A glória da Sua aparição

 

A glória da Sua aparição


por James B. Currie, Japão


Introdução


A grandeza e a glória da “aparição” de nosso Senhor Jesus, há muito esperada, é evidente a todos os leitores devotos da Palavra de Deus.
Estas características tão excelentes são especialmente notáveis em duas breves, mas pitorescas frases que o apóstolo Paulo usa em relação a este acontecimento culminante, que é continuamente mencionado através das Sagradas Escrituras. A primeira destas declarações se encontra em II Tessalonicenses 2:8 onde, no contexto do advento do homem do pecado e sua destruição final, o aparecimento futuro do Senhor é descrito como “o esplendor da Sua vinda”, palavras que às vezes são traduzidas:
“o excedente resplendor da Sua aparição”. Tal é a grandeza daquele “resplendor” que aquele “cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás” será consumido pelo “assopro da boca do Senhor” (JND).
A segunda declaração de Paulo está em Tito 2:13, onde o aparecimento é comparado com a “bem-aventurada esperança” do cristão.
Somos exortados a aguardar (ansiosamente) “a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo”. É bom observar que “o aparecimento da glória” é do “grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo”, e constitui a “bem-aventurada esperança” de cada filho de Deus, hoje. O “resplendor da Sua presença” e o “resplendor da Sua glória” estão, ambos, intrinsecamente incluídos na expressão Bíblica “a aparição de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Tm 6:14), e apontam para aquela bendita ocasião quando Ele virá em glória manifesta para estabelecer o Seu reino aqui na Terra.

Vários escritores calculam que o assunto da Segunda Vinda é mencionado diretamente cerca de 350 vezes, e é claramente sugerido em centenas de outras referências através do Velho e do Novo Testamento.
Uma coisa é certa: alguns indivíduos podem rejeitar a veracidade do ensino, mas ninguém pode negar que ele seja parte da urdidura e trama dos escritos que reivindicam ser a única revelação de Deus aos homens.
Uma leitura cuidadosa destes escritos mostra que dois adventos separados do Messias, o futuro Rei de Israel e a única Esperança da humanidade, são claramente preditos. Algumas vezes estes dois aspectos estão tão próximos no registro da revelação que não é fácil distingui-los.
Talvez o exemplo mais bem conhecido disto se encontra nas palavras do profeta Isaías, escritas centenas de anos antes do nascimento do Senhor Jesus. Em Isaías 61:1-2, o profeta é levado a escrever: “O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-Me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura da prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus”.
“Pregar boas novas aos mansos” e “apregoar … o dia da vingança do nosso Deus” são duas comissões totalmente diferentes confiadas àquele sobre quem o Espírito Santo veio. Muitas centenas de anos mais tarde, o próprio Senhor leu estas palavras do rolo de Isaías na sinagoga em Nazaré, como registrado em Lucas 4. Naquela ocasião, Ele leu até “anunciar o ano aceitável do Senhor”, e cerrou o livro. Ele omitiu as palavras: “apregoar o dia da vingança do nosso Deus”. Dois ministérios de caráter inteiramente diferentes estão intimamente ligados no registro divino. Uma comissão, em graça, para pregar boas-novas, e a outra, em juízo, para vingar-se daqueles que não obedecem ao Evangelho.
Quando o Senhor Jesus “cerrou o livro” em Lucas 4 Ele deixou, muito apropriadamente, a frase incompleta. As muitas afirmações das Escrituras nos fazem ver que, não somente o caráter, mas também o tempo quando estes ministérios seriam cumpridos seria diferente. Ao ler as palavras de Isaías naquele dia em Nazaré, Ele veio “não para que condenasse o mundo”; foi para salvar que Ele veio. Ele veio para ser o “Salvador do mundo”, e consequentemente “convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos” (Lc 24:46).

