Regeneração

Regeneração
 
 
 
Brian Currie, Irlanda do Norte
 
 
Introdução
 
A palavra ―regeneração‖ ocorre somente duas vezes na Bíblia. Estas duas referências são:
 
i) ―E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel‖ (Mt 19:38).
ii) ―Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito …‖ (Tt 3:5).
No evangelho de Mateus o assunto é nacional; tem a ver com a Criação e está no futuro.
Na carta de Paulo a Tito é pessoal; tem a ver com cristãos e está no presente.
Definição
Há três termos que, embora intimamente ligados, precisam ser distinguidos. São ―vivificar‖, ―nascer de novo‖, e ―regeneração‖, que é o assunto deste capítulo.
As palavras ―vivificar‖, ―vivifica‖, ―vivificou‖, ―vivificarão‖, ―vivificante‖, e ―vivificado‖, ocorrem 26 vezes na Bíblia: 14 vezes no Velho Testamento e 12 no Novo Testamento. A idéia central nesta palavra ―vivificar‖ é a imputação da vida divina. Para que isso possa acontecer todo o poder divino, todas as Pessoas divinas e toda a revelação divina estão envolvidos.
Das ocorrências no Velho Testamento, 11 estão no Salmo 119. Assim, há um vinculo íntimo entre vivificar e a Palavra de Deus, que é o assunto principal daquele Salmo.
Não somente a Palavra está envolvida, mas também o Espírito de Deus. Assim lemos: ―O Espírito é o que vivifica …‖ (Jo 6:63).
Notamos que o Filho de Deus está envolvido também, ―pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer‖ (Jo 5:21).
Muitas referências provam que o próprio Pai está envolvido. ―E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados‖ (Ef 2:1); ―E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas‖ (Cl 2:13).
Estas referências provam o que já afirmamos, que vivificar tem a ver com a imputação da vida. Romanos 4:17 e 8:11, que falam da ressurreição, também enfatizam esta verdade. Vemos isto também na esfera da agricultura (I Co 15:36), e em relação ao Senhor Jesus (I Pe 3:18).
Temos ilustrações bíblicas disto nas três ocasiões quando o Senhor Jesus ressuscitou pessoas que tinham morrido: uma menina, um rapaz, e um homem. Dois eram jovens, mas Lázaro já era homem maduro. Aprendemos que idade e gênero não importam, porque todos precisam ser vivificados. A menina tinha acabado de morrer, o rapaz estava a caminho do sepulcro e Lázaro estava morto já quatro dias e cheirava mal. Aqui aprendemos que não importa a profundidade a que a pessoa tem-se afundado no pecado — Ele pode vivificar a todos.
Em seguida, pensemos na expressão ―nascer de novo‖, que indica inclusão na família.
É quando nascemos que nos tornamos parte da família do nosso pai. Assim também é espiritualmente. É somente quando ―nascemos de novo‖ que entramos na família de Deus. Isso não acontece por meio de batismo, nem por relacionamentos naturais, ritos religiosos ou qualquer outra coisa feita por ou sobre a pessoa, pessoalmente ou por outra. O novo nascimento é de Deus. É por isso que o Senhor Jesus disse a Nicodemos: ―Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus … Não te maravilhas de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo‖ (Jo 3:3, 7).
A palavra aqui traduzida ―de novo‖ é usada por João em três outros lugares no seu evangelho:
i) 3:31 — ―Aquele que vem de cima é sobre todos‖;
ii) 19:11 — ―Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado …‖;
iii) 19:23 — ―A túnica porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura‖.
Assim, o novo nascimento é uma obra de Deus porque vem de cima. João confirma isto na sua primeira epístola, onde ele nos lembra sete vezes que somos nascidos de Deus ou nascidos dEle (veja 2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18). Nunca lemos que somos nascidos de Cristo.
Aprendemos de I Pedro 1:23 que o novo nascimento é produzido por Deus, usando a Sua Palavra: ―Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre‖. Para entendermos este versículo corretamente, é necessário considerar as preposições usadas nele. Lendo o versículo, literalmente, temos: ―Sendo de novo nascidos, não de [ek] semente corruptível, mas da incorruptível, por intermédio [dia] da Palavra de Deus vivendo e permanecendo para sempre‖. Assim, a palavra de Deus é o instrumento pelo qual a semente incorruptível da vida divina é concedida à alma que crê.
