Paraíso Perdido e Recuperado

Eu gostaria de chamar a atenção de vocês para a mensagem do capítulo 3 do livro de Gênesis, e em particular para os últimos três versículos - 22, 23 e 24:
"Então disse o Senhor Deus: eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; ora, pois, para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente; o Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida".
Nós estamos, agora, vivendo numa época na qual a grande maioria dos nossos compatriotas considera o que estamos fazendo aqui, hoje à noite, como algo que não apenas está fora de moda, fora de época e obsoleto, mas algo, na verdade, totalmente ridículo. As pessoas abandonaram as capelas e igrejas e voltaram suas costas para a Bíblia, para a fé cristã e para a religião, porque acharam que isso é completamente irrelevante e nada tem a dizer aos crescentes e terríveis problemas que estão afligindo esta era moderna. Se eles descobrissem que um homem se propõe a expor esses problemas baseado no terceiro capítulo do livro de Gênesis, certamente considerariam isso um sinal de insanidade. Falar baseado na Bíblia já seria suficientemente mau, porém falar baseado no terceiro capítulo do livro de Gênesis no nosso mundo moderno, como se encontra neste momento, eles considerariam, como digo, algo total e completamente ridículo e absurdo.
Pois bem, eu quero tentar mostrar a vocês, hoje à noite, que ponderarmos na mensagem do terceiro capítulo de Gênesis não é apenas certo e bom, mas quero provar que vocês sequer podem começar a compreender o mundo moderno e seus problemas se não entenderem o ensino desse capítulo. Vou ao ponto de afirmar - e tentarei provar isto para vocês - que é totalmente impossível entender o mundo moderno e sua trágica condição à parte da mensagem desse capítulo; e mais ainda, não há qualquer tipo de esperança ou solução para os nossos problemas fora da mensagem que encontramos aí e no todo deste livro que chamamos Bíblia.

 

ENFRENTANDO OS FATOS

Deixem-me fazer o que me proponho. Observem que a pregação cio evangelho, o propósito da fé cristã e da Igreja é, na verdade, exortar homens e mulheres a enfrentarem os fatos da vida. Eu sei que o mundo não acredita nisso. O mundo pensa que somos apenas sentimentalistas e emocionalistas; que somos meramente pessoas que nos reunimos para cantar nossos hinos, coros e cânticos e nos transportarmos a uma certa condição emocional; que somos pessoas que se alienaram da vida; que paramos de pensar e de enfrentar as duras realidades, e a encarar os problemas que são tão desnorteantes e desconcertantes. Muito bem, eu digo, e me proponho a mostrar que, na verdade, nós somos as únicas pessoas que podem enfrentar os problemas do mundo, as únicas pessoas que podem entendê-los, e os únicos que têm uma mensagem com esperança a dar para as pessoas que deploram o estarrecedor estado a que chegamos. Assim, prossigamos no nosso propósito. Consideremos a condição do mundo em que vivemos. Não preciso tomar muito tempo de vocês com isto, porque qualquer pessoa que pense, pelo menos um pouco, deve estar tristemente familiarizada com as circunstâncias que prevalecem em nossos dias.
Quais são as principais características da vida no mundo hoje? Bem, eu suponho que uma das maiores características do nosso tempo é a inquietação, a falta de sossego, falta de quietude, falta de tranqüilidade. Os médicos confirmarão isso. Vocês podem ler freqüente-mente nos jornais a respeito da grande quantidade de dinheiro gasto em drogas chamadas de tranqüilizantes, e outras drogas que possibilitam às pessoas dormirem. E uma época de inquietação - uma época de incerteza, uma época de insegurança. E uma situação tão extraordinária que talvez seja verdade dizer que o homem jamais se sentiu tão inseguro quanto no presente momento. De fato, uma autoridade, que não é de modo nenhum cristã, descreveu nossa época como "a época da ansiedade" e, sem dúvida nenhuma, é a pura verdade. Nunca as pessoas pensadoras foram mais ansiosas, estiveram em maior dificuldade, foram mais preocupadas. Não estou falando a respeito do povo cristão. Estou pensando particularmente a respeito dos grandes cientistas. Dentre todos os homens, estes são os que mais se preocupam e que mais ficam ansiosos nos nossos dias, e eles nos dizem o porquê. Dizem-nos que estão com medo deste terrível problema da poluição. Estamos poluindo a terra, o mar e os rios. Temem pelos problemas ecológicos - como estamos provocando distúrbios no equilíbrio da natureza, matando certos tipos de animais e assim por diante, resultando no transtorno de todo o equilíbrio da natureza, trazendo conse-qüências aterradoras. Eles também estão antevendo que coisas terríveis podem acontecer em conseqüência de um conflito atômico, como costumam chamar. Há muita discussão e as pessoas estão preocupadas com essas coisas -com o lixo atômico que contamina a terra, e daí talvez até o leite que as crianças irão beber. Estão preocupados que isso venha a afetar o desenvolvimento dos ossos dessas crianças. O que nos reserva o futuro? Eles estão ansiosos quanto a essas coisas.
Alguns estão prenunciando uma fome mundial. Ao mesmo tempo há o problema da explosão populacional. Estimam que a população do mundo pode muito bem dobrar até o final do século. E aí, com essa poluição, e com a falta de alimento, com a possibilidade de uma fome mundial... o fato é que eles estão aterrorizados; estão verdadeiramente alarmados. Tal é a época em que estamos vivendo, e é uma época de consciência pesada. As pessoas sentem que, de algum modo, são parcialmente responsáveis por tudo isso.
Esta é também uma época de contendas. Nunca houve tanta contenda. Observem a situação industrial. Incessantes contendas. Confrontos não apenas entre uma classe e outra - capital e trabalho, se preferirem – mas também confrontos dentro de cada classe. Confrontos em cada nível da sociedade. Ciúmes e invejas, ganância, malícia, rancor. Eu não estou inventando nada disso. Vocês não podem ler o jornal e assistir a um noticiário na televisão, sem que vejam de imediato que estou fornecendo uma descrição literal do estado do mundo em que estamos vivendo. E alem de tudo isso, há um grande sentimento de futilidade. Ao mesmo tempo em que trabalham, as pessoas se perguntam o que vai acontecer, se vale a pena, e se podem confiar em alguém. Pois bem, este é o nosso mundo moderno: uma era de insegurança, uma era de contendas, era de ansiedade e de lutas e, acima de tudo, um sentimento de futilidade final.
Ora, não preciso me demorar muito com isto. Um poeta pertencente a este século, A. E. Housman - longe de ser um cristão, ele disse que não era um cristão - descreveu o homem moderno nestes termos:
Eu, um estranho e amedrontado,
Num mundo que não criei.
Quão verdadeiro é isso! "Eu, um estranho e amedrontado, num mundo que não criei." Ou tome outro exemplo... T. S. Eliot. Esta é sua descrição do homem moderno, e do mundo moderno:
Homens solitários, num mundo sem significado.
"Homens solitários" - este é um dos paradoxos do mundo moderno. Embora estejamos amontoados em grandes centros urbanos, as pessoas nunca se sentiram tão solitárias. A velha camaradagem das pequenas cidades se foi. "Homens solitários num mundo sem significado." Este é o mundo em que estamos vivendo, e todos hão de concordar com isto. Os políticos, filósofos, cientistas - todos os pensadores estão seriamente preocupados a respeito do estado e condição do mundo de nossos dias.

