Porque Deus não cura qualquer pessoa? Mesmo quando tem fé!

"Oh, como desejaria ter o poder de curar meu amigo! Ele era ainda tão jovem, há pouco tão forte e são! - Agora está morrendo! Ele ficou com "raiva" de seu médico, desconfiado das orações de muitos crentes. Deus usou este cristão destacado para me ajudar em particular, e também a outros. - Mas, que tragédia - tudo parece insuficiente."

Assim confessou aquele médico experiente, e continuou: 

"Muitas vezes eu estive ao lado de pacientes que sofreram por motivo de desastres e doenças e desejavam que eu pudesse ajudar a fazer uma cura milagrosa. Muitos me falaram que pela fé nossos desejos podem receber realidade, desde que Deus quer, de fato, o bem de Seus filhos. Eles alegam que a cura está no arrependimento, e isto é suficiente para que um cristão, que tem bastante fé, possa se restaurar e ficar com boa saúde. Infelizmente, quando alguém exclama ter o dom de curar, de ter ajudado, de fato, a alguns, outros devem confessar sua desilusão.  Um dos meus pacientes me narrou que foi curado de vários problemas, mas infelizmente não podia ajudar outros pelo mesmo tratamento ... Muitos crentes pensam que as curas maravilhosas nos dias do Senhor, feitas por meio dos discípulos e apóstolos, também sejam alcançaveis em nossos dias".

 

Muitos se referem a Hb 13:8, onde lemos: "Jesus Cristo é o mesmo: ontem, hoje e eternamente".
 
