na Obra de Deus, como evangelistas, pastores e mestres. No momento que uma pessoa se converte ao Senhor Jesus, ela é selada com o Espírito Santo. Neste momento ela recebe dons, capacidades especiais para realizar determinados trabalhos na obra de Deus. Dentre estes muitos trabalhos estão os de evangelismo, ensinamento, e pastoreio da igreja. O modelo bíblico de treinamento para estes ministérios é a igreja local. Em nenhum lugar nas cartas apostólicas, vemos uma ordem, mesmo subjetiva, para mandar alguém que aspira um chamado para qualquer um dos ministérios citados acima, para um seminário para ali ser treinado, e depois enviado para o serviço do Senhor.

Não estou dizendo com isto que seja errado um irmão, querer estudar, e melhorar sua educação. Não é isto. Mas é errado estabelecer este fato como única prerrogativa para reconhecer o ministério do irmão, que foi salvo, chamado, e capacitado pelo Senhor.

Existe até no meio das igrejas neotestamentarias esta tendência. Ou seja, um irmão manifesta o seu chamado para servir ao Senhor em tempo exclusivo, seja para atuar em qualquer uma das áreas mencionadas acima. Logo a igreja local onde ele é membro, o envia para um seminário, seminário muita das vezes de alguma denominação. E lá fora do seio da igreja ele passa por um “treinamento”, e somente depois de concluir o seminário, é que ele é recomendado como “obreiro” pela igreja. Agora eu pergunto qual é a base bíblica para isto? E o pior, é que muita das vezes o que este irmão aprendeu na pureza e simplicidade da igreja loca onde ele foi membro, é arrancado pelo assim chamado seminário, e quando ele volta para a igreja, muita das vezes trás é problemas terríveis para a mesma. Querendo introduzir na igreja local costumes e tradições que aprendeu lá no seminário, mas que é alheio a pureza e simplicidade das Escrituras Sagradas.

Muitas das vezes o irmão é um evangelista, e por sair de lá com o diploma de “pastor”, ele abandona as igrejas locais, e vai para uma denominação, pois eles oferecem para ele um bom salário e boas condições de trabalho, tendo assim o seu ministério para o qual foi chamado pelo Senhor aniquilado. Às vezes ele é um ensinador (mestre), mas também por passar a possuir este titulo acadêmico, a igreja o coloca para fazer serviços que não é da esfera do seu ministério para o qual foi chamado pelo Senhor, e ai ele faz mais estrago do que bem. Pois no lugar de trazer uma palavra de consolo e conforto para uma ovelha doente, ele acaba é ferindo ela com dureza, a fazendo ficar mais doente ainda, por apresentar a verdade da palavra de Deus sem a dosagem certa de amor e compaixão. Pois este é o verdadeiro serviço de um pastor, mas ele que erroneamente é chamado de pastor por possuir um titulo acadêmico. Mas no caso ele não é, pois ele não foi chamado e capacitado pelo Espírito Santo para ser um pastor, mas para ser um *mestre na igreja.

Isto tudo sem falar ainda em alguns casos de irmãos que vão para seminário, e saem de lá questionando a autenticidade da palavra de Deus. Não tem muito tempo que ouvi uma coisa que fiquei horrorizado. Um irmão me disse que em sua igreja tinha um jovem que queria ser missionário no exterior, então ele o enviaram para um “seminário”, depois de um tempo o rapaz estava em crise de identidade, ou seja, não sabia mais o que era, ou o que queria. Ai eu perguntei ele, o porquê isto havia acontecido. Ele me disse que o rapaz questionava a autoridade, e inspiração das Escrituras Sagradas. E já não sabia mais em que acreditar.

Ai eu perguntei este irmão o porquê este jovem estava nesta situação. Então ele me disse que um dos professores do seminário que este jovem estava cursando era ateu, e este jovem conversava muito com ele. Ai, eu me pergunto o que um ateu esta fazendo num “seminário”, de teologia? E porque uma igreja que deveria crer na inspiração verbal e plena das Escrituras manda um jovem que aspira servir o Senhor no estrangeiro, para um “seminário” onde um de seus professores é ateu?

Mas mesmo assim, diante de todas estas questões o modelo bíblico de treinamento para quem foi chamado e capacitado pelo Espírito Santo, a exercer algum ministério específico na obra de Deus, sempre foi, é, e sempre será a igreja local. Quando a “boa” intenção humana interfere neste processo, com toda certeza prejudicara a boa formação espiritual deste irmão, e andamento sadio da Obra de Deus. Pois está prejudicando diretamente a atuação do Espírito Santo neste processo.

e) Fere a autoridade da palavra de Deus.