 

A QUESTÃO BÁSICA

Aqui então está a pergunta: por que o mundo está deste modo? E, especialmente, por que o mundo está como está, conforme acabei de descrever, não obstante todos os nossos avanços neste século, em particular? Educação, conhecimento, cultura, brilhantes façanhas tecnológicas e assim por diante. Aqui está a pergunta básica: por que o mundo está como está neste momento? Minha sugestão para vocês é que há apenas uma resposta a essa pergunta. E a resposta dada neste capítulo. Afirmo que vocês não podem entender a Bíblia sem entender Gênesis, capítulo 3. Aqui está a chave para todo o resto da Bíblia. E, do mesmo modo, afirmo que aqui está a chave, a única chave, para a compreensão do mundo moderno.
Qual é a explicação? Pois bem, deixem-me colocá-la da seguinte forma. De acordo com este ensino, o mundo não deveria estar nesta condição. Mais do que isso, houve tempo em que o mundo não era deste jeito. Aqui está o ensino: Deus fez este mundo. Ele não é um acidente. Ele não veio à existência ao acaso. "No princípio criou Deus." E tudo o que Deus faz certamente é perfeito. Ele criou e fez um mundo perfeito e, como o ápice ou zénite da Sua Criação, Ele criou o homem e o fez à Sua própria imagem e semelhança. Noutras palavras, o homem foi criado um ser perfeito, e Deus tomou este homem perfeito e o colocou num ambiente perfeito. Este foi chamado Paraíso. Observem a vida do Paraíso. Que vida maravilhosa era aquela! Suas maiores características eram harmonia, paz, concórdia, alegria, e o homem não precisava obter seu alimento com o suor, labor e esforço; precisava apenas colher os frutos. Não havia nada mau, nada pecaminoso, nada que causasse qualquer tipo de infelicidade. Era um estado de perfeição, um estado de inocência, um estado de perfeita bem-aventurança. E o momento supremo de alegria do homem era o instante quando Deus descia, por assim dizer, e tinha comunhão com ele. Deus havia feito o homem a fim de que Ele pudesse ter companheirismo com ele. Ele proveu o homem com esta espantosa faculdade de poder ter comunhão com o Deus Todo-poderoso. Foi por isso que Deus o fez à Sua imagem e semelhança. Tem que haver uma correspondência de naturezas. Assim, portanto, era o Paraíso. E muito difícil para nós imaginá-lo, mas é por esta razão que a Bíblia o descreve. O Paraíso era inteiramente perfeito em todos os aspectos. Ainda nos resta uma questão: como então o mundo veio a tornar-se como o conhecemos hoje? Se você não enfrenta este problema, meu amigo, só posso dizer uma coisa sobre você: que você é estúpido, você não pensa. Qualquer homem que afirme ser pensador está obrigado a enfrentar esta questão. Por que o mundo está como está? Por que chegou a este estado? E a resposta completa nos é dada neste capítulo. Deixem-me destacar para vocês as coisas que nos são ditas aqui.
A primeira resposta é que o homem deixou de compreender que seu maior e mais elevado privilégio era ter comunhão com Deus. Ele deixou de entender que a coisa mais maravilhosa e magnífica a seu respeito era que ele deveria, podemos dizer, estar sintonizado com o Infinito, e que deveria responder a tudo que viesse de Deus. Ele parou de crer nisso. Percebam que enquanto digo a vocês o que aconteceu no princípio, ao mesmo tempo estou explicando por que o mundo continua a ser o que é, e por que tem sido assim desde que aquele incidente aconteceu. Esse foi o primeiro passo.
Mas deixem-me passar para o segundo, e este é muito importante hoje. O homem deixou de compreender que é finito, que é um ser limitado. Ele deixou de compreender sua dependência de Deus. Ora, certamente o diabo, em sua sutileza e astúcia, sabia que essa era a maneira de tentar o homem. Ele veio e disse: "E assim que Deus disse?" "Vocês não vêem", disse ele, "que Deus falou isso a fim de manter vocês sob Seu controle? Vocês podem tornar-se iguais a Deus." Ele estava colocando dúvidas quanto à finitude deles. Anteriormente eles haviam compreendido que eram dependentes de Deus e que eram limitados, que não eram criadores, porem que eram seres criados - finitos. Entretanto, agora começaram a ficar insatisfeitos com isso, e intentaram ser iguais a Deus. Assim, eles perderam a compreensão da sua finitude e completa dependência de Deus. Isso, certamente, foi devido a algo mais: o orgulho. A ambição surgiu. Eles quiseram ser iguais a Deus. Foi essa a razão do diabo tentá-los. "Vocês se tornarão como deuses" - e isso era exata-mente o que eles queriam. Ora, observem que também estou fornecendo a vocês uma descrição do mundo
moderno. O homem acredita hoje que não há nada que ele não possa fazer. Ele pode colocar as pessoas na Lua. Pode fazer mais do que isso; está começando a dizer agora que pode determinar a vida e o sexo. Ele pode agir como um criador. Um grande professar de Cambridge disse, ha alguns anos: "O homem agora pode tomar o lugar do Criador". Não há nada que o homem não possa fazer, O homem não é mais finito. O homem é como um deus e é um criador, e em seu orgulho e ambição vangloria-se de si mesmo e adora a si mesmo - homem!