Podemos ver uma ilustração bíblica disso na história de Naamã em II Reis 5, onde lemos no v. 14: ―… sua carne tornou-se como a carne de um menino …‖.
Chegamos agora ao assunto deste capítulo, Regeneração, que significa a introdução de uma nova condição.
Antes de expor este assunto, podemos considerar a ilustração bíblica que vemos no gadareno endemoninhado. Ele encontrou o Senhor Jesus e foi totalmente mudado, sendo introduzido a uma situação completamente nova. Assim, o encontramos ―vestido, e em seu juízo, assentado aos pés de Jesus‖ (Lc 8:35). Houve uma mudança nos seus trajes, ele estava ―vestido‖; houve uma mudança na sua atitude, estava ―em seu juízo‖; houve uma mudança na sua posição, estava ―assentado aos pés de Jesus‖; e houve uma mudança na suaapreciação, ―rogou-lhe que o deixasse estar com Ele‖ (v. 38).
Exposição
Já notamos que o assunto da Regeneração tem dois aspectos, que são:
a) Nacional, ligado à Criação, no futuro. Isto é Mateus 19:28: ―E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando na regeneração, o Filho de homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.‖
b) Pessoal, ligado aos cristãos, no presente. Isto é Tito 3:5: ―Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo…‖.
a. Nacional
Este aspecto, mencionado por Mateus, trata da nação de Israel e é profético. Com o Arrebatamento da Igreja, a influência que tem refreado o avanço da rebeldia será
removida, e consequentemente o mundo será mergulhado em dias terríveis de desastres naturais, como fomes e terremotos; anarquia social; grandes problemas políticos internacionais, com guerras civis e internacionais, todos numa escala nunca vista.
Quando o Salvador vier como Rei, Ele subjugará todos os Seus inimigos, produzindo uma grande renovação, e Ele introduzirá condições inteiramente novas.
Apocalipse 19 nos informa que Ele virá do Céu num cavalo branco, o símbolo da realeza, e tratará com aqueles que estarão reunidos ao redor de Jerusalém para destruí-la. Os dois homens de Satanás, a besta e o falso profeta, serão ―lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre‖ (v. 20), e todos os que os seguiam serão mortos.
Então o Rei tratará com Satanás. Ele será ―amarrado‖ durante o período dos mil anos do reino milenar do Senhor (Ap 20:1-3).
Alguns duvidam se este período de mil anos será literal, e outros sugerem que se refere aos dias em que vivemos. Contudo, notamos os seguintes detalhes:
i) A prisão de Satanás não acontecerá até que o Rei vier, portanto não pode ser durante esta era presente.
ii) Os tempos mencionados em Apocalipse são literais.
iii) Em Apocalipse o símbolo usado para um ano é ―tempo‖. Lemos em 12:14, que Israel ―é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo‖.
iv) No Novo Testamento há duas palavras usadas para ―ano‖, e ambas são usadas em Apocalipse. A primeira está em 9:15: ―E foram soltos quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens‖. Esta palavra ocorre 14 vezes no Novo Testamento, e significa muitas vezes um período de tempo. Por exemplo, a primeira referência está em Lucas 4:19: ―o ano aceitável do Senhor‖. Contudo, a palavra usada em Apocalipse 20:2-7, é primeiramente usada em Mateus 9:20: ―uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue‖. Observe também como João usa esta palavra: ―Em quarenta e seis anos foi edificado este templo‖ (Jo 2:20). ―E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo‖ (5:5). ―Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?‖ (8:57). Estes exemplos provam incontestavelmente que a referência aqui é a anos reais e literais.
Transformação — o que acontecerá nesta grande regeneração?
Muitas esferas serão afetadas, tanto em relação a Israel como à humanidade em geral. As seguintes referências bíblicas mostram a imensidão destas mudanças, que acontecerão em, pelo menos, sete aspectos diferentes.
i) Espiritualmente
Jeremias 31:33-34: ―Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um o seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados‖.
Isaías 11:9: ―… a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas do mar‖.
Habacuque 2:14: ―Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar‖.
ii) Geograficamente
Isaías 40:4-5: ―Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse‖.