O Senhor Jesus Cristo na sua oração, chamada de oração sacerdotal rogou ao Pai em João 17. 17: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”. O apostolo Paulo escrevendo ao seu filho na fé Timóteo nos diz em 2ªTimóteo 3. 16-17: “Toda a Escritura é Divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda a boa obra”. E o apostolo Pedro nos ensina em 2ªPedro 1. 20-21: “Acima de tudo, lembrai-vos de que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”.

Tanto na oração do Senhor Jesus Cristo, assim como nos escritos de Paulo e de Pedro podemos observar que a palavra de Deus, as Escrituras Sagradas é a autoridade máxima, ou pelo menos deveria ser, na vida dos cristãos renascidos.

O Senhor Jesus Cristo  estava orando por seus discípulos, e por todos aqueles que haviam de crer Nele pela palavra de Deus, (João 17. 20). Ou seja, cada um de nós que um dia arrependemo-nos dos nossos pecados, e confiamos no Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador estão incluso nesta oração do Filho de Deus. E neste caso o único meio pelo qual Deus o Pai atente a oração do Filho no que diz respeito à santificação das nossas vidas é pela Sua própria Palavra, as Escrituras Sagradas. Só este fato deveria levar-nos a valorizar mais a Palavra de Deus. Mas para reforçar ainda mais a verdade da autoridade suprema das Escrituras Sagradas sobre nossas vidas, os apóstolos Paulo e Pedro, dirigidos pelo Espírito Santo nos diz que elas são totalmente, e verbalmente inspiradas por Deus.

Quando lemos que toda Escritura é Divinamente inspirada, ou inspirada por Deus, dependendo da tradução. Isto quer dizer literalmente que a Bíblia Sagrada é a palavra de Deus. Ou seja, é completamente errado a ideia de que somente algumas partes são inspiradas e outras não. Ou que, é necessário, outras fontes de revelações, profecias extrabiblicas, visões e etc. Em Apocalipse 22. 18-19 é expressamente proibido acrescentarmos, ou tirarmos algo das Escrituras Sagradas, com a advertência de quem o faz está se colocando debaixo do juízo de Deus. Nada do que foi registrado nas Escrituras sagradas é supérfluo, sem necessidade. E nada esta faltando nela, tudo o que está escrito nas paginas das Escrituras Sagradas, visa nos ensinar, edificar, corrigir, instruir em justiça. Se fosse para Deus usar outro meio de revelação para homem nos dias de hoje não haveria esta advertência no ultimo capitulo da Bíblia.

Outra coisa importante que devemos salientar, é que o apostolo Pedro dirigido pelo Santo Espírito, nos deixa bem claro que nenhuma profecia (mensagem), das Escrituras Sagradas é de particular interpretação, ou seja, só certo grupo seleto de pessoas podem entendê-las e outras não. Toda a pessoa que verdadeiramente se converteu ao Senhor Jesus Cristo, no momento de sua conversão recebeu na Pessoa do Espírito Santo, ao vir habitar nela, os recursos necessários para ter uma compreensão real da palavra de Deus.

Esta estória que só certos lideres religiosos podem compreender realmente a palavra de Deus porque estudaram em seminários, ou cursaram uma faculdade teológica, é uma das mais perniciosas heresias que tem devastado o cristianismo. No livro dos Salmos, o salmista nos diz que: “Bem-aventurado é o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite”, (Salmos 1. 1-2). Observe que ele dia “Bem-aventurado o homem”, e não o “teólogo”, o “seminarista”, o “pastor”, o “bispo”, o “padre”, o “apostolo” ou qualquer outro assim chamado titulo eclesiástico.

Em outro Salmo ele diz: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o segundo a sua palavra”, (Salmo 119. 9). Mesmo um jovem inexperiente pode ter sua vida abençoada se observar o ensino puro e simples da palavra de Deus.

O Senhor Jesus Cristo mesmo disse que: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. A vida do ser humano, a vida espiritual, eterna e plena, depende do “homem”, estar atendo a toda palavra que sai da boca de Deus. E, todos sabem que a Bíblia fechada é mais um dos muitos livros que existem no mundo. Mas aberta e lida é a boca de Deus falando com cada um de nos seres humanos. Mas o interessante é que Cristo disse “o homem” precisa da palavra de Deus. O home é no sentido genérico, ou seja, o ser humano. Seja ele homem ou mulher, culto ou ignorante, rico ou pobre, velho ou novo, independente  da raça, da cor da pele, ou da origem.

