A eficácia do Seu sacrifício

 

A eficácia do Seu sacrifício
 

Por Thomas Bentley, Malásia


Introdução


O assunto diante de nós neste capítulo é vasto, valioso e vital. Desde os primeiros capítulos de Gênesis até o capítulo final de Apocalipse o tema prevalece. Além da Pessoa do Senhor Jesus, nenhum outro assunto é tão extenso quanto o da Sua morte, na esfera da revelação Divina.
Com a Sua ajuda iremos focalizar nossa atenção nas prefigurações no Pentateuco, a percepção nos Salmos e as predições nos Profetas. Os Evangelhos nos darão uma compreensão clara dos fatos da Sua morte, enquanto as Epístolas nos revelarão o caráter fundamental da morte do Salvador em todo aspecto dos relacionamentos divinos. Finalmente, o livro de Apocalipse revelará a vastidão do fruto da Sua morte, para aqueles de nós que temos provado o valor da Sua morte; mal podemos esperar por aquele momento quando iremos nos ajuntar à multidão incontável e aclamar a dignidade do Cordeiro que nos remiu para Deus pelo Seu sangue.


Prefigurações da Sua morte


Através dos primeiros cinco livros da Bíblia há muitos acontecimentos que prefiguram a Sua morte. Estudar estas grandes figuras exige tempo e meditação, mas devido ao limite de espaço nossa consideração ficará restrita aos pontos principais apresentados nos capítulos iniciais de Levítico, relacionados às ofertas. Ao ler os capítulos relevantes observe que cada um deles tem uma palavra que é essencial ao aspecto em consideração. Note em Levítico 1 a palavra “fogo”; no cap. 2 a palavra
“farinha”; no cap. 3 a palavra “gordura” nos caps. 4-5:13 a palavra “perdão”; nos capítulos 5:14-6:7 as palavras “quinta parte”.
Olhando para o que era oferecido em holocausto, o bezerro indica a força de Cristo; o cordeiro simboliza a submissão de Cristo, o bode indica a imponência de Cristo, no fato de ser um animal de pés firmes, característica essa que o nosso bendito Senhor demonstrou quando não “se prostrou” quando o Diabo instou com Ele para que o fizesse, nem “desceu” quando aquela multidão unida, sem dúvida impelida pelo mesmo Diabo, clamou para que Ele o fizesse, quando estava pendurado na Cruz. A rola sugere a simplicidade de Cristo, enquanto o pombo confirma Sua condição de estrangeiro, pois Ele disse que havia saído
de Deus, e voltava para Deus (Jo 13:3 — veja também Jo 16:19). Alguns veem uma diminuição no valor dos sacrifícios. Concordamos que haveria, se considerássemos o tamanho e força de cada uma das espécies usadas, mas não é assim em figura ou em predição. Embora os animais especificados para o sacrifício pudessem ser partidos, isso não podia e não deveria ser feito em relação às aves. As aves são de um domínio celeste, logo representam Divindade essencial, pois, como sabemos, não
há nada quebrado ou partido no Evangelho de João, a não ser as pernas dos malfeitores. Por exemplo, não temos o partir do pão nem o rasgar do véu e outros itens semelhantes não são mencionados, como são nosEvangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Como é que Abraão sabia que ele não deveria partir as aves, conforme lemos em Gênesis 15? Se ele não sabia, certamente foi a mão soberana de Deus.

 

Assim, cantamos:

Deixando cenas de puríssima luz,

Cobrindo glória de brilho e esplendor,

Chegando — ó maravilha — até a Cruz;
Aleluia! Que Salvador!