"Então, sendo assim, Ele ainda hoje pode fazer as mesmas curas como antes". De modo algum pudemos duvidar de Seu poder, em tudo. Mas, notemos que Ele não fazia nada além daquilo que era do propósito do Pai e dEle. 
Tudo estava no seu lugar e para um certo fim. Quando Ele disse: "... se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará.
Nada vos será impossível" (Mt 17:20), nós não podemos duvidar da Sua palavra. Mas, a quem oSenhor falou assim? "Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa" ... Onde há perversidade, não pode haver fé básica para atender orações. Esta fé exige dependência de Deus em tudo.
De fato, os crentes são pessoas que passaram por uma mudança de "filhos de desobediência" para "filhos de obediência". (Ef 2:23; 1 Pe 1:14). Os filhos de desobediência não podem fazer a vontade de Deus. Assim lemos em 1 João 5:14: "E esta é a confiança que temos para com Ele, que, se pedirmos alguma cousa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve!".
Ai, fica impossível que o crente se considere autorizado para mandar em Deus. E, quando ele pede humildemente (outra possibilidade não há), ele se sujeita à Sua vontade, em amor e santidade. Que exemplo majestoso encontramos no Senhor Jesus: Quando em agonia santa perante Seu Pai em Getsêmani, Ele pediu: "Pai, se queres passa de Mim este cálice, contudo não se faça a Minha vontade, e, sim, a Tua" (l,c 22:42). Nessa agonia estava em luta a nosso favor - incompreensível, no seu horror. 
Mas, mesmo assim, que exemplo! 
Para responder melhor a questão, fazemos bem, examinar umas curas feitas por nosso Senhor e Seus apóstolos. Admite-se que encontramos no Novo Testamento mais do que setenta curas, que assim ocuparam um bom lugar, especialmente nos Evangelhos. 
Talvez também possamos fazer uma comparação entre curas milagrosas e as de hoje.
Praticamente quase todas as curas realizadas pelo Senhor e os seus apóstolos eram de doenças incuráveis. Essas curas não eram passageiras, mas, sem dúvida, para sempre. Uma cura milagrosa é sempre uma cura onde há um órgão arruinado ou destruído, incurável por qualquer remédio ou operação.
Notemos agora, como o Senhor curou, seja por uma palavra, ou por um toque de mão. O oficial de Cafarnaum teve um filho doente para morrer. O Senhor falou somente uma palavra, e o filho foi restaurado (João 4:46-54). Em Mt 8:5-13 encontramos um criado de um centurião, paralítico, "sofrendo horrivelmente". Aí também o Senhor curou, e sem fazer grande alarde.
A simples fé com a solicitação dos interessados era suficiente. 
Porém, encontramos também curas de pessoas onde não vemos nenhuma fé. Em Lc 4:4041 lemos:
"Ao por do sol, toclos os que tiveram enfermos de diferentes moléstias Lhe os traziam; e Ele curava, impondo as mãos sobre cada um. 
Também de muitos saiam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus", Sua presença era suficiente. Em Lc 9: 11 vemos: "... e socorria os que tinham necessidade de cura ..." Na presença do Senhor Jesus não havia falhas - casos, onde os doentes tinham que voltar incurados. Tudo era realmente divinamente perfeito.
Nós podemos notar que o Senhor curou crentes e descrentes.
Em Mt 8:2 vemos um leproso que O adorou, dizendo somente: "Senhor, se quizeres, podes purificar-me." A resposta simples foi: "Quero, sê limpo". O leproso é uma figura do pecador. Assim, hoje ainda, cada pecador, que chega confiadamente a Sua presença, confiando na Sua prontidão de salvar, fica curado. Aí temos um caso, onde a vontade de Deus e do pecador são iguais. Que estímulo para cada perdido! Em Mateus 9:32 não ouvimos nada de fé. Mas, o Senhor expulsou por sua presença. 
Também em Mateus 12:10: suficiente foi a presença do homem com a mão ressequida e do Senhor Jesus, para efetuar a cura, e isto ainda na presença de pessoas religiosas, que não tiveram interesse. Em Mateus 9:2.22, Marcos 10:52 e outros casos encontramos fé, seja nos doentes, ou nos interessados. Mas, em Mateus 8:16-17 lemos, sem que seja mencionada qualquer fé: "Chegada a tarde, troxeram-Lhe muitos endemoniados; e Ele meramente com a palavra expeliu os espíritos, e curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta lsaias: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças. " Realizou-se assim uma parte das profecias, como as encontramos em Is 35:1-10, ou, como lemos em Hb 6:5, manifestaram-se os "poderes (ou obras milagrosas) do munto (ou século) vindouro". 
Pensemos também em Lc 7:22. 
Os milagres eram comprovantes da chegada do reino messiânico (este que devido a incredulidade e insubmissão do povo está temporâriamente adia -do, até "que haja entrada a plenitude dos gentios" - Rm 11:25). Também lembramos de Hb 2:4, onde vemos que Deus, inicialmente, testemunhou junto com a mensagem "por meio de sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuição do Espírito Santo segundo a Sua vontade".
Na cura de Ma\co em Lc 22:51 também lemos nada de fé, quando este soldado recebeu a cura. Ele curava porque "o poder do Senhor estava com Ele para curar" (Lc 5: 17). Anunciando o reino, até os discípulos foram incumbidos de curar, talvez em si até nem tinham condição para isto (Mt 10:8). 
Em contraste, muitos "curandeiros" em nossos dias acusam os doentes, por eles não curáveis, de falta de fé. Isto somente é uma prova que não têm poder para curar. Quando ouvimos aqui ou lá um caso tido como" cura divina" ,
devemos muitas vezes pensar nas palavras do Senhor Jesus em Mt 7:22-23, onde vemos uma sentença horrível sobre pessoas enganadas e enganadores: "Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade"(Mt 7:23).
Já vimos que as curas reais do Senhor e de Seus discípulos eram comprovantes da chegada do reino de Deus (ou: messiânico - Mt 12:28; Lc 10.9; etc). Além disto, as curas sempre eram instantâneas e não a conseqüência de muitas orações.
(Leia Mt 8:13; Mc 5:29; Mt 8:14- 15). O mesmo efeito reparamos com o homem paralítico à porta do templo em At 3: 7-8 e outros casos. O Senhor Jesus também ressuscitou mortos. Onde isto acontece em nossos dias? Enquanto os publicadores de "curas divinas" gostam de fazer propaganda com essa atividade, não vemos assim com o Divino Mestre e Seus discípulos (Leia Mt 9:30; 12:16; Mc 7:36 - "lhes ordenou que a ninguém o dissessem"). Ele não queria meros seguidores de "curas divinas". Ao contrário: "... o próprio Jesus não se confiava a eles" (João 2:23-25). Ele queria preparar os homens para confiar nEle como Messias (João 20:30-31). Assim, os apóstolos no início praticavam milagres para credenciar a mensagem do evangelho, que era nova. Nós entendemos que tanto a cura do paralítico na porta do templo, como a de Enéias e a ressurreição da Dorcas, como a cura do pai de Público, relatados em Atos 3:1-10; 9:32-43; 28:7- 10, tiveram a mesma finalidade. 