Mas, quantas pessoas não têm ouvido a palavra de Deus, mas sim a palavra do “pastor”, do “apostolo”, do “bispo”, do “padre” e etc. São muitas as pessoas que quando questionadas em relação a algum assunto bíblico ele argumenta que não é assim que o seu líder religioso diz que deve ser. A palavra do líder está acima da palavra de Deus. E por quê? Porque “ele é o pastor da igreja”, ele é o “ungido de Deus”, ele é “o santo homem de Deus”. E muitas das vezes o que esta acontecendo, é o que o próprio Senhor Jesus Cristo disse: “...Se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”, (Mateus 15. 14).

Porem é justamente isto que o clericalismo faz, alem de ele prejudicar a soberania de Cristo, a paternidade de Deus, a fraternidade cristã, a Obra do Espírito Santo, ele destitui a autoridade máxima da palavra de Deus. Levando milhares de pessoas à perdição eterna, por seguirem homens vãos que estão se enganando e enganando a muitos.

Uma coisa que me tem preocupado muito nos nossos dias é o fato de muitas igrejas estarem colocando títulos nos irmãos que fazem parte das lideranças das igrejas locais. Eu sei que muitas das vezes são “brincadeiras inocentes”. E que muita das vezes estes irmãos que cooperam com a liderança nas suas respectivas igrejas não se sentem confortáveis com tais “brincadeiras”. Mas vale lembrar que muitas igrejas locais conhecidas no Brasil como “casa de oração”, já adotaram este desvio doutrinário, e desvio este que começou com “brincadeiras”. Causa-me uma tristeza muito grande em- meu coração ver irmão se auto-intitulando “pastor”, e irmãos também colocarem o termo “obreiro por tempo exclusivo”, ou “missionário” como se fosse uma posição de destaque na irmandade cristã. Isto está errado irmãos. Outra coisa que me entristece bastante também, é o fato de termos vários irmãos que são bons ensinadores, e que tratando se da Bíblia, colocam muitos “seminaristas”, “teólogos”, “baixáreis” no chinelo. Serem desprezados por que não tem um titulo ou formação acadêmica, e muitas igrejas e instituições missionárias, convidam “pastores denominacionais” para pregar em suas conferencias, e encontros. Entrando assim em contradição com aquilo que os primeiros “irmãos” redescobriram nas Escrituras Sagradas e ensinaram. Recentemente recebi em minha rede social um convite para um encontro de “obreiros”, onde um dos preletores convidado para o evento é um “pastor”.  Ai eu fico pensando, como fica a cabeça de um recém convertido, ou de um irmão imaturo? Ao ver num evento destes, um “pastor” ensinado junto com um “leigo”. Pois enquanto nós ficamos namorando com estes “pastores” elogiando eles, e admirando eles. É assim que eles chamam nossos irmãos que foram levantados pelo Espírito Santo nas igrejas locais, como ensinadores e pastores, e evangelista de “leigos”. Ou seja, ignorantes, sem letras. Como os fariseus chamaram aos apostolo Pedro e João, veja Atos 4. 13. E eu me fico perguntando, será que os apóstolos chamavam os fariseus e escribas para darem estudos bíblicos nas reuniões da igreja primitiva por que eram “mestres estudados nas melhores faculdades” em Israel?

Irmãos acordem para a sã doutrina, acordem para a verdade da palavra de Deus. Voltemos aos princípios neotestamentario da igreja do Senhor, abandonemos estes formalismos, do sistema religioso mundano. Quando a palavra de Deus nos diz para não amarmos ao mundo, ela o diz em todos os aspectos, inclusive o sistema religioso.

III. As características de um sacerdote.

Sei que demoramos demais nesta questão do combate a heresia do clericalismo. Mas agora meu desejo e levar você a pensar nas características de um sacerdote.

No dia em que você se converteu meu amado irmão, e irmã você foi feito um sacerdote pelo Senhor Jesus Cristo. Como nos vemos tanto em 1ªPedro 2. 9-10, como em Apocalipse 1. 4-6.

Neste caso o que é um sacerdote, e quais a função de um sacerdote?

É encima destas questões que vamos considerar agora.

1. O que é um sacerdote?

Sacerdote ou Sacerdotisa (do latim Sacerdos – sagrado; e otis – representante, portando "representante do sagrado") é uma autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou participar em rituais sagrados de uma religião em particular. Eles também têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos religiosos, em especial, os ritos de sacrifício e expiação de uma divindade ou divindades. Seu cargo ou posição é chamado de Sacerdócio, um termo que pode também se aplicar a essas pessoas coletivamente, Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

No sentido Bíblico, os sacerdotes, ou o sacerdócio, foram pessoas escolhidas por Deus para exercerem a mediação entre Ele e o provo de Israel, oferecendo os sacrifícios que estes trariam para aplacar a ira justa de Deus ante as suas transgressões. Para ser um sacerdote em Israel somente poderiam aqueles que nasciam da tribo de Levi, mas necessariamente da família de Arão irmão de Moises veja Êxodo 29.28- 29.