A segunda parte da profecia, relacionada ao Senhor proclamando o dia da vingança, permanece como algo a ser cumprido no futuro. Podemos estar descansados no fato que as palavras proféticas relacionadas ao nascimento do Senhor, o lugar, Sua morte e como ela seria, Sua ressurreição e ascensão, todas foram cumpridas literalmente, e assim as coisas ditas em relação à Sua segunda vinda em glória terão, igualmente, o seu cumprimento literal exato.
Portanto, o Espírito Santo, na Sua sabedoria, julgou ser apropriado apresentar a nós os dois aspectos do advento do Senhor na Sua revelação da mente de Deus, sendo o caráter e o tempo destes dois aspectos tão diferentes. Para seguir uma interpretação consistente das Escrituras temos de reconhecer que a Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus tem também estas duas características complementares, ambas as quais são excepcionalmente importantes. Para poderem negar isso muitos escritores enfatizam que há somente uma “Segunda Vinda” e afirmam dogmaticamente que quem fala de “dois aspectos” da Vinda está realmente dizendo que a Segunda Vinda consistirá de dois adventos do Senhor.
Nada poderia estar mais distante da verdade. Que há apenas uma Segunda Vinda do Senhor Jesus é aqui afirmado categoricamente, mas que as Escrituras ensinam dois acontecimentos distintos, envolvidos nesta Vinda, precisa ser igualmente afirmado. O acontecimento único combina duas atividades Divinas em relação à humanidade. Uma é chamada “Arrebatamento”, e a outra “Revelação” ou “Apocalipse”. Ambas as palavras são biblicamente corretas. A própria palavra “arrebatamento” não aparece na nossa Bíblia, mas significa “ser levado embora”, “tirado abruptamente”, concordando com I Tessalonicenses 4:17. “Revelação” significa “fazer manifesto”, ou “desvendar”, e é a palavra usada em Apocalipse 1:1. As próprias palavras são diferentes, como são também osconceitos quanto a caráter e tempo.
As muitas diferenças entre o “arrebatamento” e a “revelação” (ou “aparição”) tornam necessário reconhecer algumas distinções básicas. A “revelação” (e consequentemente a “aparição”) é um assunto que ocupa muito espaço no Velho Testamento. O Arrebatamento foi, segundo diz Paulo, uma “palavra” especial dada a ele pelo Senhor (I Ts 4:15). Em outro
lugar ele chama a transformação que há de acontecer de “mistério”; algo até então encoberto e indecifrável por meios naturais, mas agora revelado por Deus através do Seu Espírito Santo (I Co 15:51). Isto não se aplica meramente aos santos mortos sendo ressuscitados, mas tem em vista o fato que, enquanto os santos mortos ressuscitarão nesta ocasião, haverá outros que, para usar a linguagem dada pelo Senhor a Paulo em I Tessalonicenses 4, não dormirão, mas serão transformados. Jó sabia que um dia ele seria ressuscitado de entre os mortos, e estava cientedo fato que a sua ressurreição aconteceria quando o seu Redentor se levantar “por fim sobre a terra” (Jó 19:25). Este parece ser o testemunho uniforme de todos os santos do Velho Testamento sobre a aparição do Senhor (Jó 19:25-26; 14:3; Os 13:10,14), mas os santos mortos desta era serão ressuscitados e serão, juntamente com “os que ficarem vivos”, transformados e arrebatados aos ares para estar com o Senhor para sempre.
Outras diferenças podem ser encontradas nestes dois aspectos deste grande acontecimento. Vamos falar delas no devido tempo.
A palavra parousia, muitas vezes traduzida “vinda”, é usada tanto da vinda do Senhor para os Seus santos (Jo 14:3; I Ts 4:17) quanto da Sua vinda com eles (Jd 14; I Ts 3:13). Vários eruditos dizem que a palavra significa “vinda”, “presença real” e “presença contínua com”. Estes três conceitos são muito apropriados quando consideramos a Vinda do Senhor. Ele vem para os Seus, Ele está com eles durante as atividades celestiais do Tribunal de Cristo e das Bodas do Cordeiro, e continua com Seu povo celestial (a Igreja) e terrestre (Israel), quando Ele estabelece o Seu Trono para reinar. É a falha em reconhecer estas três nuanças do significado, como também a relutância de diferenciar entre Israel e a Igreja, que causam tanta confusão em relação à segunda vinda do Senhor Jesus.