Zacarias 14:4, 10: ―E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e a metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul…Toda a terra em redor se tornará em planície, desde Geba até Rimom, ao sul de Jerusalém.‖
iii) Botanicamente
As condições do Éden voltarão: Isaías 35:1-2: ―O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa. Abundantemente florescerá, e também jubilará de alegria e cantará‖.
Salmo 72:16, ―Haverá um punhado de trigo na terra sobre as cabeças dos montes; o seu fruto se moverá como o Líbano‖.
iv) Zoologicamente
Isaías 11:6-8: ―E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco‖.
Ezequiel 47:8-9: ―Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis. E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio‖.
v) Naturalmente
Zacarias 14:6-7: ―E acontecerá que naquele dia, não haverá preciosa luz, nem espessa escuridão. Mas, será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; mas acontecerá que ao cair da tarde haverá luz‖.
vi) Socialmente
Zacarias 14:11: ―E habitarão nela, e não haverá mais destruição, porque Jerusalém habitará segura‖.
Isaías 2:4: ―e estes converterão suas espadas em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear‖.
Miquéias 4:3-4: ―E julgará entre muitos povos, e castigará nações poderosas e longínquas, e converterão as suas espadas em pás, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Mas, assentar-se-á cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse‖.
vii) Nacionalmente
Deuteronômio 28:13: ―E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo …‖.
Vindicação
Nós apreciamos todas estas mudanças e antecipamos estes dias com corações cheios de gozo e devoção, porque haverá a vindicação do Senhor Jesus aqui na Terra, onde Ele foi rejeitado.
Note os contrastes entre a Sua posição quando rejeitado na Terra e durante estes dias de Glória Milenar:
 
NA TERRA NO MILÊNIO
HUMILHAÇÃO GLÓRIA
PLANOS      ENVOLTO EM GLÓRIA
UMA JUMENTA UM CAVOLO BRANCO
DERRAMOU LÁGRIMAS OLHOS COMO CHAMAS DE FOGO
TÚNICA DE PÚRPURA VESTES REAIS
UMA COROA DE ESPINHOS  MUITOS DIADEMAS
POUCOS DISCÍPULOS TÍMIDOS OS EXÉRCITOS DO CÉUS
SEU SANGUE OS SANGUE DOS SEUS INIMIGOS
ACIMA DELE "REI DOS JUDEUS" NA SUA COXA "REI DOPS REIS E SENHOR DOS SENHORE"
HOMENS REUNIDOS PARA CONDENÁ-LO HOMENS REUNIDOS PARA SEREM CONDENADOS POR ELE
SOZINHO NA CRUZ COM TODAS AS HOSTES CELESTES.
UMA CANA DE ESCÁRNIO UMA VARA DE FERRO
 
 
b. Pessoal
Muitos irmãos têm negligenciado a epístola de Paulo a Tito. Contudo nos seus 46 versículos temos muitas verdades doutrinárias. De fato, há três grandes passagens doutrinárias na epístola:
i) 1:1-3. Aqui encontramos a grande verdade da eleição; acontecimentos antes da criação do mundo; a fé; e a pregação. É uma miniatura da carta aos Efésios.
ii) 2:11-14. Estes versículos apresentam a chegada da graça; a mudança na vida presente; a segunda vinda do Senhor Jesus. É uma miniatura da carta aos Tessalonicenses.
iii) 3:4-7. Nesta parte aprendemos sobre a corrupção do homem; a justificação pela graça; somos herdeiros; e temos uma esperança. É uma miniatura da carta aos Romanos.
Nossa intenção agora é meditar sobre Tito 3, especialmente os vs. 1-7, que nos apresentam o assunto da Regeneração e como isso afeta os cristãos, no presente.
Estes versículos podem ser compreendidos se fizermos, e respondermos, três perguntas:
i) Por que a regeneração foi necessária? A resposta se encontra no v. 3.
ii) Como aconteceu a regeneração? A resposta se encontra nos vs. 4-6.
iii) Que diferença fez a regeneração? A resposta se encontra nos vs. 1 e 2, que se relacionam com a nossa responsabilidade presente, e no v. 7 que se relaciona com nossodestino futuro.
i) Por que a regeneração foi necessária?
3:3: ―Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros‖.
Paulo se inclui nesta descrição, usando a palavra ―nós‖, mas rapidamente ele acrescenta que sua maneira de viver tinha mudado e que ele, e eles, não viviam mais daquela maneira. Assim, ele usa o tempo imperfeito: ―Nós … éramos‖.