(R. D. Edwards)


Antes de deixar este aspecto da morte de Cristo é muito importante observar a linguagem de Levítico 1:4: “para que seja aceito a favor dele para a sua expiação”. Aqui está a parte desta oferta que dizia respeito ao ofertante. Tinha em vista a sua plena aceitação, e não seriam estas as palavras tocando o coração de Paulo quando ele escreveu em Efésios 5:2: “e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”?
A oferta de manjares oferece material rico para meditação, ao compreendermos as belezas da vida do Salvador. Somos levados a pensar na fineza da farinha; na fluidez do azeite; na fragrância do incenso e na fidelidade do sal. Estes itens manifestam a perfeição absoluta do Salvador na vida, que deu tanta eficácia à morte que Ele morreu.
A oferta pacífica enfatiza a “gordura”, e é proveitoso observar que:
• A gordura da fressura mostra a devoção de Cristo. Observe II Coríntios 1:12; 3:17; 8:8 e aprecie o conceito de sinceridade.
• A gordura dos rins mostra o discernimento de Cristo. Observe II Coríntios 1:2; 4:2,8; 5:11; 6:12 e aprecie o conceito de sensitividade.
• A gordura dos lombos mostra a dependência de Cristo. Observe II Coríntios 1:15; 2:3; 3:4; 5:6, 8; 7:16 e aprecie o conceito de serenidade.
• A gordura do redenho mostra a distinção de Cristo. Observe II Coríntios 1:5; 3:10; 4:7; 9:8, 12 e aprecie o conceito de suficiência.
Ao chegarmos às duas figuras restantes, a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa, é importante reconhecer a ênfase de cada uma. Na oferta pelo pecado a ênfase está na pessoa que pecou, mas na oferta pela culpa a ênfase está no perdão do pecado que a pessoa cometeu. Observe as palavras do Senhor Jesus quando Ele tomou o cálice: “Isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26:28). Isto apresenta aos nossos corações o aspecto da Oferta pela Culpa na morte de Cristo, pois ocupa-se com a remissão dos pecados. Note agora como Marcos registra as palavras do Salvador (14:24): “Isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado”. Temos aqui, claramente, a Oferta pelo Pecado, pois as palavras se referem à pessoa que peca: “por muitos”. No relato de Lucas lemos em 22:20: “Este cálice é o novo testamento no Meu sangue, que é derramado por vós”. Note a mudança
de ordem. Nos primeiros dois relatos o sangue vem primeiro, pois trata do que já foi tirado, especificamente os nossos pecados e nós mesmos.

É por isso que tanto em Mateus como em Marcos lemos do Senhor dizendo: “Deus meu, Deus meu, porque Me desamparaste?”.

 

Como cantamos frequentemente:
Oh, foi por que nossos pecados

NEle por Deus foram colocados
Que Ele, que nunca havia pecado,
Pelos pecadores foi feito pecado.
(T. Haweis)


Mas em Lucas, não é o que foi tirado que é enfatizado, antes é o que foi introduzido, ou seja, o “novo concerto”. Este é, verdadeiramente, o aspecto da Oferta Pacífica da morte do Salvador.


Percepção da Sua morte


Chegando ao Livro dos Salmos lembramo-nos do valor dos escritos que apresentam a prontidão e a disposição do Senhor Jesus de fazer a vontade do Seu Deus, qualquer que fosse o preço. Lendo o Salmo 40, a verdade do aspecto do Holocausto na morte de Cristo é claramente reconhecida na Sua decisão de efetuar a obra e a vontade de Deus em sacrifício (vs. 7-8). Outra palavra útil para reforçar esta verdade é sua Certeza.
No Salmo 22 seria maravilhoso elaborar sobre os fatos que claramente manifestam o aspecto da Oferta pelo Pecado, pois nos vs. 1-21, vemo-lO “fora do arraial”. Esta verdade reforça a rejeição que o nosso Senhor suportou na Cruz. Com sentimento, vamos reconhecer a Sua solidão naquelas palavras angustiantes: “Deus Meu, Deus Meu, porque Me desamparaste?”. Mas, na continuação do Salmo, vemo-lO “além do véu” (vs. 22-31). Será possível que enquanto Ele estava na Cruz, sofrendo agonia indizível, o Salvador citou este Salmo? Ele começa com o isolamento que o Seu clamor indica, mas veja também o último versículo, que certamente é a base da Sua exclamação triunfal: “Está consumado”.
O Salmo 69 é o Salmo que apresenta o aspecto da Oferta pela Culpa na morte do Senhor Jesus. Ninguém lendo este Salmo pode deixar de perceber a repetição da palavra “afronta”. Assim, este Salmo traz à luz a afronta que Ele suportou quando Ele aniquilou o pecado pelo sacrifício de Si mesmo (Hb 9:26). Isto traz aos nossos corações, comovidos pelo Seu amor, a vergonha que foi Sua no Calvário.