A predição da Sua aparição no Velho Testamento


Tendo as afirmações acima como pano de fundo, esta será a primeira consideração. A predição da vinda em glória do Messias de Israel no VT parece ter como base os concertos dados por Deus. Há oito concertos (alguns escritores vêem mais) nas Escrituras hebraicas, se o “Novo Concerto” do qual os profetas falaram e que é ampliado no Novo Testamento for incluído. Desses oito concertos três são de grande importância.
O Concerto de Abraão (Gn 12:1-3; 13:14-17; 15:18; 17:1-8); o Concerto de Moisés (Dt 29:1; 30:1-9); e o Concerto de Davi (II Sm 1:19). Cada um dos outros concertos incluíam tanto condições como bênçãos prometidas, mas estes três, de um modo especial, tinham a ver com a Semente, a nação e a terra de Abraão, bem como com o trono e casa de Davi. As promessas proféticas a serem cumpridas na aparição do Rei tinham por finalidade afirmar, reafirmar e confirmar tudo que Deus havia garantido, Ele mesmo, que faria no reino do maior dos Filhos de Davi, e Semente de Abraão. A terra foi prometida a Abraão e à sua Semente. Paulo interpreta a “Semente” no singular, como se referindo ao Senhor Jesus (Gl 3:16). A nação de Abraão se tornaria grande e todas as nações seriam abençoadas através dele e da sua Semente.
Enquanto a terra e o trono foram prometidos perpetua e incondicionalmente, mais tarde os profetas mostram que as promessas Divinas estavam condicionadas à aparição do próprio Filho de Deus. Nas palavras de Isaías: “Porque um Menino nos nasceu, um Filho Se nos deu, e o principado está sobre os Seus ombros, e se chamará o Seu nome: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no Seu reino, para o firmar e fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto” (Is 9:6-7). Em outra parte, este Filho é descrito como tendo o nome de “Emanuel”, que quer dizer “Deus conosco” (Is 7:14; Mt 1:23). Com a aparição do Senhor Jesus em glória, acompanhado por Seus santos e pelos “anjos de Deus” (os “anjos ceifeiros”), que separarão os ímpios
dos justos e os lançarão “na fornalha de fogo” (Mt 13:29-50), o reino será estabelecido e permanecerá por mil anos (Ap 20:4). Não haverá nem diminuição de poder, nem fim para a paz que o caracterizará; será um reino de juízo e justiça onde especialmente os pobres estarão sob o manto da magnanimidade do Senhor.
As muitas referências às promessas feitas em relação ao estabelecimento e caráter do reino no VT são, com certeza, concernentes à aparição de Cristo. Elas são muito numerosas para serem tratadas aqui, mas umas poucas serão o suficiente para enfatizar o que já foi ensinado. Isaías escreveu: “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cimados outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. E irão muitos povos, e
dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor … por que de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor” (Is 2:2-3). A inauguração deste reino acontecerá com a aparição daquele de quem Isaías escreveu em 11: 2-4: “E repousará sobre Ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor. E deleitar-Se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos Seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos Seus ouvidos. Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com equidade os mansos da terra; e ferirá a terra com a vara da Sua boca, e com o sopro dos Seus lábios matará o ímpio” (ou “sem lei”, Newberry). O resultado será um reino cujo caráter é descrito também por Isaías no mesmo capítulo. Porque “um rei reinará com justiça”
(32:1), a própria natureza desfrutará de reconciliação quando não houver ninguém para “fazer mal ou dano algum em todo o Meu [isto é, de Deus] santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (11:6-9).

Cada profeta por sua vez acrescenta algo a esta cena de justiça e tranquilidade que terá início depois que o “filho da perdição” for destruído (II Ts 2) e aparecer, subitamente, o Filho do Homem para lançar Sua foice aguda e colher em juízo a seara madura (Ap 14:14-15).
Jeremias observa que, antes de tudo, o tempo “da angústia de Jacó” ocorrerá quando a tribulação da nação de Israel há de ser tão grande, a ponto dos próprios homens se tornarem como mulheres que sofrem as dores de parto. Mas, diz o Senhor: “Farei voltar do cativeiro o Meu povo Israel; e tornarei a trazê-los à terra que dei à seus pais … ele [Jacó] será salvo dela … te restaurarei a saúde, e te curarei as tuas chagas” (Jr 30:3, 7, 17). Estas coisas acontecerão “no fim dos dias” (30:24), e coincidirão com a aparição do Senhor, vindo para reinar em glória e sujeitar Seus inimigos debaixo dos Seus pés.
A essas benditas descrições, Ezequiel acrescenta mais informações acerca da glória a ser revelada. Ele continua, poderíamos dizer, de onde Jeremias parou, registrando para nós as palavras do Senhor, que disse: “E suscitarei sobre elas um só Pastor, e Ele as apascentará; o Meu servo Davi é que as apascentará; Ele lhes servirá de pastor” (34:23). Um Pastor para cuidar deles; um Príncipe para protegê-los; um concerto de paz para ser desfrutado por eles, para que, em contraste com a sua situação atual, eles habitem com segurança no deserto, e possam até mesmo “acampar” nos bosques! Com as “chuvas de bênçãos” caindo sobre eles e a “Planta de Renome” no seu meio, a “Casa de Israel” será visivelmente “Meu povo, diz o Senhor Deus” (34:30). A aparição do Senhor em glória causará, com efeito, o renascimento da nação. Água pura será espargida sobre eles, e um novo espírito posto no interior deles (36:25-26), o que Nicodemos deveria ter entendido (Jo 3:5). Então a nação, renascida, será levada ao Reino de Deus, do qual João mais tarde escreveu: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor, e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre” (Ap 11:15). Assim o reinado de mil anos de Cristo aqui na Terra, que se iniciará com a Sua “aparição em glória” será o prelúdio do reino eterno, caracterizado por novos Céus e nova Terra.
Daniel também fala sobre os acontecimentos que levarão à Ascensão do Senhor Jesus ao trono aqui na Terra e, ao fazê-lo, dá ao Senhor um título muito significativo. No cap. 7 ele escreve: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do homem; e dirigiu-Se ao Ancião de Dias … e foi-Lhe dado ao Filho do homem] o domínio, e a honra, e o reino … Seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o Seu reino tal, que não será destruído” (vs. 13-14). Mais cedo, ao revelar e interpretar o sonho de Nabucodonosor, ele demonstrou que o sonho estava relacionado com o “fim dos dias”. A monstruosidade que o rei viu era simbólica de quatro grandes impérios, dos quais Nabucodonosor era o primeiro. Embora um “reino, poder, e força e glória” foram dadas a ele e aos reis que o sucederiam, o destino final daquilo que a estátua gigante representa é ser reduzido a pedaços e consumido pela pedra do monte, “cortada sem auxílio de mãos” (2:37, 45). Esta é a Pedra à qual Pedro se refere. Para o cristão, “pedra viva”, mas para aqueles que tropeçam na palavra e são desobedientes, “pedra de tropeço, e rocha de escândalo” (I Pe 2:4, 8).
Outros profetas têm muito a dizer sobre este acontecimento tão auspicioso para o cristão. Os Salmos também não  permanecem em silêncio.
Davi, a quem a promessa real foi feita, escreveu: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da glória. Quem é este Rei da glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra … Quem é este Rei da glória? O Senhor dos Exércitos, Ele é o rei da Glória” (Sl 24:7-10). A nação de Israel e a cidade de Jerusalém, com tais sentimentos, darão as boas-vindas ao seu Rei no dia da Sua aparição.