Uma acusação sétupla é feita contra nós, e como é comum com o uso de números na Bíblia, sete se divide em 3 + 4 ou 4 + 3. Sendo sete o número da perfeição, ou algo completo, isto mostra a total depravação do nosso estado espiritual, antes da regeneração.
As primeiras três acusações são interiores, e as outras quatro são exteriores. São dadas nesta ordem porque o problema maior da humanidade não regenerada é interior. Esta foi a conclusão de Deus no Salmo 14:1: ―Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras …‖. Repare que começa com o que ―são‖, não com o que ―fazem‖. ―Têm-se corrompido‖ se refere ao estado interior e, como resultado disso, lemos o que fazem: ―fazem-se abomináveis‖. Este problema interior não pode ser solucionado por algum remédio exterior. A dificuldade do homem não pode ser resolvida por meio de coisas exteriores como ritos religiosos, batismo, ou participar da ―Santa Comunhão‖; nem pelas obras de bondade ou filantropia; nem pela provisão de casas melhores, emprego, benefícios sociais. Nada exterior pode tocar o problema interior. A necessidade interior precisa ser tratada antes que a necessidade exterior possa ser corrigida.
a) Interiormente
i) ―insensatos‖. Significa irracionais, sem capacidade para discernir coisas espirituais, e está relacionado com a mente. A palavra é também traduzida ―insensatos‖ (Gl 3:1, 3); ―loucas‖ (I Tm 6:9); ―néscios‖ (Lc 24:25) e ―ignorantes‖ (Rm 1:14). Podemos nos orgulhar do nosso intelecto e raciocínio em muitas esferas da vida, mas não em coisas espirituais.
ii) ―desobedientes‖. É o oposto de ser persuadido, e esta atitude nos deixou endurecidos e rebeldes. Isso está relacionado com o coração. Os únicos outros usos desta palavra como adjetivo são: Lc 1:17 (traduzido ―rebeldes‖); At 26:19; Rm 1:30; II Tm 3:2; e Tt 1:16.
iii) ―extraviados‖. Este verbo é um particípio presente na voz passiva, que significa que estávamos sendo enganados. Traz a idéia de ser desviado, e está relacionado com avontade. Em outras passagens é traduzida de várias maneiras, por exemplo: ―desgarrou‖ (Mt 18:12); ―errados‖ (Hb 5:2); ―errantes‖ (Hb 11:38).
Assim, interiormente, a minha mente, coração e vontade estavam todos afetados pelo pecado. Isso produziu problemas
b) Exteriormente.
iv) ―servindo a várias concupiscências e deleites‖.
―servindo‖ é um particípio presente na voz ativa, significando que quando não éramos salvos, constantemente seguíamos este caminho. Esta é a palavra doulos, conhecida de muitos cristãos, mostrando que servíamos como escravos. Não importa o que os incrédulos pensam, eles não são livres.
O que é que eles servem? ―Concupiscências‖. Repare que esta palavra, e ―deleites‖, estão no plural. ―Concupiscências‖ significa todo tipo de desejo depravado. Ocorre 38 vezes como substantivo no Novo Testamento. Somente não é
traduzida ―concupiscência‖ nas seguintes referências: Mc 4:19 (―ambições‖); Lc 22:15 (―desejei‖); II Tm 2:22 (―paixões‖); e Jo 8:44; Ef 2:3; Fp 1:23; I Ts 2:17; Ap 18:14, onde é traduzida ―desejo(s)‖.
―deleites‖. Refere-se a todo tipo de desejo natural e sensual. Além desta passagem, a palavra só se encontra em: Lc 8:14; II Pe 2:13 e Tg 4:1, 3.
v) ―vivendo em malícia e inveja‖.
―Vivendo‖. Aqui temos outro particípio presente na voz ativa, significando, novamente, que este modo de viver era constante.
―Malícia‖. Significa extrema maldade, com uma dureza depravada que deseja prejudicar os outros. É encontrada no Novo Testamento em: Mt 6:34 (―mal‖); At 8:22 (―iniquidade‖); II Pe 2:16 (―transgressão‖); I Co 5:8 e Rm 1:29 (―maldade‖); I Co 14:20; Ef 4:31; Cl 3:8; II Pe 2:1 e Tg 1:21 (―malícia‖).