Predições da Sua morte


Embora muitas profecias valiosas e verdadeiras relativas à morte do Salvador abundem de Isaías a Malaquias, temos espaço apenas para considerar reverentemente os bem conhecidos versículos encontrados em Isaias 52:13-53:12. Isaías apresenta vinhetas da Sua morte com as quais já estamos bem familiarizados. É mesmo maravilhoso ver o paralelo nos versículos nesta parte de Isaías com o pano de fundo de Levítico capítulos 1-5.



O aspecto do holocausto...................................................52:13-15
O auge da Sua exaltação (v. 13);
A profundeza da Sua humilhação (v. 14);
Os efeitos da Sua glorificação (v. 15).


O aspecto da oferta de manjares........................................... 53:1-3
Rejeitado mas aceitável (v.1);
Indesejado mas desejável (v. 2);
Desprezado mas estimável (v. 3).


O aspecto da oferta pacífica................................................. 53:4-6
Sobrecarregado com as nossas dores (v. 4);
Moído pelas nossas iniquidades (v. 5);
Levando os nossos pecados (v. 6).


O aspecto da oferta pelo pecado........................................... 53:7-9
Silencioso no Seu sofrimento (v. 7);
Separado da Sua semente (v. 8);
Supremo na Sua soberania (v. 9).


O aspecto da oferta pela culpa...........................................53:10-12
Prosperidade após intensidade (v. 10);
Produto após trabalho (v. 11);
Posição após isolamento (v. 12).


Fatos da Sua morte


Certamente seria proveitoso ver em detalhe os relatos da morte do Salvador, dados respectivamente pelos escritores dos quatro Evangelhos, mas o espaço não permite estes detalhes. O leitor é convidado a meditar pessoalmente nessas referências, mas neste artigo consideraremos somente as referências à Sua morte no Evangelho de Marcos.


Imperiosidade dos Seus sofrimentos


“E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do Homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria” (Mc 8:31).
Repare a autoridade — Ele “começou a ensinar-lhes”; a necessidade — “importava”; a sensitividade — “padecesse”; a severidade — “rejeitado”; a unanimidade — “anciãos e príncipes dos sacerdotes … escribas”; a crueldade — “fosse morto”; a vitória — “depois de três dias ressuscitaria”.

 

 

Importância dos Seus sofrimentos


“Como está escrito do Filho do Homem, que Ele deva padecer muito e ser aviltado” (Mc 9:12).
 

Imponderabilidade dos Seus sofrimentos


“Porque ensinava os seus discípulos e lhes dizia: o Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-Lo-ão; e, morto Ele, ressuscitará ao terceiro dia” (Mc 9:31).
Alguns sugerem que Marcos não apresenta o Salvador como um ensinador, visto que ele apresenta o Senhor como um Servo. Entretanto, uma leitura cuidadosa do Evangelho mostrará algo bem diferente, pois a palavra e a ideia de ensinar aparecem dezessete vezes nos escritos de Marcos. Observe: a necessidade de instrução: “ensinava os Seus discípulos e lhes dizia …”. As palavras a seguir indicam a necessidade de compreensão: “eles não entendiam esta palavra …” (v. 32). Estranhamente, “eles”, segundo Marcos, “receavam interrogá-lO”, e isto salienta enfaticamente a necessidade de comunhão.

 

Implicações dos Seus sofrimentos


“E iam no caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles. E eles maravilhavam-se, e seguiam-nO atemorizados. E tornando a tomar consigo os doze começou a dizer-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir, dizendo: Eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e O condenarão à morte, e O entregarão aos gentios. E O escarnecerão, e O açoitarão, e cuspirão nEle, e O matarão; e ao terceiro dia, ressuscitará” (Mc 10:32-34).