A promessa da Sua aparição nos Evangelhos


É amplamente reconhecido que o Evangelho de Mateus forma uma ponte entre os dois Testamentos. Isso não é apenas por causa do lugar que este Evangelho ocupa no Cânon dos escritos do NT; antes, é o conteúdo do relato de Mateus que exige que ele seja colocado no início dos vinte e sete livros. Se tivesse sido posto em qualquer outra posição, este Evangelho pareceria estar muito fora de sequência. Já que o primeiro Testamento focava tanto na vinda do Rei e do reino, parece muito natural que o primeiro livro do Novo Testamento continue desenvolvendo estes assuntos. E é exatamente sobre as duas vindas do Rei, e o que eles incluem, que Mateus escreve.
“Cânon” quer dizer “relação”, “lista”. Neste contexto, refere-se ~a lista dos livros que fazem parte do NT (N. do E.).

As primeiras palavras do Evangelho nos informam qual o assunto do escritor: “Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (v. 1). Nestas poucas palavras o Senhor Jesus, quanto à Sua humanidade, é ligado a três dos personagens mais importantes das Escrituras Hebraicas: Adão, Davi e Abraão, nesta ordem. Há treze listas de nomes no VT, que são claramente chamadas de gerações, ou genealogias,tais com: “as gerações de Noé”; as “gerações dos filhos de Noé; as
“gerações de Terá” (Abraão), etc., mas somente a de Adão é chamada de “livro das gerações”. Adão é o cabeça federativo da antiguidade; nosso Senhor Jesus Cristo é o Cabeça federativo da nova Criação. Ele também é chamado “Filho de Davi”, e é assim chamado, ao todo, nove vezes no livro. Ele também é chamado, somente esta vez em Mateus, de o “Filho de Abraão”. Imediatamente após a genealogia o relato declara: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim” (1:18), e é a este acontecimento que o apóstolo Paulo se refere: “… aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (II Tm 1:10). Bem no início do NT a primeira “aparição” do Senhor Jesus é vista como a do Soberano prometido (Filho de Davi) e Salvador universal (Filho de Abraão).
As credenciais do Messias prometido precisam ser adequadas e inequívocas, e o escritor do Evangelho as apresenta sem hesitação ou limitações. Para começar, o Senhor é legalmente reconhecido pelo fato de ser “Filho de Davi”. Nascido de Maria, através da linhagem real,o homem que era o seu suposto pai bem poderia ter sido o príncipe herdeiro se a linhagem real de Judá tivesse continuado. Sábios vieram de países distantes prestar homenagem ao recém-nascido rei, indicando que Sua realeza se espalharia para além dos estreitos limites de Israel.
No cap. 3, um Céu aberto dá testemunho da Sua idoneidade absoluta, e no cap. 4, Sua perfeição moral e impecável é vista no deserto onde o príncipe deste mundo nada pôde encontrar nEle que correspondesse às lisonjas oferecidas. Este, e somente este, revela-Se na Sua primeira aparição como Aquele que é legalmente, humanamente, divinamente e moralmente qualificado e capacitado para ocupar o trono universal, exatamente como Deus havia planejado.
Além disso, Sua autoridade é evidente quando Ele enuncia os princípios governantes do Seu reino (caps. 5-7). Nos caps. 8-12, o poder do Senhor é manifesto em várias esferas através dos muitos milagres realizados, e do envio dos discípulos. Isto enfatiza a reivindicação que Ele faria mais tarde: “É me dado todo o poder no céu e na terra” (28:18).
Quando a Sua rejeição pelos líderes da nação se manifesta, Ele então pode apresentar a característica da era que se distinguirá pela Sua ausência. Ele faz isso em sete parábolas que traçam um esboço profético até o tempo do estabelecimento do Seu reino (cap. 13).