―Inveja‖. Esta palavra ocorre nove vezes no Novo Testamento, e é sempre traduzida ―inveja‖. Significa querer o que o outro tem. É mais forte que ―ciúmes‖, que significa querer algo semelhante àquilo que o outro tem. ―Inveja‖ não fica satisfeita quando outra pessoa vai bem e prospera. Uma pessoa invejosa não obedece à exortação: ―Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram‖ (Rm 12:15).
vi) ―odiosos‖. Aqui temos a única menção desta palavra no Novo Testamento. Ela significa ser detestável ou ofensivo. Provavelmente descreve o que éramos para com os outros.
vii) ―e odiando-nos‖. Todas as quarenta e duas menções desta palavra têm o significado de ser detestável. Novamente é um particípio presente na voz ativa. A implicação é que não existe amor ou amizade profunda e durável entre os incrédulos.
ii) Como aconteceu a regeneração?
vs. 4-6: ―Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador‖.
Assim como havia uma acusação sétupla contra nós, agora temos sete passos tomados por Deus, mostrando como a nossa salvação é completa.
Notamos que isto ―apareceu‖. Esta palavra, na forma verbal, é encontrada também em: Lc 1:79 (traduzida ―iluminar‖); At 27:20 (―aparecendo‖) e Tt 2:11 (―há manifestado‖).
Significa ―resplandecer‖, ―brilhar‖. Antes estava escondido, mas agora foi manifestado. Esta mensagem gloriosa da regeneração, pela morte do Senhor Jesus, não se encontrava no Velho Testamento, mas é um assunto da revelação do Novo Testamento. Procuraremos em vão, no Velho Testamento, por esta ou outra doutrina relacionada com a igreja.
Também, devemos apreciar que a regeneração não se originou no coração do homem. Não a merecíamos e nem poderíamos merecê-la, e assim Deus teve que tomar a iniciativa. Por esta razão, nestes sete passos tomados por Deus, lemos da Trindade: Deus (v. 4), o Espírito Santo (v. 5) e Jesus Cristo (v. 6).
Estes sete atos são:
i) ―Benignidade‖. Esta palavra é traduzida ―bondade‖ em Romanos 11:22; ―bem‖ em Romanos 3:12; ―benignidade‖ em Romanos 2:4; II Coríntios 6:6; Efésios 2:7; Colossenses 3:12; Gálatas 5:22. É a benignidade ou bondade que se manifesta na
vida pelas obras assim caracterizadas. Poderia ser descrita como ―bondade em ação‖ (W. E. Vine).
ii) ―Amor‖. Esta é a nossa palavra ―filantropia‖, que aqui significa o amor de Deus para com o homem. Não pode ser explicado, somente desfrutado. Obviamente está em grande contraste com a descrição ―odiosos e odiando-nos uns os outros‖. Quem nos amou foi ―Deus nosso Salvador‖. Este título é característico das Epístolas Pastorais, e revela o poder e a grandeza dAquele que salva. A salvação é uma obra muito além da capacidade de qualquer homem, ou grupo de homens. Agora mais uma explicação é dada, e para que não haja nenhuma dúvida, lemos como não aconteceu, e como aconteceu. Como vemos na expressão no v. 5: ―não … mas‖, temos o ensino negativo e também o positivo. ―Não pelas obras da justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia Ele nos salvou, pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo‖ (3:5).
a) Negativamente. A primeira parte do versículo ensina a verdade fundamental que as obras do homem não têm nenhuma parte na sua salvação. Literalmente diz: ―Não de [ek] obras em [en] justiça‖. A fonte não é ―obras‖, e a esfera não é ―justiça‖. Deus não nos salva por causa do que temos feito ou do que faremos; nossas boas obras não influenciam Deus na Sua maneira de tratar com indivíduos. Neste grande assunto, nosso esforço é inútil e sem valor. Este fato é constantemente enfatizado nos escritos de Paulo, como podemos facilmente observar considerando as seguintes Escrituras: Rm 3:28; 4:5; Gl 2:16; Ef 2:8,9; e II Tm 1:9.