Então, algo mais aconteceu, o homem começou a colocar o prazer e o divertimento no lugar da verdade. Observem o versículo 6: "Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto...". Noutras palavras, vocês vêem, ela não mais deixou-se guiar por princípios, não mais deixou-se orientar pela verdade. Agora entrega--se a ser guiada pela aparência; era uma árvore agradável e um fruto apetitoso aos olhos, e isso a atraiu. A concupiscência surgiu pela primeira vez, como também o desejo. Daí em diante, o homem e a mulher não são mais governados pela verdade e por princípios, mas pela concupiscência e pelo desejo. "Isso parece agradável. Eu quero isso, gosto disso, preciso ter isso." A verdade não mais interessa; princípios não mais contam. Foi assim que o homem caiu. Foi assim que o Paraíso deixou de ser a condição deste mundo. Desejo, concupiscência, paixão. Não seria isso a característica proeminente da vida em nossos dias? As pessoas não são mais governadas por princípios, pela verdade. "Eu quero isto. Que importa se minha esposa ou filhos venham a sofrer? Eu quero isto." A atração, a concupiscência e a paixão entraram, e eles correm atrás delas. Tudo começou aí. E por isso que o mundo se encontra numa situação tão terrível hoje.
Então, acompanhando tudo isso, por certo houve um sentimento, também sugerido e insinuado pelo diabo, que Deus está contra nós. Este é todo o seu objetivo. Ele diz: "E assim que Deus disse?" E por quê? Pois bem, ele está sugerindo isto: "Deus é um tirano. Ele está subjugando vocês. Vocês têm a possibilidade em si mesmos de se tornarem deuses, porém Deus é ciumento. Ele sabe que vocês se tornariam iguais a Ele, por isso Ele está contra vocês. Ele está oprimindo vocês". E isso é o que o povo pensa de Deus hoje. Deus, pensam eles, é algum monstro nos céus a nos subjugar e esmagar - o inimigo da humanidade. É por isso que dizem que a religião tem sido um empecilho maior ao avanço e progresso da raça humana do que qualquer outra coisa. A religião nos tem oprimido, e ser livre é desvencilhar-se da religião e do cristianismo. O sentimento é que Deus está contra nós. O apóstolo Paulo coloca isso nas seguintes e memoráveis palavras: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode estar (Rom. 8:7). O homem natural odeia a Deus. Mas vocês podem dizer "conheço muitas pessoas que dizem que acreditam em Deus, embora nunca vão à igreja". E verdade, todavia se vocês conseguirem que elas definam o deus delas, descobrirão que ele não é o Deus da Bíblia. É o deus da criação e imaginação delas, e quando vocês as confrontam com o Deus que Se revela aqui (na Bíblia), elas O odeiam. Foi isso o que aconteceu. E são essas as coisas que ainda estão controlando o mundo.
Há outra coisa com relação a isto que é muito trágica e patética. Trata-se do fato que o homem e a mulher acalentaram a idéia que poderiam escapar de Deus. Observem que a partir do momento em que desobedeceram e se rebelaram, eles experimentaram um sentimento de culpa. Nunca haviam sentido aquilo antes. Até então, jamais haviam conhecido a sensação de culpa, mas aqui, culpa e temor entraram - e ainda assim não ficaram amedrontados. Eles julgaram que podiam fugir de Deus e evitá-1o. Assim, quando ouviram Sua voz no Jardim, esconderam-se atrás das árvores. Pensaram que poderiam escapar impunes e evitar Deus; que Ele passaria sem saber onde se encontravam. Contudo, subitamente, Deus pergunta: "Onde estás?". E Adão e Eva tiveram que se apresentar.
O mesmo ainda acontece, meus amigos. Homens e mulheres dizem "eu não me importo". "Você pode falar sobre o seu Deus." "Quanto a mim, vou muito bem sem Ele." Observem que eles não percebem que logo morrerão, e que isso não é o fim. "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo..." (Heb. 9:27). O mundo está como está neste momento porque as pessoas não sabem que haverá um julgamento. Pensam que quando morremos acontece-nos o mesmo que ocorre com a morte dos animais e das flores, e que aquilo é o fim de tudo, embora não possam prová-lo, Todavia, não é o fim. Somos seres responsáveis. Teremos que enfrentar a Deus. Adão e Eva não perceberam isso, porém, agora foram obrigados, e assim o fazem. Lá estão eles, em suas culpas e temores diante da presença de Deus. Deus não pode ser evitado, não podemos escapar do julgamento de Deus.
Do mesmo modo, eles não perceberam a punição que receberiam por sua rebeldia e pelos seus atos de transgressão; mas Deus lhes diz exatamente qual seria. Entrementes, ainda assim, o mundo não compreende. Este foi o julgamento que foi pronunciado: que haveria contenda entre a semente da mulher e a semente da serpente - e essa tem sido a história da humanidade desde então. Leiam seus livros de história secular. O que encontram ali? Encontram uma história de problemas, agonias, contendas e conflitos. Assim tem sido a história como um todo. E não apenas esta infelicidade, este sentimento de culpa - não é só isso; o castigo vai mais além. A própria terra foi amaldiçoada - surgiram os espinhos e cardos. Não havia nenhum antes. O homem não tinha problemas com espinhos e cardos. No entanto, agora isso passa a ser uma parte da punição, e todos somos conscientes disso. Se você possui um jardim, e o negligencia por um ano, logo será tomado pelo mato. Haveria ervas daninhas, espinhos e cardos! Doenças e pragas apareceram, pestes e distúrbios. Tudo isso surgiu quando o homem pecou, e isso faz parte da Queda. Adão não imaginava que isso aconteceria, e parece que as pessoas ainda não compreenderam isso. Contudo, assim é o nosso mundo. Há uma constante luta contra a natureza, doenças e infecções, e pior que tudo, surgiu a própria morte. Pois bem, é isto que o texto nos diz: o homem foi expulso do Jardim, e lá estava ele tendo que ganhar o pão com o suor do seu rosto. Desde então, só tem havido contendas, conflitos e lutas, e todas as coisas que sabemos ser a realidade atualmente, originaram-se naquele ponto da história, e tem continuado a ser a história da raça humana a partir de então.
E assim que nos encontramos hoje neste mundo inútil. Qual a explicação? Há apenas uma: Paraíso perdido! Essa é a única explicação para o nosso mundo moderno. Perdemos o Paraíso. Fomos expulsos dele. Daí nosso mundo encontrar-se como se encontra neste momento.