No seu devido tempo, segundo Mateus, o Senhor leva os acontecimentos até aos tempos finais. No discurso do Monte das Oliveiras Ele descreve as condições predominantes no curto período imediatamente anterior à Sua revelação em glória. As coisas mencionadas pelos profetas são reiteradas. Um tempo de grande tribulação; desintegrações maciças em e ao redor de Israel; o povo judeu novamente em aparente perigo de aniquilação; um tempo de separar os ímpios dos justos, e o tempo do juízo. Estas coisas irão acontecer, literalmente, de acordo com os caps. 24 e 25: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (24:30).
A “aparição” não é enfatizada tanto em Marcos ou Lucas, mas sempre que o assunto da volta do Senhor é mencionado, está em perfeita harmonia com as outras Escrituras. Exemplos disso são encontrados em Marcos 8:38: “… Filho do homem … quando vier na glória de Seu Pai, com os santos anjos”, e em Lucas 9:26: “… Filho do homem, quando vier na Sua glória, e na do Pai e dos santos anjos”. A maneira gloriosa da aparição do Senhor é claramente indicada, assim como a necessidade de vigilância por parte daqueles que estiverem no limiar deste grande acontecimento. A triste possibilidade de ser achado dormindo em extrema incredulidade é o assunto da parábola em Marcos 13. O homem da casa partiu para uma longa viagem, deixando com “o porteiro” a ordem de “vigiar”. O grave perigo é que, se o mestre voltasse inesperadamente, ele poderia encontrar os servos dormindo. Esta é também a força da parábola das dez virgens em Mateus 25:1-13, pois apesar de tudo que o Senhor faz por Israel, durante o período da sua severa provação, muitos ainda não estarão dispostos a reconhecer o Rei. Também haverá muitos entre as nações gentílicas que tomarão partido com o mal contra aqueles que vigiam e aguardam a vinda do verdadeiro Rei. Assim surge a necessidade de separar as ovelhas dos bodes, por ocasião da aparição do Senhor. Tanto Israel quanto as nações vivas estarão incluídas naquele processo de separação. Os justos dentre as nações vivas e os santos ressuscitados do VT entrarão no reino com o seu Senhor (Mt 25:34).
João, que escreveu muito depois dos Evangelhos sinópticos estarem disponíveis ao povo de Deus, tem a pureza do Evangelho em mente. Ele não trata da “aparição” como tal, mas registra as palavras do Senhor concernentes à Sua vinda para os Seus, no cap. 14, e a menciona também, de passagem, em 21:22.


A perspectiva da Sua aparição nas epístolas

 