b) Positivamente:
iii) ―Sua misericórdia‖. Esta é a origem desta grande bênção — vem dEle, como resultado da Sua misericórdia. Misericórdia ―é a manifestação exterior de compaixão; ela reconhece a necessidade de quem a recebe e reconhece que aquele que a demonstra tem os recursos suficientes para suprir a necessidade‖ (W. E. Vine). É a compaixão de Deus para com o afligido, com o desejo e a capacidade de ajudar. Nós podemos visitar um hospital e ver ali pessoas em muito sofrimento. Podemos nos sentir comovidos, mas não temos os recursos para suprir aquela necessidade. Louvamos o Seu nome que Ele teve a capacidade para suprir o que a Sua compaixão sentiu.
iv) ―Ele nos salvou‖. Isto é o que Ele realizou — a salvação completa. Estando no tempo aoristo, indica que houve um momento quando isto aconteceu, e que naquela ocasião o acontecimento foi completo em si mesmo. A salvação não é um processo, é instantânea, no momento em que um pecador coloca a sua fé no Senhor Jesus Cristo como seu Salvador. Nós não lemos: ―Ele nos ajudou‖. Ele fez tudo!
Já vimos acima que estávamos errados interiormente e exteriormente. Portanto, duas coisas são necessárias.
Para o exterior há a lavagem;
Para o interior há a renovação.
Ambas estas coisas acontecem na conversão.
v) ―Lavagem da regeneração‖. Num certo sentido, isto é externo, e removeu toda a contaminação e pecado. Em João 13, o Senhor estava para lavar os pés dos discípulos e Pedro reclamou. Quando o Senhor explicou as consequências de não ter seus pés lavados, Pedro queria ser lavado completamente. Lemos, no v. 10, que o Senhor lhe disse: ―Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo‖. Parece uma expressão estranha até que notamos que duas palavras diferentes são usadas aqui, no grego, para ―lavar‖. A primeira significa banhar, uma lavagem completa. A segunda significa lavar parte do corpo, e é usada em João 13:5,
6, 8, 10, 12, 14. Assim há uma lavagem completa que não precisa ser repetida, e há outra lavagem parcial, como dos pés, que precisa ser repetida. Esta primeira lavagem completa é chamada, aqui em Tito 3, ―a lavagem da regeneração‖. Talvez uma ilustração poderia ajudar nossa compreensão. No Velho Testamento os sacerdotes estavam acostumados com várias lavagens. Entretanto, havia duas que eram essenciais no seu serviço. Em Levítico 8:6, na sua consagração, lemos que ―Moisés fez chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água‖. Esta era uma lavagem que acontecia uma única vez e era realizada por Moisés, agindo por Deus. Entretanto, quando eles se aproximavam para servir, eles tinham que constantemente usar a bacia para lavar suas mãos e seus pés. Isto eles faziam por si mesmos. A primeira destas lavagens se compara com Tito 3, e a segunda com João 13. Note também Hebreus 10:22: ―Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados de má consciência e o corpo lavado com água limpa‖. Alguns sugerem que esta lavagem é literal e que fala do batismo, mas se interpretarmos o ―corpo‖ literalmente, então precisamos também interpretar literalmente ―corações purificados‖. Esta é outra referência à ―lavagem da regeneração‖. Outra Escritura intimamente ligada com este assunto é João 3:5: ―… aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus‖. Para completar, devemos mencionar que I Coríntios 6:11 é diferente. A palavra ali significa ―lavar embora‖ e, estando na voz média significa ‗lavar-se a si mesmo‘. W. E. Vine diz que a palavra ―indica que os convertidos em Corinto, pela sua obediência à fé, voluntariamente deram testemunho da mudança completa que foi divinamente efetuada neles‖.
vi) ―e pela renovação do Espírito Santo‖. Isto é algo interno e inclui uma renovação completa, uma mudança completa para o melhor. Como já descrito anteriormente, é aintrodução de uma condição inteiramente nova. O Espírito Santo, que usa a Palavra de Deus para atingir o pecador arrependido que crê, efetua esta renovação. Encontramos o que temos exposto nos parágrafos v) e vi) em um só versículo, em II Coríntios 5:17: ―Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram [a lavagem]; eis que tudo se fez novo [a Renovação]‖ .