Um sacerdote era alguém.

1) Consagrado ao Senhor Deus.

“Consagrarei a tenda da congregação e o altar, também consagrarei a Arão e seus filhos, para que me administram o sacerdócio”, Êxodo 29. 44.

Quando Deus está ordenando a Moises a construção do Tabernáculo, uma espécie de templo móvel dos judeus no deserto. Ele estabelece a Arão e sua família para exercerem o sacerdócio no meio do povo de Israel. Observem que ele usa a expressão “consagrar”, tornar santo, separar, para descrever esta instituição. Ou seja, não somente o Tabernáculo, mas também Arão e seus filhos pertenceriam exclusivamente ao Senhor para o seu serviço. Literalmente um sacerdote do Senhor no Velho Testamento não tinha vida própria, a vida dele era do Senhor, desde o seu nascimento até a sua morte, tudo em sua vida e em seu ser, estava relacionado a Deus e sua vontade tanto para si próprio, como para todo o povo de Israel.

Quando a palavra de Deus nos diz que todo o cristão renascido foi feito um sacerdote, mediante o sacrifico de Cristo. É literalmente isto que ela quer dizer.

Observe o que Paulo diz aos Coríntios: “Paulo, chamado apostolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, a igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos com todos os que em todos lugar invocam o nome do Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”, (1ªCoríntios 1. 1-2).

A igreja de Deus que estava na cidade de Corinto era o grupo de pessoas que haviam crido no evangelho. Ou seja, toda pessoa que morava naquela cidade e que tinha se convertido ao Senhor Jesus Cristo fazia parte daquela igreja, daquele grupo. Porém o Espírito Santo inspirando o apóstolo usa esta expressão “santificados e chamados para serem santos”.

Eles já estavam santificados, ou seja, separados para Deus. Cada um daqueles irmãos já não pertencia mais a este mundo, mundo no sentido de sistema. E elas não pertenciam mais a elas mesmas, mas elas pertenciam a Deus.

E elas foram chamadas para ser santas, viverem esta separação no seu dia a dia. Porém não somente elas, mas a todos que em todo lugar invocam o nome do Senhor Jesus Cristo. Cada um de nós no dia que nos convertemos, foi consagrado ao Senhor, através da obra redentora do Senhor Jesus na cruz do Calvário. E em cada dia de nossa vida devemos viver esta consagração. Então desde o nosso novo nascimento em Cristo ate o ultimo dia das nossas vidas aqui neste mundo, nossa vida, nosso ser, e nossa conduta deve estar relacionada à vontade de Deus em relação a cada um de nós individualmente, e a vida nossos irmãos.

2)  Que tinha que viver constantemente em santificação.

Aparentemente parece que estamos repetindo o assunto, pois os termos santificação e consagração às vezes aparecem na Bíblia com sinônimos. Mas em alguns casos, consagração está relacionada em nossa separação para Deus, enquanto que santificação está relacionada em nossa separação do pecado. E são duas situações automáticas, ou seja, quando mais consagramos e dedicamos as nossas vidas a Deus e sua obra, automaticamente estaremos nos separando do pecado, quanto mais nos separarmos do pecado, mais estaremos nos aproximando de Deus, e sendo cada vez mais aptos para o seu serviço.

 Esta verdade é claramente ilustrada pela ordem de Deus aos sacerdotes da Velha Aliança, veja Levítico cap. 21.

Por eles serem consagrados ao Senhor, e por terem sido ungidos com o óleo do santuário, eles não podia se contaminar com cadáveres de pessoas ou animais, e ate em questão do casamento devia ser feito de maneira pura, e casta. Até em questões de defeito físicos, se houvesse em um sacerdote algum defeito físico, este não poderia exercer o seu oficio sacerdotal, embora ele pudesse comer dos alimentos que eram destinados a eles na oferta. Mas entrar no santuário, ou mesmo participar da cerimônia onde era oferecido o sacrifício este que tinha defeito físico não poderia participar.

Hoje, é claro, nós vivemos no período da graça, e todas estas coisas eram sombras e figuras da realidade que se encontra em Cristo e no seu sacrifício vicário na cruz do Calvário, veja Hebreus cap. 10.