O livro de Atos dos Apóstolos é transicional, formando a ligação entre os Evangelhos e as Epístolas. Mostra também como o Evangelho viajou de Jerusalém, onde o Senhor da Glória foi morto, até Roma, onde Paulo estava “pregando o reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (28:31). Não só a localidade mudou, como também a ênfase da mensagem. O Novo Testamento começa com João Batista apelando ao povo: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 3:2). O Rei aparecera, e com Ele o reino dos Céus, juntamente com
todas as suas limitações temporais e terrestres. Uma oferta genuína foi feita à Nação, e foi rejeitada. Agora Deus se volta para os gentios, e a participação no reino de Deus é franqueada a todos os homens. Indo além do que o reino dos Céus é em suas perspectivas básicas e terrenas, o Reino de Deus é universal, e essa era a intenção de Deus desde a eternidade. Este reino será apresentado sem restrições, e finalmente consumado pela “aparição” de nosso Senhor Jesus Cristo. Nos meses que se seguiram à morte do Senhor Jesus, Deus estava ainda estendendo a Sua misericórdia ao povo judeu. O Senhor ressurrecto andou entre os Seus discípulos por quarenta dias, falando-lhes “das coisas concernentes ao reino de Deus”, e tal foi a impressão obtida pelos doze que eles indagaram: “Restaurarás Tu neste tempo o reino a Israel?” (At 1:3, 6).
Mesmo depois da ascensão do Senhor e da vinda do Espírito Santo,  Deus ainda estava, através dos Seus servos, oferecendo “tempos de refrigério” e “tempos da restauração de tudo” (3:19-21). Todavia, tornou-se evidente que “antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor” quando “há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”, como prometido pelo profeta Joel (2:31-32), sinais e maravilhas o precederiam. Tais sinais foram dados, como confirmação, durante os  dias da primeira aparição do Senhor, mas aguardam um cumprimento pleno no tempo futuro do Seu resplandecer em glória (II Ts 2:8).
Entre as primeiras epístolas de Paulo estão as duas cartas escritas aos cristãos novos de Tessalônica. Durante a sua breve estadia entre eles o apóstolo, aparentemente, havia falado muito acerca dos últimos tempos e da Vinda do Senhor. De alguma forma, os cristãos haviam interpretado mal o ensino de Paulo, e estavam apreensivos quando a alguns dos detalhes, e algumas cartas supostamente de Paulo não haviam ajudado em nada. Esta ansiedade vinha da sua incapacidade de distinguir entre o “Dia de Cristo” (Fp 2:6) e o “Dia do Senhor” (I Ts 5:2). O “Dia de Cristo” é expresso de diversas maneiras. É mencionado como o “Dia do Senhor Jesus”; o “dia de Jesus Cristo”; o “Dia do Senhor Jesus Cristo” — todas estas expressões têm a ver com a vinda do Senhor para os Seus e com alguns dos acontecimentos que seguirão. Estes incluem o Tribunal de Cristo (II Co 5:10) e as Bodas do Cordeiro (Ap 19:9). Paulo dissipa os temores destes novos cristãos, em relação àqueles que “em Jesus dormem”, ao citar a palavra da revelação que lhe foi dada diretamente pelo Senhor (I Ts 4:13-18). Quanto ao “Dia do Senhor”, nenhuma palavra era necessária, já que este era o assunto de muitas Escrituras proféticas e do ensino do próprio Paulo. Ele assegura os tessalonicenses que o “Dia” não pode vir sem que alguns acontecimentos prévios ocorram (II Ts 2:1-5). Ele lhes roga que não se abalem no seu entendimento, como se o “dia das trevas” já estivesse sobre eles. Paulo lança mão de duas coisas para aliviar a sua preocupação; primeiro, a vinda (parousia) do Senhor, e segundo, o nosso encontro com Ele (o Arrebatamento). Estes são dois dos “acontecimentos prévios” que devem ocorrer antes que aconteça o Dia do Senhor. Ele já tinha mostrado que é um justo juízo da parte de Deus retribuir aqueles que estavam atribulando os cristãos e, ao mesmo tempo, quando ocorrer a aparição do Senhor, garantir descanso e repouso aos santos (II Ts 1:6-7). Ao encorajar estes novos convertidos a “crescer em amor uns para com os outros”, ele o faz à luz do fato que o Senhor haverá de “confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante do nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os Seus santos” (I Ts 3:12-13) Paulo escreve de maneira semelhante aos cristãos de Corinto, falando deles como aqueles que estão “esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Co 1:7-8).
Ao aguardarem ansiosamente a aparição do Senhor Jesus eles também são lembrados de que ser achados irrepreensíveis terá seu momento de revisão (e de recompensa) “no dia de nosso Senhor Jesus Cristo”, apontando para o dia da avaliação celestial.
Da mesma maneira Pedro também mostra seu desejo de que a fé vitoriosa dos cristãos na Ásia Menor, a quem ele escreve, mesmo no meio de “várias tentações … se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação [aparição] de Jesus Cristo” (I Pe 1:6-7). A fé vencedora do cristão, mesmo em meio à forte provação e tribulação, é muito mais preciosa do que o ouro que perece. Traz honra e glória a Deus, e isso será manifesto no dia da revelação do Senhor. João também escreve: “Quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos.
E qualquer que nEle tem [coloca] esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (I Jo 3:2-3). A doutrina da “aparição” é claramente explicada, e suas exigências são específicas.

 

O propósito da Sua aparição no Apocalipse  

 