 

OS INÚTEIS ESFORÇOS HUMANOS

Há outra questão que somos obrigados a enfrentar, e digo a vocês que isto é o problema mais urgente para cada um de nós neste momento. Alguns dos maiores cientistas, e eu repito suas palavras - eles não são cristãos -estão, na verdade, dizendo que nós poderemos testemunhar o fim do mundo antes do final deste século. Pois bem, não é algum insignificante pregador excitado num púlpito que diz isso. São cientistas. Um deles afirmou isso ainda na semana passada, e o estão afirmando repetidamente; eles vêem essa possibilidade. Pois bem, não seria tempo para começarmos a pensar? Por que as coisas estão como estão? Por que se tornaram desse modo? O que tem sido a história da humanidade desde a Queda, sobre a qual lemos neste capítulo desde que o Paraíso foi perdido?
Ora, este é um assunto muito interessante. A história do mundo como um todo, desde então até este momento, tem sido a história de luteis esforços humanos para retornar ao Paraíso. O que nós chamamos civilização, no geral, nos conta uma história maravilhosa. A história da civilização como um todo tem sido a história do esforço, luta e empenho do homem para retornar ao Paraíso. Isso é algo extraordinário. Homens e mulheres, de um modo geral, não acreditam no que estou dizendo a vocês, não acreditam na Bíblia, e por conseguinte não acreditam no relato de Gênesis, capítulo 3; ainda assim, a raça humana tem um senso e um sentimento de que o mundo não deveria ser o que é. Eles parecem experimentar uma estranha nostalgia, um sentimento de que as coisas já foram diferentes, e de que eles podem retomar à situação anterior. Isso tem sido ura incentivo e motivação para todos os magníficos esforços do que chamamos civilização. Mas eu estou aqui para mostrar e relembrar a vocês que isso tem sido um esforço inútil, que o homem não pode retornar ao Paraíso. E uma grande história essa da civilização. No entanto, não posso detê-los com isso. Espero que estejam familiarizados com ela - e deveriam estar. Vocês podem assisti-la na televisão e lê-la nos livros.
O que tem sido a história do esforço humano para retornar ao Paraíso? Bem, parcialmente tem sido a história do que chamamos Filosofia. Vocês se lembram daqueles grandes homens, daqueles gregos, que viveram três ou quatro séculos, ou mais, antes de Cristo? Aqueles eram homens com cérebros e intelectos privilegiados, que começaram a pensar. Eles disseram: "Aqui estamos nós neste mundo conturbado" - em certo sentido, dizendo como A.E. Housman, "Sou um estranho e atemorizado num mundo que não criei". "O que é isto? Qual é o problema? O que está errado? Pode ser consertado?" E eles começaram a pensar e a elaborar seus princípios. Concedamos a eles grande honra; eles foram gigantes intelectuais, e estavam preocupados com os problemas, e disseram: "As coisas podem ser consertadas. O que precisamos fazer é pensar e raciocinar; não devemos ser governados pelos nossos instintos e desejos. Nós temos cérebro, temos entendimento, devemos pensar, devemos desenvolver estes pensamentos". E eles fizeram isso. Desenvolveram seus planos ao que chamaram Utopia -como se poderia ter uma perfeita cidade-estado. Tudo o que precisaria ser feito era isto ou aquilo, e eles dividiram a raça humana em grupos e categorias, alocando diferentes tarefas a variadas pessoas de acordo com suas habilidades. Isso seria tudo o que se necessitaria fazer para se retornar ao Paraíso. Mas, infelizmente, existem escolas rivais, e o desfecho de tudo isso foi que, antes que o nosso Senhor viesse a este mundo, a porcentagem de suicídios entre os filósofos era maior do que em qualquer outra classe da comunidade. Contudo foi uma grande história. Não esqueçamos isso.
Havia várias subdivisões e ramos dessa filosofia. Alguns diziam que o que precisávamos era puro pensamento, e fazer as pessoas pensarem. Outros diziam "Não! E preciso um pouco mais que isso, é preciso governo". Assim, eles introduziram o governo e a idéia geral de política (é o que eles afirmam; e a inventaram). Política - como governar, como controlar, como fazer as pessoas terem respeito pela lei. Tudo deve ser organizado e governado. Dessa forma, tem havido um grande esforço, através dos séculos, por meio de várias atividades políticas, a fim de nos fazer retornar ao Paraíso. Observem os passos das oligarquias para as monarquias, e então, para as aristocracias e plutocracias, e, finalmente, chegamos na democracia - o máximo. Aqui está a salvação: democracia! - o povo-conseguimos retornar ao Paraíso!
Outros diziam: "Não, o que é preciso é termos como que uma visão poética da vida". Assim, há grandes homens, como Wordsworth e outros, que dizem que o que é preciso é retornar à natureza, estar em harmonia com a natureza e tornar-se mais primitivo. Essa foi a idéia de Rousseau e outros: que há demasiada ênfase na razão; devemos retornar à natureza, viver uma vida natural. Tivemos pessoas como I). H. Lawrence e outros dizendo a mesma coisa no nosso mundo moderno. Isso tem sido advogado por meio da poesia, sentimentos, romances e assim por diante. E outros, por causa disso, interessaram-se pelas artes e cultura.
Pois bem, o que estou tentando dizer é isto: nada tem sido mais extraordinário no que diz respeito à história da raça humana do que a fantástica confiança que as pessoas têm depositado nesses vários caminhos para retornar ao Paraíso. Eles realmente acreditaram que isso podia ser feito. Fincaram sua fé nisso. Disseram: "Isso vai acontecer. Deixem suas capelas e igrejas, deixem sua religião, deixem seu assim chamado Deus. Este é o caminho". Agora deixem-me dar a vocês algumas ilustrações do que estou falando. Houve um homem chamado Tom Payne que foi muito popular há duzentos anos. Ele escreveu um livro chamado A Idade da Razão. Ele era inglês, e disse que o grande problema tem sido a religião, a crença em Deus. "Essa é a causa do problema", disse. "Livrem-se de toda essa noção, folclore e fantasia. Desvencilhem-se disso: o que vocês precisam fazer é usar a razão." E assim ele escreveu seus livros A Idade da Razão e Os Direitos do Homem. Acaso vocês sabem o que Tom Payne realmente escreveu em 1776, duzentos e dois anos atrás? Isso revela o otimismo que os homens sempre ostentavam de poderem retornar ao Paraíso. Estas são as palavras de Tom Payne: "Nós temos o poder de começar o mundo novamente" - o Paraíso, percebem! - "o nascimento de um novo mundo está às portas." Tom Payne, 1776!
Vamos para o século 19. Um grande homem, um grande pensador surgiu, chamado Karl Marx - e quantos têm deixado a religião por causa do ensino de Karl Marx. Aí está outro homem que tinha seu caminho para nos levar de volta ao Paraíso. Vocês sabem o que ele disse? Foi isto que escreveu: "Até o momento os filósofos nada fizeram a não ser explicar o mundo. Resta-nos transformá-lo". "Todos esses filósofos", disse ele, "foram grandes homens, mas simplesmente nos forneceram apenas uma descrição. Eles simplesmente explicaram o mundo para nós. Não é suficiente. Precisamos transformá-lo. Façam isso e vocês mudarão o mundo." Ele estava seguro, confiante, escreveu com grande confiança - e as pessoas acreditaram nele. Eu estou simplesmente ilustrando para vocês a extraordinária confiança que a humanidade tem depositado na sua habilidade de retornar ao Paraíso. "As coisas não deveriam ser assim, elas não podem ser assim, fomos feitos para algo melhor, podemos ser algo melhor, podemos retornar." E eles têm se esforçado.
Venham, porém, vamos adiante. Eu me lembro muito bem de dezembro de 1918 -vejam que há algumas vantagens em ser velho - lembro-me de ter permanecido em pé por quatro horas sob uma mistura de chuva e granizo para ver de passagem um homem chamado Presidente Wilson, presidente dos Estados Unidos. Ele tinha vindo a este país a fim de que pudesse ir, junto com nosso Primeiro-Ministro, à Paris, ao Palácio de Versalhes, para redigirem um tratado de paz. E nós pensamos que esse homem ia realmente conduzir-nos de volta ao Paraíso. Tínhamos experimentado aquela terrível guerra. Havia-nos sido dito, antes da guerra, que aquilo não poderia acontecer, que seria impossível irmos para a guerra com os nossos primos alemães na nossa época educada e esclarecida, com nossa filosofia e ciência, e assim por diante. Entretanto veio a guerra, e então nosso compatriota, Davi d Lloyd George, nos deu a explicação. Ele disse: "Estou surpreso como todos os demais. Eu era um pacifista e não acreditava na guerra, e fiz o que pude para evita-la, contudo a guerra veio. Mas, tudo bem; não se desesperem. Esta é a guerra para pôr fim às guerras". Estridentes aplausos! A guerra para pôr fim às guerras - a Primeira Guerra Mundial! No entanto, então veio o Presidente Wilson, e o que nos disse? Estas foram suas palavras: "Acredito", disse ele em 1918, "que os homens estão começando a ver, talvez, não a própria época de ouro, mas uma época que está brilhando mais a cada década, e que nos conduzirá em algum tempo a um pico de onde poderemos ver as coisas que o coração da humanidade está ansiando". "Maravilhoso!", dissemos, "ele fará isso. Ele está introduzindo o que chama de Liga das Nações. E modesto o suficiente para dizer que esta não é de fato a própria época de ouro, não estamos de fato nela ainda, todavia, de qualquer modo, estamos quase alcançando o topo da montanha e, quando alcançarmos o topo da montanha, teremos uma visão da terra prometida, e será apenas uma questão de tempo até que a alcancemos.Paraíso reconquistado!” - e nós acreditamos. Pensamos que a Liga das Nações poderia realizar isso.