Mas os princípios que estão contidos nestas figuras são muito importantes. Cada cristão renascido foi ungido com o Espírito Santo no momento da sua conversão. Tocar em cadáver, fala de ter algum contado, ou associação com o mundo. Não contato físico, pois precisamos lidar, e trabalhar no nosso dia a dia com pessoas que são do mundo.

Todos nós sambemos, que os que são do mundo, estão mortos em seus delitos e pecados, como nós também estávamos outrora, veja Efésio 2. 1-3.

Mas a idéia aqui é de praticas, ou idéias, ou costumes de pessoas mundanas, associarmos com tais casos atrapalhará o nosso relacionamento com Deus.

Já a questão do casamento, isto fala da nossa responsabilidade em nossos relacionamentos conjugais, onde devemos procurar manter a paz e a pureza nos nossos relacionamentos, evitando praticas e atitudes que são comumente usados pelas pessoas do mundo. Ou seja, a imoralidade não convém ao cristão.

Já a questão do defeito físico ilustra que certos pecados praticados pelo cristão deixam marcas que atrapalharão o seu ministério ao Senhor durante toda a sua vida, embora ele sempre desfrute da comunhão com Deus mediante o sacrifício de Cristo, seu serviço para o Senhor será defeituoso, ou até mesmo inutilizado por causa do pecado.

É por isto que lemos em 1ªTessalonicenses 4. 3 que a vontade de Deus para nós é a nossa santificação. Ou seja, a vontade de Deus não é que tenhamos riquezas, ou que nunca adoeçamos, ou que sempre sejamos felizes aqui neste mundo como dizem os propagadores da heresia da prosperidade. Mas a vontade de Deus é que mesmo diante de problemas financeiros, conjugais, de saúde, ou em qualquer outra área de nossas vidas nós como seus sacerdotes em Cristo, vivamos vidas separadas do pecado.

 E quanto mais separados do pecado formos, mais úteis seremos para Ele na Sua Obra.

E este tem sido um dos grandes problemas dos servos de Deus hoje em dia, muitos estão tentando exercer o seu sacerdócio, mas também satisfazer os desejos da carne, com suas praticas pecaminosas, e com isto tem feito mais estragos do que bem, na obra de Deus.

Irmãos e irmãs, somos sacerdotes de Deus comprados pelo precioso sangue do Senhor Jesus Cristo, sejamos cada vez mais consagrados ao Nosso Pai Eterno, e cada vez mais separados do pecado em todas as áreas de nossas vidas. É somente assim que eu e você seremos úteis nas mãos do Senhor.

2. O que faz um sacerdote?

O serviço de um sacerdote do Velho Pacto consistia em três pontos principais. Observando estes pontos vamos poder entender alguns princípios que Deus deseja que eu e você façamos para servi-lo aqui durante nossa peregrinação.

1) Intercessão.

Os sacerdotes do Velho Testamento eram os que faziam a mediação entre Deus e o povo. Eram eles que deviam oferecer os sacrifícios cerimoniais da lei para a remoção temporária dos pecados do povo de Israel. Em outras palavras através dos sacrifícios que eram apresentados ali diariamente eles intercediam pelo povo diante de Deus. Basta lermos o livro de Levítico que observaremos este fato bem destacado na palavra de Deus.

Usando este fato como ilustração, percebemos que este é também a nossa função, cada crente verdadeiramente renascido é tipo de mediador entre Deus e o incrédulo. Ou seja, é através de nós que o conhecimento do plano de Salvação de Deus é conhecido pelo incrédulo. Deus deseja usar tanto você como eu para propagar as boas novas de salvação em Cristo Jesus.

Veja o que diz 1ªTimóteo 2. 1-5: “Admoesto-te pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvam, e venham ao pleno conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”.

Assim como os sacerdotes do Velho Testamento, hoje no período da graça, nós também temos esta grande responsabilidade em nossos ombros, de sermos os intermediários no processo de salvação daqueles que ainda se encontram nas trevas da perdição.

Claro que não devemos, e nem podemos hoje sobre o governo da Nova Aliança realizar sacrifícios de animais. Mas é nosso dever oferecer a Deus nossos corpos como sacrifício vivo e agradável ao Senhor, veja Romanos 12. 1-2. E o objetivo de realizarmos este sacrifício é de sermos úteis ao Senhor para a salvação dos perdidos. E este sacrifício envolve vidas de oração, e submissão a palavra do Senhor.