Nenhuma Escritura é mais cheia da maravilha da “aparição de Cristo” do que o último livro da nossa Bíblia, o Apocalipse, ou Revelação!
Este último título é absolutamente apropriado, já que é a primeira palavra do próprio livro, uma revelação de Jesus Cristo. A primeira visão concedida a João foi aquela do Cristo glorificado andando no meio das sete igrejas representativas, e mais revelações continuam a traçar os acontecimentos apocalípticos até que a “voz de trovão” diz: “Aleluia!
Pois já o Deus Todo-Poderoso reina” (19:6). Neste momento, os Céus são abertos e Aquele “cujo Nome é chamado a Palavra de Deus” aparece assentado num cavalo branco, com os exércitos do Céu que O seguem,enquanto Ele “julga e peleja com justiça” (19:11). O poderoso Veterano de todos os conflitos com o mal, desde s tempos da revolta de Lúcifer, surge com a Sua veste salpicada de sangue, já que Ele “pisa o lagar do vinhodo furor e da ira do Deus Todo-Poderoso”. Seu nome é dado como “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19:15-16). Entre as muitas predições proféticas concernentes àquele acontecimento tão importante, nenhuma é mais significativa do que a de Isaías 63:1-4: “Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestes tintas; este que é glorioso em Sua vestidura, que marcha com a Sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelha a Tua vestidura, e as Tuas roupas como as daquele que pisa no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém ouve comigo; e os pisei na Minha ira, e os esmaguei no Meu furor; e o seu sangue salpicou as Minhas vestes, e manchei toda a Minha vestidura. Porque o dia da vingança estava no Meu coração; e o ano dos Meus remidos é chegado”. Não é de se admirar que, pela primeira vez no NT, a palavra “aleluia” aparece, e é usada 4 vezes neste contexto! Para citar as palavras do próprio Senhor: “se estes se calarem, as próprias pedras clamarão” (Lc 19:40).
É evidente que o livro de Apocalipse é um clímax. Tantas das verdades apresentadas em Gênesis e desenvolvidas em outras partes das Escrituras são trazidas ao seu pleno cumprimento aqui. Isto é especialmente verdadeiro acerca das coisas relativas ao Rei e Sua aparição em glória. A própria palavra “reino” é encontrada somente seis vezes em Apocalipse, mas os primeiros dezenove capítulos são uma introdução ao advento literal do Rei à Terra, para estabelecer o Seu reino de acordo com tudo o que fora predito. Ele é apresentado, primeiramente, na glória a Sua Pessoa ao andar entre os santos desta era, e isso Ele faz numa capacidade judicial (cap. 1). Ao descrever as condições prevalecentes em sete igrejas locais do século I, o Espírito Santo dá claras indicações de como as coisas iriam se desenvolver na era da Igreja (caps. 2 e 3). O arrebatamento da Igreja é, no mínimo, sugerido em 4:1, quando João, na qualidade de representante, ouve as palavras: “Sobe aqui”, para que
lhe fossem mostradas as coisas que deveriam acontecer “depois destas”.
É muito interessante e instrutivo ver que esta frase exata é usada em Atos 15, onde é declarado como Deus visitaria os gentios, “para tomar deles um povo para o Seu nome [a Igreja] … depois disto voltarei, ereedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído” (vs. 14-16). A ordem no Livro de Apocalipse segue estas palavras exatamente, pois é somentedepois de um povo ser tomado para o Seu nome que a obra de restaurar a cidade e a casa de Davi é iniciada. Uma vez iniciada esta obra, a Igreja não é mais mencionada nem vista na terra. Tendo sido arrebatada para estar com seu Senhor, ela assume um caráter celestial.
Assim como no princípio do ministério terrestre do Senhor, as credenciais e qualificações dAquele que há de vir, que é capaz de restaurar e reedificar, são dadas, e Ele é aclamado como o único que é “digno de tomar o livro [com sete selos] e de abrir os seus selos”. O Cordeiro como havendo sido morto é declarado digno de “receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (5:9, 12).
Tendo considerado o arrebatamento da Igreja para estar com o Senhor, e contemplado a descrição celestial dAquele que é digno de ser contemplado por todo o Universo, agora a atenção se focaliza na Terra.

Sete selos, sete trombetas e sete últimas pragas de taças de ira, ilustram o derramamento do furor divino sobre um mundo rebelde. Uma ditadura cruel debaixo do “homem do pecado”; paz retirada da Terra; fome; morte em números sem precedentes; terremotos violentos e tempestades, além de explosões de corpos celestes. Tudo isso será de um caráter tão feroz que muitos buscarão a morte, mas serão incapazes de encontrá-la. Nem mesmo Israel escapará. Seu tempo de grande tribulação (Jr 30:7; Mt 24) virá sobre ela numa tal medida que “se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; … serão odiados … surgirão falsos profetas, e enganarão a muitos … e a abominação da desolação … estará no lugar santo”. Por este tempo haverá terríveis acontecimentos nos Céus. “O sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as potências do céu serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória” (Mt 24:29-30). A aparição será ubíqua (“assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente”), e súbita (“como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem, porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos” (Mt 24:27, 38).