vii) ―Ele derramou sobre nos abundantemente‖. Este verbo ―derramar‖, estando no tempo aoristo, não permite um processo contínuo. Assim como ―salvou‖, no v. 5, é completo e não um processo, assim também este derramamento aconteceu somente uma vez. Achamos a mesma expressão em Atos 2:33: ―… tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis‖. É a mesma palavra que é usada para o derramamento das taças em Apocalipse 16. No dia de Pentecostes (Atos 2) o Senhor Jesus derramou o Espírito Santo em rica profusão, e Ele nunca foi retirado. Assim, não devemos esperar outro derramamento nos nossos dias. O Espírito Santo é uma Pessoa Divina, não uma influência. Não podemos imaginar uma parte desta Pessoa sendo derramada. Naquele grande dia Ele foi derramado integralmente, e o Senhor Jesus disse: ―… para que fique convosco para sempre‖ (Jo 14:16). Enquanto a Igreja estiver aqui, Ele também estará. Alguns podem usar o fato que a mesma palavra é usada em Atos 10:45 como evidência de que há um derramamento contínuo do Espírito Santo: ―maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios‖. Devemos notar que o tempo do verbo, aqui, não é o mesmo que em Atos 2:33, onde está no aoristo, indicando uma ação completada naquele tempo. Em Atos 10:45 está no tempo perfeito, significando que a ação é vista como tendo sido completada no passado, mas com efeitos contínuos no presente. Assim, em Atos 10, os gentios entraram na bênção do que aconteceu em Atos 2. Não houve um novo derramamento do Espírito
depois de Atos 2. Hoje, quando alguém se torna cristão pela fé no Senhor Jesus Cristo, naquele momento ele entra na bênção do acontecimento descrito em Atos 2.
3) Que diferença fez a regeneração?
A resposta está em 3:1-2 com respeito à nossa responsabilidade presente, e no v. 7 com respeito ao nosso destino futuro.
a) 3:1-2 — Responsabilidade presente
―Admoesta-os que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda boa obra; que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens‖.
Já que pertencemos a uma nova ordem de coisas, mudanças são esperadas. Nestes versículos duas destas mudanças são enfatizadas:
i) 3:1 — nada de anarquia política;
ii) 3:2 — nada de antagonismo social.
3:1 —nada de anarquia política.
―Admoesta-os‖. Esta é uma ordem apostólica de Paulo a Tito. Ele deve continuamente e constantemente lembrar os salvos desta responsabilidade.
―Que se sujeitem‖. Eles, e assim nós também, devemos submeter-nos, ou obedecer, como fariam soldados à sua liderança militar. A mesma palavra já foi traduzida ―sujeitar‖ duas vezes nesta epístola, em 2:5, 9. Também é usada por Paulo no mesmo contexto em Romanos 13:1: ―Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores‖.
―Que lhes obedeçam‖. As únicas outras menções desta palavra estão no livro de Atos: 5:29, 32, traduzida ―obedecer‖, e 27:21, traduzida ―ouvido‖.
O ensino para nós é prático. A menos que esta sujeição impeça nossa obediência à Palavra de Deus, devemos obedecer todo tipo de governo, local ou nacional. Não importa se gostamos ou não das pessoas, não importa se concordamos ou não com as leis estabelecidas ou se as consideramos injustas. Nós nos submetemos e pagamos as taxas locais e nacionais, e vivemos a vida mais quieta possível.
O lembrete constante é necessário, porque quando surgem novas leis das quais não gostamos, a tendência é esquecer nossa posição e nos envolver politicamente. Em I Timóteo 2:1-2, aprendemos que nosso único ponto de contato com o mundo tenebroso da política é em oração: ―Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade‖. Note que não oramos que certo partido prevaleça, mas oramos para que aqueles em autoridade possam agir de tal maneira que possamos viver e assim servir a Deus com tranquilidade e paz.
No Novo Testamento há muitos incentivos para sermos sujeitos às autoridades. Aqui é a regeneração. Em Romanos 13:1 (―Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores‖), é baseado na justificação. Em I Pedro 2:13 (―Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor ao Senhor‖), tem como motivação o assunto da redenção.
3:2 — nada de antagonismo social.
―Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens‖.
―Ninguém infamem‖. Significa, literalmente, blasfemar, prejudicar com palavras, injuriar, ultrajar. Os exemplos clássicos são achados no tribunal do Senhor Jesus e quando Ele estava na cruz: Mateus 26:65 (―… blasfemou‖); 27:39 (―e os que passavam blasfemavam dele …‖). Esta palavra já foi usada por Paulo nesta epístola em 2:5: ―a fim
de que a palavra de Deus não seja blasfemada‖. Esta linguagem e comportamento desagradável não têm lugar na vida daqueles que entraram nesta nova condição de regeneração.