É nosso dever como servos do Senhor Jesus estar sempre orando, suplicando, implorando a Deus pela salvação dos perdidos. Incluindo os nossos governantes, assim como também todas as pessoas que exercem um determinado cargo público. Nós devemos orar pela salvação de todas as pessoas, incluído nossas autoridades, sendo elas corruptas ou não, sendo elas do nosso agrado ou não, sendo elas bons governantes ou não. Pois a salvação de cada ser humano que vive sobre a face da terra, é o desejo do coração de nosso Pai. E sempre que tivermos a oportunidade é nosso dever falar, ou viver de maneira que influencia o nosso semelhante, a crer no evangelho. Não importa se ele é um ferrenho perseguidor do evangelho, este é o exemplo que encontramos na palavra de Deus. Exemplo este deixado pelo próprio Senhor Jesus Cristo, e também pelos seus apóstolos.

2) Ensino da palavra de Deus.

Os sacerdotes de Israel não podiam ingerir bebidas alcoólicas quando estavam em serviço no templo, pois se o fizessem corriam o risco de serem punidos com a morte. Este fato era devido porque eles tinham a responsabilidade de discernir entre o santo e o profano, e de ensinar todos os estatutos da lei do Senhor, (Levítico 10. 9-11).

Os sacerdotes em Israel deviam ser o modelo de sobriedade e honestidade, para assim também ensinar ao povo a palavra de Deus. Como cada cristão é um sacerdote do Senhor, é esta mesma responsabilidade que cada um de nós tem hoje, como servos e servas de Deus.

O Senhor Jesus Cristo mesmo é quem diz que nos somos luz no mundo, e sal na terra, veja Mateus 5. 13-16. A luz fala daquilo que revela, que traz clareza para aquilo que outrora estava no escuro, nas trevas. Neste sentido o cristão deveria ser o meio pelo qual Deus revela a sua vontade para o mundo, tanto no sentido de julgamento quanto como no sentido de salvação. O sal é um utensílio domestico usado para varias funções. Principalmente naquela época onde não havia a tecnologia que temos hoje, o sal era usado para conservar alimentos, para dar sabor ao mesmo no momento do seu preparo, para adubar as plantas, em alguns casos até para curar feridas. Eu me lembro que quando criança, ao me cortar, às vezes minha mãe colocava o sal na ferida, ardia na hora, mas com pouco tempo o corte cicatrizava.

Como essa linguagem metafórica o Senhor Jesus Cristo está nos ensinando que, cada um de nós que foi convertido a Ele devemos agir neste mundo como o sal age. Ou seja, sermos exemplo conservando os princípios da moral de dos bons costumes, que nos é ensinado pela palavra de Deus. Darmos sabor, vivendo vidas que erradia a nossa alegria, e nosso amor, que nos foi dado por Ele quando nos salvou, que nós ajudemos aos recém convertidos a crescerem e desenvolverem suas vidas espirituais, que choquemos as pessoas com nossas convicções na palavra de Deus, mesmo que elas briguem, difamem, e até nos agridam, mas depois de considerar os fatos elas voltam reconhecendo os seus pecados e confessando a Cristo como Senhor e Salvador de suas almas. Aquilo em que os sacerdotes do Velho Testamente falharam, Deus deseja usar a mim e a você neste aspecto de ensinar sua palavra com nossas atitudes e com nossas vozes.

Principalmente nos dias de hoje é necessário eu e você assumirmos nossa responsabilidade diante do Senhor Neste aspecto. Veja o Paulo orientou a Timóteo neste aspecto: “Conjuro-te, pois diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque vira tempo em que não sofrerão a são doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando a fabulas”, (2ªTimóteo 4. 1-4).

Claro que o apostolo Paulo está se dirigindo a Timóteo, que era um ensinador reconhecido nas igrejas daquela época, e talvez, alguém pode usar isto como argumento, para justificar a sua inércia no serviço da Obra de Deus, dizendo: “Eu não sou ensinador, ou este não é o meu dom, ou o meu chamado”. E talvez você tenha razão. Talvez você não tenha o dom do ensino, talvez este não seja o seu ministério, e nem seu chamado. Mas isto não tira a sua responsabilidade de trabalhar na obra do Senhor, de exercer o seu sacerdócio, de através, da sua conduta em qualquer área da sua vida. Ser uma carta viva, onde os ensinos sadios e puros da palavra de Deus sejam vistos na pratica.

A ideia principal que Paulo está transmitindo a Timóteo é a de perseverança. E é esta a ideia principal que o Espírito Santo de Deus, está querendo transmitir a você e a mim.

Deus deseja que você e eu sejamos perseverantes em vivermos vidas que testemunhem Dele, e que aproveitemos cada oportunidade para falarmos as suas verdades aqueles que nos cercam, sejam nossos irmãos em Cristo, sejam os incrédulos.

3) A adoração.