 

NÃO MAIS OTIMISMO

Vemos que, desse modo, a humanidade tem persistido nesse otimismo, crendo na sua própria habilidade para retornar ao Paraíso que perdemos. Não seria, realmente, tempo de começarmos a nos fazer algumas perguntas? Seria isso possível? Vocês e eu estamos vivendo hoje num mundo desesperançado. Não somos mais otimistas como éramos há sessenta anos. Na verdade, mesmo antes dessa época, grandes pensadores sempre duvidaram desse otimismo final. Um filósofo como Spinoza, trezentos anos atrás, escreveu: "Aqueles que se persuadem que a grande maioria dos homens pode um dia ser induzida a viver de acordo com os simples ditames da razão devem estar sonhando com uma época brilhante ou com uma peça teatral". Aí estava um judeu - um brilhante filosofo - dizendo que qualquer homem que pense que a maioria dos homens pode ser persuadida a viver de acordo com a sua razão, deve estar sonhando com uma época brilhante ou então com uma peça teatral.
Não apenas isso. Há algo de que eu deveria ter lembrado a vocês. Observem as, assim chamadas, grandes religiões do mundo, e há muitas delas: budismo, confucionismo, hinduísmo, maometanismo, e outras. Existem pessoas que estão se voltando para essas coisas no mais completo desespero. Há um homem que f oi um grande juiz - Christmas Humphries - ele tornou-se um budista. Aldous Huxley terminou como um budista. Um intelecto brilhante, um notável pensador, porem, no mais completo desespero, disse que a única esperança para este mundo não está na razão - essa fracassou - mas no misticismo, no budismo. Todavia, o budismo também está no mais total desespero, como estão todas as outras religiões mundiais. Cada uma delas está na mais total desesperança. Elas não têm esperança alguma para oferecer. Elas não vêem nenhuma esperança para este mundo. Qual a esperança que elas nos oferecem? Pois bem, é a seguinte: que precisarei retornar muitas vezes a este mundo numa série de reencarnações e, gradualmente, libertar-me um pouco mais a cada vez, e finalmente me perder num nirvana, em algo absoluto e deixar de existir. Essa é a única esperança. Nenhuma esperança para este mundo. Cada uma das grandes religiões do mundo, assim chamadas, não oferece nenhuma esperança; são inteiramente negativas, e nada têm a nos oferecer.
Tem havido pessoas que sempre disseram isso. Um homem que talvez tenha sido responsável, mais que qualquer outro neste século, por tornar um maior número de pessoas contra a religião foi Bertrand Russell (já falecido). Ele viveu até uma idade avançada e costumávamos vê-lo na televisão - aquele grande intelecto, aquele grande pensador. "Isto é o que queremos", diziam eles, "não as historietas de pregadores, não o cântico desses hinos c coros. Usemos da razão, tenhamos entendimento, tenhamos homens que possam pensar profundamente, homens que sejam lógicos." E isso - lógica, análise, razão. Mas o que diz ele? O que ele tem a nos oferecer? Deixem-me ler para vocês as palavras de Bertrand Russell: "Todos os esforços das épocas e todo o fulgor do gênio humano estão destinados à extinção na vasta morte do sistema solar; e todo o templo das realizações humanas, inevitavelmente, sepultado debaixo dos escombros de um universo em ruínas". Esse é Bertrand Russell. Ele foi, na verdade, suficientemente lógico para ver que o homem nunca retornará ao Paraíso. O ser humano nunca poderá erguer-se, e ao seu mundo, e à humanidade, de volta ao Paraíso. E impossível. Tomem um psicólogo dos mais modernos, Erich Fromm. Vocês poderiam tê-lo visto na televisão há algumas semanas atrás. Ele acabou de escrever um livro com o título Ter e Ser. Vocês sabem o que ele diz? "Nós estamos trabalhando contra o relógio da sobrevivência e provavelmente para a destruição mundial ou nuclear, contra a destruição psicológica e ecológica, e é provável que o tempo que resta esteja se encurtando drasticamente. Nós precisamos produzir uma sociedade sã ou pereceremos." Esse homem certamente não é cristão. E quase que um anti-cristão. No entanto, ele diz que o tempo que resta está se reduzindo, que haverá um completo colapso e destruição cm todos esses aspectos. E ele salienta que nunca antes houve um tempo na história da humanidade em que o homem tivesse o poder de destruir o mundo. O homem sempre pôde produzir muitos danos, e sempre os tem feito. E por isso que o mundo tem sido caótico, infeliz e miserável. Mas foi apenas neste século que o homem conseguiu o poder nuclear, através do qual ele pode realmente destruir o mundo. E Erich Fromm diz que, se não retornarmos a algum tipo de sanidade, nós nos extermina-remos. E vocês sabem qual a única sanidade que ele tem a nos oferecer? - A Liberação Feminina!
Pois bem, meus amigos, aí está. Deixem--me dar a vocês mais uma citação. Isto é pregação do evangelho; isto não é tolice. O povo que passa as noites assistindo a televisão é que está se entregando à coisa tola. Eu garanto que, por longo tempo, nenhum de vocês tem precisado pensar tanto quanto está pensando agora. Isto é cristianismo. "Venham, vamos raciocinar juntos." Eu não estou aqui para lhes contar histórias fictícias ou jogar com os sentimentos de vocês, ou contar a vocês histo-rietas a meu respeito ou a respeito de outra pessoa. Estou aqui para pedir a vocês, em nome de Deus, que pensem, enquanto ainda dispõem de tempo para pensar. Deixem-me, então, finalmente, citar Lady Medawar, a esposa de Sir Peter Medawar, uma das nossas maiores geneticistas e cientistas atuais. Ela escreveu um artigo, no ultimo mês de julho, que li, no qual diz o seguinte: "Pelo menos estamos começando a perceber o pior". Vocês já perceberam o pior? O que é o pior? E isto: "nenhum artifício cientifico ou tecnológico sozinho melhorará a qualidade de vida". E certo que podemos colocar pessoas na Lua, mas isso melhoraria a qualidade de vida? É certo que temos mais educação - seria a qualidade de vida melhor? E verdade que podemos ler mais, assistir aos homens cultos na televisão e no rádio, e ler os jornais de domingo com seus pomposos artigos, mas estaria a qualidade de vida melhorando? Ela diz: "Acaso já percebemos o pior?" Aí está. Nenhum desses artifícios melhorará a qualidade de vida. Não obstante o homem ter feito extraordinários esforços, através dos séculos, para nos levar de volta ao Paraíso, nós não estamos lá. Ele não pode fazer isso. O Paraíso não pode ser reconquistado. Por que não? A única resposta está no final do capítulo três do livro de Gênesis. "E expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida" (v. 24).

