Evangelizar é importante! - Correspondências de John Nelson Darby.

Estou convencido que devíamos anunciar o amor de Deus aos pecadores com muito mais vigor do que vimos fazendo até agora.

Porém, eu prefiro fazer isto perante auditórios mistos, quando provavelmente haja mais incrédulos presentes, e menos nas reuniões dos crentes.

Afinal, em se tratando de crentes, é mais importante que estes sejam mais aprofundados na verdade. 

A proclamação sempre deveria acontecer de um modo que os incrédulos reconheçam os seus pecados, e vejam que Deus não pode ter comunhão alguma com pecado. Então também compreenderão bem a necessidade da reconciliação.

E neste ponto, então, Cristo pode ser contemplado, e consigo a remissão e a justiça. 

A santidade divina não tolera o pecado em sua presença, e Sua justiça o condena. Tais fatos devem ser compreendidos pelo pecador, para que saiba a razão pela qual a obra do amor se fez necessária. Este amor, de igual forma, também deve ser anunciado sem restrições. Já por isso muitas consciências, nas quais já se manifestam necessidades espirituais, são convencidas do pecado e conduzidas a discernir plenamente o seu estado. Contudo, como também já mencionei, é muito proveitoso promover o convencimento do pecado em conformidade com a justiça na ocasião em que a graça está sendo plenamente apregoada; e ambos aspectos estão associados em Cristo. Eu considero que - justamente hoje - seja extremamente importante que pregadores saiam a este mundo com a mensagem do amor especial aos pecadores. Amor, segundo o caráter, tal como foi manifesto em Cristo; amor, que leva o pecador a tomar conhecimento de sua condição pecaminosa, e não faça pouco caso do pecado. Amor, que se manifesta em graça aos pecadores; graça, que vigora mediante a justiça e assim se manifesta como a graça perfeita. Por vezes eu chego a pensar que o amor de Deus tem sido apregoado como se fosse um tipo de presente que  o pecador apenas precisa aceitar. E Deus se alegra nisto. Porém é oportuno que, nesta ocasião, o pecador tenha profunda ciência de sua condição de culpado perante Deus... Eu tenho o evangelizar como um dos serviços mais ditosos que há. Mas eu também anseio que os santos sejam firmados na verdade e na glóriade Cristo. 

Como é ditoso sabermos existir Alguém que efetua tudo!  

 
Por outro lado, eu ficaria profundamente abatido caso constatasse que os princípios peculiares praticados pelos "Irmãos" e seus trabalhos entre as assembléias dos santos (que são corretos e não devem ser afrouxados de forma alguma) os levassem a abrir mão do trabalho entre as almas não convertidas. Aliás, no início, se via justamente o contrário! Quando o amor está em operação - e é necessário que esteja operante caso quisermos que as reuniões sejam abençoadas - então as atividades (para o Senhor) realizadas no mundo também se refletem em bênçãos para as reuniões. O único ponto a observar é que tudo ocorra sob a operação do Espírito Santo. 
 
Eu quero me distanciar o máximo de pensar que a evangelização seja uma "coisa inferior". Há mais de vinte anos um fiel irmão, que considerava relevante que nos ocupássemos com a irmandade e a conduta dela, me culpou por me dedicar demasiadamente à evangelização. Eu, porém, não o lamento ... nesta época que vivemos tal trabalho se reveste da maior importância. E Deus tem inserido muitos nele. É verdade também que muitos se manifestam superficiais, de modo que ainda se faz necessário uma obra que toque as consciências mais a fundo; porém agora - tanto mais próximo estivermos do fim - me parece que Deus está disposto a constranger as almas a buscarem um abrigo seguro.
Graças a Deus por isso! E existe um empenho maior dos irmãos também neste sentido. Porém eu creio que sempre será assim: que a bênção "dentro" da assembléia depende diretamente da medida do espírito evangelizador evidenciado "fora" dela. E a razão para isto é bem simples: a bênção é decorrente da presença de Deus; e Deus é amor, e é o amor que me faz procurar as almas. Não se trata, de forma alguma, de negligenciar ou desdenhar o cuidado pelos santos. Não há nada mais importante no seu devido lugar; porém tenho constatado que, onde o amor de Deus está mais evidente estas duas coisas andam juntas. 
A devoção ao evangelismo tampouco implica negligenciar aquelas coisas que se convencionou chamar de "princípios dos irmãos". Porém Deus ama almas, e caso nós não as procurarmos, Ele há de colocar o seu testemunho em outro lugar. A verdade é que Ele nos ama, porém ele não depende de nós. Que Ele nos conceda que Lhe sejamos fiéis, e então certamente os abençoará, pois sua longanimidade é grande.
 
Precisamos de obreiros. 
 
Bom seri que o Senhor ainda desperte obreiros bons e dedicados, que venham aos homens diretamente da parte de Cristo, que como bons guerreiros de Jesus Cristo por vezes até aprendam a suportar dificuldades! Ele tem despertado alguns, eSeunome seja louvado por isso! Mas precisamos de muito mais! Nós precisamos rogar ao Senhor da Seara que conceda esses obreiros! Quanto à mim, tenho avaliado que a tarefa que me foi atribuída é justamente a exposição da Palavra. Constato as necessidades da Igreja de Deus neste sentido e estou satisfeito com este encaminhamento, mas eu sempre amei a evangelizaçãoaliás, foi nesta obra que eu saí. 
Embora tenha me dedicado mais à Igreja que ao ganhar almas, tenho, contudo, a confiança que as amo. Porém entendo que a evangelização deve ser ligada à glória de Cristo. 
 
No tocante à agitação das muitas atividades, esta passará.
 
Eu sempre digo aos irmãos: não se oponham a ela; tudo seencaminhará para sua medida normal. Aevangelização é uma atividade abençoada, e Deus tem tolerância com as muitas falhas e exageros que se manifestam ali,ainda que estas sejam lamentáveis. Um dos males verificado é que as pessoas trazidas para dentro (doseioda igreja)já logoanseiam por atividades e a pregação.
 
Porém tudo há de se normalizar.
 
A agitação irá ceder, mas a obra de Deus permanecerá. 
 
Eu ficaria extremamente aflito se os "Irmãos" deixassem de ser um grupo de cristãos evangelizadores. Caso isto acontecesse, eles aos poucos também abandonariam o seu ponto de vista espiritual e muito provavelmente se tomariam sectários - mesmo que não teórica, mas praticamente -, pois não teriam mais entre si o princípioalargadordo amor.Mas graças a Deus que ainda não é assim! Porém a graça somente não basta para a conservação do testemunho. No início eram os irmãos - e na maioria das vezes eles eram os únicos - ocupados na evangelização. 
As circunstâncias eram severas, a céu aberto em feiras livres, exposições, corridas, regatas e em quaisquer outros lugares. As reuniões cresciam e surgiu a necessidade do cuidado pelas almas, embora o evangelizar prosseguisse e fosse abençoado, bem como, de certa forma, continua sendo ainda em muitos lugares. Entrementes outros entraram nos campos e verdadeiramente os sucederam segundo Deus. 
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