O sentimento dos discípulos deve ser notado. No cap. 9, depois do Senhor Jesus falar da Sua morte, eles ficaram com medo, mas nesta passagem estão com medo antes dEle falar da Sua morte. Podemos discernir que no v. 33 o Senhor fala aos Seus sobre vários assuntos específicos concernentes à Sua morte. Temos o destino, “Jerusalém”; a traição, “o Filho do homem será entregue aos principais dos sacerdotes, e aos escribas”; a farsa “O condenarão à morte”; a indignidade, “O entregarão aos gentios”; a crueldade, “O escarnecerão, e O açoitarão, e cuspirão nEle, e O matarão”; a vitória, “e ao terceiro dia, ressuscitará”.


Impressão dos Seus sofrimentos


“E aproximaram-se dEle Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que Te pedirmos. E Ele lhes disse: Que quereis que vos faça? E eles lhe disseram: Concede-nos que na Tua glória nos assentemos, um à Tua direita, e outro à Tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que Eu bebo, e ser batizados com o batismo com que Eu sou batizado? E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que Eu beber, e sereis batizados com o batismo com que Eu sou batizado; mas o assentar-se à Minha direita, ou à Minha esquerda, não Me pertence a Mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado. Os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Mas Jesus, chamando-os a Si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal e qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de
muitos” (Mc 10:35-45).

Observe o pedido natural dos discípulos Tiago e João: “concede-nos que na Tua glória nos assentemos”. Isto é seguido pela exigência moral do Salvador ao mencionar “o cálice”, indicando sofrimento interior, e “o batismo”, indicando sofrimento exterior. Em seguida temos os resultados governamentais da resposta deles quando o Senhor confirma as implicações da sua confissão, “podemos”. Finalmente notamos a resposta sacrificial do Salvador: “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos.”


Fundamentos da Sua morte


Uma das características da revelação Divina é o uso de palavras simples, mas muitas vezes palavras desconsideradas, pelas quais a verdade de Deus é transmitida. O nosso assunto neste artigo é bem evidenciado pelo uso de tais palavras, como veremos na seguinte lista:
• “Por” (huper), que indica a provisão da Sua morte, e é usada mais de 30 vezes em relação a isto. Por exemplo: Jo 6:51; 10:15; 11:51; Rm 5:6, 8; I Co 15:3.
• “Por” (anti) que indica a substituição da Sua morte. Veja Mateus 20:28; Marcos 10:45. Note que a palavra “muitos” não significa alguns poucos escolhidos, significa simplesmente “mais do que um”.
Esta palavra nunca mais é usada pelo Espírito Santo em relação à morte de Cristo, mas note, muito especificamente, como em I Timóteo 2:5-6, ela é ligada à palavra “redenção” (antilutron). Graças a Deus não há a menor indicação de uma expiação limitada na nossa Bíblia.
• “Através” (dia) indica a mediação da Sua morte. Veja Atos 20:28; Romanos 5:10, 19; Efésios 1:7.
• “Para” (eis) indica a intenção da Sua morte. Veja Romanos 14:9; Hebreus 9:26, 28.
• “Em” (en)2 indica a duração da Sua morte (em efeito). Veja Romanos 5:9; Efésios 2:13; Hebreus 10:19: Apocalipse 5:9.
• “Por” (peri) indica a proclamação da Sua morte. Veja Romanos 8:3; I Pedro 3:18; I João 2:2 (3 vezes); 4:10 (veja I Ts 5:9).
• “Com” (sun) indica a identificação da Sua morte. Veja Romanos 6:6, 8; Gálatas 2:20; Colossenses 2:20.
Durante muitos anos de estudo, fomos muito encorajados ao seguir as múltiplas referências que proporcionam ensino tanto doutrinário quanto prático, como visto em cada livro do Novo Testamento.
Olharemos às referências em I Coríntios, através das quais esperamos que todos os leitores destas páginas sejam espiritualmente enriquecidos.