 

NÃO HÁ PARAÍSO SEM DEUS

Por que o homem, com toda a sua genialidade e talento, não pode retornar ao Paraíso? A resposta simples é que Deus tornou isso impossível para ele. Deus não permitirá que ele faça isso. Por que não? Aqui estão as respostas. É claro que o homem quer voltar para o Paraíso. Ninguém quer ser miserável. Ninguém quer ser infeliz, ninguém quer suar e trabalhar. Todo mundo quer ter seu alimento a troco de nada. "Maior salário por menos trabalho." Isso é querer retornar ao Paraíso. Todo mundo quer voltar ao Paraíso, e como tenho dito, o homem, através dos séculos, tem se empenhado para retornar ao Paraíso. Por que ele não pode fazer isso? Pela seguinte razão: ele quer um Paraíso sem Deus! Ele quer o Paraíso nos seus próprios termos, porém isso não pode ser feito. Não há Paraíso sem Deus, e o homem, em sua inexprimível insensatez, apesar da grande capacidade dos filósofos, é louco o suficiente para pensar que pode retornar ao Paraíso, sem Deus. E impossível.
Todavia não somente isso. Aqui está outra razão pela qual a humanidade tem fracassado em retornar e reconquistar o Paraíso. E que o homem, enquanto pecador, jamais poderá reconquistar o Paraíso. Por quê? Pela seguinte razão: o que é o Paraíso? Como o tenho definido a vocês, como é definido na Bíblia, ele é um lugar de bem-aventurança, é um lugar de harmonia, de felicidade, de entendimento mútuo e de mútua apreciação. Assim, vemos que enquanto o homem for pecador ele é egoísta, egocêntrico, e interesseiro. Ele não se importa com o sofrimento alheio, está interessado em seus direitos, quer ter seu dinheiro; ele pode deixar milhares sem trabalho - o que importa desde que ele assim o queira? Isso é igualmente verdadeiro no que diz respeito aos mestres. Isso é verdadeiro no que diz respeito a humanidade de um modo geral. E verdadeiro em todos os níveis sociais, de cima a baixo. O homem - seja ele rico ou pobre, seja culto ou ignorante - cada homem é pecador, e cada pecador é egoísta, interesseiro, ganancioso, avarento. Nós queremos tudo para nós mesmos. Pois bem, enquanto cada um de nós for assim, o Paraíso é uma total impossibilidade. O homem é a verdadeira antítese do Paraíso. Assim, o que quer que o homem possa fazer, enquanto não for inteiramente mudado e libertado da infecção do pecado que o leva a tal egoísmo e interesse, não pode experimentar o Paraíso.
Outra razão que a Bíblia nos dá neste capítulo é a seguinte: o homem não pode retornar ao Paraíso enquanto estiver sob o poder do diabo. Foi exatamente isso que aconteceu quando o homem deu ouvidos à tentação e desafiou Deus e se rebelou contra Ele. Ele pensava estar se libertando. No entanto, o que conseguiu foi fazer-se escravo do diabo. Desde então, o homem tem sido controlado pelo diabo. Paulo diz que o diabo é o deus deste século. Ele é "...o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência". Ele diz: "a nossa luta não é contra carne e sangue". Qual é o nosso problema? Oh, são "os principados e as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, as forças espirituais do mal nas regiões celestes". Por que o nosso mundo está como está? Porque é controlado pelo diabo. Poderiam vocês me explicar este século à parte do diabo? Por que tivemos duas guerras mundiais neste que é o mais educado século que o mundo já conheceu? Por que as nações estão acumulando esses armamentos terríveis? Por que todos esses gastos com essas coisas loucas e funestas? Qual o significado disso? Como vocês explicam isso? Só há urna explicação, meus queridos amigos - o poder diabólico que controla a humanidade, criando a inimizade, a divisão, a malícia, o rancor, a suspeição e o ódio. Não há outra explicação; enquanto o homem for escravo do diabo, nunca experimentará o Paraíso. É impossível.