Devemos constatar, que depois da ressurreição do Senhor Jesus, na medida em que foi anunciado o evangelho, dificilmente encontramos curas de crentes ou até de pessoas evangelizadas onde a Palavra de Deus já era conhecida. 
Até lemos, em Lc 16:31, que não foi concedido a Lázaro ressuscitar dos mortos, para eficazmente pregar aos irmãos descrentes do rico nas chamas. "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos". A Palavra de Deus, junto com o Espírito Santo, tem poder suficiente para pecadores prontos a se arrepender (Ageu 2:5b). 
Dá muito a pensar que o próprio apóstolo Paulo teve um "espinho na carne" (doença!), Timóteo sofria do estômago! Gaio provavelmente não teve uma saúde tão forte como era o estado de sua alma. Tróflmo, doente, foi deixado por Paulo em Mileto. Epafrodito ficou mortalmente doente, mas, Deus se "compadeceu" de Paulo e o curou (assim como quase todos os crentes podem narrar casos semelhantes de suas vidas) - (2 Co 12:7; 1 Tm 5:23; 2 Tm 4:20; Fp 2:27). Quando Paulo escreveu de um "corrompimento exterior" do homem (2 Co 4: 16), considerando com isto qualquer doença, ele apresentou o consolo da eterna juventude no futuro com Cristo. Realmente, a saúde física tem o seu usofruto limitado a esta curta existência terrestre, mas este aspecto perde a relevância ao ser comparado com o exercício da piedade, que "tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser" (1 Tm 4:8).
Contudo, pode acontecer que Deus mande doenças em conseqüência do pecado. Veja 1 Co 11:30; Tiago 5:16. É lamentável, por outro lado, quando crentes, ao adoecer, somente recorram aos médicos, em vez de apresentar o caso ao Senhor, o médico perfeito em todo o sentido". "Asa... na sua doença não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos" (2 Co 16: 12). Que tragédia! Mas, nem todo mal-estartem sua origemnum pecado específico, como vemos especialmente na carta de Tiago, que sublinha a vida em santidade de cada crente. Pode haver ainda casos, como o do cego de nascença em João 9: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus" (verso 3).
Filipenses 4:6 nos apresenta um grande privilégio, o de orar: "Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidasdiante de Deusas vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e vossas mentes em Cristo Jesus". 
Graças a Deus que Elenão só pode ajudarem todo o caso,mas também fazer "maravilhasque não se podem contar" (Jó 5:9). Em todo o caso podemos procurar a Sua ajuda; esta então virá em conformidade da Sua santa vontade! Notemos que os crentes são filhos da obediência, chamados para viver em santa dependência dEle! 
Um crente que passou por muitas dificuldadesna sua família, foi alvo da zombaria dos seus colegas,que quase não conheceram tantas doenças como Ele.O crente humildemente, disse: "Nós lemos: Filho Meu, não menosprezes a correção do Senhor, nem desmaies quando por Ele és repreendido; porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo o filhoa quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deusvos trata como a filhos);pois, que filhohá a quem o Pai não corrige? Mas se estais sem correção, de que todos têm tomado participantes, logo sois bastardos, e não filhos.Alémdisso, tinhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai dos espíritos, e então viveremos?" (Hebreus 12:5-9).
Quando, às vezes, "através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (Atos 14:22), podemos lembrar-nos que em breve todas conseqüências do pecado serão desfeitas: "Aquele que está no trono enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram" (Ap 21:4.5). Até chegar lá, os redimidos e amados do Senhor sabem que: "Em toda a angústia deles Ele foi angustiado e o Anjo da Sua presença os salvou" (Is63:9). 
Mas, não desejo terminar estas curtas observações sem frisar o grande privilégio dos crentes em orar. Sim, a Palavra de Deus diz: "Na oração sede perseverantes" (Rm 12: 12) e "Orai sem cessar" (1 Ts 5:17). Do Senhor Jesus, lemos, profeticamente: "Em paga do Meu amor me hostilizam; Eu, porém, orava". Emoutra tradução  diz-se: "Eu sou oração". Realmente,  Ele sempre buscou a face do seu Deus e Pai. Nós, como redimidos pela graça precisamos, mais do que nunca, nestes diasde confusão, buscar a face do Senhor. 
Há um ditadoquediz: "A oração é a respiração da alma". O crente sadio deve estar num estado contínuo de oração, istoquer dizer, em cada fase da sua vida cientemente sentir-se dependente dEle, e levar tudo a Seu conhecimento com oração e gratidão. Antes de ir ao madeiro, o Senhor recomendou aos discípulos: "Emverdade, em verdadevos digo: se pedirdes alguma causa ao Pai, Ele vô-la concederá em Meu nome... pedi, e recebereis, para  que a vossa alegria seja completa" (João 16:23-24). 
Que satisfação para o crente, quando chega em apertos, poder dirigir-se a Seu Pai no céu em Nome do Senhor, ou também, a  Ele mesmo. Quantas e quantas vezes nós não recebemos resposta e atendimento imediato! Não deixemos, também, de sermos gratos por isto: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de Seus benefícios" (Salmos 103:2). Eu devo confessar que "não sou digno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade..." (Gn 32:10). Que preciosidadepossuirnEleum amigo incomparávelem fidelidadee amor!
Neste Seu amor podemos confiar. 
Ele sempre quer conceder tudo que precisamos (Rm 8.32). E quando não conceder nossos desejos, tal, como esperamos, podemos ficar gratos; pois Ele sempre nos concede o melhor.
Porém, mesmo assim, podemos e devemos orar incessantemente quando se trata de assuntos que são também do Seu interesse, sabendo,que a Seu tempo atenderá. Às vezes, porém, Ele experimenta nossa perseverança."Não fará Deus justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, embora parece demorado em defendê-Ios" (Lc 18: 7). Mas, mesmo quandonão atender imediatamente, ou  visivelmente, podemos, em gratidão, esperar e nos alegrar pela Sua fidelidade e prontidão de nos abençoar e atender, para o Seu louvor, conforme a Sua sabedoria infalível!

 

com ponderações de Theodor Haber M.D.

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