• A violência da Sua morte (1:13, 17, 18, 23; 2:2) — este aspecto é apresentado para combater divisão. Os coríntios se gloriavam na sua sabedoria mundana e:
Idolatram mensageiros (cap. 1);
Introduzem mistura (cap. 2);
Inovam métodos (cap. 3);
Investigam motivos (cap. 4).
Tudo isso foi julgado na Cruz, onde os homens foram corretamente avaliados. O judeu materialista é visto no “homem rico”, o
grego filósofo no “homem sábio”, e o romano imperial no “homem forte”.
• A virtude da Sua morte (5:7; 6:19; 7:23) — esse aspecto é apresentado para purificar impureza. Os capítulos podem ser considerados como tratando de:
Pureza corporal (cap. 5);
Pureza pessoal (cap. 6):
Pureza doméstica (cap. 7).
• A voz da Sua morte (8:11; 9:13; 9:18) — este aspecto é apresentado
para controlar apostasia. Aqui encontramos:
Comunhão que socorre o fraco;
Comunhão que sustenta o servo;
Comunhão que separa o desobediente.
• A vindicação da Sua morte (11:26) — este aspecto é apresentado para corrigir desobediência. O cap. 11 pode ser estudado pelo leitor, e as seguintes divisões discernidas:
Nossa aparência e adorno — indica conformidade............. 11:1-16
Nossas ações — se refere à nossa conduta......................... 11:17-22
Nossa aproximação — se refere à Sua vinda...................... 11:23-26
Nossa apreensão — é a nossa concepção........................... 11:27-30
Nossa aprovação— tem em vista a certificação.................11:31-34
• A veracidade da Sua morte (capítulo 15) — este aspecto é apresentado para contrapor a incredulidade. Novamente o leitor é convidado a traçar as divisões do capítulo:
A provisão da Sua morte.................................................... 15:1-11
A prova da Sua morte....................................................... 15:12-19
O produto da Sua morte................................................... 15:20-28
A prática como resultado da Sua morte............................ 15:29-34
O propósito da Sua morte................................................. 15:35-49
A perspectiva da sua morte............................................... 15:50-58
• A vastidão da sua morte (1:30) — este aspecto é apresentado para confirmar o destino.
Quanto ao meu passado, Cristo é a rocha ferida, e garante a minha justiça;
Quanto ao meu presente, Cristo é o ocupante do trono e garante a minha santificação;
Quanto ao meu porvir, Cristo é o senhor que voltará, e garante a minha redenção.

 

A morte de Cristo aplicada de forma prática nas epístolas


Vamos agora à epístola de Paulo aos Gálatas, na qual ele faz referências práticas e valiosas à morte do Salvador.
Um meio de restauração (3:1)
Note como ele descreve os gálatas: “Ó insensatos gálatas!” Aqui ele está dando uma descrição triste da sua falta de inteligência; eles são “sem entendimento”. Depois ele enfatiza seu engano em termos sugestivos, como se eles, tristemente, estivessem afetados por artes mágicas.
Eles foram enganados por ilusões (compare Atos 8:9). Agora a questão se foca no nosso assunto, quando Paulo acrescenta “perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado”. Aquele que primeiramente apresentou Cristo crucificado a eles, agora os lembra da clareza e realidade da morte de Cristo, e ele está usando isto como um meio de restauração. Um paralelo útil do Velho Testamento é o que Elias fez, como registrado em I Reis 18, quando Israel reconheceu a suficiência do sacrifício e foram assim restaurados.
Um meio de remissão (1:4)
Paulo inicia a epístola com uma de suas introduções mais curtas, mas ao mesmo tempo rica, pois nela ele menciona a morte de Cristo em linguagem que se conforma com o aspecto da Sua morte transmitido na Oferta pela Culpa: “… o qual se deu a Si mesmo por nossos pecados”.
Note quão específica a palavra simples “por” (huper) é, ao indicar a plenitude do resgate. Em seguida, temos a razão: “… para nos livrar do presente século mau”, que significa tirar-nos do perigo, não somente eternamente como também moralmente. Observe a regência: “segundo a vontade de Deus nosso Pai”, confirmando o poder administrativo na nossa libertação.