 

O SANTO E JUSTO DEUS

Entrementes, sobre tudo isso, a explicação suprema está nos querubins, O que significam os querubins? Os querubins representam e simbolizam a presença de Deus, a santidade de Deus. Eles são, em certo sentido, os guardiões da santidade de Deus, e assim, o homem não pode retornar ao Paraíso, porque entrar lá significa estar na presença da santidade de Deus., e Deus é de um semblante tão puro que não pode sequer olhar para o pecado. Deus é luz, e nEle não há treva nenhuma, e não há comunhão entre luz e trevas. O homem não pode ficar na presença dos querubins – da santidade de Deus. É nos dito no livro de Apocalipse que, quando os homens tiverem um lampejo da santidade de Deus, eles clamarão às montanhas e rochas "caiam sobre nós e escondam-nos". A santidade de Deus!
Mas não apenas os querubins - "o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida". Qual é o significado da espada flamejante? E a Lei de Deus, a justiça de Deus. Este é um universo governado por ura Deus santo e justo. Nós não o criamos, apenas nos encontramos nele. Entretanto foi feito por Deus, e Ele deu Suas leis, Suas regras. A lei de Deus está no coração de cada um de nós - um senso do certo e do errado. Mas Deus a deu explicitamente nos Dez Mandamentos e na Lei Moral, e o que Ele nos diz lá? Bem, o que Ele nos diz lá é o seguinte: "Vocês gostariam de viver uma vida no Paraíso? Gostariam de ser felizes, ter uma vida de contentamento, tranqüilidade, harmonia e alegria? O caminho para isso é o seguinte. Não adorarás outros deuses além de Mim. Não adorarás imagens de escultura. Observarás o Meu dia". E então, os mandamentos práticos: "Não matarás, não roubarás, não cometerás adultério, honra a teu pai e tua mãe, não dirás falso testemunho contra o teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento". "Vivam assim", diz Deus, "e retornarão ao Paraíso." "Contudo vocês não poderão retornar até que vivam desse modo." Não apenas isso - a justiça de Deus acarreta punição sobre o pecado. Ele é um Deus santo e reto, e não podemos reclamar. Ele disse ao homem e à mulher que se O desobedecessem seriam castigados, seriam expulsos e sofreriam a morte e a separação dEle. A espada flamejante é a justiça, a retidão e a santidade de Deus. É a lei de Deus condenando o pecado, destruindo todo aquele que peca e tornando impossível a qualquer um retornar ao Paraíso, a não ser que venha nos termos da santidade de Deus, expressa em Sua santa lei. Os querubins e a espada flamejante!
Pois bem, é por isso que o mundo está como está hoje, e c por isso que a civilização fracassou completamente; é por isso que Bertrand Russell foi tão pessimista sobre o futuro, foi por isso que Erich Fromm se mostrou igualmente pessimista. Eu poderia citar muitos outros que não vêem motivo algum de esperança. É por isso que o mundo está como está. Eles não acreditam, porém essa é a única explicação. Eles estão desconcertados. Pensavam que a razão, a educação, a cultura, e o conhecimento poderiam fazer isso. Mas não puderam. O homem não está preparado para viver pela razão. Ele é governado pelas paixões e desejos. Contudo, aqui está Deus, a santidade de Deus, os querubins e a espada flamejante.

 

NÃO HAVERIA NENHUMA ESPERANÇA?

"Pois bem", podem dizer vocês, "você veio a Cardiff novamente apenas para nos dizer que não há nenhuma esperança? Você está pregando apenas o Paraíso perdido e nos deixando em chagas, num estado de completo desespero?" De modo nenhum! Há uma maneira de reconquistar o Paraíso. Há um aminho de volta ao Paraíso, e este é através da mensagem cristã. Qual é o caminho? Vejam que o problema é que não podemos retornar para lá, a menos que de algum modo possamos satisfazer aos querubins e à espada flamejante.
Só quem pode retornar ao Paraíso é aquele que pode ficar em pé e olhar a face de Deus, na mais completa santidade. Vocês conhecem o seguinte hino?
O Luz Eterna! Eterna Luz! Quão pura a alma deve ser Quando sob a Tua vista penetrante, Não sucumbe, mas com calma, e exultante, Pode olhar para Ti e viver!
Como pode ser possível? Só há Um que pode fazer isso. Só houve Um neste mundo que pôde fazer isso. Ele pôde olhar e contemplar a face da santidade de Deus sem recuar. Quem é Ele? Ele é Aquele de quem o arcanjo, ao falar à virgem Maria, disse: "...o ente santo que de ti há de nascer...". Aí está a única Pessoa santa em toda a história que este mundo já conheceu. Quem é Ele? Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Ele veio de Deus. Por toda a eternidade contemplou a face de Deus. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus." Lá está Ele, contemplando a santíssima face de Seu Pai, por toda a eternidade. Só Ele pode fazer isso. Só Ele pode responder às demandas dos querubins.
Mas, que dizer da espada flamejante? Que dizer da lei de Deus? Aí está Ele, o mesmo, "nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei". Como faz isso? Bem, Ele começa por prestar, Ele mesmo, perfeita obediência à lei. Ele veio sob a lei. Cumpriu cada i e til. Prestou perfeita obediência à lei de Deus. E o único que fez isso. A verdade sobre todos nós é esta: "Não há um justo, nem um sequer". O mundo inteiro é culpado diante de Deus. E por isso que não podemos retornar ao Paraíso. Contudo aí está Aquele que cumpriu e honrou a Lei de Deus. Ele desafia a todos a encontrarem qualquer coisa errada ou vil nEle. Jesus de Nazaré satisfez Deus em toda a perfeição das Suas demandas.

 