―Nem sejam contenciosos‖. A única outra menção desta palavra no Novo Testamento é em relação aos bispos em I Timóteo 3:3: ―… não contencioso‖. Indica que não devemos ser inclinados a discutir, a estar sempre brigando, ou dados a contendas. Algumas pessoas têm um jeito infeliz de estar sempre causando problemas, em todo lugar e sobre nada. Se nós estamos sempre reclamando acerca de coisas insignificantes e sem importância, quando surgir algo sério, a nossa reclamação dificilmente será considerada.
Agora aprendemos que nem tudo é negativo, há também o lado positivo.
―Modestos‖. Esta palavra ocorre cinco vezes no Novo Testamento. Em Tiago 3:17 é traduzida ―tratável‖; em I Pedro 2:18 é ―humanos‖; em I Timóteo 3:3 é ―moderado‖, e em Filipenses 4:5, ―equidade‖. Significa ser razoável, comportar-se de maneira conveniente, ―não exigindo a letra da lei‖ (W. E. Vine). Uma pessoa modesta não será precipitada nem tendenciosa nas suas conclusões, mas levará em consideração todos os fatos, de uma maneira justa. Em assuntos pessoais, esta pessoa prefere sofrer o mal do que causar escândalo. Não haverá insistência que o outro peça desculpas, nem haverá ameaças se as desculpas não forem pedidas.
―Mostrando toda a mansidão‖. Esta pessoa não será arrogante e egoísta. Esta é uma característica do Senhor Jesus (II Co 10:1), e é parte do ―fruto do Espírito‖ (Gl 5:23).
No mundo esta característica é interpretada como fraqueza, e assim os empregados são aconselhados a fazer cursos sobre como defender os seus direitos. Isso está longe do padrão que Deus deseja do Seu povo. Mansidão não é fraqueza, mas é realmente poder sob controle.
―Para com todos os homens‖. Esta maneira de viver deve ser demonstrada a todos os homens — não somente aos salvos. É toda a mansidão para com todos. Que padrão! Alguns podem ser muito mansos nas reuniões aos domingos, e muito difíceis no seu trabalho na segunda-feira! Esta duplicidade não é um comportamento cristão aceitável.
b) 3:7 — Destino futuro.
―Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna‖.
―Sendo justificados pela sua graça‖. O assunto da justificação foi estudado no cap. 4 deste livro, portanto precisa de pouco comentário aqui. Somente observe que aqui é ―sendo justificado pela [ek, fora de] Sua graça‖. Isso chama a nossa atenção à motivação da justificação. Em Romanos 5:1, lemos ―tendo sidos justificados pela [ek, fora de] fé‖ — oprincípio da justificação. Também em Romanos 5:9 lemos: ―tendo sido justificados pelo [en, na virtude de] Seu sangue‖ — o poder da justificação.
―Herdeiros segundo a esperança da vida eterna‖. Quando Paulo escreve sobre a vida eterna, ele a considera como futura, enquanto que para João é presente — veja, por exemplo, João 3:15 e 10:28. João nos ensina que podemos gozar agora, nesta vida, daquilo que Paulo diz que vamos apreciar melhor depois desta vida, na eternidade. Estando ―a esperança da vida eterna‖ ligada, aqui, com ―herdeiros‖, o pensamento provavelmente está ligado com a nossa herança. A glória deste pensamento às vezes nos deixa maravilhados — pensar que somos ―herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo‖ (Rm 8:17). Também Paulo nos ensina que ―já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo‖ (Gl 4:7). Pedro destaca a herança quando
ele escreve em I Pedro 1:4, que temos ―uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós‖.
―Incorruptível‖ livre da morte sugere imortalidade;
―Incontaminável‖ livre de mancha sugere pureza;
―Não se pode murchar‖ livre de murchar sugere beleza;
―Guardada nos céus‖ livre de dissolução sugere certeza.
Isso deve produzir louvor e ações de graças que subirão a Deus dos nossos corações enquanto O adoramos, como Paulo fez quando escreveu: ―Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz‖ (Cl 1:12).
Que este assunto da regeneração possa tocar nas nossas vidas de maneira prática, para que possamos refletir mais do nosso Senhor Jesus até que O encontremos nos ares!
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