“Três vezes no ano me celebrareis festa: A festa dos Pães asmos guardarás: sete dia comerás, pães asmos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado no mês de abibe, porque nele saíste do Egito: e ninguém  apareça vazio perante mim; A festa da sega dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a festa da colheita a saída do ano, quando tiverdes colhido do campo o teu trabalho. Três vezes no ano todos os teus varões aparecerão diante do Senhor”. (Êxodo 23. 14-17).

Embora, cada israelita tinham que comparecer obrigatoriamente em cada uma destas três festas. Os sacerdotes tinham um papel essencial em cada uma delas. Se os sacerdotes não tivessem presente, não poderia haver nenhuma destas festas, pois cada uma destas festas tinha detalhes, que era imprescindível a presença do sacerdote para realizá-las.

Não é nosso desejo falar destes detalhes, embora eu o recomende a você estudá-los para o seu enriquecimento espiritual. Mas é somente uma menção, da importância da adoração ao Senhor na vida do sacerdote israelita. Ou seja, todas as áreas de sua vida estavam relacionadas à adoração do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Fosse à área familiar, social, profissional, econômica. Tudo estava interligado ao fato dele ser um adorador do Senhor. E o foco dessa adoração, onde ela era expressa, era nestas festas que deviam ser realizadas três vezes ao ano quando entrassem na terra prometida.

A festa dos Paes asmos, ou a Páscoa. Era o momento onde todo o israelita devia lembrar que foram escravos no Egito, e que devido ao sacrifício do cordeiro, e a aplicação do seu sangue, na verga e nos umbrais das portas da casa dos israelitas. Deus havia passado por cima da casa dos israelitas, e ferido todos os primogênitos do Egito tanto de homens como de animais com a praga da mortandade. Fato este que levou a Faraó mandá-los embora do Egito. Ou seja, Deus havia libertado o povo da escravidão por meio do sangue, e esta festa era para eles se lembrarem deste evento solene, onde seus corações ao recordarem deste grande evento que houve sobre toda a nação, eles adorariam a Deus que cumpriu sua promessa feita a Abraão veja Genesis 15. 13-16.

A festa das primícias, ou do pentecostes, era quando os israelitas na primeira colheita do ano, segundo os historiadores, era a colheita da cevada. O israelita levava o primeiro molho da sua colheita ao templo, onde o sacerdote a movia diante do Senhor, e juntamente com um animal sacrificado, queimava esta oferta em holocausto no altar ao Senhor. Neste caso, esta festa era para eles lembrarem que a terra era do Senhor, então isto simbolizava que Ele merecia receber os primeiros frutos da terra, uma vez que foi o Senhor quem os havia libertado, e os colocado naquela boa terra, terra que manava leite e mel. 

A festa das colheitas, ou dos tabernáculos, era uma festa celebrada no sétimo mês do ano no calendário judaico. Onde ali eles ofereciam ao Senhor vários sacrifícios, e habitavam em tendas de ramos durante sete dias. Esta festa além de ser uma ação de graças ao Senhor pelas bênçãos das colheitas durante todo o ano, era um momento solene onde o povo de Israel que estavam na terra de Canaã, tinha construído casas e estabelecido suas vidas. Recordavam que peregrinaram no deserto durante quarenta anos, que haviam habitado em tendas, e sustentados pelo Senhor durante estes anos.

Embora, cada uma destas festas tem muitas lições espirituais, e até escatológicas. Não vamos demorar nelas. Mas é só para termos uma idéia da relação do sacerdócio e a adoração.

Cada uma destas festas estava relacionada ao passado de Israel. E como este passado devia despertar uma devoção nacional ao ser lembrado na celebração de cada uma destas festas memoriais do povo de Israel. E alem dos sacrifícios diários que era exigido na lei para serem ofertados ali no templo. Durante três vezes ao ano, os sacerdotes nestas festas trabalhavam intensamente, pois eles quem organizavam, e ofereciam ao Senhor cada uma das ofertas devida a cada festa.

Agora observe o que a palavra de Deus nos diz em 1ªCoríntios 11. 23-26: “Pois eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído tomou o pão, e tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é entregue por vos; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue, fazei isto todas as vezes que beberdes em memória de mim. Pois todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha”.