Em suma, essas são as condições indescritíveis que Israel irá enfrentar quando “todos os povos em redor vierem contra Jerusalém” (Zc 12:3, 9).
Estas nações estarão reunidas contra Jerusalém, pelo Senhor, como parte do castigo da nação pela sua prolongada incredulidade: “E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações … E naquele dia estarão os Seus pés sobre o Monte das Oliveiras” (Zc 14:3-4). O monte será fendido do oriente para o ocidente, e será aberto um grande vale onde, aparentemente, águas vivas fluirão em ambas as direções, sem dúvida para trazer grande fertilidade à terra durante os anos do reino. O Senhor prometeu livramento para muitos na nação, por ocasião da Sua aparição. Ele dará “fim a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim” (Jr 30:10-11). O “homem do pecado” (a “besta que saiu do mar”)
com o seu falso profeta (“a besta que subiu da terra” — Ap 13), ambos serão “lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre”, onde, depois de ter sido preso por mil anos, o diabo também será lançado, para serem “atormentados para todo o sempre” (Ap 19:20; 20:10).

Estes são alguns dos acontecimentos de peso monumental que acontecerão por ocasião do aparecimento do Senhor. Ao som da grande trombeta, Israel como o eleito será ajuntado desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade do Céu, e todos os seus inimigos serão derrotados (Mt 24:31; Zc 12:9). As nações vivas serão julgadas e os “filhos do maligno” atados em molhos e lançados na condenação eterna (Mt 13:40; 25:46). Então, a grande trindade do mal (o velho dragão, o filho da perdição e o falso profeta) serão derrotados e presos. A natureza será pacificada, e naquele dia o Senhor será rei sobre toda a Terra (Zc 14:9), aparecendo coroado com muitos diademas de honra e de glória para ocupar o trono perpetuamente, portando o símbolo da Sua entronização, o cetro de justiça (Ap 19:11-16; Sl 45:3-7).
Pode-se perguntar: como podem todos estes grandes acontecimentos ocorrerem no que se pressupõe ser um curto espaço de tempo, na ocasião da aparição do Senhor, ou durante a Sua descida à Terra? Em primeiro lugar, multidões incontáveis de anjos estarão envolvidas, tanto no julgamento dos vivos, por ocasião da vinda do Senhor, quanto no ajuntamento da nação de Israel desde os quatro cantos da Terra (Mt 13:39; 24:31). Em segundo lugar, Daniel ouviu dois homens conversandoà beira do rio, e ali é feita a pergunta: “Quando será o fim destas maravilhas?” (Dn 12:6). A resposta dada foi: “desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado [na metade da septuagésima semana de Daniel]… haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12:11, 12).
Os setenta e cinco dias extras, estendidos além da profecia do próprio Daniel, de três anos e meio, (Dn 9) parecem ser a provisão divina para que o peso da autoridade real do Senhor alcance os cantos mais remotos do globo. Não haverá somente tempo suficiente, como também as vastas hostes de agentes são parte da provisão divina para a realização dos propósitos de Deus.

A existência de Israel como nação, mesmo em incredulidade; os sentimentos de nacionalismo ardendo através do mundo; os passos largos de extrema apostasia na medida em que muitos se desviam da verdade; a instabilidade política generalizada, e homens que são “amantes de si mesmos … mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”
alardeando os piores tipos de males, sem temor de retribuição; todas estas coisas nos dizem que os “tempos trabalhosos [perigosos]” dos últimos dias (II Tm 3:1) já estão aí, e que o “Juiz está à porta” (Tg 5:9).
Que possamos dar ouvidos à voz do Senhor quando Ele diz: “Eis quevenho sem demora: guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:11).
Quando o Senhor empunhar o cetro de soberania na Sua vinda para estabelecer o Seu reino e reinar, as palavras de Davi, resumindo as suas orações reais, são exatas para essa ocasião: “Temer-te-ão enquanto durarem o sol e a lua, de geração em geração: Ele descerá como chuva sobre a erva ceifada, como os chuveiros que umedecem a terra … Dominará de mar a mar, e desde o rio até as extremidades da terra … E todos os reis se prostrarão perante Ele; todas as nações O servirão … O Seu nome permanecerá eternamente; o Seu nome irá se propagando de Pai a filhos enquanto o sol durar, e os homens serão abençoados nEle; todas as nações Lhe chamarão Bem-Aventurado … E bendito seja para sempre o Seu nome glorioso: e encha-se toda a terra da Sua glória. Amém e Amém” (Sl 72).


Jesus reinará em todo lugar por onde o Sol

Passa em suas repetidas viagens;
Seu reino estenderá de costa a costa,
Até que a Lua não mais cresça e diminua.
Bênçãos abundam por onde Ele reina,
O prisioneiro salta e solta suas correntes;
Os cansados encontram descanso eterno,
E todos os filhos necessitados são abençoados.
Que toda criatura levante e traga
Honras especiais ao nosso Rei;
Anjos desçam com cânticos novamente,
E a Terra repita o sonoro Amém!
(Isaac. Watts)

 

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