Um meio de remoção (2:20)
O segredo da vida exemplar de Paulo é transmitido nestas palavras importantes: “Estou crucificado com Cristo”. Reflita sempre nisto, caro leitor, isto é algo que nem eu nem você podemos fazer; foi Deus quem o fez, pois homem nenhum pode crucificar-se a si mesmo. Paulo acrescenta:

“… e vivo, não mais eu”. Este é o sinal da sua vida transformada.
A intensidade aumenta na linguagem de Paulo quando ele acrescenta:
“e a vida que agora vivo na carne”, explicando assim o alcance da sua vida em expansão. Seu próximo enunciado menciona a força da sua vida excepcional, pois Paulo afirma aos seus leitores que é pela “fé no Filho de Deus”, isto é, pela “fé colocada no Filho de Deus”, que ele é capacitado a discernir esta bênção. Finalmente, Paulo apresenta o cântico da sua vida exultante: “o Filho de Deus, o qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim”. Afirmando assim este aspecto da morte de Cristo, ele deseja que os gálatas e todos os leitores apreciem aquilo que mostra o aspecto da Oferta pelo Pecado no sacrifício de Cristo.
Um meio de redenção (3:13; 4:4-6)
• O significado: “resgatar” e “remir”, como usados nestes versículos, significam “comprar para tirar de”, ou “adquirir”. Veja também Efésios 5:16 e Colossenses 4:5.
• A mensagem: a redenção nos comprou e nos tirou da maldição da lei. Isto foi feito para Israel oficialmente, e para os salvos desta era, moralmente.
• O meio: Ele foi feito maldição por nós, como a lei confirma (Dt 21:23).
• A meta: para que fôssemos ricamente abençoados e recebêssemos a promessa do Espírito.
Note como 4:4-5 começa com a singularidade do Filho e termina com a pluralidade dos filhos.

Um meio de regência (5:24)
Associação com Cristo significa mais do que simplesmente pertencer a Ele, significa que somos o produto da Sua morte e o resultado do poder proveniente da Sua vida, o que exige uma conformidade moral a tudo que Ele é e tem manifestado ser. Corretamente observamos, a partir de 2:20, que não podemos crucificar a nós mesmos, mas obviamente temos o poder moral de crucificar a carne com suas paixões e concupiscências. Logo, a aplicação da cruz é radical e resoluta. Infelizmente, cultivar a carne com suas paixões e concupiscências é muito mais fácil do que a austeridade do curso que somos obrigar a trilhar.
Nossa associação com a cruz de Cristo exige, e de fato merece, uma reação mais severa aos poderes do mal no nosso interior, administrando como deveríamos uma constante mortificação dos poderes que podem surgir no íntimo.
Como um meio de repreensão (6:12)

Para suavizar a dor do opróbrio, havia nos dias de Paulo aqueles que promoviam a circuncisão e instigavam os cristãos a se conformarem, sentindo que por assim fazer, a vergonha da Cruz seria essencialmente removida. Aqueles mencionados neste versículo tinham uma falsa pretensão.
Eles se esforçavam para fazer uma demonstração favorável na carne, indicando pela sua promoção da circuncisão, uma demonstração de conformidade religiosa. Na frase seguinte vemos claramente que eles tinham um falso motivo. Estavam ansiosos para escapar de toda perseguição possível, por terem aderido à verdade da Cruz. O apóstolo tinha uma fiel convicção, como ele deixa claro pela sua rejeição do irreal; seu interesse devoto é que a Cruz seja mantida na sua preciosa, e característica, senda de afronta. Nos dias de Paulo era a circuncisão, hoje nos nossos dias, o guardar dos sacramentos é o suficiente, o que reduz a Cruz a uma coisa secundária e remove a sua afronta.
Como um meio de regozijo (6:14)
O significado da expressão “a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” é de vital importância. Muitos hoje se gloriam na cruz, geralmente como uma peça de adorno, ou em cima de prédios, com a intenção de fazer dela um meio de identificação, que é um paradoxo indescritível. Mas para Paulo e todos aqueles que crêem no Senhor Jesus, a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo é aquilo que exige uma verdadeira e real expressão de adoração, prostrando cada coração em adoração e devoção, e o fará eternamente. Veja a singularidade da verdade: “a não ser na Cruz …”, pois em que mais podem se regozijar os salvos pela graça, através da morte do Salvador? Temos também a força do testemunho: “pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”; nada mais poderia produzir uma identificação tão necessária, que eu espero que todos nós conhecemos e manifestamos.