Assim como os sacerdotes de Israel estavam envolvidos com a adoração ao Senhor 24 horas por dia, e o ápice desta adoração era manifestado em cada uma das festas anuais que deveria ser observadas pela nação. Assim também nos cristãos renascidos em Cristo temos uma festa não anual, mas semanal, como vemos em Atos 20. 1-7. A ceia do Senhor deve ser celebrada por sua igreja no primeiro dia da semana. E esta é uma reunião onde o foco dela é a adoração ao Senhor pela grande Obra Redentora que Ele fez por nós na cruz do Calvário. Claro que em outras reuniões da igreja nos também adoramos ao Senhor, e é nosso dever adorá-lo todos os dias, 24 horas por dia, como era o feito pelos sacerdotes do pacto mosaico. E a maior adoração que prestamos ao Senhor é a consagração das nossas vidas a Ele. Porem a ceia do Senhor é onde esta adoração é expressa, ela é o ápice da nossa adoração.

A Ceia do Senhor, é onde cada membro redimido da igreja local, reúne com o propósito de adorar ao Senhor Jesus cristo. É quando, como um povo separado do mundo, mediante a Obra redentora de Cristo, lhe presta o verdadeiro culto, expressando sua admiração pelo seu Senhor e Salvador.

Muitos ensinadores, com toda a razão têm chamado a Ceia do Senhor de “termômetro da igreja local”. Esta reunião solene instituída pelo próprio Senhor na noite em que Ele foi traído, é o meio pelo qual a espiritualidade da igreja é manifestada. Ou seja, quando há falta de freqüência, irreverência, leviandade, excesso de formalidades, irresponsabilidades, na hora da celebração da ceia do Senhor. É sinal que a vida espiritual desta igreja está muito ruim.

Na ceia do Senhor nos lembramos do Nosso Salvador, e como ele nos salvou de uma eterna condenação, entregando sua vida por nós na cruz do Calvário, como o Cordeiro de Deus, veja João 1. 29.

Na ceia do Senhor nós nos apresentamos diante do Seu Altar, que é o próprio Senhor Jesus Cristo no nosso meio, (Mateus 18. 20). Para lhe apresentar sacrifícios de louvor que é o fruto lábios que confessam o Seu Santo Nome, veja Hebreus 13. 15.

Na ceia do Senhor é o momento que nós anunciamos que o Nosso amado Senhor e Salvador esta assentando a destra de Deus Pai nas alturas. Retornará de Lá da destra do Pai para nos buscar para o lar celestial, demonstrando assim que somos peregrinos, e forasteiros neste grande deserto, que chama mundo, pois aqui não é nossa pátria, vejam 1ªCoríntios 11. 26: Filipenses3. 20.

Nós devemos adorar a Deus pelo que Ele é, e pelo que Ele fez, e faz por nós a cada momento de nossas vidas. Porém é no momento da celebração da Ceia do Senhor é que nós adoramos a Ele como Seu povo, como Sua igreja. Mas como vemos nos nossos dias uma desvirtuação da Ceia do Senhor, quantos tem feito dela mero cerimonialismo formal, e mera superstição. Quão triste é observarmos nas igrejas a pouca freqüência dos irmãos a este ajuntamento solene do povo de Deus, ausência esta que demonstra a pobreza espiritual dos irmãos no seu dia a dia. Pois a desculpa para esta ausência é a participação indigna. Quão triste a observação da irreverência ao Senhor no momento da celebração, ou a irresponsabilidade dos participantes que não concertam suas vidas com o Senhor confessando, e abandonado suas praticas pecaminosas antes de participar.

Quão desanimador é observar a falta de amor e devoção ao Senhor no momento da ceia, em contraste com a manifestação de orgulho carnal com a observância de formalismo ritualitisco, no memento da participação dos emblemas.

Todas estas coisas aconteceram também no sacerdócio de Israel a ponto das festas do Senhor, ser chamadas de festa dos judeus, pelos evangelistas. Ou seja, as festas que o Senhor tinha instituído em Israel para memória do Seu Nome. Tornaram-se festas meramente humanas, onde se acentuava o formalismo religioso, e a vida de aparente devoção, a ponto de o próprio Senhor dizer que o povo judeu o honrava com os lábios, mas o coração deles estavam longe do Senhor veja Marcos 7. 6-8.

E isto também tem acontecido como o sacerdócio cristão, pois no lugar de cada um de nós assumirmos nossa responsabilidade diante do Senhor, e sermos verdadeiros adoradores do Senhor, estamos limitando a nossa vida cristã, a reuniões publicas da igreja. Dando ênfase ao cerimonialismo, votando a praticas judaicas, e querendo estabelecer o clero nas igrejas locais.

Que Deus em sua graça possa ter despertado a cada leitor para a verdade da Sua Palavra, e que cada irmão e cada irmã assumam a sua posição para qual o Senhor Jesus Cristo os Colocou mediante o seu sacrifício na cruz do Calvário. A posição de Sacerdotes de Deus. Amém.

Jesué da Silva Andrade.

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