O PARAÍSO RECONQUISTADO

"Ora", vocês podem replicar, "que dizer da punição que merecemos pelos nossos pecados?" Oh, bendito seja o nome de Deus! Ele veio para tomar nossas culpas sobre Si mesmo. E a espada que deveria nos abater e nos matar, O matou - e ainda assim, visto que era o Filho de Deus bem como o Filho do homem, Ele suportou todo o castigo. Foi abatido, e ferido de Deus. A espada - Deus na entrada O abateu, mas Ele pôde suportar tudo e ainda continuar. Ele entrou no Paraíso. Pois bem, Ele veio fazer isso, este bendito Filho de Deus, não para Si mesmo, e sim, por nós. Veio a este mundo para buscar e salvar o que estava perdido. Jesus veio a este mundo a fim de levar -nos de volta ao Paraíso, e assim o fez. Ele satisfez os querubins e a espada flamejante, e o que você e eu precisamos fazer é crer nEle e nos confiarmos a Ele para sermos unidos com Ele, e nEle entrarmos novamente no Paraíso. Esta é a mensagem da Bíblia. Você e eu podemos entrar num Paraíso espiritual agora, neste momento. Cada crente, cada pessoa que realmente crê nesta mensagem pode entrar no Paraíso, espiritualmente, neste momento. "O que você quer dizer?", vocês podem perguntar. O que eu quero dizer é o seguinte: que é o Paraíso? Eu digo que o essencial sobre o Paraíso é a comunhão com Deus. "Justificados pois mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo." "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo." Qualquer pessoa que crê nisso está no Paraíso, está reconciliado com Deus, tem paz com Deus, pode orar a Deus como a um Pai, pode ter comunhão com Deus, assim como Adão e Eva costumavam ter livremente antes da Queda. Tal pessoa está num Paraíso espiritual. Não apenas isso. "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; através de quem obtivemos igualmente acesso pela fé." Oramos a Ele, Ele é nosso Pai. Levamos nossas dificuldades e problemas a Ele, e Ele está conosco, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus.Vocês receberam uma nova natureza, e a nova natureza não ama as trevas e odeia a luz. Ela ama a luz, e odeia as trevas. Somos novos homens e mulheres. Somos participantes da natureza divina. Somos novamente algo que se assemelha ao Ser de Deus. Não é mais luz e trevas, e sim, luz e luz. Estamos de volta ao Paraíso, desfrutando suas bênçãos.
Mas ainda estamos neste mundo mau, de pecado, com suas bombas, com suas guerras e suas enfermidades, estamos envelhecendo e teremos que morrer. Estamos ainda neste velho mundo, em estado de desordem, como resultado deste incidente (a Queda) que temos estado considerando juntos. No entanto vocês sabem, meus amigos - e isto é a única coisa para mim que torna a vida não apenas digna de ser ainda vivida, porém gloriosa e jubilosa, uma peregrinação real, uma cruzada - o crente não apenas entra imediatamente num Paraíso espiritual, mas sabemos que o dia vem quando todo o cosmos recuperará sua condição original no Paraíso. "Do que você está falando?", pode perguntar alguém. O que estou dizendo é o seguinte: Jesus Cristo, quando esteve neste mundo, há aproximadamente dois mil anos, conquistou todos os nossos inimigos. Ele nos libertou da escravidão, do pecado e do diabo. Ele restaurou para nós a felicidade, a paz e o gozo do qual tenho estado falando. Ele nos dá "as suas preciosas e muito grandes promessas". Tudo isso desfrutamos de imediato. Contudo isso i \o é o fim da história. Ele derrotou o diabo. Derrotou a morte e a sepultura. Ressurgiu triunfante sobre a sepultura, conquistou o último inimigo, ascendeu aos céus, e está assentado à direita de Deus, esperando até que Seus inimigos sejam colocados sob o estrado de Seus pés.
E, vocês sabem, temos algo maravilhoso para aguardar anelantemente. Ouçam isto, em Apocalipse 21: "Vi novo céu e nova terra". Não somos apenas homens renovados, mas seremos homens renovados num universo renovado. "Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva, adornada para o seu esposo." Ouçam! "Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: eis o tabernáculo de Deus com os homens." -de novo o Paraíso! - "Deus habitará com eles. Eles serão o povo de Deus e Deus mesmo estará com eles." Paraíso! Para todo o universo! "E Deus enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." O Paraíso recuperado! Todo o mal removido, banido e destruído. E, ouçam - algo ainda mais maravilhoso: "Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês". De volta ao Paraíso que perdemos! As árvores, o rio, a abundância de frutos e a felicidade. "E as folhas da árvore são para a cura dos povos." A Liga das Nações nunca fará isso! As Nações Unidas jamais farão isso! Todas as viagens desses secretários nunca conseguirão isso. Mas virá o dia quando as folhas da árvore serão para a cura das nações. "Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos O servirão, contemplarão a Sua face, e nas suas frontes está o nome dEle." O Paraíso recuperado!
Essa é a mensagem, meus amigos. Vocês acreditam nisso? Vocês sabem que terão que morrer - e daí? O que acontecerá ao mundo inteiro? Aqui está a única resposta. Vocês podem ser libertados do temor da morte imediatamente. Não há terror na morte para o crente. O crente pode dizer com Paulo: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo". Ele os conquistou e restaurará todo o cosmos nesta grande regeneração. Ele virá novamente e julgará o mundo todo com justiça. Todos os que morrerem sem crer nEle irão para a miséria eterna - a vida, como a vivem agora, porém ainda pior! Mas todos que pertencem a Ele, O verão como Ele é, e serão transformados à Sua semelhança. Seus próprios corpos serão glorificados. Viverão com Ele, e com Ele reinarão eternamente. Porventura vocês estão maravilhados com essa expectativa? Acaso acreditam que isso acontecerá com vocês? Isso é realidade. Essas coisas terão que acontecer, quer uma ou outra (salvação, perdição). Essa é a mensagem. Vocês estariam preparados para concordar com o homem que escreveu este hino no século passado? E por essas coisas que eu estou vivendo nestes dias.
Miríades e miríades, Em brilhantes e reluzentes mantos Os exércitos dos redimidos santos As alturas de luz a transbordar; Está consumado, tudo consumado, Suas lutas contra a morte e o pecado; Abre os portões dourados, E deixa os vitoriosos entrar. Vem com Tua grande salvação, Tu, Cordeiro, por pecadores imolado; Completa a lista dos Teus escolhidos, Toma o Teu poder e reina então; Oh, desejo das nações, vem, Do lar têm saudades os Teus exilados; Mostra nos céus Teu sinal prometido; Tu, Príncipe e Salvador, vem.
Ao que Ele diz em resposta: "Certamente, venho sem demora". O que dizermos a Ele? Vocês estão prontos para dizer comigo: "Ora, vem Senhor Jesus"? Reina; toma os Teus; recebe-nos para Ti mesmo; e reina na Tua glória eternamente. Essa é a mensagem da Bíblia para este mundo moderno. A única explicação para o nosso estado. A única esperança de reconquistar o Paraíso. Meus queridos amigos, vocês já estão no Paraíso espiritualmente? Vocês podem estar; vocês nada mais têm a fazer senão crer no Senhor Jesus Cristo, e serão salvos. NEle, vocês já estão assentados nos lugares celestiais.
Estão no Paraíso, e podem aguardar esperançosamente o dia quando com Ele estarão neste novo céu e nesta nova terra onde habita justiça. Estarão julgando os homens, estarão julgando os anjos. Estarão participando com Ele na glória eterna. Apesar das trevas e da perversão destes dias, há esta bendita esperança para os filhos de Deus. Certifiquem--se que estão entre eles.

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