 

Frutos da Sua morte


Encontramos referências significativas à morte do Senhor Jesus em Apocalipse, nas ocorrências da palavra “sangue”. Uma leitura de 1:4-6 revela o Seu ministério em vida, Seu domínio sobre a morte, e Sua majestade na glória. Adoração e louvor sobem ao Salvador na expressão “nos amou” e “nos livrou” dos nossos pecados pelo Seu sangue, que maravilhosamente indica o valor do Seu sangue. A próxima referência está em 5:10. Aqui é a virtude do Seu sangue, pois fomos redimidos para Deus de uma variedade de situações e associações nas quais nos encontrávamos por natureza. Veja agora 7:14, que está relacionado com os santos da Tribulação que conhecerão experimentalmente a vitória do Seu sangue, e uma conformidade que lhes garantirá aceitação diante do Trono de Deus. Encontramos ainda outra referência em 12:11, onde os santos daquele dia conhecerão a vigilância do Seu sangue, que lhes garantirá poder para vencer num dia da adversidade demoníaca. A última referência está em 19:13. Obviamente se refere ao próprio Senhor Jesus, pois mesmo na ocasião do Seu reconhecimento universal como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, Sua veste salpicada de sangue há de expressar os imensuráveis e indescritíveis efeitos e esplendor do Calvário.

É de tremenda importância notar que no Livro de Apocalipse João usa a palavra “Cordeiro” vinte e nove vezes, das quais vinte e oito referem-se ao Senhor Jesus. Muitos saberão, por conhecerem a edição da Bíblia Newberry, que a palavra usada por João significa “um cordeiro jovem”. Com esta palavra, o Espírito de Deus está afirmando o vigor da obra da Cruz do Calvário, e nos assegurando que assim será por toda a eternidade. As últimas sete menções ao Cordeiro são preciosíssimas:
i) “… a esposa do Cordeiro”
Nossa relação com Ele.............................................................21:9
ii) “… apóstolos do Cordeiro”
Nosso reconhecimento dEle................................................. 21:14
iii) “o Cordeiro … é o seu templo”
Nossa realização perante Ele................................................. 21:22
iv) “… o Cordeiro é a sua lâmpada”
Nosso resplendor vindo dEle................................................ 21:23
v) “… o livro da vida do Cordeiro”
Nossa recepção através dEle.................................................. 21:27
vi) “… o trono do Cordeiro”
Nosso refrigério nEle.............................................................. 22:1
vii) “… o Cordeiro … Seus servos O servirão”
Nossa disposição para Ele....................................................... 22:3
Se o bendito Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo, nunca tivesse sofrido a morte sobre a Cruz, as afirmações de verdades, acima mencionadas, não poderiam ser feitas. Mas por essas, e por cada referência à Sua morte na nossa Bíblia, a eficácia do Seu sacrifício é endossada, experimentada e desfrutada. Talvez alguns que lerão estas palavras recém-escritas não conhecem o valor da Sua morte, portanto, uma conclusão apropriada é um hino precioso, muitas vezes cantado por aqueles que O louvarão ao longo de toda a eternidade:

 

Ouça! As novas do Evangelho proclamam:
Cristo sofreu no madeiro;
Rios de misericórdia se multiplicam,
A graça para todos é rica e gratuita.
Agora, pobre pecador, venha para aquele que morreu por ti.
Ó! Fuja para o monte,
Encontre abrigo nEle hoje;
Cristo te chama para a fonte,
Venha limpar-se dos teus pecados;
Não demore; venha a Cristo enquanto há tempo.
A graça flui como um rio,
Milhões já se saciaram;
Inda flui, tão viva como antes,
Do lado ferido do Salvador;
Ninguém precisa perecer; todos podem viver, pois Cristo morreu.
Cristo apenas será nossa porção,
Em breve nos encontraremos acima;
Então banharemos no oceano imenso
Do grande amor do Redentor;
Toda Sua plenitude desfrutaremos para sempre.
(H. Bourne e W. Sanders)



 

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